Sunday, January 30, 2005



Segunda, 31 de janeiro, 2005

Crime e Castigo



O LLL organizou um clube de leitura online, aonde os participantes (qualquer um interessado) publicam reviews e comentários nos seus próprios blogs e/ou num Fórum do SobreSites.

A escolha dos livros foi baseada numa votação dos 30 melhores livros de todos os tempos pelos leitores do LLL. O primeiro lugar ficou para Crime e Castigo do Dostoevsky, e esse foi o livro de Janeiro. Eu lí a edição em inglês (Bantam Classics), e aqui vai a minha review:


A edição que eu li do livro começa com uma introdução de Joseph Frank, um Professor de Stanford e autor de uma das mais famosas biografias de Dostoevsky. São 19 paginas de texto, aonde ele conta um pouco da vida do autor na época que escreveu o livro, e acima de tudo, explica como Crime e Castigo ajuda na compreensão dos motivos que levaram à Revolução Bolshevik na Rússia algumas décadas depois.

A tese dele é que Raskolnikov representa um grupo de idéias da época, baseadas num utilitarismo generalizado e 'niilismo moral russo', que daria no futuro o suporte necessário para que o marxismo se espalhasse. Gostei bastante do texto, e inicialmente fiquei mais motivado para ler o livro. Porém, minhas expectativas sobre esse lado político/filosófico do livro ficaram exageradas, o que me incomodou um pouco durante a leitura.

As primeiras 200 páginas não impressionam. Além da ótima cena do crime e o perturbador pesadelo dos bêbados torturando a égua, todo o resto é extremamente lento e chato. Achei a descrição das 'febres' do Raskolnikov um artifício previsível e repetitivo. Tudo bem que a época era outra, e era comum "morrer de febre", mas achei o uso da metáfora muito exagerado. Pior ainda, essa idéia das febres continua sendo usada até o fim do livro, em vários personagens, e com o mesmo efeito.

Mas a partir da Parte 3 o livro melhora. Finalmente as referências mais elaboradas aparecem (o desabafo de Raskolnikov para Sonia é muito bom), novos personagens chegam, e a leitura fica muito mais dinâmica. Não gostei particularmente de nenhum personagem mas achei que no geral todos foram bem construidos, e o universo dele passa um realismo convincente.

Apesar da trama em sí ser simples, o livro todo parece um prelúdio para um fim revelador. Parece que todos personagens estão somente costurando as beiradas da história, esperando até o momento em que a decisão final de Raskolnikov seja tomada e os pontos sejam conectados.

E quando o final chegou, fiquei decepcionado. Não somente com a cena da redenção religiosa do Raskolnikov, mas com toda a conclusão da trama. Parece que Dostoevsky foi montando esse tabuleiro complexo, confrontando ideologias, vida e morte, certo e errado, sociedade e indivíduo, para no final desistir e optar pela resposta mais fácil, culpando tudo na degradação moral e religiosa da sociedade. O suicídio do Svridigáilov é talvez o simbolo mais claro dessa escolha.

Joseph Frank diz na introdução que Dostoevsky não pretendia propor soluções em Crime e Castigo, somente descrever os problemas. Eu discordo. O que me parece é que Dostoevsky escreveu justamente esperando que, depois de construir tão bem os personagens e situações que representassem o problema, o livro ajudasse ele próprio a descobrir e propor uma solução (quem sabe para sua própria vida). Depois de mais de 500 páginas, parece que o livro se recusou à responder ao mestre, e ele continuou perdido nas suas dúvidas. Resolveu desistir e jogar o problema nas mãos de Deus.



Domingo, 30 de janeiro, 2005

The people have won

Eu estava aqui pensando em como descrever a alegria que eu senti quando liguei a TV hoje e vi que nem mesmo os homens-bomba, nem o bias da imprensa, nem nada, foi capaz de mascarar o sucesso dessa eleição iraquiana.

Mas o Mohammed e o Omar do Iraq the model já tinham escrito o que eu queria escrever. Com a vantagem de que eles não precisaram de TV nenhuma para presenciar a força e importância do que aconteceu hoje no Iraque. They were part of it.

Como eles mesmo descrevem:

"The media is reporting only explosions and suicide attacks that killed and injured many Iraqis s far but this hasn't stopped the Iraqis from marching towards their voting stations with more determination. Iraqis have truly raced the sun.

I walked forward to my station, cast my vote and then headed to the box, where I wanted to stand as long as I could, then I moved to mark my finger with ink, I dipped it deep as if I was poking the eyes of all the world's tyrants.
I put the paper in the box and with it, there were tears that I couldn't hold; I was trembling with joy and I felt like I wanted to hug the box but the supervisor smiled at me and said "brother, would you please move ahead, the people are waiting for their turn".

Yes brothers, proceed and fill the box!
These are stories that will be written on the brightest pages of history.

It was hard for us to leave the center but we were happy because we were sure that we will stand here in front of the box again and again and again.
Today, there's no voice louder than that of freedom.

No more confusion about what the people want, they have said their word and they said it loud and the world has got to respct and support the people's will."


At least for now, the Iraqi people have indeed won.

Saturday, January 29, 2005



Sábado, 29 de janeiro, 2005

Uni duni tê

O teatro já comecou. Otimistas, pessimistas, céticos e loons; just choose your poison babe.

