Sunday, October 23, 2005

Estado e a educação

Grande parte do problema em ter o governo administrando a educação do povo é a total falta de objetividade. Uma escola particular tem como objetivo equilibrar a equação lucro vs qualidade. Em uma Universidade pública, parte da equação não existe, e o sucesso da mesma não é facilmente mensurável (principalmente em disciplinas humanas).

Junte a esse problema décadas de "multi-culturalismo", e chegamos na situação atual. O último exemplo do caos universitário foi esse do tal Dr. Kamau Kambon, que durante um seminário na Howard University em Washington DC (a Howard é uma Universidade aonde a enorme maioria dos alunos é negra), disse que "a solução para muitos dos problemas encontrados pelo povo negro é a exterminação da raça branca da face do planeta".

Não, isso não foi uma piada ou figura de linguagem. Não duvido que essa opinião seja somente um devaneio de um extremista, e li que mesmo no seminário da Howard muitos outros convidados repreenderam o tal loony. Mas numa sala de aula, aonde os alunos muitas vezes tomam opiniões como verdades, esse tipo de loucura pode ser altamente destrutiva.

Além de ser um antro para extremistas, o sistema de educação pública é altamente ineficiente e completamente injusto com a população mais pobre.

Antes de mais nada, quero deixar claro que diferentemente de alguns amigos libertários, acho que a educação faz parte da estrutura básica de uma sociedade, e o governo pode e deve facilitar o acesso da mesma para a parte mais pobre da população.

Mas as evidências mostram que o governo não tem competência nem capacidade de administrar escolas de qualquer nível. Deveriamos deixar essa tarefa com a iniciativa privada, e deixar que o governo ajude somente no pagamento de mensalidades para os que realmente precisam. Esse estudo do CATO mostra clara e objetivamente como um programa de voucher seria muito mais eficiente e barato.

São números públicos, incontestáveis. O sistema atual não somente carrega o fardo de educar mal as crianças, mas também traz um peso enorme na iniciativa privada. Poucas famílias conseguem pagar duas escolas ao mesmo tempo (os custos das escolas públicas são obrigatórios).

Isso sem falar em outras unintended consequences. Um dos motivos para o crescente aumento do preço das casas em certas áreas aqui é que as famílias competem para morar nos melhores distritos escolares. Quer dizer, o custo de cada escola é muito maior do que os impostos mostram, e no fim das contas, os pobres acabam ficando com as piores escolas de qualquer forma. Além disso, essa concentração artificial de moradores de maior renda em pequenos 'oásis' prejudica imensamente o desenvolvimento de outras, o que consequentemente leva o isolamento desses outros bairros, diminuindo os investimentos e os interesses politicos nessas áreas, piorando ainda mais o círculo de pobreza.

Mas como todo grande programa social, acabar com as escolas públicas seria uma tarefa monumental. Muitos dizem ser politicamente inviável. A retórica populista seria violenta, e os enormes (e poderosos) sindicatos e grupos de interesse lutariam como nunca pela própria sobrevivência.

Enfim, mais uma bela idéia que na prática só criou mais problemas.

17 comments:

Anonymous said...

Certas coisas depois de implantadas não têm mais como serem destruídas. Principalmente quando o número de pessoas que se beneficiam dela é muito grande. Este é mais um câncer com o qual os EUA vão ter que sobreviver.

Igor Taam said...

Concordo com o programa de voucher, mas tudo me parece muito delicado, complicado e problemático. O Brizola, por exemplo, fez vários programas para a educação, mas os problemas eram justamente os custos fora de órbita e os péssimos resultados na formação. Aqui no Rio, a única vantagem é que antes as pessoas não tinham quase nada, depois passaram a ter um "quase nada" um pouco melhor. Como poderíamos calcular o custo-benefício de uma coisa dessas?

Ah, sim. Poderia acrescentar que a arquitetura medonha dos CIEPS é outra chaga que carregaremos por gerações.

Anonymous said...

Será que Dr. Kambon (e HU) é realmente um exemplo de "multi-culturalismo" gone awry? Não parece ser o que ele prega.

Já que o CATO não é uma instituição isenta baixo nenhum aspecto, vai aí outro link "suspeito": http://www.au.org/site/DocServer/Private_School_Vouchers.pdf?docID=155

Abraço

Anonymous said...

Fernando,
Sinceramente nao entendi muito bem a logica desse texto que vc mandou. Eles criticam vouchers porque escolas particulares podem ensinar religiao?

