Monday, February 28, 2005



Terça, 1 de março, 2005

Olavo de Carvalho

Esse post do Soares Silva sobre Olavo de Carvalho está fantástico.

Quase tudo que eu queria escrever já está lá. A minha parte favorita foi "Quem odeia Olavo de Carvalho passa a ficar obcecado com ele de um jeito como talvez nenhum de seus alunos fique; não há olavete tão olavete quanto um anti-olavete. Se me mostram um blog que mencione Olavo de Carvalho pelo menos uma vez a cada dois posts, sei que é alguém de esquerda: eles vêem, para reverter o clichê sobre comunistas, Olavo de Carvalho debaixo da cama."

Eu senti na pele essa situação. Há alguns anos atrás, quando eu começei a escrever sobre política aqui e ali, achei o Mídia sem máscara. Mandei uns textos meus sem muita pretenção, e eles acabaram publicando. Nem preciso dizer que virei um demônio para certas pessoas. Mesmo quando parei de escrever para lá, basicamente quando criei esse blog, certas pessoas nunca 'me perdoaram'.

Eu nunca poderia ter imaginado que tanta gente odiasse tanto o Olavo de Carvalho. É como se esse pessoal ficasse revoltado com a existência dele. Os meus textos no MSM não eram de forma alguma em defesa dele, mas só o fato de eu estar escrevendo no mesmo website já era o suficiente para eu receber parte do ódio. Poucas vezes eu recebia críticas especificamente do que eu escrevia, a bronca era só com a irmandade que aparentemente eu tinha ingressado.

Como escrever era (e continua sendo) somente um hobby, eu deixava para lá. Mas deu para sentir o gostinho. Consigo imaginar o que deve ser a vida do Olavo de Carvalho. E não é por menos que ele é agressivo. Aguentar esse pessoal não é facil.

Na minha opinião, essa aversão ao Olavo vem do fato dele lembrar algo que a esquerda faz muita força para negar: a total inexistência da direita atualmente no Brasil. Pode parecer sem sentido, já que a total aniquilação do seu adversário é uma vitória. Mas nesse caso, é uma vitória ingrata. Ser a única opção política implica em admitir culpa total nos fracassos atuais.

Então, quando o Olavo fala, fica mais difícil para esse pessoal fingir que o Severino é direita. Fica mais difícil de aceitar que o PFL, PSDB, PMDB e PP são o oposto do PT. Afinal, se for assim como é que eles podem ser tão diferentes de um Olavo de Carvalho? O que é o oposto do oposto?

O Olavo, assim como o do Mainardi, incomodam mais pelo que representam. Se tivessemos uma variedade política real no Brasil, eles seriam somente comentaristas. Hoje em dia, eles são um lembrete de que existe um outro caminho.



Segunda, 28 de fevereiro, 2005

Quando menos vale mais

O que Estônia, Lituânia, Látvia, Rússia, Sérvia, Ucrânia, Eslováquia, Romênia, Geórgia e Hong Kong tem em comum?

Todos aderiram ao flat tax, ou sistema de alíquota única. Hong Kong já usa o sistema há mais de 45 anos com sucesso. E agora as ex-repúblicas soviéticas, que tinham muitos problemas com coleta de impostos, estão descobrindo que muitas vezes menos vale mais. A Rússia por exemplo, aumentou sua arrecadação em 150%. Até a China discute aderir a um sistema como esse.

É fácil de entender porque países ricos como os EUA e o Oeste europeu tenham problemas para implementar esse tipo de mudança. Lógico que eles iriam se beneficiar de qualquer forma (estima-se que 10% da economia americana seja 'informal') mas quando o problema não é grande o suficiente, o status quo sempre vence.

O que eu não entendo é porque uma solução dessas não é nem discutida no Brasil. Os serviços públicos são um desastre, arrecadação é pequena, economia informal enorme.

O único motivo para se manter o sistema atual num país como Brasil é ideologia. Como lembra o editorial do Opinion Journal, Karl Marx clamou no seu "Manifesto" pelo fim da alíquota única e introdução da "luta de classes" na cobrança de impostos através de um sistema altamente progressivo.

Quando será que teremos nossa Perestroika hein?

