Saturday, February 25, 2006

Fukuyama, Kristol e eu

O debate sobre a guerra contra o terrorismo continua.

O Fukuyama escreve que os neoconservadores fizeram bobagem, que a guerra no Iraque basicamente foi um desastre e que a única solução para o fim do terrorismo é um lighter approach dos EUA, isto é, diplomacia internacional. Ele acha que os EUA não devem se isolar (i.e., continuem mandando dinheiro) mas devem parar de usar o exército como ferramenta de mudança.

O Kristol respondeu na mesma moeda, basicamente dizendo que os EUA tem que continuar na ofensiva, e que essa visão do Fukuyama que "democracias amadurecem sozinhas" é ingênua ao extremo.

Acho que os dois lados esquecem de analisar alguns fatores. Primeiro, o Fukuyama assume que o governo dos EUA trataram o Iraque como algum tipo de experimento para um plano militar maior. Nunca se sabe exatamente o que se passa na cabeça dos governantes e, se a invasão do Iraque tivesse sido muito fácil, não duvido que o incentivo para novas invasões seria maior. Porém, no contexto da época, o objetivo das guerras do Afeganistão e Iraque era muito mais tático do que estratégico. Os dois lados dão muito mais crédito ao governo Bush do que eu dou.

Outro problema da análise do Fukuyama é que ele dá a entender que a política atual é a regra e que a alternativa proposta seria a exceção. Na verdade, desde o fim da segunda guerra mundial, os EUA adotaram essa posição que ele propõe de soft power. Com a exceção do Vietnam, todas as outras guerras de 1950 a 2002 foram defensivas (Coréia) ou muito pequenas e rápidas (conflitos na América do Sul, Filipinas, etc). E também vale lembrar que a estratégia da época não era de intencionalmente apoiar ditadores. Era justamente fazer o que o Fukuyama diz ser o caminho certo, isto é, aceitar os governos em poder e formentar a democracia quando possível.

Os resultados dessa época não foram muito bons. E a forma em que a guerra fria foi ganha não foi somente uma desculpa para o movimento agressivo atual, foi também o maior exemplo de que aquela estratégia de soft power simplesmente não estava chegando à lugar nenhum.

Se o governo Bush é ingênuo como Fukuyama quer mostrar (toda vez que alguém cita um "plano secreto" para justificar uma teoria eu fico desconfiado) eu não sei. Mas inferir que o resultado atual mostra que a única solução é a volta ao passado me parece absurdo.

Já o Kristol não oferece muito, a não ser o velho discurso "stay the course". Até o Fukuyama concorda que atualmente não há muito o que se fazer, e daí já tiramos de lado todo esse bando de gente (esquerda desde sempre e extrema direita nos últimos meses) que querem simplesmente abandonar o Iraque como se fosse um experimento de ciências que deu errado.

Abandonar o Iraque seria um desastre por vários motivos. Porém, o maior deles é ignorado pelo Fukuyama, provavelmente porque vai contra uma das premissas que justificaria a volta à o velho lighter approach: A idéia de que os EUA são odiados por serem duros demais.

Na verdade, os EUA e o Ocidente no geral, são vistos como poderes fracos e corruptos pelos radicais islâmicos. Não se esqueçam que antes das 2 guerras, a possibilidade dos EUA perderem militarmente era considerada amplamente possível. Toda a idéia por trás de um império islâmico é baseada no conceito de que o Ocidente é um monstro barrigudo, que só não é derrotado porque os povos islâmicos não se unem.

Agora, se o Kristol acha que o Iraque pode ser considerado um modelo de como essa guerra contra o terrorismo tem que ser lutada, aí nós discordamos. Não acho que seja possível definir um "modelo" para esse conflito. Acho que diante das circunstâncias, o governo Bush agiu corretamente em 2002. Mas será que se o Irã continuar com seus planos nucleares a resposta Americana deveria ser a mesma?

