Sunday, July 30, 2006

Syriana e Why we fight

Dizem que Darwin mantinha uma lista aonde ele anotava os argumentos contra as suas teorias, uma espécie de "reality check" para que ele não se perdesse na vontade de acreditar que estava sempre certo.

Eu não mantenho uma lista, mas tento fazer minha parte: Assisto todos os filmes/documentários/propagandas anti-EUA que eu vejo pela frente, sempre em busca de algo que me pareca uma crítica justa.

Esse fim de semana foram mais dois: Why we fight e Syriana.

Syriana é confuso, mas debaixo das cobertas a premissa é simples. A velha história de que o Middle East não se desenvolve porque forcas externas (i.e. Inglaterra, EUA) se beneficiam do atraso e do petroleo deles. Da para ver que eles não estavam interessados numa crítica séria pela forma como eles mostram o recrutamento dos terroristas. Todo aquele clima de "somos bonzinhos e no fim das contas nem percebemos que viramos loucos suicidas" é um absurdo. Assim como é absurdo o maniqueísmo entre o príncipe bonzinho e instruído que quer livrar o país dos americanos e o outro burro, corrupto e pró-ocidente. Enfim, nada de novo.

Já o Why we fight poderia ter sido bom. Os primeiros 45 minutos são relativamente balanceados. Eles deveriam ter explicado o porquê dos EUA terem criado o tal "military complex" que eles citam a cada 5 minutos, e o porquê do Eisenhower (eles mostram o discurso de despedida dele umas 10 vezes) ter reclamado desse aumento de gastos com o exercito MAS não ter feito nada para diminui-lo (eles nem citam como a guerra da Coréia começou ou "terminou"). Se o filme fosse realmente justo, teria que ter iniciado sua narrativa pelo menos em 1939, e explicado como era a situação do exército americano naquela época. Mas de qualquer forma, o ponto dessa primeira hora de que os conchavos entre os políticos e os executivos da indústria de defesa pode levar a decisões erradas sobre paz e guerra é válido.

Infelizmente, a segunda hora do filme é um desastre que poderia ter saído de um fakomentary do Michael Moore.

Um festival de lugares comuns e teorias absurdas sobre como os americanos são na verdade loucos facínoras. Na melhor delas, um dos sempre presentes disgruntled CIA officers explica porque o "imperialismo" americano é diferente: Ele diz que os americanos não querem território, e sim impor o free-market ao mundo para que as empresas americanas façam mais dinheiro. Pobres iraquianos, consigo até ver como serão obrigados a só comer MacDonalds e tomar coca-cola really soon.

Mas pior de tudo foi quando disseram que a imprensa foi boazinha demais durante a guerra do Iraque. Até o coitado do Dan Rather faz um discurdo loony no finalzinho. Só faltou a Cindy Sheehan.

Uma bela decepção.

Saturday, July 29, 2006

Meios, fins e desânimo total

Como cansa falar de política internacional. Eu bem que queria não me interessar tanto.

A loony left adora falar que "meios não justificam os fins". Mas qual foi a última vez que você ouviu claramente quais são os objetivos de Israel e quais são os objetivos do Hezbollah?

Como levar a sério esse papo de cessar fogo quando ninguém controla o Hezbollah? Vão chamar quem para assinar no lugar deles? Os sírios? Iranianos?

Novamente, o problema são os fins e não os meios. You HAVE to choose your side. Israel merece existir ou não? O Hezbollah armado merece existir ou não?

E o maior culpado de todos, mais até do que os próprios políticos, é a imprensa. Acho que daqui algumas décadas historiadores verão o dano que a imprensa atual causa ao mundo. Vejam isso, isso, e isso.

Melhor, vejam como a eles tratam esse encontro de dois loucos. O problema não é mal jornalismo, é falta de vergonha na cara.

E o segundo maior culpado? A ONU. 2000 soldados estacionados na fronteira entre Israel e Libano sem fazer NADA. Muitos deles nem andavam armados! A ONU destrói a cada dia que passa a esperança de uma força internacional realmente efetiva. É uma piada de mal gosto.

Israel, EUA, Inglaterra, todos erram. Mas existe sim uma diferença estrutural, lógica e indiscutivel, sobre o mundo que esses países defendem (mesmo quando colocam seus próprios interesses na frente) e o mundo dos Hamas, AlQaeda, Irã e Coréia do Norte.

Porque isso não é claro para o mundo todo? É difícil entender.

Wednesday, July 26, 2006

You have to pick your side

Uma entrevista esclarecedora com o presidente do Líbano, Emile Lahoud (grifos meus):

"Der Spiegel - Senhor presidente, o senhor é o comandante em chefe do exército libanês. O Líbano encontra-se em plena guerra, mas ela está sendo lutada por uma milícia no sul do país. Onde está o exército regular?
Emile Lahoud - Eu mesmo formei esse exército depois da guerra civil e integrei todos os grupos religiosos: muçulmanos, cristãos e drusos. Esse exército existe para garantir a paz interna, mas não é um exército para lutar uma guerra.