Thursday, February 24, 2005



Quinta, 24 de fevereiro, 2005

Mais uma da CLT

Essa noticia é uma daquelas que passa desapercebida, mas vale a pena pensar um pouco.

O Tribunal Superior do Trabalho deu ganho de causa para um contador que recebia menos que um contador alemão da mesma empresa. A decisão foi baseada no artigo 358 da CLT (sempre ela) que diz que "uma empresa não pode pagar a um brasileiro que exerça função análoga à que é exercida por estrangeiro salário inferior ao deste."

Eu não sou expert em CLT, mas será que isso quer dizer que as empresas podem pagar salários diferentes para dois brasileiros que exerçam a mesma função? Acho que não... Então porque essa necessidade de citar o fato do funcionário ser estrangeiro?

Como a maioria das leis da CLT, essa é mais uma lei que tem boas intenções mas só causa mais problemas. Primeiro de tudo, a empresa não seria estúpida o suficiente de "importar" um contador alemão se não fosse preciso. Pelo que eu saiba, temos contadores disponíveis no Brasil. Então o fato da empresa ter sentido a necessidade de contratar o alemão mostra que ele trouxe algo a mais para a empresa. Pode ser simplesmente o fato dele falar alemão e ser capaz de comunicar com a matriz, ou pode ser que o cara seja um puta contador. Se a lei exige que se pague o mesmo para os dois somente por serem contadores, o que vocês acham que vai acontecer? Ou vão acabar pagando menos para os dois (e ai são grandes as chances do alemão ir embora e prejudicar a empresa e consequentemente todos outros funcionários) ou eles aceitam pagar mais para os dois, e tiram esse dinheiro de algum lugar. Provavelmente aumentariam o preço do que quer que seja produzido. Será que o TST tentaria controlar daonde sairia o dinheiro do aumento também?

E em último caso, se a empresa fosse realmente insana e quisesse contratar o contador alemão porque ele era amigo do Beckenbauer e pagar sacolas de dinheiro, so what??? Melhor para as outras empresas que eventualmente roubariam clientes desse bando de incompetentes.

Mais um caso aonde a frase ai de cima do Hayek cai como uma luva.

Wednesday, February 23, 2005



Quarta, 23 de fevereiro, 2005

Brasileiro caridoso?


Essa foi uma idéia do meu irmão, que surgiu após toda aquela discussão sobre a ajuda americana as vítimas do Tsunami. Ele juntou alguns dados comparando as doações para o Criança Esperança e as "doações" para o Big Brother. Eu achei impressionante. Vejam só:

Criança Esperança:

2004 - R$16.047.285
Nos últimos 18 anos de existência do projeto: R$131 milhões

Big Brother (aqui, aqui, e aqui):

BBB1 - R$ 30.720.000,00 (media 08 milhões de ligações / 12 paredões)
BBB2 - R$ 38.400.000,00 (media 10 milhões de ligações / 12 paredões)
BBB3 - R$ 46.080.000,00 (media 12 milhões de ligações / 12 paredões)
BBB4 - R$ 62.720.000,00 (media de 14 milhões de ligações / 14 paredões)
BBB5 - R$ 35.200.000,00 (media de 22 milhões de ligações / 05 paredões)
Total -R$ 213.120.000,00 (0,32 por ligação)

Tem gente que adora atirar pedras mas tem telhado de vidro bem fininho...

Saturday, February 19, 2005



Sábado, 19 de fevereiro, 2005

Limites da diplomacia

Bem que eu queria acreditar que essa visita do Bush a Europa vai fazer alguma diferença. Mas é tudo jogo de cena.

E apesar do Bush e sua turma terem sua parte de culpa nesse racha entre os EUA e a "Velha Europa", os europeus não cooperam nem um pouco.

Ou então como explicar essa teimosia do Chiraq em não considerar o Hezbollah como grupo terrorista? E como explicar essa pressa da UE em acabar com o embargo de armas da China?

E para completar a salada, a ONU só atrapalha. Nessa mesma semana em que os EUA e Israel tentam colocar pressão na Síria sobre o problema do Líbano, o sábio Annan mandou seu "enviado pessoal" Lakhdar Brahimi dar apoio para líderes do Hezbollah. Assim como no caso da Palestina, a ONU só sabe fazer resoluções quando o culpado é Israel.

