Tuesday, May 31, 2005


Terça, 31 de maio, 2005

Brave New World

Depois de banir as armas de fogo, qual é o próximo passo na busca de um mundo melhor?

Banir as facas, meu caro Watson!

Não é brincadeira. A "knife reform" foi proposta em um editorial do British Medical Journal, e se baseia em números: os crimes violentos no Reino Unido aumentaram 18% de 2003 a 2004, e nas duas primeiras semanas de 2005 15 mortes e 16 ataques não-fatais envolveram facas.

Nenhuma correlação com controle de armas foi feita, but of course.

"Can sharp-stick control be far behind?"

Monday, May 30, 2005


Segunda, 30 de maio, 2005

War and Peace - Now and then


É um desafio imaginar que um lugar etéreo como o Havaí possa ter sido o palco do começo 'oficial' da Segunda guerra mundial para os EUA.


USS Arizona Memorial

USS Missouri

Peace signing

"Instrument of surrender"

A sensação é ainda mais surreal quando se visita Pearl Harbor. Hoje em dia, a área é somente um museu ao céu aberto. As feridas estão fechadas. Você sente um forte sentimento de 'closure'. Ao lado do Memorial do USS Arizona, aonde 1.177 marinheiros morreram (mais da metade do total) está ancorado o USS Missouri, a 'Mighty Moe', o navio que simboliza a vitória americana. Foi ali que Shigemitsu e Umezu assinaram a rendição japonesa em 2 de Setembro de 1945, na baía de Tókio, com milhares de bombardeiros sobrevoando em alerta, prontos para acabar com o que havia sobrado do Japão caso alguma retaliação acontecesse. Começo e fim, derrota e vitória, esterilizada e catalogada, pronta para os livros de história. Tanto que a maioria dos turistas hoje em dia, não somente de Pearl Harbor como de todo Havaí, é japonesa.

Ground Zero

A sensação de visitar o ground zero em NY não poderia ser mais inversa. Aqui, a ferida não poderia estar mais aberta. Não somente na aparência do enorme buraco, com a lista dos mortos pendurada nas grades e a enorme cruz feita dos escombros, mas principalmente na mente do povo de NY. Um padre, à caminho de um encontro da sociedade dos moradores, me parou na rua e perguntou o que eu acho que deveria ser feito no local: um novo prédio ou um memorial. Eu respondi "um prédio", e ele respondeu: "Então você não teria problemas em trabalhar num cemitério?", e saiu andando.

Certo ou errado, para bem ou mal, a guerra contra o terror islâmico não está nem perto de ser esquecida. Na minha opinião, Bin Laden e seus comparsas cometeram um erro estratégico enorme, tão grande ou maior do que o erro japonês de 1941. Se tivessem atacado um alvo militar, até mesmo a Casa Branca, o povo americano (guiado pela implacável força do conformismo) esqueceria rápido. Quando eu passo pelo Pentágono, tudo parece de volta ao que era antes. Afinal, o Afeganistão e Iraque serviriam como símbolos, apesar dos pesares.

Mas esse ataque ao coração civil do país foi algo diferente. A mensagem para quem passa pelo ground zero é que se algo drástico não for feito, tudo cairá naquele buraco. Não é a luta por derrota ou vitória, e sim pela simples existência de qualquer americano.

It's 1942 in NY.

Sunday, May 29, 2005


Domingo, 29 de maio, 2005

Difícil de entender

Às vezes eu acho que o que mais prejudica o povo brasileiro é essa completa falta de "ownership" da sua própria vida. Se consideram uns tadinhos, oprimidos pelos malvados do mundo e nunca responsáveis por nada.

Ou então como explicar esses brasileiros no Japão que ficaram reclamando para o Lula sobre a vida por lá? E ainda por cima aplaudindo a trupe, histéricos para tirar fotos, e até fazendo coro para o Palocci?

Pelo que eu saiba, só existem dois motivos possíveis para um brasileiro emigrar para outro país: preferência pessoal, ou 'obrigação' causada pela situação ruim do Brasil. Se foi pelo primeiro motivo, o que o Lula tem a ver com isso? E se foi por obrigação, eles teriam que estar jogando ovos e não aplaudindo.

Fica difícil de entender.

Thursday, May 26, 2005


Quinta, 26 de maio, 2005

Novo concurso: Lei Marionete do ano

Quando pensei que não veria lei mais absurda do que aquela da proibição de cobrança nos estacionamentos no shopping, o politburo me lembra o quanto eu ainda preciso aprender.

Uma nova lei, de autoria do vereador Rubens Calvo e promulgada pelo prefeito de São Paulo José Serra (o que mostra como PSDB e PT são farinha do mesmo saco) determina que a espera em filas de bancos não pode ultrapassar 15 minutos.

Às vezes eu acho que alguém do The Onion infiltrou a Folha. Mas que nada, esses políticos brasileiros são completamente imunes à esse tipo de sátira. Talk about preemptive strike!

Mas de qualquer forma, instituo aqui o prêmio "Lei marionete". Vamos ver se até o fim do ano alguma outra rouba o título dessa lei dos 15 minutos.

Agora eu não duvido de mais nada.