The New York Times
Shiite Faction Ready to Shun Sunday's Election in Iraq

Economist
A turning-point for Iraq, for better or worse

The Washington Times
Iraqi official sees big turnout

Folha de S.Paulo
A realização de eleições é o primeiro passo para estabelecer a democracia no Iraque? NÃO - Crise camuflada

Friday, January 28, 2005



Sexta, 28 de janeiro, 2005

Quatro grupos e o futuro do Iraque

Apesar de acreditar e muito na importância das eleições no Iraque, acho que esse voto iraquiano funcionará mais como uma pesquisa de opinião do que como um mandato de poder. O real poder está nas mãos de quatro grupos, todos externos, e que lutam entre sí pelo direito de moldar o futuro iraquiano.

Esses são os quatro grupos que eu vejo:

Grupo 1 - "Vietnã party"
São os que lucrariam imensamente com a imediata retirada americana do Iraque. Para entender esse pessoal, nada melhor do que ouvir Little Teddy. A saída do Vietnã rendeu presidentes e senadores para esse grupo, e não existe nada mais valioso do que poder para esse pessoal. A preocupação com os iraquianos é nula. Eles não se importaram com o milhão de cambojanos mortos back then, e não se importariam com outro milhão de Shiitas ou Sunitas now. O grupo é formado basicamente pela ala esquerda dos democratas americanos, mas tem simpatizantes pelo mundo. (principalmente os do grupo 3).

Grupo 2 - "Islamo-fascista party"
O nome já diz, esse é o grupo dos que lutam contra os EUA e a democracia no Iraque por motivos religiosos/filosóficos. É o grupo da Alqaeda, Irã, Síria e todos outros do tipo. É provavelmente o grupo que mais teria a perder com o sucesso do Iraque, e o que menos se importa com o povo de lá. Aliás, eles não se importam muito com a vida de ninguém.

Grupo 3 - "We are the world party"
Esses são aqueles que não querem que os EUA tenham sucesso no Iraque por medo de que os mesmos ganhem poder. Na maioria das vezes é um pessoal que se diz interessado no bem estar dos iraquianos, mas só a partir do começo da guerra. O que eles sofriam com o Saddam não importa muito. Se dependesse desse grupo, o Iraque de hoje seria igualzinho ao Iraque pré-guerra. Esse grupo é o que faz manifestações nas ruas, usam pombinhas brancas na lapela, e adoram frases como "Império do Mal". São fácilmente manipulados pelo grupo 1, e alguns chegam no limíte de apoiar o grupo 2.

Grupo 4 - "Bush/Neocons party"
Basicamente os republicanos atualmente no poder. É o grupo que, depois do 9/11, resolveu mudar a ordem mundial. Eles acreditam que a teoria dominó pode ser efetiva na luta contra o terrorismo da mesma forma que foi na luta contra a URSS. Esse grupo se preocupa com os iraquianos por necessidade. Tendem a tomar decisões arbitrárias, e muitas vezes afobadas. Dependem de grupos de interesse muitas vezes incompatíveis, e por isso são muitas vezes instáveis.

Não achou um grupo em que você se encaixe? Nenhum grupo em que o principal objetivo seja simplesmente a melhora do iraque? Welcome to the club.

Só existem duas opções: ignorar o problema completamente, e ir checar a página de esportes, ou se comprometer e apoiar o grupo que chega mais perto do que você acredita ser o mais certo.

Cada um dos quatro grupos fará de tudo para que as eleições trabalhem a seu favor. Os grupos 2 e 4 estão no ringue, e a eleição é um round importante. Filtrar a propaganda e identificar o vencedor da mesma será difícil. Talvez impossível.

Mas o fato indiscutível é que o povo iraquiano tem uma chance nas mãos. Uma chance recheada de problemas e perigos que a maioria das pessoas provavelmente nem consegue imaginar, mas ainda assim uma chance.

Muitas vezes, that's all you need.

Wednesday, January 26, 2005



Quinta, 27 de janeiro, 2005

Cegos no tiroteio

Essa história do brasileiro capturado no Iraque está se tornando uma das coisas mais patéticas que eu já vi. A última gota foi esse despacho do nosso Comandante para que o Ronaldo pedisse a liberação do pobre coitado.

O anti-americanismo desse pessoal chega a um nível patológico. Eles realmente estão chocados que UM BRASILEIRO foi capturado e pode ser morto pelos islamo-fascistas no Iraque. Pode morrer chinês, indonésio, norueguês, o que for, mas brasileiro? Imagino a conversa desse pessoal do Planalto: "Tem que ser um engano! Será que esse pessoal não sabe que estamos torcendo por eles? Liga pra Síria, correndo!"

É incrível essa insistência em não compreender os princípios mais básicos desse terrorismo. Será que esse pessoal acha que o Titio Laden e sua turma aceitariam nosso "jeitinho brasileiro" de viver? Cairiam num sambinha, tomando água de coco e torcendo pelo Flamengo? Ou será que tem gente querendo uma teocracia islâmica tupiniquim e eu nem sabia?

Eu me pergunto como o Brasil sobreviveu até aqui.

Como diria Sun Tzu:
"If you know the enemy and know yourself, you need not fear the result of a hundred battles. If you know yourself but not the enemy, for every victory gained you will also suffer a defeat. If you know neither the enemy nor yourself, you will succumb in every battle."