Acho que não. Ironicamente, esse é um dos argumentos preferidos da esquerda: "Se atacaram o Iraque, então porque não atacam todos os ditadores?"

A resposta é óbvia, mas de alguma forma o argumento é considerado sério. Uma lógica maluca anode a força tem que ser a regra ou a exceção. O uso da força tem que ser uma alternativa. Não pode ser a última alternativa, como quer a esquerda (por vários motivos), e nem a primeira alternativa como querer alguns da extrema direita.

O último ponto que acho importante nessa discusão toda é o papel da democracia. Um dos argumentos do Fukuyama é que a democracia "promove o radicalismo".

Acho essa uma falácia tão absurda quanto a de que a democracia por si só promove o fim do radicalismo. A democracia somente expõe a situação, algo positivo na minha opinião.

O maior problema do radicalismo islâmico é justamente o seu aspecto informal. O nazismo pode ter sido terrível, mas foi derrotado de forma indiscutível. Enquanto o radicalismo islâmico se esconder por trás de "governos moderados" ele nunca será derrotado.

A subida ao poder desses radicais pode acabar em somente dois caminhos: Um deles é a decisão voluntária de se moderar, o que pode levar no curto prazo outros grupos radicais ao poder (caso da Palestina), mas que em algum ponto significaria a moderação da população no geral. O outro é a oficialização do radicalismo, que levaria ao caminho de sempre: punições da ONU, embargo e guerra.

Na minha opinião, essas duas opções são melhores do que a continuação do terrorismo atual.

Thursday, February 23, 2006

Alckmin

Acompanho pouco a política brasileira hoje em dia. Leio sobre os roubos do PT, sobre os absurdos do Amorin, e sinceramente é tudo muito repetitivo.

Li outro dia que o tal do Alckmin vai ser o "candidato da direita" para a próxima eleição.

Não sei muito sobre ele. Quase nada para ser honesto. Não consegui lembrar de uma medida de impacto que ele tenha tomado. O que as vezes é bom, mas nesse caso, o ponto é que não sei qual é a direção que um governo dele teria.

Olhei o discuso de posse dele no governo de SP, e fiquei confuso. Lá ele diz que "O Governo atuará, então, em quatro esferas concêntricas: a do Governo Empreendedor, a do Governo Educador, a do Governo Solidário, e a do Governo Prestador de Serviços de Qualidade". Essa é a idéia de direita no Brasil?

Será que seria demais esperar que um candidato tocasse no assunto dos impostos? Tarifas absurdas? Acordos de comércio internacional? Quem sabe até mesmo definir se ele quer diminuir ou aumentar o tamanho do governo?

Se a única diferença entre direita e esquerda no Brasil é essa história de dizer "eu sou honesto, o outro rouba" ou então dizer que vai criar empregos sem ao menos tentar explicar como, não sairemos do marasmo nunca. Às vezes fico desapontado que o Lula não fez o que tinha prometido. Se ele tivesse chutado o barraco, e transformado o país num favelão cubano, quem sabe ai o povo entenderia o que precisa ser mudado.

Esse sistema semi-capitalista, que muitos tem a incrível cara de pau de chamar "neoliberal", deixa sempre a falsa impressão que "estamos quase lá", e que só falta competência para os nossos políticos.

Em outra parte daquele discurso de posse, o Alckmin diz que "Sem abdicar da fidelidade aos princípios doutrinários que me norteiam, aqui retorno consciente de que o ato de governar não é militância política. É, isto sim, o exercício de uma função pública. E estas são práticas que não devem e nem podem se confundir."

Princípios? Mais quais são esses princípios? Eu sou realista e pragmático, mas tomar decisões sem deixar claro que existe um conjunto de idéias por trás que pelo menos aponta em uma certa direção é suicídio. Usando uma analogia bem brasileira, somos um time sem esquema de jogo, que fica trocando de capitão sem nunca pensar em contratar um técnico e estabelecer um esquema tático claro.