Meio difícil esperar que esse pessoal se entenda e trabalhe junto quando os objetivos parecem ser tão diferentes, não é mesmo?

Friday, February 18, 2005



Sexta, 18 de fevereiro, 2005

Friedman, Síria e o Líbano

Podem falar o que for do Friedman, mas para mim ele ainda é quem mais entende sobre Oriente Médio na imprensa americana.

Pensei em fazer um resumo do editorial sobre a morte do premiê libanês Rafik Hariri (original aqui) mas não dá. O texto todo é ótimo, e vale perder 2 minutos a mais e ir do começo ao fim. Aqui vai:

"Damasco não tem mais desculpa

THOMAS L. FRIEDMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Um amigo do premiê libanês Rafik Hariri passou por meu escritório há 15 dias para me transmitir uma mensagem de Hariri, que eu conhecia desde o final dos anos 1970. A mensagem era que a oposição libanesa à ocupação síria estava se unindo, inspirada tanto pelo exemplo do Iraque quanto pelos excessos cada vez maiores da ocupação síria. Hariri, disse o amigo dele, planejava utilizar as eleições parlamentares próximas no Líbano para transmitir à Síria uma mensagem contundente: "É hora de vocês partirem".

Não há mais desculpa para a ocupação síria do Líbano, exceto o imperialismo nu e cru e o desejo de desviar recursos do Líbano.

Será difícil provar quem matou Rafik Hariri. Mas a gangue que governa a Síria possui toda a habilidade, a experiência e a motivação necessárias para assassinar o estadista libanês, pelo modo como ele se aliara a Paris e Washington para aprovar a resolução recente da ONU, de número 1559, pedindo a imediata retirada síria do Líbano. Hariri fez pressão em favor dessa resolução da ONU e renunciou a seu cargo depois que a Síria deturpou a democracia libanesa, forçando o Parlamento a aceitar uma extensão de três anos do mandato de Emile Lahoud, o presidente fantoche dos sírios.

Quando o regime do Baath na Síria se sente empurrado contra a parede, ele sempre recorre às "regras de Hama". Este é um termo que eu cunhei depois que o Exército sírio nivelou -literalmente- uma parte da cidade de Hama, na própria Síria, para reprimir uma revolta de fundamentalistas sunitas em 1982. Entre 10 mil e 20 mil sírios acabaram enterrados nos escombros. O assassinato de Hariri possui todas as características das regras de Hama.

Mensagem do regime sírio a Washington, a Paris e à oposição libanesa: "Se vocês quiserem jogar aqui, é bom estarem preparados para jogar pelas regras de Hama" -e as regras de Hama significam a ausência total de regras.

"Se vocês querem nos encurralar entre o Iraque, de um lado, e a oposição libanesa do outro, é bom que estejam preparados para usar mais do que apenas resoluções da ONU. É bom que estejam dispostos a recorrer a tudo, porque é isso que nós vamos fazer. Mas vocês, americanos, já estão exaustos com o Iraque, vocês, libaneses, não têm a coragem de nos enfrentar, e vocês, franceses, fazem croissants ótimos, mas não têm regras de Hama em seu arsenal. Então é bom que lembrem: nós, aqui, explodimos premiês. Atiramos contra jornalistas. Disparamos contra a Cruz Vermelha. Arrasamos uma de nossas próprias cidades. Vocês querem jogar pelas regras de Hama? Então queremos ver seu jogo."

Um indício de até que ponto os libaneses estão fartos da ocupação síria e das regras de Hama é o fato de todos estarem abertamente acusando a Síria pela morte de Hariri.O que mais os libaneses podem fazer? Eles precisam unir todas suas comunidades e contra-atacar o regime sírio com as "regras de Bagdá", demonstradas há dez dias pelos eleitores iraquianos. As regras de Bagdá são o que acontece quando um público árabe faz algo inusitado: sai às ruas, desafiando jihadistas e baathistas, e expressa sua vontade democrática.