Não é sem razão que esse pessoal se diz pacifista. A única chance deles é se nunca precisarem lutar com ninguém.

Monday, January 24, 2005



Terça, 25 de janeiro, 2005

Dupla personalidade

Em um mundo perfeito, as pessoas só poderiam criticar algo quando realmente soubessem do que estão falando, e se pudessem apresentar alguma solução alternativa ao problema. Em um mundo mais ou menos, as pessoas pelo menos fariam algum sentido quando tentassem criticar algo. Quem sabe um dia chegamos no mais ou menos?

Essa reportagem da Agência Carta Maior sobre imigração não faz o menor sentido, mesmo levando em conta a fonte. No começo, a repórter diz que a imigração para países ricos é péssima, e que só acontece porque "a globalização neoliberal" isola economias. Ela continua dizendo que número de imigrantes está aumentando muito, e "Com destino às ilhas de riquezas do mundo globalizado – América do Norte, Europa Ocidental e Sudeste Asiático – os migrantes são a evidência mais clara da contestação das grandes diferenças econômicas."

Mas depois, numa metamorfose mágica, ela diz que imigração é algo extremamente necessário. Ela afirma que os países ricos não tem o direito de fechar as fronteiras, já que "Não adianta colocar muros que os migrantes passam por baixo. Não podemos ver as migrações como um fenômeno de aspectos negativos." Ela completa citando a opinião de um sociólogo de que "Se 3% da força de trabalho dos países desenvolvidos fosse de trabalhadores internacionais temporários, o bem estar mundial aumentaria em 150 bilhões de dólares. A redução das barreiras migratórias estimularia um aumento da produção interna e a diminuição da pobreza".

Fica impossível levar esse pessoal a sério. Eu comecei discordando de tudo e no final estava concordando com o artigo! É que nem a história das discussões infinitas com meu amigo lefty. Não é que eu fiz aquilo só por birra, eu realmente queria entender esse pessoal!

Não é fácil manter a mente aberta.



Segunda, 24 de janeiro, 2005

Blizzard 05


Saturday, January 22, 2005



Sábado, 22 de janeiro, 2005

Gorki Aguilar Carrasco



Falando em Cuba, ouvi essa reportagem na NPR essa semana. É a historia de Gorki, um roqueiro cubano de 35 anos, que desafiou El Comandante e está agora na prisão, junto com dezenas de jornalistas e escritores, pagando por sua audácia.

Gorki sabia bem o que estava fazendo. Ele debochou de muitos mitos sagrados da ilha: fez uma adaptação do hino comunista "La Internacional", usando partes de um poema do Che Guevara sobre o futuro da juventude cubana. A letra descreve um desfile do Primeiro de Maio, aonde gays, rebeldes, e mendigos marcham atrás de uma garota segurando a bandeira cubana, e com os seios de fora. Em uma das músicas, ele diz "Eu não quero ser um fantoche desse Rei cego. Eu mijo na sopa dele, e o deixo louco da vida". A capa do último disco, Porno Para Ricardo, tem uma foice e um martelo desenhados como um pênis e uma vagina.

A versão oficial da prisão de Gorki é que ele vendeu drogas para uma jovem. A história foi desmentida por várias testemunhas, mas em Cuba isso não importa muito. Nem mesmo os advogados de defesa puderam se pronunciar no julgamento.

Enfim, mais uma exceção risível na terra da igualdade social.

Friday, January 21, 2005



Sábado, 22 de janeiro, 2005

Fim de papo

Até recentement eu achava que a tal antagonistic contradiction marxista fosse algo do passado. Afinal, o comunismo foi derrotado, a social-democracia é no fim das contas uma democracia, e no fim das contas, people should know better.

Eu estava errado, e aprendi isso da maneira mais difícil. Tudo começou quando reencontrei um amigo meu de infância há uns 2 anos atrás. Desde então, começamos uma série de "debates" por email. Hoje, depois de várias dezenas de emails, coloquei um ponto final na história.

Parte da culpa foi minha. Devia ter parado há muito tempo. Logo que começaram as ofensas pessoais, quando a repetição tomava mais e mais das mensagens, e a beligerância se tornava regra e não exceção.

Mas eu ainda acreditava no diálogo. Achava que se ele não reconhecia a validade dos meus argumentos, a culpa devia ser minha. "Deixa eu escrever esse email de novo, dessa vez não tem como ele não entender!"

Não teve jeito. Resolvi fechar esse assunto com este post. Quem sabe até consigo salvar alguém de uma perda de tempo parecida? Não pensem que é brincadeira. Ele é um sujeito inteligente, cursando pós-graduação na USP e trabalhando num banco federal. A endoutrinação que ele sofreu reflete bem o pensamento da esquerda brasileira e, consequentemente, o tamanho do buraco que estamos. Aqui vai um resumo das teorias que ele me apresentou:

- O mundo continua dividido em classes. Basicamente a velha teoria marxista, mas com uma roupinha moderna. A classe dos 'favorecidos' (que para ele é qualquer um que não seja paupérrimo) é culpada pelo sofrimento do mundo. Qualquer conquista pessoal de um favorecido é totalmente descartável e inconsequente. Você não faz nada menos que sua obrigação. Consequentemente, toda pobreza é imposta aos pobres de maneira definitiva e inescapável. Se por um milagre alguém sair dessa pobreza, muda automaticamente de classe e vira parte do problema. Uma espécie de determinismo a la Bundle Theory de Hume, misturada com uma pitada de Spinoza e levada ao extremo.