Pode ser que eu esteja errado, e o Alckmin seja diferente. Quem sabe vocês tenham informações que eu não tenho e me corrijam. Mas pelo que eu vi até agora, parece somente mais do mesmo.

Tuesday, February 21, 2006

Mais dados sobre o império

Todo esse dinheiro gasto com educação mostra a clara intenção de dominar o mundo...



Percebam como a situação piora depois que Bush sobe ao poder!


Isso mostra porque a globalização é uma farsa. Tendo o melhor sistema de educação do mundo fica fácil!

Esses malditos imperialistas...

(Para quem quiser saber minha opinião de verdade sobre a educação estatal daqui, leia este post)

Monday, February 20, 2006

A dupla SaSa

Parece que Sader, o sábio, arranjou um companheiro à altura: João Sayad. Já deve ser o terceiro ou quarto editorial seguido que ele escreve que é um total absurdo, do começo ao fim. O de hoje está particularmente péssimo, eu quase desisti depois de ler a primeira frase. E pior, o sujeito escreve mal que não é brincadeira. Eu ia postar só algumas partes preferidas, mas para apreciar a falta de qualidade e a variedade de desconexões de idéias do texto eu preciso do texto todo: (grifos meus; a parte em vermelho foi aonde eu ri mais alto)

"Tolerância

Os Estados Unidos são o único país do mundo em que se tenta proibir o ensino da teoria da evolução.

Em 1925, os "creacionistas" se opunham à teoria porque contradizia a interpretação literal do Gênesis. Atualmente, alegam que os professores de ciências fazem insinuações sobre a inexistência de Deus. Exigem que se apresente a teoria do "intelligent designer", um projetista inteligente (Deus?) que explicaria o sentido da evolução.

Para nosso desespero, não é possível demonstrar logicamente que o mundo tenha sentido ou um projetista inteligente. Nem demonstrar que Deus não existe.

A polêmica está limitada a alguns estados americanos do sudoeste e do sul. No resto do pais e no mundo inteiro, religião e ciência são campos paralelos, que fazem perguntas e oferecem respostas a problemas diferentes e não opostos.

Os Estados Unidos são uma federação de seitas, etnias e raças fundamentalistas. Democracia e liberdade de expressão resultam de um equilíbrio tenso entre grupos igualmente poderosos com princípios rígidos e inegociáveis.

Por isto, os americanos são obrigados a ser pragmáticos ("verdade é o que funciona") ou relativistas. Pragmatismo e relativismo são as únicas filosofias possíveis num país congestionado de verdades irreconciliáveis e onde mentir é o único motivo para levar um presidente ao "impeachment".

A diversidade entre visões de mundo não requer tolerância. Eu não preciso "tolerar"que você goste de chá e eu, de café. A tolerância- do latim "tolerare", suportar- é necessária apenas entre idéias que não são apenas diferentes, mas contraditórias e que se reconhecem reciprocamente.

Evolucionismo e religião são temas diferentes que se opõem apenas quando discutem a existência de Deus que não é tema da ciência. Em geral, religiosos não precisam "tolerar" cientistas, nem escandinavos "tolerar" os paraguaios. São indiferentes uns aos outros.

Já o convívio entre judeus, cristãos e muçulmanos demanda uma tolerância enorme. Disputam o amor do mesmo Deus, discordam sobre o verdadeiro Messias e usam o mesmo Livro. Jerusalém é o ponto focal - cidade do Templo de Salomão, em que Jesus foi crucificado e Maomé subiu aos céus.
Ocidente e Oriente nunca foram indiferentes. As charges sobre Maomé, encomendadas como um "teste" para a liberdade de imprensa dinamarquês geraram protestos e morte. Na França, a lei Gayssot criminalizou a negação do Holocausto. A liberdade de expressão levada ao limite ameaça a liberdade de expressão.