Rafik Hariri tinha parado de jogar pelas "regras libanesas" -ou seja, dobrar-se a qualquer imposição síria- e desafiara o imperialismo sírio abertamente. Se os libaneses quiserem ser livres, terão de tomar a dianteira. Terão de dotar-se da mesma coragem cívica da qual Hariri se armou e fazer o que fez o público iraquiano: ter coragem de olhar os fascistas no olho, chamá-los por seus nomes reais e criticar a União Européia e a Liga Árabe por sua disposição em ignorar a opressão síria.
Nada deixa mais furiosa uma ditadura como a síria do que a desobediência civil e a verdade -ou seja, que as pessoas deixem de se intimidar, se ergam em defesa de sua liberdade e entrem em greve contra as forças de ocupação."

Thursday, February 17, 2005



Quinta, 17 de fevereiro, 2005

Esclerose do Ambientalismo

Muitos acham que o fato dos EUA terem recusado o protocolo de Kyoto significa que os americanos simplesmente não ligam para o meio ambiente. Ah, aqueles maldosos capitalistas! São 5% da população do mundo e produzem 25% da poluição!

É verdade que alguns conservadores disputam a validade do argumento do Global Warming, e isso deixa esse pessoal louco (no pun) da vida.

Mas para a maioria das pessoas, o assunto é muito mais uma questão de senso comum. Ninguém vai aceitar a destruição da economia pelo ambiente, mas todos aceitam play it safe e fazer alguns sacrifícios. Se o aquecimento realmente não for causado pelo homem, pelo menos teremos feito nossa parte.

O problema é que esse movimento ambientalista atual é patético. Parece que nunca tiveram uma aulinha básica de marketing. Como disse meu professor outro dia, se a Coca Cola conseguiu fazer bilhões vendendo água com açucar, não existe dúvida que o marketing é a alma de qualquer negócio.

Michael Schellemberger concorda comigo. Ele é um antropólogo que pesquisa esse problema e publicou ano passado um artigo chamado "A Morte do Ambientalismo". Nessa entrevista ele explica que toda essa tática de medo atual, em que Kyoto é o maior representante, está fadada ao fracasso. Espera-se que as pessoas se sacrifiquem por algo que não conseguem ver sem receber nada em troca.

Existem vários exemplos práticos que mostram um caminho melhor a ser seguido. O lançamento dos carros híbridos talvez seja o melhor. O marketing nesse caso é perfeito. Enfatiza a modernidade dos carros, com o bônus de serem benéficos ao ambiente. Os fabricantes sabem que economicamente o investimento do consumidor é maior, mas aceitável. O governo ajuda com um tax break, e os mais criativos como o governo da Virgínia, com o acesso a pista rápida nas rodovias. It's a win-win situation.

Querer impor restrições na marra, através de acordos dracônicos como o de Kyoto, é uma tremenda perda de tempo. Podem apostar que ninguém vai fazer exatamente o que foi prometido. Quando esses movimentos ambientalistas começarem a fazer lobby por medidas práticas (mais modelos hibridos?) a coisa vai começar a funcionar de verdade.

Sunday, February 13, 2005



Segunda, 14 de fevereiro, 2005

Prisão patriotismo???

Discussões online nunca acabam bem. Quando é por meio de posts então, a coisa só pode acabar em bate boca.

Dito isso, assumo minha teimosia e vou adicionar mais um capítulo a essa pequena polêmica.

Na verdade, vou falar sobre algo citado nesse post do Alexandre mas não exatamente sobre o ponto original da disputa. Primeiro, porquê acho que as diferenças entre as nossas opiniões nem são tão grandes, e foram exageradas sabe-se lá porquê. Segundo, acho que discutir se os Russos lutaram ou não pelo comunismo muito pouco relevante e interessante.

Muito mais interessante é a afirmação que o Alexandre fez mais adiante (grifos meus):
"Agora, quando o país está na defesa, ideologias e governos pouco importam." ... "Ocasionalmente acontece de grupos políticos marginalizados se unirem ao invasor, mas posso imaginar poucas opções mais canalhas." ... "Não existe exército invasor bonzinho, nem mesmo os mais bem-intencionados." ... "A decisão é difícil mas, numa situação dessas, a melhor coisa que você pode fazer é ou defender o regime, mesmo discordando dele, e depois vocês continuam a discussão política, ou então se exilar, observar a tragédia de longe e voltar depois pra ajudar na reconstrução."