- O capitalismo é um sistema terrivel e principal culpado pelos problemas do mundo. Ele acredita que a evolução das últimas décadas foi causada "pelos avanços da tecnologia e do conhecimento humano", mas nega qualquer ligação entre esses avanços e o capitalismo. Ele adora citar que a maior desavença dele com o Lula é a economia.

- EUA e Israel são Estados terroristas. Nao vê diferença alguma entre ataques militares e atentados contra civís, inclusive crianças (ele justifica dizendo que é a única opção deles). Obviamente, ele acredita que 9/11 foi merecido. Ele acha Bush e Bin Laden iguais, "dois pscicóticos comandantes de exércitos de destruição - com a diferença que um é mais aparelhado que outro".

- Ele pregava uma espécie de Radical Empiricism. Funcionava como a desculpa perfeita para desqualificar qualquer argumento que ele não tivesse resposta. Eu não podia falar sobre pobreza porque não era pobre, não podia criticar o Brasil porque nunca tinha visitado o país inteiro. Depois de inúmeras contradições, quando eu usei propositalmente a mesma tática para desmerecer os argumentos dele, ele mudou o discurso e concluiu que "com um mínimo de imaginação e senso observativo, não é necessário passar por tudo isso". A palavra chave aqui é imaginação. A dele, of course.

- Acha insignificante que os textos americanos sejam mal traduzidos, mesmo sem saber ler inglês. Acredita que toda imprensa americana é de direita, e cita a CNN como exemplo. Adora o Emir Sader.

- As tendências autoritárias são enormes. Ele foi contra o plebicito na Venezuela por achar que era "comprado pelos EUA" (não soube explicar como o resultado não foi). Foi a favor do Conselho de Jornalismo e do fichamento de americanos nos aeroportos. Repudia os golpes militares na América do Sul mas acha que os golpes comunistas, como o de Cuba, foram totalmente justificáveis. Um dos últimos emails que me mandou foi esse texto do Arbex publicado na Caros Amigos aonde ele elogia a Síria.

- Falando em Cuba, ele acha que a ilha é "um exemplo social". Acredita piamente que indicadores como os da PNUD são muito mais válidos do que qualquer indicador econômico. Aliás, disse que PIB per capita não significa nada. Além disso, afirmou que os abusos do Fidel foram exceções. Chamou os que fugiram para os EUA de "vermes", e ainda disse que os descontentes com o regime somente representavam uma "minoria risível". Lembrei que os cubanos-americanos totalizavam mais de 1.2 milhões de pessoas, mas isso não pareceu importar muito para ele.

Fica fácil imaginar todos os fatos e argumentos que eu usei para rebater todos esses absurdos, mas nada funcionou. Ele não somente é incapaz de chegar em qualquer tipo de meio termo, como também não consegue aceitar o fato de eu não ser radical como ele. Quando eu dizia que discordava do Bush nessa ou aquela área, ele simplesmente ignorava. O que importava é que eu não achava o homem um demônio. Por tabela, eu era obrigado a concordar com todo o resto.

Felizmente para ele, vivemos numa sociedade que permite que ele acredite em tudo isso sem problema algum. Ele pode continuar dirigindo seu carrinho, pegando uma onda, usando das regalias que sua classe favorecida oferece, e ao mesmo tempo erguer a voz no barzinho e explicar como somos culpados pelo sofrimento alheio, com sua cervejinha gelada na mão. Coisa que os "socialmente felizardos" cubanos, que ele tanto conhece e se importa, com certeza não podem.

Have a nice life my friend.

Thursday, January 20, 2005



Sexta, 21 de janeiro, 2005

Bush²

O Bush Redux (copyright Alto Volta) começou como se esperava: ambicioso, agressivo e sem meias palavras. A pompa foi exagerada como sempre, mas pelo menos o discurso foi bom.

Como já previa o Friedman no "An American in Paris" (novamente mal traduzido pelo UOL como "Se todo mundo votasse, só o Irã escolheria Bush") a divisão entre os dois lados do Atlântico continuará.

E convenhamos que não é nada de novo. O Liberté - Egalité - Fraternité nunca combinou muito bem com o inherent right to pursue happiness.

O palco principal continua sendo o Oriente Médio. A mensagem é clara: "Eventually, the call of freedom comes to every mind and every soul. We do not accept the existence of permanent tyranny because we do not accept the possibility of permanent slavery. Liberty will come to those who love it." Quem esperava por compromise se decepcionou. Seja no Iraque, Irã ou Síria, pode-se esperar mais do mesmo.

Por bem ou por mal, o 9/11 continua uma ferida aberta. Resta saber até quando esta será maior que a dos soldados e do bolso americano.

Parece que pelo menos por mais quatro anos.

Wednesday, January 19, 2005



Quarta, 19 de janeiro, 2005

Timemania

O governo Lula-liberal continua me surpreendendo e acaba de criar uma fórmula mágica para salvar o futebol brasileiro: A Timemania.

A Timemania será uma nova loteria da Caixa Econômica Federal, com o propósito de distribuir entre cerca de 80 clubes de futebol uma fatia da arrecadação que lhes permita pagar o que devem ao governo federal.