Wednesday, May 25, 2005


Quarta, 25 de maio, 2005

Tragicomédia

Clóvis Rossi, na Folha de SP de hoje:
"O próprio Aldo estaria no Febeapá com a sua alusão ao golpismo. O ministro sabe que, em 1954, havia golpismo porque direita e esquerda disputavam o poder. Hoje, deveria saber que não há disputa entre esquerda e direita porque não há mais esquerda, a não ser residual, e até um comunista como Aldo está no poder, ajudando o governo mais conservador desde a redemocratização do país."

Como diria Russell, "Sanity calms, but madness is more interesting."

Tuesday, May 24, 2005


Terça, 24 de maio, 2005

Por que o sistema judiciário enlouquece o Brasil

Para assinantes do UOL, clique aqui para a reportagem traduzida.

Essa reportagem me trouxe péssimas lembranças. Quando eu tinha 17 anos, minha mãe ficou doente. Demoramos quase 1 ano para receber os salários dela pelo governo, e o dinheiro veio sem correção da inflação (ou veio com uma taxa irreal). Nem sei se esse tipo de processo passa pelo judiciário ou não, mas essa ineficiência brutal do governo me marcou. Se não fosse o resto da família para ajudar teríamos passado necessidades, mesmo depois de anos e anos de pagamentos (sempre em dia) de impostos absurdos. Foi ali que eu decidi de vez que faria de tudo para mudar de país.

Vale a pena ler o texto todo (grifos meus):

"Este é um grande mês para Álvaro Pinheiro, 67 anos, um engenheiro civil e empresário de São Paulo. No final do mês ele tem grandes esperanças de que sua companhia receba os R$ 2,7 milhões (US$ 1,1 milhão) que lhe devem as autoridades rodoviárias do Estado desde 1995.

A dívida surgiu quando um novo governo estadual de São Paulo decidiu limpar suas contas cortando pagamentos para fornecedores contratados pela administração anterior. Pinheiro (não é seu nome verdadeiro --até que ele seja realmente pago não quer balançar o barco) levou o Estado aos tribunais em novembro de 1997 e ganhou em julho de 1999.

O Estado apelou. Perdeu e apelou novamente.

O caso acabou chegando este ano ao Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) e, no mês passado, houve uma decisão final a favor de Pinheiro. O pagamento deve ocorrer agora.

Mas os fundos tão esperados de pouco vão adiantar para desfazer os danos causados a sua companhia. Sua firma de engenharia civil estava em sólida situação financeira dez anos atrás. Hoje está praticamente falida.

Pinheiro emprestou grandes quantias com altas taxas de juros e hipotecou seu apartamento para mantê-la flutuando. Ele estima que suas dívidas atuais sejam o dobro do que ele espera receber do Estado.

Pinheiro é apenas um entre uma multidão de vítimas do sistema jurídico disfuncional brasileiro, que é cada vez mais considerado um obstáculo ao desenvolvimento nacional.

O sistema permite que devedores de todos os tamanhos escapem à vontade, sabendo que somente os credores mais decididos irão processá-los pelos tribunais. Isso obriga os bancos a emprestar a taxas de juros astronômicas porque não podem executar as dívidas.

Mais preocupante, significa que projetos de infra-estrutura vitais são postergados porque os investidores não podem ter certeza se a Justiça vai fazer cumprir seus direitos.

As empresas já foram prejudicadas por decisões judiciais que devem mais à política do que a uma interpretação estrita da lei. Os problemas são conseqüência da cultura burocrática e corporativista que domina o setor público brasileiro. Mas foram exacerbados por uma convicção de que cada caso deve ser julgado por seus méritos individuais.

Os precedentes raramente são usados, e as ações coletivas são quase desconhecidas. Além disso, as reformas encontram resistência do vasto exército de juízes, advogados e promotores de justiça que ganham uma vida confortável com o atual sistema.

O "status quo é bom para as pessoas que devem e para as pessoas que vivem do sistema judiciário", diz Henrique Herkenhoff, um promotor de justiça em São Paulo.

Como adversários das mudanças, os devedores têm peso ainda maior. Para cada empresa em dificuldades como a de Pinheiro, há outra usando o sistema jurídico em seu benefício e atrasando os pagamentos. As companhias podem se queixar do sistema, mas as empresas fazem pouco lobby a favor de reformas.

Mas é o governo que tem mais a perder com mudanças em curto prazo.

A vasta maioria dos processos emperrados no sistema judiciário são contra o setor público. Seu valor total é desconhecido, mas Herkenhoff admite que o "passivo jurídico" do governo é praticamente igual à dívida pública do Brasil, cerca de R$ 836 bilhões.

"Se os atrasos no judiciário fossem removidos do dia para a noite, todos os níveis do governo [federal, estadual e municipal] iriam à falência no dia seguinte", ele diz.


Reforma do judiciário

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem consciência da importância de um Judiciário eficiente para o desenvolvimento econômico do país.

No ano passado ele implementou reformas constitucionais que levaram a alguns progressos. As decisões do STF agora devem ser seguidas pelos tribunais de nível inferior.

Um Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi criado como um vigilante externo, definindo metas de desempenho. Este ano o governo está patrocinando legislação para promover uma melhor administração e, crucialmente, reduzir as oportunidades de apelação.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, está em Washington e Nova York esta semana conversando com membros da Suprema Corte dos Estados Unidos, advogados e acadêmicos sobre reforma judiciária. Ele é cautelosamente otimista.

"Se conseguirmos aprovar as leis no Congresso ... os resultados em termos de processo ... reforma constitucional e do choque administrativo causado pelo CNJ deverão significar que em quatro ou cinco anos poderemos criar um sistema que seja rápido, ágil e eficiente."

