Sunday, October 31, 2004



Domingo, 31 de outubro, 2004

   Previsão esportiva

Desde 1936, a tradição diz que quando os Redskins (time de futebol americano de Washington DC) ganham o seu último jogo em casa antes das eleições, o presidente buscando segundo termo vence. Quando os Redskins perdem, o desafiante vence.

Placar do jogo de hoje: Washington Redskins 14 x 28 Green Bay Packers.

Saturday, October 30, 2004



Sábado, 29 de outubro, 2004

   Jane Galt

É sempre bom achar um texto que diga o que você queria dizer.

Essa explicação da Jane Galt (do ótimo Asymmetrical Information) do porquê ela apoia o Bush bate quase 100% com os meus motivos. E serve bem para responder os comentários sobre o meu post anterior, especialmente sobre a economia e a guerra do Iraque.

Vale a pena conferir.

Friday, October 29, 2004



Sexta, 29 de outubro, 2004

   Economist apoia Kerry

A surpresa maior desse apoio da Economist ao Kerry (via no mínimo) não foi ao meu ver o fato de que a revista foi a favor da guerra e agora apoia um candidato que é inconsistente sobre o que se fazer com o Iraque (como bem explica o Michael Young).

A maior surpresa é que a Economist, diferente do que o nome leva a pensar, não levou a economia muito em conta.

Claro que existem muitos fatos contra o Bush na área econômica: Ele aumentou o tamanho do governo, fez pouco pelo aumento do free trade pelo mundo, e até mesmo brincou com uma medida protecionista aqui e ali.

Mas diante do que Kerry propõe, principalmente no campo internacional (o infame "level the playfield") eu acho que Bush não é somente a opção menos ruim: Ele é a única opção. A escolha do Edwards para vice não foi por acaso, e deveria deixar bem claro que Kerry não é nenhum Clinton.

Irônicamente, a Slate mostra um exemplo contrário a da Economist (via LLL). O economista Steven Landsburg, que se considera politicamente de esquerda, vai apoiar Bush. Nas palavras de Landsburg:

"If George Bush had chosen the racist David Duke as a running mate, I'd have voted against him, almost without regard to any other issue. Instead, John Kerry chose the xenophobe John Edwards as a running mate. I will therefore vote against John Kerry…

Duke thinks it's imperative to protect white jobs from black competition. Edwards thinks it's imperative to protect American jobs from foreign competition. There's not a dime's worth of moral difference there. While Duke would discriminate on the arbitrary basis of skin color, Edwards would discriminate on the arbitrary basis of birthplace. Either way, bigotry is bigotry, and appeals to base instincts should always be repudiated
."

Enfim, é preciso lembrar que apesar dos mil defeitos de Bush, Kerry não é automaticamente uma solução para os mesmos. Pode ser um daqueles casos em que o remédio acaba fazendo mais estragos que a doença original...

Monday, October 25, 2004



Segunda, 25 de outubro, 2004

   Minha previsão

Faltando uma semana para a eleição, aqui vai meu chute:

Bush vence no colégio eleitoral: 271 x 267. Ele ganha novamente na Flórida, mas dessa vez a surpresa será Iowa e Winsconsin indo para os Republicanos. Kerry levará Ohio e Pennsylvania. O voto popular será muito, muito próximo, mas dessa vez o Bush leva por uma pequena vantagem.

Para quem quiser dar uma de palpiteiro como eu, confira o 'Electoral Vote Tracker' do LA Times. Você pode mudar a cor dos Estados como bem entender, e ver quem vence nos diversos cenários. Com direito a musiquinha da vitória e tudo.

Façam suas apostas.

Wednesday, October 20, 2004



Quarta, 20 de outubro, 2004

   no mínimo e as eleições dos EUA

O no mínimo lançou esse blog especial das eleições americanas, e ficou bem legal.

O Pedro (autor do blog) anda partidário demais para o meu gosto, but hey, ele pode dizer exatamente o mesmo sobre mim. No fim das contas, as diferenças é que fazem o debate interessante, e apesar de estar altamente outnumbered eu ponho uma briga boa.

Não deixem de conferir.

Friday, October 15, 2004



Sexta, 15 de outubro, 2004

   Percepções e a realidade

Analisando resultados anteriores, o Gallup conclui nesse artigo que debates nem sempre influenciam as eleições.

Mas será que os resultados dos debates simplesmente não importam ou será que esses resultados não estão sendo compreendidos ou medidos corretamente?

Por exemplo, a pesquisa "relâmpago" feita pela CNN/USA Today/Gallup especificamente sobre quem venceu o terceiro debate deu vitória do Kerry por 52%/39%. Mas as pesquisas sobre intenção de voto feitas logo após o terceiro debate mostram o Bush subindo: a Zogby mostra o Bush subindo 4 pontos, o TIPP mostra o Bush subindo 3 pontos, e a ABC/Washington Post mostra empate, mas com Kerry perdendo um ponto.