DO NOT ADJUST YOUR TV! É isso mesmo!

A história fica mais ou menos assim: Temos clubes amadores afogados em corrupção (e que por serem amadores não precisam se preocupar com esse tipo de coisa) que vendem jogadores por milhões de dólares/euros, recebem mais outros milhões das TVs (que também mamam no governo), usam estádios públicos ou que recebem dinheiro público (Morumbi é um bom exemplo), e que agora nem precisam mais pagar impostos, já que o povão pagará a conta por meio de um esquema de jogatina descarada criado pelo governo federal.

Pode-se acusar esse governo de tudo, menos de falta de imaginação.

Sunday, January 16, 2005



Segunda, 17 de janeiro, 2005

Cultura e o Estado

Interessante essa discussão sobre cultura e o Estado iniciada por esse post do LLL.

Acho que existem dois lados a serem analisados: o econômico e o cultural.

O lado econômico é simples. Os que defendem o subsídio do cinema nacional acreditam que não teriamos a menor chance contra os filmes estrangeiros (leia-se americanos). Acham que o poder financeiro de Hollywood criou um monopólio que consegue, de alguma maneira, forçar os mercados a consumirem seus produtos.

A primeira prova de que essa idéia é um absurdo esta no próprio mercado americano. Todo ano filmes independentes fazem sucesso. Muitas vezes são filmes quase que caseiros, como Blair Witch, Supersize Me, e até mesmo os primeiros do Michael Moore.

Segundo, a noção de que Hollywood só chegou do tamanho atual baseado no poder econômico dos EUA é comprovadamente falsa. O mercado americano é tão rico quanto o Europeu, e os europeus produzem muito menos filmes, e na maioria dos casos com subsídio estatal. E assumindo que a Europa fosse a exceção, teríamos então que ter filmes japoneses e chineses por todo lado. Além disso, não seria possível que países como a Índia conseguissem produzir cinema privado.

Na minha opinião, o cinema americano domina simplesmente porque é eficiente.

Pior, as evidências mostram que os subsídios estatais são na verdade parte do problema e não da solução. Além desse dinheiro deixar de ser investido em outras áreas (e não importa que o dinheiro venha de descontos nos impostos das empresas, já que esses mesmos descontos poderiam ser usados para outras funções), esse tipo de incentivo acaba criando outras distorções negativas. Os critérios para que um filme A seja produzido ao invés do B nunca são claros, e quase nunca baseados em alguma forma eficiente de competição. Filmes que não deveriam nem ter sido feitos podem acabar 'roubando' os clientes que poderiam viabilizar o desenvolvimento de um cinema auto-sustentável, criando uma barreira ainda maior para que outros filmes sejam financiados pelo mercado.

E Hollywood agradece.

A segunda parte da questao é mais complicada.

Segundo o Houaiss, cultura é o "conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social".

A minha pergunta então é: Exatamente como o cinema brasileiro ajuda a cultura brasileira? Seria o cinema no geral um formador da cultura ou simplesmente uma reflexão da mesma?

Se o povo brasileiro estivesse realmente querendo filmes brasileiros, que mostrassem aspectos específicos do nosso país, nossos padrões sociais ou preferências locais, os mesmos se pagariam. Nesse caso, o subsídio seria ultimamente desnecessário, e na melhor das hipóteses uma solução temporária, quem sabe para suprir uma falta crônica de financiamento. Esse não parece ser o caso.

Então como justificar o subsídio de um produto que o povo brasileiro mostra simplesmente não estar interessado? A resposta que eu encontro é: nacionalismo.

Vários governos (brasileiro incluso) acham necessário reverter o fato de que a cultura americana se espalhou pelo mundo. Esse pessoal acha que produzir filmes nacionais vai de alguma forma tornar o brasileiro mais brasileiro. Na verdade, é mais uma manifestação da velha teoria de que o Estado sabe mais sobre o que o povo quer e precisa do que o próprio povo. O brasileiro precisa de filmes brasileiros, mas tadinho, precisa de um tempinho para compreender as coisas.

E como sempre, não vai parar por ai. A Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav) está a caminho. Preparem seus bolsos.



Domingo, 16 de janeiro, 2005

Lula do povo

"LULA GOSTA DE LUXO - Elio Gaspari para O Globo
12/01/2005

Lula gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual. Desde a noite de seu último debate na TV, quando se emocionou falando da pobreza brasileira e foi para a Osteria dell'Angolo tomar uns goles de Romanée Conti (R$R$1.500 a garrafa), o companheiro assombra a galera com sua opção preferencial pelo deslumbramento. Avião importado, reforma do Alvorada, didática enológica, Ômega australiano, roupões de linho egípcio e cordeiros da Patagônia, noves fora uma trapalhada de adolescentes, compõem uma galeria de maus exemplos digna do general João Batista Figueiredo, com seus cavalos.

O deslumbramento de Lula tem algo de especial. Faltam-lhe tanto a frugalidade que cobrava aos outros, como o viés ostentatório de alguns antecessores. Ninguém o ouviu descrever as virtudes de sua adega. Muito menos revelar que guardava consigo a chave do Tesouro (como fazia FFHH). Isso também vai por conta do seu desinteresse pelos fermentados, como bem mostrou ao príncipe saudita Bandar. (Lula elogiou-lhe a decisão de acompanhar o jantar com um destilado escocês.) O companheiro fuma cigarrilhas holandesas. No tempo das vacas oposicionistas fumava charutinhos toscanos capazes de empestear o Maracanã. Faz isso sem os gestos que marcaram a charutaria Collor e marcam a cenografia do consumo de "puros" cubanos pelo alto comissariado petista.