O Brasil é o país da tolerância. Aqui, Ogum é S. Jorge e a Virgem Maria, Iemanjá. Sofremos do melhor racismo do mundo, ainda que continue sendo racismo. Os negros se consideram brancos e os brancos dizem que gostariam de ser negros. Ricos toleram os pobres e pobres agradecem a tolerância.

Somos pragmáticos diferentes dos americanos. Não precisamos conviver com verdades rígidas. Aqui a verdade é menos nítida, convive bem com contradições. Seriamos um país admirável se tanta tolerância não for apenas fruto de indiferença."

Sunday, February 19, 2006

The left

Pessimista

Quando eu comentei sobre o pessimismo da esquerda, eu estava falando sobre isso: (só para assinantes)

"My go-to worldview is pessimism. I see a Time Square billboard that has its audience 'dancing in the aisles' and I can't help but think 'That is a fire hazrad'".
...
"When he (Bush) took the presedential oath, I cried. What was I so afraid of? I was weeping because I was terrified that the new president would wreck the economy and muck up my drinking water. Isn't that adorable? I lacked the pessimistic imagination to dread that tens of thousands of human beings would be spied on or maimed or tortured or killed or stranded or drowned, thanks to his incompetence".

Eu posso te garantir, she is loony and she is no happy camper.

NYT

Aliás, hoje fiz algo que não fazia há tempos: comprar o NYT de papel. Alguns editorias não estão mais abertos online, e eu estava matando tempo na Starbucks.

Primeiro de tudo, eu quase caí de costas com o preço: 5 dólares. Segundo, qualquer pessoa que tenha a cara de pau de dizer que o NYT não é completamente de esquerda simplesmente não lê o jornal.

Dos 12 editoriais que eu contei, 3 eram neutros e 9 eram politicamente ou ideologicamente de esquerda. Encontrei pérolas do tipo "Once, not that long ago, economics was the queen of the social sciences. Human beings were assumed to be profit-maximizing creatures, trending toward reasonableness. As societies grew richer and more modern, it was assumed, they would become more secular. As people became better educated, primitive passions like tribalism and nacionalism would fade away and global institutions would rise to their place." (Do editorial Questions of Culture).

Claro que o jornal tem o direito de escrever o que quiser, mas eles deviam pelo menos avisar qual o conteúdo. Aquilo ali não é news, é propaganda. Eu quase pedi meu dinheiro de volta.

Cheney

Mas de todos os exageros atuais da esquerda, o mais absurdo é o que vem acontecendo com o Cheney. Eu sei que o cara não é nem um pouco likeable, e na minha opinião hunting é mais backwards do querer arrastar sua mulher pelos cabelos e morar numa caverna.

Mas o que a mídia vem fazendo com esse acidente esdrúxulo é simplesmente ridiculo. Nenhuma lei foi quebrada, tudo que ele fez foi dentro do exigido no Texas. E atirar na cara de um amigo devia ser considerado um acidente infeliz, até provado o contrário.

Mesmo assim, já acusaram o cara de tudo: bêbado, maluco, assassino... Tinha gente abertamente torcendo para que o velhinho lá morresse, só para poderem comecar a falar de quais crimes ele poderia ser julgado. Até de impeachment já falaram!

E até agora qual o problema que acharam? Nada. Na verdade, a imprensa ficou bravinha porque ele não avisou os reporteres que ficam de plantão na Casa Branca (shocker), que a coletiva dele foi para somente um reporter da Fox, e que ele não pediu desculpas na entrevista (como se ele tivesse de alguma forma ofendido o público!). Eles tiveram a cara de pau de inferir que, porque ele não falou desculpas na TV, ele não teria pedido desculpas para o tal Harry.

Esse é provavelmente o exemplo mais obvio de futilidade ideológica que chegou a imprensa daqui. Eles se acham no direito de explorar um acidente só porque não são paparicados pelo governo atual.

Profissionalismo zero.