A mesma situação ocorreu após o segundo debate, apesar da maioria das pesquisas sobre o debate mostrarem um empate.

Como é que um candidato pode ter ganho o debate e perdido intenções de voto?

O que eu acho é que a maneira que esses debates vem sendo analisados é ilusória. A importância desproporcional dada a retórica, aparência e estilo é uma criação da imprensa. Obviamente, a influência da imprensa é grande e as pesquisas tendem a julgar quem ganhou os debates baseado nessas premissas. Mas quando chega na hora de responder a simples questão "Em quem você vai votar", a maioria das pessoas simplesmente ignora tudo isso.

E é por isso que as pesquisas não batem. Os debates valem, e isso fica claro pela mudança nos números de intenção de voto. Mas o que não importa muito é a maneira como a imprensa insiste em julgar os resultados! O que acaba influenciando os eleitores são as propostas e idéias apresentadas no debate.

E é assim que as coisas devem ser, não é mesmo?

Wednesday, October 13, 2004



Quarta, 13 de outubro, 2004

   Sistema eleitoral americano


Desde a vitória do Bush em 2000, o sistema de votos por estado virou um alvo fácil da imprensa daqui.

Mas será que esse sistema é tão injusto assim?

A situação de 2000, aonde o voto popular foi diferente do total por estados é realmente um problema. Mas é um problema bem raro. E quando se considera a idéia por trás dos votos eleitorais por estado, que é diluir pelo menos em parte o poder de centros urbanos super-populosos, o sistema funcionou.

A questão é: Será que é justo deixar que New York e LA, por exemplo, praticamente decidam as eleições de um país tão grande? Ao mesmo tempo, será que essa super atenção (leia-se recursos durante e depois das campanhas) dada a certos "swing states" é realmente justa com o resto do país?

Difícil de saber. O certo é que o problema não tem solução perfeita, e mudar uma tradição dessas não é nada fácil.

Sunday, October 10, 2004



Domingo, 10 de outubro, 2004

   Hummmm...



"From The Wall Street Journal: Iraq Amnesia.

[Saddam] instituted an epic bribery scheme aimed primarily at three of the five permanent members of the U.N. Security Council, with the intent of having them help lift those sanctions.
"Saddam personally approved and removed all names of voucher recipients," under the Oil for Food program, Mr. Duelfer writes. Alleged beneficiaries of such bribes include individuals in China, as well as some with close ties to Russian President Vladimir Putin and French President Jacques Chirac
."

Isso ainda vai dar um rolo...

Saturday, October 09, 2004



Sábado, 9 de outubro, 2004

   Bush vs Kerry: Round 2

A percepção pública desses debates é imprevisivel. Lembro que ja tinha achado a mesma coisa em 2000, mas dessa vez a situação é pior ainda.

O problema é que eu tendo a analisar o conteúdo do que é dito, e não quem é mais alto, quem apontou mais para o nariz do outro, quem fez mais caretas, ou qual gravata estava mais alinhada.

O peso exagerado dado a esse lado estético do debate me incomoda, e é a única explicação que eu acho para minha opinião ser tão diferente da maioria.

Quem esperava que o Bush fosse um primor de eloquência nesses debates pode ficar esperando. It's just not happening. Muitos podem argumentar que essa seria uma característica imprescindível para um político, mas o fato é que o Bush sempre foi desse jeito.

De acordo com o Gallup, o debate de ontem foi um empate. Porém, entre os independentes, o Kerry venceu por 53 x 37.

O que eu posso falar? Eu não acho que o Bush foi mal no primeiro debate, e acho que ontem ele foi bem melhor.

O que importa se o Kerry pareceu "Presidencial"??? Você tem um cara que propõe um plano de saúde federal universal, uma das propostas mais caras de toda história e que aumentaria o tamanho do governo em proporções gigantescas, ao mesmo tempo que promete cortar impostos, aumentar o tamanho do exército, diminuir o enorme déficit pela metade em quatro anos, etc, etc. Na minha opinião, não existe retórica que faça esses absurdos soarem menos absurdos do que são.

Obviamente o Bush tem seus defeitos. A guerra no Iraque foi altamente arriscada, a diplomacia internacional fraquíssima, o controle dos gastos internos deveria ter sido muito melhor, e as iniciativas ambientais são muito poucas e falhas.

E eu não tenho nada pessoal contra o Kerry. Acho que ele seria um presidente muito melhor que o Al Gore, por exemplo.

Mas será que ninguém percebe o absurdo dessas propostas que ele usou nos debates?