Há no companheiro muito mais deslumbramento do que ostentação. Foi esse o sentimento que o levou a comprar um avião de US$56 milhões. Pena, carregará o AeroLula nas costas como símbolo do desperdício de sua administração.

Quando a repórter Marta Salomon mostra que o presidente petista gastou quatro vezes mais com o Airbus do que com o programa "Primeiro Emprego", duas vezes mais do que com o saneamento urbano, isso revela a extensão da inépcia de sua administração. Comprar um avião é fácil. Basta redigir um edital (tão bem redigido que a Embraer ficou de fora) e assinar os cheques. Empregar peão é outra conversa. Cumprir promessa de saneamento, muito outra. O programa "Primeiro Emprego" serviu para dar a algumas dúzias de petistas aparelhados os primeiros empregos federais de suas vidas.

O deslumbramento ajuda os governantes a viver na impressão de que as coisas vão bem (o AeroLula tem chuveiro), livrando-os da fadiga do exame dos fracassos. Nesse sentido, deslumbradores de presidentes e presidente deslumbrado fazem o casamento perfeito de Brasília.

Passados dois anos de governo, Lula trocou a exposição do exemplo contido em sua impressionante biografia por divagações banais. Numa de suas aulas de costumes associou seu amadurecimento político a uma garrafa de refrigerante: "Eu passei tanto tempo da minha vida achando que ser antiamericano era não beber Coca-Cola. Depois eu fui ficando mais maduro e percebi que, quando a gente levanta de madrugada, e tem uma Coca-Cola gelada na geladeira, não tem nada melhor."

Tudo isso teria pouca importância se o deslumbramento presidencial não fosse contagioso. Dois anos de poder federal foram suficientes para produzir um baixo clero petista de maus modos e péssimos hábitos. A interferência pessoal de Lula impediu que esse bloco (no sentido carnavalesco) prevalecesse na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Aquilo que pode parecer uma boa notícia é um péssimo sinal. Na próxima rodada esse bloco não será derrotado com tanta facilidade.

Afinal, o baixo clero também gosta de luxo."

Friday, January 14, 2005



Sexta, 14 de janeiro, 2005

Americanos e europeus

A Harris Interactive fez uma pesquisa sobre como os americanos e europeus julgam sua imprensa e governo. Os resultados são interessantes:

- 62% dos americanos não confiam na imprensa contra 22% que confiam (quase 3-1). Os Europeus se dividem, 47% e 46%.
- 43% dos americanos confiam no rádio (leia-se talk radio, primariamente conservador) contra 33% que não. 62% dos europeus também confiam no rádio, contra 29% que não.
- 58% dos americanos não confiam na TV contra 22% que sim. Os europeus discordam, com 54% que confiam contra 39% que não. Interessante que a maioria dos europeus lidam mais com TVs estatais do que os americanos.
- Americanos (55% contra 27%) e europeus (63% contra 28%) não confiam nos respectivos governos. Mas com uma diferença: os americanos desconfiam da ONU (44% contra 30%) enquanto a maioria dos europeus (49% contra 34%) botam fé em Annan e sua turma.
- Uma grande maioria dos americanos e europeus confiam na sua polícia, exército e instituições de caridade e trabalho voluntário. Do outro lado, ambos não confiam em grandes empresas, sindicatos e no seu sistema judiciário.

Thursday, January 13, 2005



Quinta, 13 de janeiro, 2005

Novos links

Pessoal novo que ando lendo, daqui e de lá:

Brazucas
Delance
Filisteu
Yabbai

Estadunidenses (como diriam meus amigos tutti anti)
Belmont Club
Kevin Drum
Neologistic

E falando em blogs, não sei o que anda acontecendo com o Andrew Sullivan. Ele já foi por um bom tempo um dos meus preferidos, mas atualmente ando chato de doer.
Daqui a pouco eu desisto de vez.

Wednesday, January 12, 2005



Quarta, 12 de janeiro, 2005

Mais uma do Kristof

Diz a manchete do UOL: "Sistema de saúde de Cuba é melhor que dos EUA"

Obviamente o título foi mal traduzido (o original é "Health Care? Ask Cuba") mas esse é o menor dos problemas nesse caso. Da mesma maneira que o Kristof (que vem tomando o lugar do Bob Herbert como pior colunista do NYT) tinha mostrado somente parte dos fatos sobre as doações americanas para países pobres, novamente ele manipula os dados nessa comparação entre a taxa de mortalidade infantil cubana e americana (citada como 6.0 vs 7.2 por 1000).

Primeiro de tudo, o assunto não é novo. O mestre Moore espalha esse tipo de propaganda há tempos. O Kristof deve estar sem ter o que escrever. Tanto que o melhor artigo que eu achei sobre o assunto foi de 2002. O problema é o seguinte:

- Nos EUA 30 a 40% das mortes de recém-nascidos ocorre no dia do nascimento. Isso acontece porquê os EUA são os líderes mundiais em manter bebês prematuros vivos. A morte de um prematuro não é nem contada na maioria dos outros países, inclusive europeus. Um fato que comprova isso é que a porcentagem de crianças que nascem com menos de 1.5Kg nos EUA é de 1.3%, e somente 0.4% em Cuba. A própria World Health Organization permite que somente partos de mais de 1Kg sejam considerados para estatísticas. A chance de sobrevivência dessas crianças com menos de 1Kg é geralmente de 50%.