Isso pouco adiantará para Pinheiro. Mas marcaria um enorme avanço para o Brasil. "

Monday, May 23, 2005


Segunda, 23 de maio, 2005

Ainda sobre o desarmamento

O Edson escreveu um comentário bem interessante em resposta ao meu post sobre o desarmamento, e aqui vai minha resposta: (comentários do Edson em itálico)

"Curioso que eu também mandei um e-mail para o Schwartsman sobre o mesmo artigo, mas com um enfoque inverso, eu diria. Eu o avisei que o John R. Lott Jr. não é apenas alguém que tem teorias diferentes, mas uma farsa mesmo. Pelo menos é o que se conclui a partir de uma reportagem da Época. Dêem uma olhada: Argumentos furados

Bom, não sabia dessas denúncias mas não me surpreendo. Acho que eu deixei claro no meu texto que os dados dos dois lados são frequentemente manipulados (tanto que a reportagem da Época cita o caso desse tal Michael Bellesiles que eu nem conhecia).

"E bem, a sua argumentação sobre a relação entre suicídios e crimes intersubjetivos é completamente falha, Paulo. Acho que você esqueceu de olhar as estatísticas divulgadas recentemente pela Unesco sobre mortes por arma de fogo. O uso de armas de fogo para homicídio no Brasil é MUITO maior do que para suicídio. A taxa é de (assustadores) 22,15 homicídios por arma de fogo a cada 100.000 pessoas, contra 1,16 de suicídios. Só pra comparar, nos EUA, pelos mesmos dados da Unesco, a taxa é de 3,98 homicídios e 5,92 suicídios. Ou seja: mesmo se apenas uns 10% dos homicídios fossem decorrentes de conflitos intersubjetivos, eles representariam o DOBRO do número de suicídios."

Eu não esqueci de olhar essas estatísticas, eu simplesmente não sabia que elas existiam. Mas para você ver como os números variam, achei essa pesquisa da World Health Orrganization com estatísticas sobre suicídio, e fui lá conferir. De acordo com eles, o Brasil tem uma taxa de suicídio de 4,1 para cada 100 mil habitantes, e não 1,16. Os EUA tem uma taxa de 10,4 (e não 5,92), e o Canada chega a 11,7. Vale notar que nenhum desses países chega nem perto das taxas mais altas (achei um 'Top 10' aqui).

Sobre o estudo da Unesco, não achei o documento original, somente notícias como esta. O problema com esse tipo de estatística é que geralmente as categorias agrupadas são diversas. Por exemplo, esse número provavelmente inclui mortes 'legais' (policiais matando criminosos) assim como mortes diretamente relacionadas com crimes. De acordo com o argumento do Schwartsman (e o meu também) esse tipo de morte não será afetada positivamente pela nova lei.

Será que no fim das contas esse número de mortes por arma de fogo tão alto não mostra justamente que a criminalidade do Brasil é a maior causa do problema? Só podemos especular.

"Enfim, parece que você acabou caindo nas dificuldades em diferenciar correlações e causas que você mesmo apontou. Ao que me parece, o fato de armas de fogo serem mais usadas para suicídios é uma consequência do alto número de pessoas que tenham armas em casa, e não simplesmente o padrão geral para países tão diferentes como Canádá, Brasil e EUA, como você imaginou. Mesmo no Canadá, que tem restrições maiores que os americanos, eu pesquei um estudo no google que mostra como alguns estados canadenses que tem mais de 60% de casas com armas têm taxas de suicídios bem maiores do que os que tem menos armas (a maioria dos estados têm entre 20 e 30% de pessoas com armas em casa). O link do estudo é http://www.guncontrol.ca/Content/TheCaseForGunControl.html"

Bom, essa relação entre disponibilidade de armas e suicídio eu pesquisei, e pelo que achei não existe um consenso. Alguns estudos aqui nos EUA mostram uma correlação entre Estados com mais armas e maior número de suicídios. Mas essa regra não existe quando se compara diferentes países pelo mundo. Aliás, é bem fácil verificar isso usando os números da WHO. Os paises nórdicos, Japão, França, Alemanha, Hungria (um dos mais altos), Nova Zelândia, etc, tem taixas mais altas que as do EUA e tem proporções menores de armas. Fatores culturais e econômicos parecem ter um peso muito maior do que posse de armas nesses casos (e é por isso talvez que o Schwartsman não espera uma queda nesses números no Brasil).

O resto do mensagem é sobre o perigo das armas nos chamados "conflitos intersubjetivos". Não tenho como argumentar que o controle de armas não fosse diminuir essas mortes, e apesar de ainda não ter visto estatísticas específicas, não duvido que elas sejam muitas.

Tenho somente um comentário sobre esse aspecto do problema. O fato de que esses "conflitos intersubjetivos" parecem ser mais comuns no Brasil do que em outros países mostra que existe algum fator determinante bem específico. E se países com muito mais armas (como os EUA) e outros muito mais violentos (como a Colômbia) não tem esse problema de maneira tão séria, a proibição de armas pode acabar não sendo eficiente como se imagina. Tudo me leva a crer que a origem do problema não é cultural ou econômica, como no caso do suicídio, e sim uma consequência do clima de impunidade geral e corrupção que reina na polícia brasileira. Nesse caso, pode-se especular que a substituição de armas legais por ilegais será muito mais comum do que o esperado, e no fim das contas o desarmamento será completamente ineficiente para esses casos.