Com todo o respeito ao Alexandre, this is a load of crap.

Se existe uma lição que foi (ou deveria ser) aprendida na Segunda WW foi que tudo isso que o Alexandre falou não é verdade. Aliás, foi essa mentalidade que propiciou a ascenção e destruição causada pelo Nazismo. Tanto isso é verdade que a criação da ONU foi uma das maneiras que o mundo achou para lidar com os futuros Hitlers da vida. Ficou claro que "a discussão política" muitas vezes não funciona, e que as consequências são terríveis para a população local e às vezes para o resto do mundo.

Obviamente qualquer guerra é algo brutal. Dizer que "Não existe exército invasor bonzinho, nem mesmo os mais bem-intencionados" é como dizer que a polícia vai prender e matar inocentes eventualmente. A escolha sobre aonde e como usar força é difícil, mas não é por isso que a solução é ficar quieto de longe olhando e esperando que tudo se resolva magicamente. O maior criticismo da ONU é justamente que eles esperam too much para usar força, e não que a usam em excesso.

Nessas 6 décadas desde o fim da 2WW, ficou claro que a solução é difícil mas existe. Casos como o da Iuguslávia e Afeganistão mostram que é possível mudar regimes na força com sucesso. Da mesma maneira, casos com os do Haiti e Etiópia mostram que nem sempre funciona. Mas exemplos como Ruanda e Sudão mostram que ficar paradinho olhando quase sempre acaba em desastre.

Agora, o maior absurdo de todos foi o Alexandre dizer que quem coopera com estrangeiros numa situação dessas é canalha. Eu espero que ele tenha se perdido no caso da segunda guerra, e estava pensando nos franceses que cooperaram com os Nazis ou algo do tipo. Duvido que ele realmente ache, por exemplo, que um judeu alemão que tenha cooperado com os EUA seja um canalha. Ou um muçulmano de Kosovo que ajudou na luta contra Milosevic seja um canalha. Ou que os milhões de iraquianos que votaram são realmente canalhas.

Acreditar nisso seria dar um valor ridículo à nacionalidade de quem você defende ou ataca, deixando o bem individual do povo em questão em último plano. Algo inconcebível vindo de alguém que considera o patriotismo uma prisão, não é mesmo?

Um dos exemplos que o Alexandre usou na sua diatribe foi uma teórica invasão à Amazônia, e de como os brasileiros tinham que defendê-la mesmo se não concordassem com o governo Lula. Obviamente o exemplo foi simplista. Se os EUA ou quem quer que fosse invadisse o Brasil atual eu seria o primeiro a tomar um avião e pegar num fusíl.

Uma situação mais complexa (e real) a se julgar seria aonde algum governo brasileiro tivesse envolvido o país numa guerra desnecessária com 1 milhão de mortos, matado outro milhão em perseguições políticas, inclusive com armas químicas, usasse tortura diariamente, jogando crianças para leões ou roubando noivas em dias de casamento, etc, etc.

Nesse caso, eu também estaria disposto a pegar num fusil, e lutar para acabar com esse regime de verdadeiros canalhas.

Friday, February 11, 2005



Sexta, 11 de fevereiro, 2005

O abismo chamado Coréia do Norte

Como dizia aquele maluco há alguns séculos atrás, "When you look into an abyss, the abyss also looks into you."

Quando se analisa o que existe de pior no mundo atual, não existe melhor representante do que a Coréia do Norte. E olha que a concorrência não é pouca.

Como é que temos esse mendigo super-poderoso ainda no poder?

A verdade é que o mundo ajuda e muito na existência dessa abominação. A ONU e seu appeasement ad infinitum é uma amiga do peito. China e Rússia são os dois heavyweight players que sempre vetam qualquer resolução mais dura. A mamãe China especialmente, é uma influência terrível. Faz teatrinho para os EUA, mas por trás das cortinas mandam fugitivos de volta para serem executados. Estima-se que mais de 300 mil tenham fugido para a China e vivem ilegalmente por lá.