DS - A resolução 1559 da ONU exige que o exército controle todo o país - até a fronteira com Israel.
Lahoud - Ele faz isso. Mas não foi o exército que libertou o sul ocupado do país, foi principalmente a resistência que conseguiu isso. Sem essa resistência o Líbano ainda estaria ocupado hoje.

DS - O senhor está falando sobre o Hizbollah. Mas a retirada de Israel aconteceu seis anos atrás. Por que o Estado não cumpriu a tarefa definida pela ONU?
Lahoud - Naturalmente os redutos da resistência não são conhecidos.
Apesar da chuva de bombas, os israelenses foram incapazes de apresentar uma única foto de uma base da resistência destruída, porque eles não sabem onde estão.
As bases do exército, por outro lado, são bem conhecidas e é por isso que eles estão invariavelmente destruindo nossas forças armadas, e principalmente alvos civis.

DS - Mas permanece o fato de que Beirute deixou de estabelecer uma autoridade no sul - e é exatamente assim que Israel está justificando seus ataques.
Lahoud - Mas essa autoridade é o que Israel está destruindo. As forças armadas israelenses estão destruindo o Líbano, e a comunidade internacional não está tentando detê-las, mas dando-lhes mais tempo para completar seu plano de destruição.

DS - Os soldados seqüestrados deveriam ser devolvidos incondicionalmente, como Israel exige? O senhor considera legítimo usá-los como moeda de troca?
Lahoud - A troca de prisioneiros sempre funcionou perfeitamente no passado. Os alemães, principalmente, foram muito úteis nesse processo. Não está claro se isso acontecerá desta vez. O ambiente está carregado.

DS - Por favor explique sua relação com o Hizbollah. O que o senhor pensa sobre Hassan Nasrallah?
Lahoud - O Hizbollah goza de grande prestígio no Líbano, porque libertou nosso país. Em todo o mundo árabe você escuta: o Hizbollah preserva a honra árabe, e apesar de ser muito pequeno enfrenta Israel. E é claro que Nasrallah tem o meu respeito.

DS - A ONU quer aplacar o problema através de uma mobilização maciça de tropas internacionais no sul do Líbano.
Lahoud - Essa é uma proposta antiga, que é dificilmente realizável.
Enquanto o conflito entre Líbano e Israel permanecer sem solução, nenhuma força internacional adiantará, por maior que seja. Os problemas continuam latentes: a situação indeterminada das fazendas Schebaa, os prisioneiros libaneses em Israel e principalmente os refugiados palestinos no Líbano.

DS - Por que os palestinos?
Lahoud - Hoje temos cerca de meio milhão de refugiados palestinos no Líbano, e seu índice de nascimentos é três vezes maior que o libanês. É uma bomba-relógio. É o problema básico de nosso país, que levou à guerra civil em 1975 e continua sem solução. Hoje todos estão falando na resolução 1559 da ONU, mas ninguém menciona a resolução 194, que reconhece o direito dos palestinos de retornar [a Israel]. O Líbano é pequeno e não pode integrar os palestinos."

E ai? O que fazer com esse show de contradições?

A guerra de Israel é contra o Hezbollah. Se o governo do Líbano está do lado do Hezbollah...

Saturday, July 22, 2006

The key to wisdom: Strong Opinions, Weakly Held

"Perhaps the best description I’ve ever seen of how wise people act comes from the amazing folks at Palo Alto’s Institute for the Future. A couple years ago, I was talking the Institute’s Bob Johansen about wisdom, and he explained that – to deal with an uncertain future and still move forward – they advise people to have “strong opinions, which are weakly held.” They've been giving this advice for years, and I understand that it was first developed by Instituite Director Paul Saffo. Bob explained that weak opinions are problematic because people aren’t inspired to develop the best arguments possible for them, or to put forth the energy required to test them. Bob explained that it was just as important, however, to not be too attached to what you believe because, otherwise, it undermines your ability to “see” and “hear” evidence that clashes with your opinions. This is what psychologists sometimes call the problem of “confirmation bias.”

Bob Sutton via Marginal Revolution.

Iraq Coalition casualties



Está explicado porque não vejo mais notícias sobre o Iraque...

Thursday, July 20, 2006

Be Careful What You Wish for

"Nearly two-thirds of Americans believe the United States should stay out of the conflict between Israel and Hezbollah militants in Lebanon, according to a CNN poll conducted and released Wednesday by Opinion Research Corp."

O que acontece quando a "polícia do mundo" sai de férias? Se a história realmente se repete, estamos fritos.

Monday, July 17, 2006

Sometimes the underdog is just a dog

Essa guerra entre Israel vs Hezbollah deveria ser uma daquelas bem simples e claras. Israel foi atacado, sem provocação, e depois de 6 anos de paciência com o governo libanês, resolveu acabar com o problema diretamente.