E não podemos esquecer que esse desarmamento não virá de graça. Será que esses milhões não seriam melhor gastos em melhores salários e treinamento para a polícia? Ou quem sabe em uma reforma do sistema carcerário?

Eu ainda acho que sim.

Sunday, May 22, 2005


Domingo, 22 de maio, 2005

Sobre o artigo "Adeus às armas", de Hélio Schwartsman

Aqui vai uma cópia do email que mandei para o Hélio Schwartsman, em referência ao editorial "Adeus às armas".

Caro Hélio Schwartsman,

Gostaria de comentar alguns pontos do seu editorial "Adeus às armas", publicado na Folha Online do dia 19/05/2005.

Primeiramente, fico contente que o seu argumento à favor da proibição não caiu na falácia tradicional de que "a criminalidade irá diminuir". Um dos maiores problemas sobre esse assunto é justamente essa falsa expectativa que o governo passa à população. Isso não somente torna a discussão um tanto maniqueísta (o que pode viabilizar exageros, como a recente proibição de porte de armas para guardas metropolitanas) como também esconde certas consequências não-intencionais de tal medida. A pergunta do referendo pode parecer capciosa, mas não podemos deixar de lado a possibilidade que é somente um aviso do que estaria por vir.

Voltando então ao seu texto, o primeiro problema que achei foi quanto aos possíveis benefícios do controle de armas. Você mesmo diz que "(o controle de armas) tende a afetar apenas três estatísticas: homicídios por causas fúteis e acidentes e suicídios com armas de fogo. No caso dos suicídios, o "ganho" deve ser muito pequeno. Presume-se que a pessoa de fato disposta a dar cabo da própria vida encontrará os meios de fazê-lo quer tenha ou não acesso a revólveres. Já em relação às outras duas categorias, os resultados podem ser bastante bons."

O detalhe que faltou aqui é que o suicídio é o uso mais comum das armas de fogo. Nos EUA, por exemplo, a porcentagem chega a 57% de todas mortes involvendo armas de fogo (fonte: CDC National Center for Health Statistics mortality report online, 2005). No Canadá, aonde o controle de armas é forte, a mesma porcentagem chega a 80% (fonte: Canada Safety Council).

Quer dizer, a maior parte das mortes do grupo que você citou em teoria não seria afetada, já que fica difícil imaginar que no Brasil essa proporção seja muito diferente. Consequentemente, fica difícil acreditar nessa estatística de que "60% das mortes por armas de fogo na grande São Paulo sejam causadas por conflitos intersubjetivos". Para que isso fosse verdade, a porcentagem de suicídios teria que ser muito baixa, e a taxa de assassinatos criminosos e acidentes mais baixa ainda.

Ainda sobre os benefícios do controle de armas, alguns dados não foram analisados. Você cita a Austrália e Canadá, mas se esquece do Reino Unido. Por lá, de acordo com o Centre for Defence Studies no Kings College de Londres, o número de crimes com armas aumentou 40%, de 2.648 em 1997/98 (ano em que a proibição foi introduzida) para 3.685 em 1999/2000.
(fontes: Telegraph e BBC)

Mesmo na Austrália, aonde a restrição de 1996 foi bem menos severa (não incluiu pistolas e semi-automáticas) os resultados são melhores, mas não muito conclusivos. Os crimes cairam acentuadamente em 1998 mas depois voltaram a subir. Os números atuais são próximos aos de 1994. (fonte Australian Bureau of Statistics)

Já nos EUA, de acordo com o Departamento de Justiça, os crimes violentos e com armas de fogo vem caindo consideravelmente nos últimos 10 anos (50% no caso de crimes violentos). E o número de armas de fogo continua crescendo, com algumas pesquisas indicando que quase metade da população civil possui pelo menos uma arma em casa. Atualmente, os EUA tem proporcionalmente menos crimes violentos que o Reino Unido e Austrália, e menos suicídios que o Japão.

Por último, no quesito de uso defensivo de armas, apesar de realmente existirem poucos estudos, nem tudo se resume ao John R. Lott. Gary Kleck e Marc Gertz, do Instituto de Criminologia da Universidade da Flórida, fizeram um estudo que estimou que 2.5 milhões de americanos usam armas defensivamente por ano. Outro estudo, bem mais pessimista (ou menos otimista), do David Hemenway de Harvard, estimou o número entre 55.000-80.000 casos por ano. Considerando que em 2003 16.503 pessoas foram assasinadas nos EUA, mesmo o número de 55.000 por ano é considerável.

Concordo que esses estudos à favor da posse e porte de armas de fogo são realmente poucos, e com certos problemas (uma boa análise de alguns desses foi feita por Daniel Webster, da Johns Hopkins University). Entretanto, os estudos sobre os perigos das armas de fogo também são problemáticos (um bom exemplo é o famoso argumento sobre o número de crianças mortas por armas de fogo). As manipulações são constantes em ambos lados, e a diferenciação entre correlação e causa é muitas vezes difícil. Os meus argumentos (assim como os seus) não são exceções, e por isso mesmo, acredito que devemos analisar o máximo de informações possíveis antes que uma decisão seja tomada.