O ocidente tem todos os motivos do mundo para se preocupar com Kim Jung Il. A venda de armas convencionais para países como Síria e Irã não é novidade. Assumir que as armas nucleares entrariam eventualmente no jogo é mais do que óbvio.

Apesar de tudo isso, uma guerra seria desastrosa. A Coréia do Norte é proporcionalmente o país mais militarizado do mundo, com 1.14 milhão de tropas ativas e 7.45(!) milhões de tropas na reserva. Fugitivos contam como a propaganda interna é brutal. A fome (atualmente a quota de comida é de 250 gramas por dia, metade do que é considerado o mínimo para sobrevivência) é uma arma poderosa.

Acho que seria um erro os EUA aceitarem a chantagem para voltar as negociações individuais. Os únicos países capazes de mudar algo são os da região. Sem uma pressão de verdade da China e Coréia do Sul (que continua a mandar ajuda) nada será resolvido. A tática "a la Nixon" já foi usada por Clinton, e só piorou a situação.

Qualquer outro erro pode ser fatal.

Thursday, February 10, 2005



Quinta, 10 de fevereiro, 2005

Imigração e patriotismo

Imigração. Poucos assuntos são tão mal entendidos e tão facilmente manipulados. É um dos poucos temas em que grande parte da esquerda e direita concordam: São todos contra.

Sinceramente eu não entendo tanta desinformação. As vantagens econômicas da imigração já foram explicadas detalhadamente pelos melhores da área. Von Mises publicou em 1922 um dos melhores textos no assunto. Antes dele, em 1848, John Stuart Mill já explicava o assunto e dizia que "The exportation of labourers and capital from a place where their productive power is less to a place where it is greater, increases by so much the aggregate produce of the labour and capital of the world."

Eu até entendo porquê os governos não gostem da idéia. Afinal, o Estado é totalmente dependente dos cidadãos. Uma das piores coisas que podem acontecer é o numero de contribuintes diminuir.

O que eu não entendo é como cada indivíduo não percebe o poder que tem nas suas mãos. Ou melhor, nos seus pés. Novamente, o pessoal da escola austríaca já tinha pensado em tudo isso e até mesmo usavam o termo "votar com os pés".

Quando eu decidi me mudar do Brasil, fui "acusado" de tudo: traidor, ingrato, anti-brasileiro, e até mesmo de não gostar de meus familiares e amigos.

Ninguém, ou muito poucos, entenderam que o culpado dessa mudança não era eu, e sim o Brasil!

Oras, ser imigrante não é nem um pouco fácil. É uma adaptação brutal. Toda essa lenda de que depois de alguns meses você aprende o idioma e a cultura e tudo vira automático é um absurdo. Eu já tinha um conhecimento razoável de inglês, e mesmo tendo facilidade para pronúncia, demorei anos para me sentir totalmente confortável antes de abrir minha boca para o que quer que fosse.

Junte a isso todas as outras mudanças, de comida ao frio, e você entenderá porquê tantas pessoas acabam voltando antes de completar um ano fora. Só quem passou por isso sabe o quão difícil é.

O fato de que as pessoas se sujeitam a tudo isso, e continuam imigrando, deveria ser a maior prova de incompetência de certos governos, em inúmeros níveis.

Fica fácil entender os imigrantes mexicanos que não tinham opção nenhuma de emprego, ou os cubanos que sofriam nas mãos do Fidel. Mas e os cientistas indianos? E os atores canadenses? E os analistas de sistemas brasileiros?

Economicamente, eu provavelmente teria uma vida confortável no Brasil. O meu gerente, um indiano, também não mudou por dinheiro. Segurança, estabilidade, maior número de oportunidades, maior controle sobre sua vida, e até liberdade de expressão, tudo isso faz cada vez mais diferença nesse tipo de decisão.

Eu tenho amigos que tem todas possibilidades e motivos para se mudar do Brasil, e preferem ficar simplesmente porque acham que é a coisa 'nobre' a ser feita. Esses são os mesmos que duvidam quando eu digo que se um dia as coisas mudarem nos EUA, e aqui não for mais um lugar que proporcione a vida que eu procuro, I'm out.

Como diz o Alexandre, o patriotismo realmente é uma prisão.