Saturday, February 18, 2006

Novos favoritos

Esses são os mais novos da lista:
De Gustibus (meu novo favorito)
Insurgente
Malho
Dilbert

Friday, February 17, 2006

The great divide

O Pew publicou outra pesquisa interessante sobre a felicidade dos americanos.

Algumas das conclusões:
- Primeiro de tudo, os resultados vem se mantendo constantes por um bom periodo de tempo (a pesquisa existe desde 1972).
- Casados são mais felizes que solteiros.
- Pessoas que vão à igreja são mais felizes dos que não vão.
- Republicanos são mais felizes que Democratas e independentes.
- Ricos são mais felizes que os pobres.
- Brancos e latinos são um pouco mais felizes que negros.

Do outro lado da moeda temos:
- Ter filhos não muda a felicidade das pessoas.
- Imigrantes são tão felizes quanto nativos.
- Empregados, desempregados e aposentados são igualmente felizes, com a exceção de desempregados homens.
- Homens e mulheres são igualmente felizes.
- Pessoas que tem animais de estimação não são mais felizes.

Pode parecer que tudo isso é óbvio, mas algumas trends são bem interessantes:

Red is really better: 45% dos Republicanos é muito feliz, comparado com 30% dos Democratas e 29% dos Independentes. E essa diferença também se mantem constante desde 1972, o que mostra que a felicidade não é relacionada com estar ou não no poder.

Os Republicanos são em média mais ricos, mas mesmo quando o fator dinheiro é considerado, ainda são mais felizes. A mesma coisa se aplica a ideologia. De longe, os mais infelizes são os hard-core liberals.

Outra conclusão interessante é a de que jovens são menos felizes que os mais velhos. Principalmente os homens.

E nem mesmo o dinheiro é um fator infalível: Negros que ganham mais ou menos são igualmente felizes.

Mas dentre todos os fatores analisados, o mais forte estatísticamente foi a saúde. Da mesma forma, o fator mais determinante da infelicidade foi a falta de saúde.

Tudo isso me lembrou essa outra pesquisa do Pew que descreveu as principais diferenças entre os os grupos políticos americanos. Nesse caso, um fator diferenciador ficou evidente: otimismo.

Interessante como esses dois sempre andam juntos.

Monday, February 13, 2006

"A prova"

O Smart lançou mais uma campanha de concientização dos perigos malígnos do Bush. A mensagem da vez é que o Demônio na terra está aumentando o exército americano à níveis nunca vistos.

A "prova" dele são os gastos absolutos. O que não faz o menor sentido. É como comparar os gastos de uma pessoa que ganha 1000 dólares com outra que ganha 5000 dólares. A única forma relevante é comparar o quanto do bolo é dedicado proporcionalmente a esta ou aquela área em épocas diferentes.

A verdade, então, fica bem mais aparente (more info aqui):


Como eu tinha dito nos comentários desse post, os níveis atuais são iguais aos de 10 anos atrás (3.8% em 2006 comparado com 3.5% em 1996) e bem menores que os de 20 anos atrás (6.2% em 1986).

Agora, lógico que existe desperdício. E tambem é válido discutir se o dinheiro está sendo bem gasto. Como regra geral, qualquer programa de governo desse tamanho vai ser um desastre. Programas menores, como a NASA, são mais transparentes e a ineficiência fica bem clara.

Mas quando a análise começa da premissa errada, i.e., "é sempre culpa do Bush", a discussão não chega à lugar nenhum.

Friday, February 10, 2006

Pão, circo e cerveja

A peripécia "progressista" de hoje vem daqui mesmo do Estado de Washington: a história da comissão da cerveja.

Sim, é isso mesmo: o Estado quer vender booze. Ah, pera lá, é só uma ajuda as cervejarias pequenas aqui do Estado! Ninguem aqui vai dar dinheiro para Budweiser da vida! Sabe como é, os pequenos negócios nunca vão sobreviver sem a ajuda do grande irmão... E não se preocupem, seus impostos não vão pagar pelo projeto. Os descontos dos impostos das cervejarias e fundraisers vão ser suficientes. Bom, os fundraisers vão ser pagos pelos contribuintes, mas reclamar disso é ser muito mesquinho!