Enfim, não concordo que "as forças da civilização" deveriam apoiar tão rapidamente a total proibição de posse de armas por civis, especialmente no caso domiciliar. Quem sabe em uma sociedade mais estável, o controle de armas seja um 'trade-off' aceitável de segurança por um menor risco de acidentes. Mas considerando a situação atual do Brasil, que tem uma taxa de crimes altíssima e uma polícia com graves problemas de corrupção e ineficiência, o resultado pode ser um caos ainda maior do que o atual.

Thursday, May 19, 2005


Quinta, 19 de maio, 2005

Folha

A Folha Informática de ontem publicou uma série de artigos sobre 'Nova mídia', e para minha surpresa (ninguém da Folha me contactou) na seção 'Política' lá estava um link para este blog.

Eu nunca saberia dessa referência se não fosse pelo Nedstat, que mostra da onde os visitantes vem redirecionados.

De qualquer forma, sou oficialmente parte da 'Nova mídia'! Um revolucionário formador de opinião! Jerôoooonimooooo!

Próxima parada: NYT. Depois quero minha sitcom.

Como a página é só para assinantes, aqui vai o texto completo: (percebam que estou fazendo companhia para o Moore. Something is not right here.)

POLÍTICA

Relatos dos conflitos no Iraque e
em Israel chegam via internet.
Defensores de governos conservadores, ativistas ecológicos e
pessoas com todos os tipos de
orientação política podem encontrar blogs a favor ou contra suas
ideologias.

A female soldier - fala da rotina das
mulheres na guerra:
www.afemalesoldier.com

A Fist of Euros - movimentações da
União Européia:
fistfulofeuros.net

A Line in the Sand - um sargento fala
das dificuldades das batalhas:
www.missick.com/warblog

Alto Volta - criticas ao governo e aos
políticos do Brasil:
altovolta.blogspot.com

Antiwar.com - notícias sobre movimentos pacifistas:
www.antiwar.com/blog

Blog-Iran - pela liberdade de expressão no país:
www.activistchat.com/blogiran

Blogs for Bush - reúne sites de apoio
ao presidente dos EUA:
www.blogsforbush.com

Boycott Riaa - contra a associação da
indústria fonográfica dos EUA:
www.boycottriaa.com

Crisis Papers - comentários feitos por
dois especialistas em relações internacionais:
www.crisispapers.org

Davos Newbie - acompanha reações
políticas e econômicas da globalização:
www.davosnewbies.com

Europhobia - contra o bloco econômico dos países europeus:
europhobia.blogspot.com

Free Will Blog - comentários sobre os
acontecimentos políticos:
www.freewillblog.com

Fyi - comentários políticos de um
brasileiro que mora nos EUA:
fyiblog.blogspot.com

Mário Kertész - notícias e opiniões
sobre a política brasileira:
blog.radiometropole.com.br

Merde in France - contra Bush e
Blair. Tem versões em inglês e
francês:
merdeinfrance.blogspot.com

Michael Moore - dá dicas sobre outros sites de ativismo:
www.michaelmoore.com

My War - relatos de um soldado que
está em Mossul:
www.cbftw.blogspot.com

Iraq The Model - a favor da democratização do país:
iraqthemodel.blogspot.com

Just another soldier - histórias em
primeira pessoa:
www.justanothersoldier.com

O Barnabé - a rotina de um funcionário público em Brasília contada
com muito bom humor:
alfredneuman.blogspot.com

Occupation Watch - acompanha a
rotina de conflitos no Iraque:
www.occupationwatch.org

Siberian Light - sobre manifestações
políticas e conflitos na Rússia:
www.siberianlight.net

The Fishbowl - sobre o governo da
África do Sul:
www.jontyfisher.blogspot.com

Yabbai - análises bem-humoradas
sobre o panorama nacional:
yabbai.blogspot.com

Wednesday, May 18, 2005


Quarta, 18 de maio, 2005

Newsweek, a liberdade da imprensa e os radicais islâmicos

O rolo do momento por aqui é essa matéria da Newsweek do dia 9 de maio, que entre outras coisas, acusa um soldado americano em Guantanamo de ter jogado um alcorão na privada durante um interrogatório.

A notícia espalhou (alguns dizem que tudo começou com o ex-jogador de criket Imran Khan, famoso crítico Presidente do Paquistão Pervez Musharraf), e no fim da história 17 pessoas morreram em protestos no Afeganistão.

A coisa se complicou quando alguns dias depois a revista voltou atrás, dizendo "Based on what we know now, we are retracting our original story that an internal military investigation had uncovered Quran abuse at Guantanamo Bay".

A revista diz que a fonte da matéria é um "insider" do Pentágono, e que o erro foi dele. Entretanto, eles não querem revelar o nome do sujeito.

Quem lê a Newsweek sabe do bias da revista. Essa não foi a primeira vez que notícias duvidosas, baseadas em fontes anônimas um tanto suspeitas, foram publicadas.

Porém, a reação de alguns Republicanos nesse caso está sendo completamente oportunista. Declarações como esta, da Rep. Deborah Pryce (Ohio). Obviamente, os doidos do outro lado respondem à altura e dizem que a Newsweek não tem culpa nenhuma. Para esse pessoal, a culpa é sempre do Bush.

Mas de qualquer forma, perguntar "How many more lives have to be sacrificed until credibility can be returned to our newsrooms?" é um absurdo. Como culpar uma noticia, ainda que errada, numa revolta tão estupida? Afinal, os 'manifestantes' entraram num transe tão irracional que destruiram tudo ao seu redor. Inclusive mesquitas.