- Os EUA também são um dos países mais avançados em inseminação artificial. E nesse tipo de gravidez, a chance de nascimentos 'múltiplos' é maior, e consequentemente a porcentagem de partos complicados aumenta.

Além de tudo isso, o Kristof escolheu o ano em que os números tiveram a maior diferença. Ele mentiu quando disse que não existem dados para 2003. É só conferir aqui.

Mais um belo exemplo de como é facil manipular os números and get away with it.

Tuesday, January 11, 2005



Terça, 11 de janeiro, 2005

Zimbábue, Namíbia... Venezuela?

Quem disse que a África tem o monopólio do atraso patológico no planeta?

El Comandante não me deixa mentir. Segundo o Financial Times:

"Hugo Chávez, o presidente da Venezuela, ordenou nesta segunda-feira (10/01)que seu ministro do Interior realize uma revisão nacional dos títulos de terras, em uma tentativa de regular um crescente mas até o momento caótico programa de redistribuição de terras."

"O primeiro alvo do governo foi tomado no fim de semana, com a "apropriação" oficial de El Charcote, uma fazenda de criação de gado de 13 mil hectares pertencente ao lorde Vestey, um magnata inglês de carne. As propriedades do lorde Vestey na Venezuela, incluindo várias outras fazendas, são as maiores produtoras de carne do país."

"Os proprietários de terras não têm nada a temer se suas propriedades forem produtivas", disse Aleman, vestindo uma camiseta com a imagem de Che Guevara, o ícone revolucionário da América Latina."

"Lorde Vastey disse que sua família comprou a propriedade em 1903. Segundo Diana Dos Santos, administradora da fazenda de gado de Vestey, invasores ocuparam até 90% da propriedade. Nas últimas semanas, vários outros governadores provinciais pró-Chávez iniciaram ações para tomada de propriedades.

Dezenas de propriedades por toda a Venezuela deverão sofrer "intervenção" nas próximas semanas. Apesar de existir uma lei de reforma agrária, nenhuma regra regula o processo, uma situação que o decreto de Chávez supostamente resolverá.

Até o momento, o processo tem sido caótico. Na província de Cojedes, duas facções camponesas rivais, uma alinhada com o governador local e outra rival dele, estão em desavença em sua disputa pelas terras. "Eu espero receber um pedaço de terra do governo antes que outra pessoa a receba", disse Baldemar Gonzalez. "A empresa inglesa não tem direito de estar aqui".


Quem será o próximo escolhido para esse grupo seleto? Hmmm...

Friday, January 07, 2005



Sexta, 7 de janeiro, 2005

Todos os dados sobre os "stingy" americans

Todos sabiam que a imprensa ia achar algum jeito de culpar os EUA pelo desatre do Tsunami. Era só questão de saber como. O "Egghead" da ONU deu o sinal, e a matilha seguiu contente da vida.

De tudo que eu li sobre o assunto, o melhor foi esse post do Daniel Drezner. Resumindo:

- Os EUA são os maiores doadores para assistência de desastres em valores absolutos. Quando se considera a proporção do PIB, são número 9 entre os 21 países mais ricos (OECD). Considerando que países menores não precisam cumprir certas funções como altos gastos militares, muitos acham justo que a comparação seja feita entre os G-7 (grupo dos 7 mais ricos). E nesse caso, os EUA são número 2, atrás somente da Grã-Bretanha. Não achei dados que incluam outros fatores além de dinheiro nesse tipo de situação, o que provavelmente aumentaria a contribuição americana. Mais de 13 mil soldados americanos estão envolvidos na distribuição de ajuda na Ásia.

- Falando sobre assistência a países pobres no geral, a análise é mais complicada. Se considerarmos somente dinheiro (excluindo transferências de dinheiro particulares, o que é polêmico) os EUA ocupam a posição 19 de 21. Obviamente, esse ranking é o único citado em todos artigos anti-americanos, como esse editorial do Kristof (mal traduzido novamente como "Tsunami confirma a fama de pão-duro dos EUA" pelo horrível UOL). A figura muda significativamente quando são incluidos outras formas de ajuda como trade, investmentos, migração, meio-ambiente, tecnologia, e segurança. Nesse caso, os EUA ficam com o número 7 entre 21, e terceiro entre os G-7.

Como sempre, o último objetivo da imprensa é informar imparcialmente. Eles querem formar uma opinião, seja implicitamente como o NY Times ou ridícula e explicitamente como o UOL. E o pior de tudo é que funciona. Tentem achar esses dados em qualquer jornal de grande circulação. Impossível.

Wednesday, January 05, 2005



Quarta, 5 de janeiro, 2005

Ranking de liberdade econômica

Saiu a edição 2005 do Ranking de liberdade econômica publicado pelo Heritage Foundation e The Wall Street Journal.