Qualquer pessoa que queira a continuação da nossa civilização deveria estar torcendo muito para que Israel consiga matar logo os líderes do Hezbollah. Qualquer governo que tenha o mínimo de vergonha na cara deveria dar total apoio a Israel e exigir que o governo libanês faça o que puder para ajudar israel.

Mas não. Tudo que se fala é sobre a tal "moderacao de força" que Israel precisa mostrar.

Lembro que quando mataram os filhos do Saddam muitos disseram que "os EUA usaram força excessiva". O que diabo isso significa? Que eles deveriam ter disputado um duelo de pistolas com eles? Ou oferecido umas metralhadoras a mais?

Essa cultura de amor ao mais fraco é muitas vezes mais forte que a razão. A imprensa americana mostra os feridos libanêses mas nunca os israelenses. Quase ninguém ouviu a história da primeira vítima israelense que morreu na semana passada quando a guerra começou. Era uma aposentada que tomava chá no terraço do seu apartamento, atingida por um míssil. Não explicam que o aeroporto de Beirute foi bombardeado para evitar que os soldados raptados sejam levados para a Síria. Não falam nem mesmo que os foguetes que atingem Israel são lançados de dentro de casas libanêsas, aonde muitas famílias tem a "sala de foguetes". Muitos nem mesmo lembram que a enorme maioria desses mísseis são de fabricação iraniana.

E o que quer o Hezbollah? Quer a libertação de assasinos de israelenses. (Obviamente, a resposta certa é que o Hezbollah quer a destruição de Israel. É só perguntar para eles)

De muitas formas, Israel está pagando agora por ter cedido a esse movimento do "ajude o mais fraco" em 2000. Quando saiu do Líbano há 6 anos, o Hezbollah estava muito enfraquecido. Mas com ajuda da Síria, Irã e a inépcia do governo libanês, está mais forte do que nunca. Alguns dizem que eles atualmente tem 10 mil foguetes.

E é assim sempre. Os que acreditam que os mais fracos só se revoltam porque são mais fracos esquecem de olhar embaixo do tapete. Grupos como Hezbollah, Hamas, Alqaeda, etc, são o que são. O fato de serem mais fracos deveria ser motivo de alívio e não de pena.

Saturday, July 15, 2006

Wasted talent

Essa review do A Scanner Darkly está muito boa.

O filme não decepcionou. É provavelmente a melhor adaptação de livro para cinema que eu já vi. Diria que ficou até melhor que o livro.

Não deixem de conferir (especialmente os pró-descriminação das drogas).

Sunday, July 09, 2006

Global changes

I worry about global warming as much as the next guy, but it is always good to keep these things in perspective. Reason is always a good counter for Al Gore.

I think the biggest problem with the global warming debate is a lack of understanding of how much the earth changes by itself. I was really surprised to learn that from time to time the Earth’s magnetic field inverts. That is, what is south becomes north and north becomes south.

Sounds crazy science fiction, but it has happened several times and scientists think we are close to another inversion. Can you imagine the kinds of changes that this may bring?

Saturday, July 08, 2006

Beyond Red vs. Blue

Ano passado quando eu linei o Beyond Red vs. Blue, não tinha percebido que você pode responder um teste e ver em qual grupo se encaixa melhor.

Here is mine: Enterprisers

Saturday, July 01, 2006

Preferences vs discrimination

"One thing I have never had adequately explained to me by devotees of the anti-discrimination cult is whether paying customers should also be prevented from discriminating in their consumption preferences. Given that the relationship between an employer and an employee is simply a form of trade in services in return for money, it strikes me as rather peculiar that ALL forms of discrimination in trade are not outlawed consistently. For example, if I decline to purchase the services of a tradesman to fix my house (the exact same nature of transaction as if I were an "employer") because he happens to be Uzbek, should he have the right to legal redress against me as a "discriminating" customer?

Moreover, we also seem to be "discriminating" in the application of "anti-discrimination laws" in the workplace - employees are also parties to an agreement to trade services for money, so how come they are accorded no official opprobrium if they decline to sign a contract with, say, a Muslim employer? In short, anti-discrimination laws are an attempt to outlaw the motives of the purchasing party to an agreed trade, but only if they happen to own a shop!

The real principle that is being attacked here is "freedom of association" and private conscience. Consistently applied (i.e. in a non-discriminatory fashion), anti-discrimination laws have the effect of criminalising voluntary trade between consenting parties, while obliging them to trade with others on some arbitrary criteria, and even criminalising consumer preferences themselves. Forcing somebody to trade with someone else against their will is ethically indistinguishable from holding a knife to a tourist's throat in a crowded market and demanding they "pay" for your worthless merchandise (as is known to happen in some parts of SE Asia) - and it is long past due that the ideological hogwash known as "anti-discrimination" is struck from the statute books permanently.

So to conclude this short post, I most certainly do discriminate in my economic and social preferences, on all kinds of verboten grounds (including race, religion and sex), and there isn't a damn thing that any sanctimonious blowhard can do about it."

Mais aqui.