O 'Ministro de Informação' do Paquistão, Sheikh Rashid Ahmed, declarou que "Just an apology is not enough. They should think 101 times before publishing news that hurts hearts".

Quer dizer, o problema aqui é a total incompatibilidade dessa irracionalidade religiosa com um sistema de imprensa livre. Erros sempre aconteceram, e são um preço calculado do sistema. "Não ofender o coração" não é responsabilidade da imprensa.

O governo Bush deveria deixar de lado essa oportunidade de pisar na imprensa do contra e mostrar o absurdo da situação, por mais politicamente incorreto que seja.

Um bom exemplo a ser seguido é a coluna de hoje da Claudia Rosset, no Wall Street Journal.

Tuesday, May 17, 2005


Terça, 17 de maio, 2005

Books and loones

Calculei mal o quanto eu conseguiria ler na viagem de ida para o Hawai, e acabei ficando sem livro para ler na volta. Resolvi comprar algo por lá mesmo, e acabei escolhendo o The Book Nobody Read: Chasing the Revolutions of Nicolaus Copernicus.

O livro é meio pesado, mas bem interessante. Conta a história de Owen Gingerich, um astrofísico/historiador científico da Harvard, que resolveu montar um 'mapa' com a localização e detalhes de todas as cópias originais do De Revolutionibus Orbium Coelestium - On the Revolutions of Heavenly Spheres (livro de 1543 aonde Copérnico descreve a sua teoria cosmológica do sistema heliocêntrico) ainda existentes, para provar que este não foi o "livro que ninguém leu" (frase dita por Arthur Koestler no best-seller The Sleepwalkers).

Owen passou quase 30 anos pesquisando, e achou 601 cópias (1 e 2 edição) do De revolutionibus. Através das anotações nas margens, ele foi capaz de traçar muitos dos donos desses livros (de Kepler e Galileo à George II e Adam Smith) e muitos outros detalhes sobre como o livro influenciou a Revolução cientifica do século XVII.

Enfim, para quem estiver interessado no assunto, vale a pena.

Eu quase comprei o novo livro do Friedman, The World Is Flat: A Brief History of the Twenty-first Century. Parece muito bom, mas estava caro. Vou ter que esperar por uma promoção da Amazon.



E falando sobre The World being flat, e vendo essa ilustração dos barquinhos caindo no abismo, me lembrei de dois exemplos recentes da epidemia ideológica que eu falava num post anterior: Do lado direito, Michael Savage e seu Liberalism is a Mental Disorder. Do lado esquerdo, Leila (citando um artigo da Slate): Conservadorismo como problema psicológico.

And down they go!


Terça, 17 de maio, 2005

2 tests

How Liberal / Conservative Are You?

Meu resultado:

Your Political Profile

Overall: 75% Conservative, 25% Liberal
Social Issues: 50% Conservative, 50% Liberal
Personal Responsibility: 75% Conservative, 25% Liberal
Fiscal Issues: 75% Conservative, 25% Liberal
Ethics: 75% Conservative, 25% Liberal
Defense and Crime: 100% Conservative, 0% Liberal

The 3-Line Quiz

Meu resultado:
Libertarian - Republican - Free marketeer

Monday, May 16, 2005


Segunda, 16 de maio, 2005

Afinal, o que é um Blog?

Depois de ler os comentários do meu post sobre a longevidade dos blogs e especialmente após ler a resposta do Iraldo a este post do LLL, cheguei a conclusão de que a discussão precisa ser reformulada.

A real questão é: O que é um blog?

A maioria dos dicionários ainda não tem ainda uma definição. O Merriam-Webster, o meu preferido, não tem. A wikipedia define blog como sendo "A weblog (usually shortened to blog, but occasionally spelled web log) is a web application presented as a webpage consisting of periodic posts, normally in reverse chronological order. The term blog came into common use as a way of avoiding confusion with the term server log."

Isto é, uma descrição da funcionalidade técnica de um blog. Ainda assim, é uma definição errada na minha opinião. Blog não é uma Web application. É somente uma web page tradicional, que usualmente é publicada por uma web app especializada (como Blogger). Nada impede um usuário comum de criar seu próprio blog manualmente. Eu mesmo fazia isso na primeira versão do meu site. A única vantagem de usar um serviço como o do Blogger é praticidade.

Essa falta de entendimento das características técnicas pode ser a origem da confusão sobre o conteúdo e objetivo de um blog.

Blog é simplesmente uma convenção. Uma convenção bem flexível por sinal, e que vem mudando rapidamente. Inicialmente eram websites com conteúdo pessoal (diários online), onde os autores falavam sobre seu dia a dia. Depois começaram a surgir sites que tratavam de assuntos específicos, como política, esportes, etc, e que mantinham como principais características em comum com os blog pessoais a atualização frequente e estilo amador.

A partir daí, criou-se o meme de que blogs eram um meio revolucionário, e qualquer profissional (especialmente jornalistas) que não tivesse um blog estava ficando para trás.

A confusão ficou tão grande que hoje em dia, quase qualquer site pode ser chamado de blog. A diferença entre um blog como o Instapundit e um site como o Drudge Report é mínima.

Voltando a discussão do LLL, o Alex disse "Quanto mais eu ficar conhecido como blogueiro, menos ficarei conhecido como escritor. Mais tarde, ainda é capaz de algum boçal dizer "o blogueiro e dublê-de-escritor Alex Castro".