Sinceramente, quando o pessoal da super direita fica dizendo que existe um bias anti-religioso eu nao acredito, mas as vezes perece que tem mesmo. E dai que uma escola particular vai ensinar religiao??? Sera que o que realmente importa nao eh o nivel do ensino geral??? Eu estudei por 15 anos em escola catolica, e nao sou catolico. What is the difference?

[ ]s

Anonymous said...

Ah, Paulo. Você precisa comprar uma edição do "Complete Idiot's Guide To Being a Better Person". Lá você vai entender porque ensinar religião nas escolas, mesmo que sejam particulares, é o horror dos horrores. Por outro lado, ensinar para crianças de 5 anos a arte da felação é a suprema evolução.

Anonymous said...

Eu também. Minha escola ficava no Rio e aceitava meninas desde a primeira série. Talvez todas as escolas privadas sejam iguais. Inclusive as do Kentucky.

Anonymous said...

Ah, Paulo. Recomendo também o "Complete Idiot's Guide to Understand a Rabid Libertarian". Lá explica como lidar com liberais cheios de rencor, bestalhões e de pouca imaginação.

Abraços

Anonymous said...

Ah! Ah! Ah! Projeção, mera projeção...

Sem imaginação e rancoroso? O que dizer de VOCÊ que copia minha já nada imaginativa piada e ainda faz ataques diretos a mim com sua raivazinha afetada disfarçada de indignação?

"Minha escola ficava no Rio e aceitava meninas desde a primeira série."

Não precisa dizer isso. Uma menina a gente já sabe quem é.

Igor Taam said...

Fernando, na boa, eu acho que você está praticamente se auto-refutando (educadamente com o Paulo e agressivamente com o Claudio). No primeiro caso você reclama do ensino religioso nas instituições privadas, o Paulo contrasta com seu próprio exemplo pessoal, e vc faz o mesmo... "Eu também... Talvez todas as escolas privadas sejam iguais."!! Há duas possibilidades, ou você se auto-refutou, ou reconheceu seu erro. Pelo menos você respondeu na devida proporção.

No caso do Claudio, depois dele ser apenas irônico, você o acusou de pouca imaginação - até aí tudo bem - mas depois se utiliza do mesmo artifício retórico. Aí não dá. Sem contar que parou para xingá-lo disso e daquilo.

Acho que foi mal.

Anonymous said...

Igor, entendo o seu estranhamento. Mas a história não começa aqui, e não estou preocupado com o seu julgamento.

O post era sobre a eficácia do voucher e o link critica sua eficácia. Se a única coisa que conseguirem ler tem que ser escrita pelo CATO, então ajustem os óculos ideológicos.

Cláudio, eu bem que tentei copiar sua falta de originalidade. Mas não acho que tenha caído tão perto da sua mediocridade. O seu rencor trai uma falta de contato feminino que nem o seu humor rasteiro consegue esconder.

Abraço

Anonymous said...

Cara, em respeito à casa dos outros vou parar por aqui. Você já deixou bem claro o tipo de gente (repare que não usei o "tipo de homem") que você é.

Anonymous said...

Ok, paremos por aqui. Mas não se faça de bonzinho ou magoado quando levar o troco na mesma moeda que você tanto gosta de usar. E obrigado, pelo menos eu sou gente. Eu não te considero nem isso.

Anonymous said...

Voltando à vaca fria, Paulo, você já leu "Capitalism and Freedom" do Friedman? Ele aborda essa questão dos vouchers e também outras questões interessantes, sempre avaliando quem desempenharia melhor uma determinada atividade.

http://www.amazon.com/exec/obidos/tg/detail/-/0226264017/qid=1130274259/sr=8-1/ref=pd_bbs_1/103-9511829-9847831?v=glance&s=books&n=507846

Abraços

Igor Taam said...

Fernando, não estou julgando nada, não se preocupe. Só constatei algumas coisas, o que é bem diferente.

Vou parar por aqui também, acabei me metendo onde não devia.

Igor Taam said...

Aliás, Claudio, tenho um recado:
“Half the harm that is done in this world is due to people who want to feel important. They don't mean to do harm - but the harm does not interest them. Or they do not see it, or they justify it because they are absorbed in the endless struggle to think well of themselves.” É do Clint Eastwood.

Então, sabe, senhor Claudio, tem hora que é melhor parar.

Anonymous said...

Igor, curiosamente postei estas palavras ontem. Mas onde eu li era creditada a T.S. Eliot. Bem, não importa o autor, o sentido é esse mesmo.

Anonymous said...

Igor, amén.