Wednesday, February 09, 2005



Quarta, 9 de fevereiro, 2005

99,100

Dois textos muito interessantes: Frank Deford (o melhor escritor esportivo americano da atualidade) fala na NPR sobre a história de Max Schmeling, o boxeador alemão mais famoso de todos os tempos. Schmeling foi acusado de ter ficado do lado dos nazistas, e talvez por isso não tenha o status popular que deveria, especialmente quando comparado ao seu arqui-rival Joe Louis. Max Schmeling morreu semana passada, aos 99 anos.

E Cathy Young escreve para a Reason o que talvez seja o melhor editorial já feito sobre Ayn Rand. Rand completaria 100 anos no último dia 2 de fevereiro.

Tuesday, February 08, 2005



Terça, 8 de fevereiro, 2005

Brasil, Deus e a esperança

Será que já existiu algum samba enredo que não usasse as palavras "Brasil" , "Deus" e "esperança"? E porquê essa fixação com "Império" nos nomes das escolas de samba??

Ok, eu sei que eu pego no pé do carnaval, mas a coisa toda não faz o menor sentido para mim. É muito ufanismo, muita repetição, muito frenesi. É como ver o pais todo numa história de Kafka. On drugs.

Vejam o samba da escola vencedora de São Paulo, a "Império de Casa Verde":

"Brasil, se Deus É por Nós, Quem Será Contra Nós"

Desbravando o continente
Voando, numa nave espacial
Vejo o fim do então primeiro mundo
O medo do futuro é universal
È nova era
O ser humano se transforma em munição
Parece até que é brincadeira
Tudo por um pedacinho assim de chão
Vaca louca adoidado, até frango ta gripado
Veja só que ironia, o alerta é geral
Bate forte bateria, eu quero é carnaval

Sou mais você Brasil
Ó pátria mãe gentil
Esculturada por Nosso Senhor
Terra do samba e do amor

É lindo ver meu povo brasileiro
Otimista e guerreiro
Nunca perde a esperança
Sempre se virando como pode
Quem não pode se sacode
Em busca do seu ideal
Por falar em sonhos e conquistas
Eis um nobre idealista
Revolucionário imperial
Saudade, vá de encontro ao infinito
Nesse imenso azul e branco
Que hoje serve de manto
Pra esse ser iluminado
Que ao lado de Deus
Se faz presente na avenida
Eterna estrela dos meus carnavais
Valeu, descanse em paz

Amanheceu
Desperta amor, é um novo dia
E com o Sol vem meu Império
Nesse sagrado paraíso da alegria"

Monday, February 07, 2005



Segunda, 7 de fevereiro, 2005

Os opostos se atraem?

O Rafael, do ótimo Yabbai, fez essa brincadeira com uma música de carnaval, e por algum motivo, me fez pensar sobre as similiaridades entre dois grupos aparentemente opostos: foliões e radicais islâmicos.

Vejam só:
- As mulheres recebem tratamento diferenciado e exagerado. Os radicais islâmicos acham o corpo das mulheres tão importante que proibem a exibição de qualquer parte do mesmo. No carnaval o corpo é o que mais importa, e a nudez feminina é o maior objetivo.
- Os dois grupos adoram grandes concentrações populares. Os islâmicos tendem a construir templos enormes, e adoram uma peregrinação em grupo. Da mesma forma, o carnaval migrou dos bailes de salão para as ruas, e atualmente produz enormes manifestações. Os sambódromos são as cidades sagradas brasileiras.
- O carnaval lembra muito a definição de "céu" prometido pelo islamismo. A origem do carnaval aliás, foi a de um "céu na terra". Eram as festividades em que os católicos podiam consumir carne ("carnelevarium") antes da Quaresma.
- Apesar de presentes em diversos países, os dois "fenômenos" se tornaram dominantes somente em certas regiões. O islamismo se fincou nos desertos do Oriente e nas partes mais pobres da Ásia. O carnaval virou sinônimo de Brasil.

E por último, não seja doido de falar mal de nenhum dos dois grupos. Brasileiro que não gosta de carnaval é como um católico em Bagdá. Como já dizia o Aiatolá Dorival Caymmi: Quem não gosta de samba, bom sujeito não é! É ruim da cabeça ou doente do pé!