Ele reconhece que a tática atual não está funcionando, mas não identifica o porquê.

Na minha opinião, o problema maior é que ele partiu da premissa que leitores do blog seriam potenciais leitores do seu livro. Ele acreditou que o blog seria um passo intermediário que no fim levaria a publicação do seu livro.

Eu concordo 100% com a resposta do Iraldo. Blog e livros são duas coisas completamente diferentes. Acreditar que um levaria ao sucesso do outro seria como acreditar que somente o sucesso de um blog sobre política levaria a eleição de algum cargo público (Como ficou provado no caso Dean).

Esse tipo de associação está ficando tão comum que quando eu digo que eu sou um analista de sistemas e que o meu blog é somente um hobby (algo que deveria ser óbvio) algumas pessoas acham que estou buscando uma justificativa para o suposto "fracasso" da minha carreira de jornalista/comentarista/ou seja lá o que for!

A confusão aumenta quando o Alex quer criar mecanismos para profissionalizar o site. Afinal, qual é o produto sendo vendido? O conflito de objetivos é claro. Tanto que os poucos jornalistas que tem "blogs profissionais" se dedicam ao blog da mesma maneira que se dedicavam ao jornal ou revista que trabalhavam antes. Esses blogs só se tornaram profissionais justamente porque eram o meio para um fim específico.

Resta ao Alex definir se quer ser um "blogueiro profissional" (nada mais que um escritor que publica pequenos artigos online) ou um escritor de livros que usa um website como instrumento de marketing. Ou quem sabe um escritor que usa o blog como hobby.

De qualquer forma, querer fazer tudo ao mesmo tempo é um grande erro. Definir bem um objetivo é o primeiro passo para o sucesso.

Saturday, May 14, 2005


Sábado, 14 de maio, 2005

Longevidade dos Blogs

Depois desses dias longe da Net, resolvi rever meus bookmarks e dar uma limpada geral. Fiquei espantado com a quantidade de blogs que não me interessam mais, e tentei racionalizar a origem do problema. Acabei chegando a três fatores que eu considero essenciais à longevidade de um blog. Eles são:

- O fator cabresto:
Rush Limbaugh é um cara interessante. Ele é o icone atual dos Republicanos, e muitos creditam a atual dominância politica dos conservadores em Washington a ele.

Sem dúvida ele é inteligente, e o programa de rádio dele é bem feito. Mas eu não consigo ouví-lo por mais de 10 minutos sem mudar de estação. O problema é que não importa qual for o problema, os Republicanos estão sempre certos para o Rush. Sempre! Claro que por tabela, os democratas estão sempre errados.

Esse tipo de comportamento é muito comum pela blogsphera. Parece que o conforto proporcionado por uma ideologia, ou partido, ou grupinho de amigos, é muito mais poderoso que a curiosidade de se discutir e descobrir fatos, ou mesmo tentar elaborar soluções aos problemas que aparecem pela frente.

Eu simplesmente não entendo como uma pessoa pode ser tão ingênua ao ponto de achar que alguém, ou algum grupo, esteja sempre certo. Não é nem uma questão de ceticismo (que em exagero também é completamente inútil) mas sim de bom senso.

*obs: Eu citei o Rush so para mostrar que essa característica não é exclusiva da direita ou esquerda. Citar algum Bush-hater seria fácil demais.

- O fator educação:
Certas pessoas acham que a anonimidade da internet é um passaporte para que se deixe toda e qualquer convenção social de lado. Não que eu seja um puritano ou que me ofenda facilmente. Mas quando alguém te diz que "tomar no cu é o melhor argumento do mundo", algo está errado.

Eu acho isso nonsense. Eu tento escrever online exatamente como se estivesse falando no telefone com alguém, ou no bar com amigos. Certas pessoas, muitas vezes interessantes e inteligentes, parecem mais interessadas em chocar e provar que podem ser artificialmente diferentes, inventado personalidades que funcionam no máximo como um entretenimento temporário.

- O fator ego:
Muitas pessoas se iludem com o significado e importância dos blogs.

Eu sempre achei que o appeal dos blogs era justamente o fato de 'pessoas comuns' poderem escrever sobre tudo e todos. O 'poder' era justamente o individualismo e falta de corporativismo que acaba limitando quem escreve profissionalmente.

Quando blogueiro comeca a falar em "função social do blog", ou "o poder de mudança do blog" o negócio está preto.

O fato de que 150 pessoas passaram os olhos sobre o que você escreveu não te torna um expert.

Mas é só algum blog chegar num certo nível de popularidade que a ego trip toma conta. Escrevem posts como se estivessem palestrando, ou propondo uma lei ao congresso. Pior, comecam a escrever o que acham que os outros querem ler e não o que acham interessante.

Lógico que alguns desses blogueiros devem ser assim no mundo real também. Gente que parece interessante, mas no fim das contas não é. Nesse caso, eu não teria o menor interesse de conversar com esses, assim como não consigo mais ler seus blogs.

Thursday, May 12, 2005


Quinta, 12 de maio, 2005

So Long, and Thanks for All the Fish

Yes, I'm back.



A viagem foi curta (tive que voltar um pouco mais cedo), mas muito boa. Acho que vai render vários posts. Da inesperada escala no ground zero à Pearl Harbor; do Arizona à Mighty Mo; do Diamond Head à suspeita ocupação oriental do Hawaii.

Mas preciso de um tempo. Alguns dias sem internet é algo quase inconcebível atualmente.