E pensando melhor, o tal Pat Sullivan (Democrata) é um gênio. Afinal, além de agradar um lobby poderoso, as taxas sobre a venda de qualquer produto alcoólico são altíssimas por aqui. E como se não fosse suficiente, todos sabem que com mais cerveja na cabeca o povão vai ficar mais feliz!

It's a goddamn win win situation baby.

Wednesday, February 08, 2006

Loon canadians and fake republicans

Peripécias socialistas

As aeromoças da Air Canada ganharam uma batalha histórica na suprema corte canadense. De agora em diante, elas vão ter que ganhar a mesma coisa que os homens que trabalham na companhia. Claro que não estou falando somente dos "comissários de bordo", that's bullshit. Elas vão ganhar a mesma coisa que qualquer homem, incluindo os pilotos.

Explicação da sábia corte: "they all work for the same organization in the same business".

Mais aqui.

Dados sobre o Bush gastão

Antes de comemorar os pequenos cortes no orçamento 2006 do Bush (ou pior, achar que existe alguma dark trend no mesmo) é bom considerar os números dos últimos 5 anos:

Larger Increases in Federal Spending By Category, 2001-2006:
National Defense 11.9%
Health Research and Regulation 12.3%
International Affairs 16.1%
Education 18.9%
Community & Regional Development 34.6%
Energy 211.1%

Anti-poverty spending has surged 39% under President Bush to a record 16% of all federal spending

Breakdown by Anti-Poverty Category (Nominal $millions) 2001 2005 Increase:
Health Care Assistance 40%
Food Assistance 49%
Housing Assistance 26%
Cash & Other Assistance 37%
TOTAL ANTI-POVERTY SPENDING 39%

Mais aqui.

Sunday, February 05, 2006

Double standards 2 - A ilusão do Império

Sempre que alguém vem tentar me explicar que os EUA são um império, eu começo perguntando pelas fronteiras. Seria o Brasil parte dos dominados? E a França? Belarus? Quênia? Butão?

É fácil confundir poder com controle.

Essa lenda de que os EUA tem mais controle sobre o mundo do que realmente tem cria duas consequências péssimas: Primeiro, possibilita que governos incompetentes fujam das suas responsabilidades. Pergunte para qualquer brasileiro como é que os EUA influem na vida deles. Outro dia eu fiz essa pergunta para aquele infame grupo e a resposta foi: "Ah, não podemos contruir uma bomba nuclear!". A total desconexão desse tipo de resposta com pesquisas como essa, mostra o tamanho do problema. Segundo, cria um nível de expectativa dos EUA que é simplesmente inatingível. E sendo os EUA o maior representante do capitalismo, qualquer "fracasso" americano vira um fracasso do sistema, o que dá abertura a todos esses loones que se reúnem pelo mundo em busca de uma "nova utopia".

Por exemplo, o mundo todo ficou abismado com o Katrina (até agora 780 mortos confirmados). Você ligava a TV e via o desespero das pessoas ao vivo, lia no jornal diariamente histórias de vidas arrasadas, etc. E foi uma tragédia mesmo.

Mas agora, durante o mês de Janeiro, já morreram quase 600 pessoas (7 mil tiveram que ser hospitalizadas) na Ucrânia de frio. 600 mortos num país de 47 milhões de pessoas é equivalente a mais de 3500 nos EUA. Eu posso imaginar o fim do mundo que seria se 3500 pessoas (ou que fosse 600) morressem de frio por aqui.

Esse é somente um exemplo, é fácil citar muitos outros.

Agora que o mundo se prepara para confrontos um tanto difíceis, do islamismo radical ao aumento do poder da China, dá medo pensar que paises "neutros" possam se aliar ao lado errado somente por ignorância.

