Saturday, August 07, 2004



Sábado, 7 de agosto, 2004

  O custo da paz

Dirigindo pela Massachusetts Avenue para a embaixada brasileira, passei pela pequena embaixada do Sudão. Mais ou menos 50 pessoas estavam lá, protestando contra a violência em Darfur. A maioria parecia ser de exilados, e quase todos tinham cartazes de "Call it Genocide", "Peace for Sudan", e coisas do tipo.

É interessante como esse tipo de protesto nunca é chamado de 'pacifista'. Talvez por isso chame muito pouca atenção da imprensa. Se a maioria das embaixadas não fosse na mesma rua, nem saberia que tinha acontecido. Não ví nenhuma notícia de jornal ou TV sobre isso.

O protesto era pequeno, é verdade, mas isso é somente mais uma evidência de que essa causa não interessa a esse pessoal que se auto-denomina 'pacifista'. Os dólares da Move On não estavam disponíveis, nem os artistas de hollywood.

E isso não acontece só aqui nos EUA, e sim pelo mundo. Será que alguém já leu algum editorial da Folha a favor de uma intervenção? Alguma manifestação na Paulista, com pombinhas e cara pintada, pedindo para que algo seja feito?

O motivo maior para todo esse silêncio é que todo esse pessoal sabe o que precisa ser feito. E admitir isso seria jogar pela janela toda a retórica idiota de que paz só é conquistada com aceitação, bondade, e não-violência.

Além disso, esse pessoal tem que pensar no futuro. Caso alguém resolva interferir (i.e. EUA), eles precisam ter a consciência limpa para poder participar, mais uma vez, dos protestos anti-guerra. Afinal, nessa hora toda morte conta.

É a escola Michael Moore de 'pensamento':
"Deixem cada um na sua, que no final tudo fica bem. Os povos se rebelam quando precisam. Quem somos nós para interferir? Os Janjaweed podem ser os Minute Man do Sudão!"

Isso sem falar que se algo fosse feito, com certeza seria pelo petróleo não é mesmo? Sim, o Sudão tem petróleo... Interessante como as teorias de conspiração não explicam essa falta de ação dos imperialistas americanos...

Infelizmente, o que mais falta nessa situação toda é lógica.

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