Meu time entrou em crise, perdi ótimos posts, recebi centenas de emails, e por ai vai. Até descobri 'gente' me xingando em posts antigos (Nenhuma surpresa vindo de alguém que declaradamente "Rebaixa debates à segunda divisão"). Non compos mentis, como diriam meus amigos advogados.

Isso sem falar naquela coisinha chamada trabalho, que recomeça na segunda.

Enfim, bare with me people.

Wednesday, May 04, 2005


Quinta, 5 de maio, 2005

Aloha!



Volto dia 13. Don't panic!


Quarta, 4 de maio, 2005

Corrente

Lets relax a bit.
1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Quem é que não queria ser o Roark, do The Fountainhead?

2. Já alguma vez ficaste caidinho(a) por um personagem de ficção?
A Wyoh do The Moon Is a Harsh Mistress é super cool.

3. Qual foi o último livro que compraste?
De acordo com a Amazon, foi One Hundred Years of Solitude. Mas só vou poder comecar ele daqui uns meses. Comprei livros demais e estou tendo tempo de menos.

4. Qual o último livro que leste?
The Art and Discipline of Strategic Leadership, que foi bem chato. Ficção foi The Complete Stories do Kafka. Esperava mais, já que tinha gostado do Metamorfose quando era mais novo. Escrevi esse post sobre isso.

5. Que livros estás a ler?
History As a System, Why Terrorism Works, The Ultimate Hitchhiker's Guide to the Galaxy.

6. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
The Fountainhead, Job: A Comedy of Justice, A Concise History of the World, e provavelmente algum do Ortega Y Gasset.

7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

A todos os 3 leitores desse blog.

Via Filisteu

Tuesday, May 03, 2005


Terça, 3 de maio, 2005

Toasting Bush

Essa foi boa. Laura Bush tirando um sarro do Dubya no White House Correspondents' Association dinner. Melhores partes:

"George always says he's delighted to come to these press dinners. Baloney. He's usually in bed by now.

I'm not kidding.

I said to him the other day, 'George, if you really want to end tyranny in the world, you're going to have to stay up later.'

But George and I are complete opposites — I'm quiet, he's talkative, I'm introverted, he's extroverted, I can pronounce nuclear —

The amazing thing, however, is that George and I were just meant to be. I was the librarian who speant 12 hours a day in the library, yet somehow I met George.

Speaking of prizes brings me to my mother-in-law. So many mothers today are just not involved in their children's lives — Not a problem with Barbara Bush. People often wonder what my mother-in-law's really like. People think she's a sweet, grandmotherly, Aunt Bea type. She's actually more like, mmm, Don Corleone.

Now, of course, he spends his days clearing brush, cutting trails, taking down trees, or, as the girls call it, The Texas Chainsaw Massacre. George's answer to any problem at the ranch is to cut it down with a chainsaw — which I think is why he and Cheney and Rumsfeld get along so well.

It's always very interesting to see how the ranch air invigorates people when they come down from Washington. Recently, when Vice President Cheney was down, he got up early one morning, he put on his hiking boots, and he went on a brisk, 20- to 30-foot walk."


Já pensaram qualquer outra primeira dama fazendo essas piadinhas? Hummm.

Mas melhor que essa dos Bush só a resposta do Jeff Gannon, o novo escândalo que ninguém dá a mínima, no último programa do Bill Maher:

"MAHER: --if there was someone who had this in his past who was now working in the Clinton White House, with rather dubious credentials under a false name, don't you think they would have made a bigger thing of it under a Democratic administration? Don't you think the Republicans would have been—[applause]—[to audience] Stop it!! Don't you think the Republicans would have been all over that?

GANNON: Well, I don't know the answer to that, but usually the way it works is, people become reporters before they prostitute themselves.

MAHER: [laughs] [laughter] Touché, Mr. Jeff Gannon."


O Maher é loony left, mas muito interessante. Não dá para deixar de assistir o programa dele. Ele é tão bom que vou por a mão no bolso e ver ele ao vivo em Junho. Depois eu conto como foi.

Monday, May 02, 2005


Segunda, 2 de maio, 2005

Ranking da globalização 2005

A Foreign Policy publicou esse mês o novo Ranking da globalização 2005.

Nos top 10, nenhuma surpresa. Cingapura roubou o primeiro lugar da Irlanda, a Suécia voltou a subir (oitavo lugar) e a Nova Zelândia saiu do grupo caindo para a décima primeira posição.

A "surpresa" é que o nosso Brasil neoliberal conseguiu a façanha de cair de posição. Não satisfeitos com o 53.o lugar de 2004, agora somos 57 de um grupo de 62 países. Só estamos a frente de Bangladesh, Egito, Indonésia, Índia e Irã. Estamos 23 posições atrás do melhor latino americano, o Chile. E olha que estar em 34 nem é tão impressionante assim.

Para ser justo, não acho esse ranking um primor de critérios. Porque eles triplicam o índice do valor de investimento estrangeiro, por exemplo, é um mistério. E também contar contribuição de tropas para ONU como prova de globalização é um tanto discutível.

Mas enfim, é um estudo que merece atenção. Principalmente em casos como o do Brasil, aonde existe essa crença maluca de que somos realmente globalizados e que nossos problemas vem do 'excessivo liberalismo'.

Se alguém achar alguma notícia de algum jornal brasileiro sobre isso me avise. Eu não achei nenhuma.