Eu li o editorial da Folha de hoje sobre a polêmica dos cartoons e dei risada. Parecia mais a enciclopédia britânica do que a velha Folha de guerra.

E pelo que vi, eles não publicaram os cartoons.

Friday, February 03, 2006

Double standards

Essa nova revolta do mundo islâmico sobre os cartoons do Mohamed serve para mostrar algumas coisas.

Primeiro: o governo Bush consegue fazer merda nas piores horas possíveis. Podem ter certeza absoluta que essa besteira que eles disseram hoje ainda vai dar muito o que falar. E só não vai ser o ticket dos democratas para a Casa Branca porque infelizmente eles são outro bando de covardes políticamente corretos.

Segundo: Ainda existe algum pingo de coragem na Europa. Qualquer país europeu que mostrar o bom senso de não pedir desculpas por estar cumprido o que a lei manda, i.e. imprensa livre, terá ganho pontos na minha tabela. E aumentará ainda mais a vergonha que foi essa reação do governo Bush.

Terceiro: o problema com os países de maioria islâmica é muito maior do que a maioria das pessoas quer acreditar. Se a cultura deles estabalece regras de conduta completamente incompatíveis com as do ocidente, e no caso de desavenças eles se acham no direito de retribuir com força, o ocidente só tem uma opção, que é retribuir na mesma moeda.

Se o ocidente for visto como fraco, o problema só vai aumentar. Se eu fosse dono de qualqer jornal imprimiria os cartoons na primeira página, juntamente com as fotos das revoltas pelo mundo. Os cartoons não são provocações baratas. São a reflexão de um problema real, que é a utilização do islamismo como justificativa para violência. E mesmo que fossem provocações, figuras públicas (incluindo religiosas) estão sujeitas a sátira. Assim como outros cartoonistas/cineastas/escritores atacam os católicos, judeus, etc, os muçulmanos não tem direito algum de se achar acima da lei. Se isso ofende a lei local, ou a crença pessoal, a única reação que o ocidente pode aceitar é a manifestação pacífica. Atacar granadas em embaixadas não é uma opção.

Ou então é melhor vestir a burka e converter de uma vez.

Thursday, February 02, 2006

What does Hamas want?

"The West has nothing to fear from Hamas. We're not going to force people to do anything. We will not impose Sharia. Hamas is contained. Hamas deals only with the Israeli occupation. We are not Al Qaeda."

ABU TIR is a former militant who ranked No. 2 on the Hamas list of candidates in last week's elections. Via Newsweek.

Hummm... Uma mensagem um tanto melosa para um pessoal que só subiu ao poder por causa do aumento do radicalismo islâmico causado pela guerra no Iraque, não acham?

Teste rápido de anti-americanismo

Já esperava que um pessoal fosse duvidar da história dos brasileiros anti-americanos. A (psychic) Leila até afirmou que eu estou mentindo. Sabe como é, de anti-americanismo ela entende.

Anyway, para explicar um pouco melhor o nível do pessoal que estou falando e deixar bem claro o que eu considero anti-americanismo, desenvolvi o seguinte teste(®), baseado em perguntas que eles responderam durante as nossas conversas sobre os EUA:

- Você acha que os EUA são os maiores culpados pela pobreza do mundo?
- Você acha que os ataques de 9/11 foram merecidos? Você admira OBL?
- Você acha que comparar os EUA com a Alemanha nazista não tem nada demais?
- Você acha que a queda da União Soviética foi um dos piores acontecimentos do século XX?
- Você acha que o mundo seria melhor se os EUA sumissem do mapa?

Pronto. Cinco perguntas, rápidas e diretas. Se você desconfia daquele seu amigo que adora uma camiseta do Che, ou do seu professor de história que de repente deixou a barba crescer, é só testar.

E a pergunta séria continua: Será que o governo americano deveria deixar esse pessoal entrar no país?