Os EUA ficaram fora dos Top 10 pela primeira vez desde que o ranking foi criado 11 atrás, e ocupam o décimo segundo lugar. Segundo este artigo, os principais motivos para a queda dos EUA foram: aumento de burocracia (motivada pelos escandalos corporativos), medidas anti-dumping, impostos altos e porcentagem de gastos do governo em relação ao PIB. Mas apesar de tudo, os EUA ainda fazem parte do grupo de 17 países considerados "free".

Hong Kong continua liderando o grupo, e a surpresa do ano é a Estônia em quarto lugar.

O nosso Brasil lula-liberal aparece no grupo dos "mostly unfree", na posição 90 (de um total de 155 países). Estamos atrás de paises como Líbano, Sri Lanka, e até mesmo a Namíbia ...

Vale notar que a média do PIB per-capita dos paises considerados "free" é de US$29.219 , mais que o dobro dos "mostly free" (US$12.839) e quatro vezes maior do que os "mostly unfree", do qual fazemos parte.

Coincidência? I don't think so.

Tuesday, January 04, 2005



Terça, 4 de janeiro, 2005

Ethical Philosophy Selector

Falando em utilitarismo, fiz esse teste do Ethical Philosophy Selector um tempo atrás e achei interessante.

Meus resultados:
1. John Stuart Mill (100%)
2. Ayn Rand (82%)
3. Kant (79%)
4. Jean-Paul Sartre (74%)
5. Aristotle (72%)
6. Jeremy Bentham (71%)
7. Prescriptivism (69%)
8. Epicureans (59%)
9. Aquinas (57%)
10. Spinoza (53%)
11. Plato (48%)
12. Stoics (40%)
13. St. Augustine (37%)
14. Thomas Hobbes (36%)
15. Ockham (33%)
16. David Hume (31%)
17. Nel Noddings (21%)
18. Nietzsche (20%)
19. Cynics (15%)

Monday, January 03, 2005



Segunda, 3 de janeiro, 2005

Desastre no sistema de saúde na Nova Zelândia

Mais uma prova de que a solução estatal simplesmente não funciona. Em 2004 1,166 pessoas morreram na lista de espera do sistema de saúde na Nova Zelândia, um Pais com PIB per capita muito próximo ao da Espanha. Essa lista de 2004 incluia 62,201 pessoas esperando por cirurgias e outras 113,451 esperando por consultas com especialistas. Um total de 175,652 pessoas num país com menos de 4 milhões de habitantes. 3,554 desistiram de esperar e tiveram que pagar por tratamento particular (mas continuam pagando os impostos para o programa público, of course).

Saturday, January 01, 2005



Domingo, 2 de janeiro, 2005

Namíbia vai no embalo

E não é que o exemplo do Zimbábue está fazendo escola?

Agora é a Namíbia que está "redistribuindo" fazendas de brancos para negros. Na marra, of course. "If you aren't already a racist, they make you a racist," Andreas Wiese, a fourth-generation white farmer, told the New York Times.

E assim prospera a pobreza, fome, e o velho conhecido racismo no continente perdido no tempo.



Sábado, 1 de janeiro, 2005

Objetivismo

Sempre que quero me informar sobre algo, começo pelas opiniões negativas. E falando sobre Objetivismo (e consequentemente Ayn Rand), achei essa página bem útil. Pode-se achar nela todo tipo de crítica: reviews dos livros, disputas filosóficas, e até ataques pessoais.

Um texto que me chamou atenção foi esse resumo da trajetória do Objetivismo. Foi a partir dele que cheguei no site que mais me agradou: Institute for Objectivist Studies (Objectivist Center). Esse centro foi criado por David Kelley, um seguidor de Rand que adotou uma interpretação mais flexível do Objetivismo. Nesse site se acha textos bem interessantes, como essa comparação entre liberalismo e objetivismo, e vários editoriais sobre diversos tópicos.

Pelo que lí até agora, não diria que me identifico totalmente com a filosofia, mesmo a versão mainstream de Kelly. Acredito em vários conceitos Objetivistas: o de que existe um lugar para o governo mínimo (mesmo com todos os perigos derivados do monopólio da violência), a existência de valores universais, e de que coletivistas vivem da exploração da vida dos outros. Porém, acho que nem tudo pode ser derivado do racionalismo, nem todo defensor do coletivismo é igualmente culpado ou deve ser desprezado, e mesmo o conceito de egoísmo tem seus limites.

Tenho que admitir entretanto que não sou um entusiasta de Filosofias no geral. Principalmente na área de epistemologia. Reconheço a importância do assunto, mas simplesmente não me atrai. Acho que essa busca por uma receita de bolo que explique todo e qualquer pensamento e suas origens cai sempre nume generalização fútil.

Consequentemente, não vejo problema algum de concordar com partes do Objetivismo e discordar de outras. Assim como faço com o Liberalismo, Conservadorismo, etc. Lendo a história da Ayn Rand, fico com a impressão de que inicialmente ela também não queria entrar nessa, mas acabou sendo puxada pelo próprio sucesso dos livros. Uma triste ironia, me lembrou o Gail Wynand.

Independente de tudo isso, continuo com minha opinião de que The Fountainhead é um ótimo livro. Uma bela história de liberdade e individualismo. Planejo ler Atlas Shrugged e os outros dois romances.

Mas não vou vestir a camisa e sair por ai dizendo que descobri o sentido da vida. Sorry Ayn.