Sunday, February 06, 2005



Domingo, 6 de fevereiro, 2005

Não se fazem mais Rock Stars como antigamente

Podem falar o que quiser sobre a qualidade musical dos Guns N' Roses, mas eles eram meus favoritos.

Numa década dominada por posers e thrash, Axl Rose (trivia: anagrama para Oral Sex) e sua turma de malucos acharam um meio termo de sucesso e de algumas formas inovador.

Tão inovador que, passados quase 15 anos desde o fim do GNR, as melhores Rock bands atuais são somente os restos da década passada, como este e aquele pessoal.

And the lyrics were just great. I mean, look at this, this, and that.

It was just a lot of fun. E quem hoje em dia teria the guts para escrever essa:
"And that goes for all you punks in the press
That want to start shit by printin' lies instead of the things we said
That means you
Andy Secher at Hit Parader
Circus Magazine
Mick Wall at Kerrang
Bob Guccione Jr. at Spin,
What you pissed off cuz your dad gets more pussy than you?
Fuck you
"

Ah, e quase esqueci a minha favorita:
Locomotive.

"If love is blind I guess
I'll buy myself a cane
"

Pois o tempo não para. Old Axl faz 43 anos hoje.

Thursday, February 03, 2005



Quinta, 3 de fevereiro, 2005

No smoking

Weyco Inc., uma companhia de administração de benefícios de saúde em Michigan, decidiu tomar uma medida drástica para reduzir gastos com planos de saúde de seus funcionários: Eliminar os empregados fumantes. A empresa deu um prazo de um ano, e quem não deixasse de fumar até então teria que achar outro emprego.

Quatro terminaram na rua.

Apesar de incomum, a medida é totalmente legal. As leis americanas variam de Estado para Estado, mas no geral só se proíbe discriminação contra fatores involuntários como cor, raça, doenças e opção sexual. Contratos particulares são altamente flexíveis, e cláusulas que interferem na vida pessoal dos contratados não são tão raras. Alguns empregos proíbem a prática de esportes radicais, outros exigem mudanças frequentes de cidade.

Os que são contra esse tipo de medida argumentam que as empresas nunca irão conseguir controlar esse tipo de comportamento individual. Qual seria o próximo passo? Exigir que ninguém coma McDonalds? Ou que se pratique esportes pelo menos três vezes por semana?

Qual é o limite? E quem tem o direito de definir o mesmo?

Vale lembrar que por lei, as empresas americanas não precisam fornecer planos de saúde para seus empregados. Seria melhor então se essas empresas deixarem de fornecer um benefício para a maioria para acomodar uma minoria?

Wednesday, February 02, 2005



Quarta, 2 de fevereiro, 2005

Quem é quem

As informações conflitam um pouco, mas de acordo com o governo iraquiano 44 pessoas morreram no dia da eleição, sendo que metade eram policiais, 8 terroristas e 14 civís.

Em um dos ataques, os terroristas usaram uma criança com síndrome de down como 'arma'. O Omar, do Iraq the Model confirma e descreve alguns detalhes adicionais.

Dentre os que resolveram se matar pela causa, um era Sírio e um Sudanês. Além desses, um terrorista do Iêmen, 2 Sauditas, um Tchetcheno e um Egípcio foram presos.

Aonde será que estavam todas as outras centenas de milhares de "rebeldes"?

A enorme maioria dos iraquianos mostrou de que lado está não somente no voto, mas na luta contra esses terroristas. Um policial iraquiano, Abdelamir Najem Kazem, sacrificou sua vida e evitou que o suicída do Sudão matasse mais inocentes.

Os civís que morreram na eleição estão sendo tratados como mártires.

A torcida do contra não adiantou. O povo do Iraque mostrou quem é quem.

Tuesday, February 01, 2005



Terça, 1 de fevereiro, 2005

Ignorância ou cafajestagem?


"Marcha organizada por representantes da resistência Iraquiana para protestar contra as eleições que aconteceram dia 30 de Janeiro no Iraque".

Esse é o pessoal que frequenta o humanístico "Fórum Social Mundial". O Fórum que abre a porta para todos, até para aqueles que só conseguem rastejar por debaixo dela.

Made in Brazil, but of course.

Via Alto Volta