Qual é a real diferença do plano dele para o Iraque? E a proposta de lidar individualmente com a Coréia do Norte??? Como é que os liberais e o pessoal dos países em desenvolvimento não se revoltam com as propostas altamente protecionistas (o infame argumento de "leveling the playfield")???

Enfim, eu desisto de tentar tirar alguma conclusão lógica desses debates. A bronca pessoal contra o Bush parece sobrepujar qualquer tipo de argumento racional.

Wednesday, October 06, 2004



Quinta, 7 de outubro, 2004

   FactCheck e o debate dos VPs

Eu tinha descoberto o FactCheck no começo da campanha americana, em Abril. O site é bom, e expõe as distorções dos dois lados (que não são poucas). Por isso mesmo, fiquei surpreso quando o Cheny citou o site quando se defendia das usuais críticas relacionadas à Halliburton.

A repercução foi grande, e o FactCheck organizou uma página que detalha os "erros" do debate dos VPs. Como já era de se esperar, os dois lados enrolaram.

Entretanto, esse tipo de iniciativa não acaba com as acusações de sempre que só um lado distorce os fatos. Para isso, vale até mesmo distorcer o próprio FactCheck(!) e citar somente as partes que interessam.

Como a mídia é na grande maioria pró-Kerry, o Cheney pagou o pato. Até o fato dele ter citado a URL errada, obviamente sem intenção, foi tratado como 'erro grave'.

Mas o pior mesmo são as manipulações. O Washington Post é um bom exemplo, a NPR também, e até mesmo o Pedro, do no mínimo | Weblog, que geralmente é justo, caiu nessa.

No fim das contas, os fatos não parecem importar tanto assim.

Monday, October 04, 2004



Terça, 5 de outubro, 2004

   Remando contra a maré (e quase se afogando)

Uma das maiores vantagens da globalização é que os governos tem menos poder para esconder as consequências de suas idéias estúpidas. O mercado quase sempre acha uma maneira de deixar bem claro quem ganha e quem perde com uma determinada situação.

O protecionismo, juntamente com o nível absurdo de impostos, são as duas maiores causas para a nossa economia não se desenvolver como poderia. Enquanto o governo brasileiro continuar com essa teoria mercantilista de exportar matéria prima e não facilitar importação de produtos industrializados, continuaremos sendo somente um fazendão de terceiro mundo. Podemos até organizar um pouquinho melhor o fazendão aqui e ali, mas não passaremos disso nunca.

Com outros países em desenvolvimento aos poucos acordando para essa realidade, a situação só tende a piorar.

Esse exemplo das empresas brasileiras se mudando para o Chile e o México é tão claro, tão didático, que deveria ser suficiente para o Celso Amorim pedir demissão imediatamente. Mas quanta pretensão minha! O super Amorim acha que exportar empregos (e ainda ter de importar os produtos dessas empresas por um preço muito mais alto depois) é bom.

Pure genius. Prá frente Brasil!!!

Friday, October 01, 2004



Sexta, 1 de outubro, 2004

   Bush vs Kerry: Round 1

Finalmente alguma emoção! Apesar dos pesares, acho que o debate foi melhor do que eu esperava. As pesquisas de opinião, como o Focus Group e Gallup mostram que Kerry foi melhor.

Acho que o debate teve dois periodos distintos. Nos primeiros 40-45 minutos, achei que o Bush foi melhor. O Kerry insistiu em trazer o Vietnã na conversa, estava visivelmente nervoso, e continuava não sendo claro sobre seu plano para o Iraque. O Bush foi como sempre: pouco articulado, mas claro e objetivo.

Na segunda parte do debate, o Kerry acordou. Finalmente deixou a polêmica das WMDs e Vietnã de lado, e começou a focalizar no seu ponto mais forte, que é a promessa de fazer um trabalho melhor no Iraque (apesar de não definir bem como) e usar sua experiência internacional para trazer mais boa vontade dos aliados.

O 'delivery' do Kerry nessa parte final foi melhor que o de custume, e o Bush se mostrou claramente cansado e irritado. Apesar de conseguir rebater a maioria das acusações do Kerry, Bush repetiu muitas vezes as mesmas respostas ("don't send mixed signals", "That will never work") e deixou algumas oportunidades passarem batidas.

No fim das contas, minha opinião pessoal não bate com a da maioria. Acho que o "primeiro tempo" do Bush foi melhor do que o segundo do Kerry. No máximo um empate. Além disso, os argumentos não foram novidade, e o fato do Bush não ir bem em qualquer tipo de discurso público é conhecido (ele perdeu 2 dos 3 debates contra o Gore).

As pesquisas antes do debate mostravam Bush liderando por 8 pontos. Se tivesse vencido esse primeiro debate de maneira decisiva, a eleição estaria praticamente decidida. Do jeito que foi, tudo continua no ar.

Kerry precisa vencer de forma mais decisiva os próximos 2 debates, especialmente o último.