Friday, April 30, 2004



Sexta, 30 de Abril, 2004

  Quer perder essa barriga?


Então comece lendo a entrevista da minha mulher para o Terra, e depois (e mais importante) não deixe de ler o blog Nutrimoment diariamente.

E falando em propagandas descaradas, atualizei vários links dos favoritos. Muitos blogs andavam abandonados, e outros interessantes surgiram. Não deixem de conferir!

Thursday, April 29, 2004



Quinta, 29 de Abril, 2004

  O que falta na economia brasileira


Quando eu critico o Lula e a equipe econômica dele, o pessoal da esquerda fica louco da vida.

Eu tenho a impressão que esse pessoal acredita que, só porque não fizeram alguma loucura e mantiveram o controle fiscal da era FHC, o FMI tem a obrigação de resolver todos os problemas da economia brasileira. Como se o fato de estarmos seguindo as exigências deles (para continuar conseguindo os empréstimos) significa-se uma terceirização total da nossa responsabilidade.

Pior, eles acham que essas exigências do FMI eliminam a possibilidade de qualquer outra mudança na nossa economia.

Existem tantas coisas que poderiam ser feitas que nem sei por onde comecar. Como essa economista sugeriu, mudanças nos nossos impostos poderiam influenciar inúmeros aspectos da nossa economia. Além da diminuição na taxa de juros, muitos economistas acreditam que teríamos um aumento no número de empregos, já que uma carga tributária menor ajudaria na criação de novas empresas, facilitaria a contratação de mais funcionários, etc.

Aliás, a carga de impostos atual é tão alta quando comparada com a de outros Países na mesma situação, que se fosse reduzida provavelmente aumentaria a arrecadação final. Países do Leste europeu já descobriram isso e implementaram o imposto único, que na maioria dos casos é menor que 20%.

Os EUA oferecem vários outros bons exemplos do que poderia ser feito. Poderia se criar um mercado secundário de hipotecas (é o que faz a empresa que trabalho por aqui, a segunda maior instituição financeira dos EUA), o governo poderia criar contas de previdência privada isentas de impostos até a retirada (os chamados 401k e IRA), etc.

Mas o mais importante é que precisamos reformar nossas instituições. Quando se fala de "risco Brasil", o maior problema não são os juros, e sim o nosso judiciário (que não permite que as empresas sejam abertas e fechadas rapidamente), nosso legislativo (incluindo nossa constituição "social" de 88), etc.

As soluções existem, são possíveis, e dariam resultado. Só falta vontade política. No fim é sempre mais fácil meter o pau no FMI e deixar o trabalho duro de lado.

Tuesday, April 27, 2004



Terça, 27 de Abril, 2004

  Mais uma contradição





O que não nos falta aqui nos EUA é uma contradição.

Todos sabem que por trás da prosperidade do pais está a liberdade do capitalismo. Diferente da Europa e Japão, aqui os empregados e empregadores tem poucas garantias mas muitas escolhas.

Desde que se comecou a falar da tal "recuperação sem empregos" da economia, o vilão da história voltou a ser o "Outsourcing", a exportação de empregos. Lou Dobbs é um conhecido analista da CNN, e é talvez o que leva mais longe essa discussão. Ele passa grande parte do seu programa falando exclusivamente sobre isso, e chega no ponto absurdo de fazer uma "lista negra" de empresas que "preferem exportar seus empregos e não contratar americanos", como se de alguma maneira isso fosse anti-americano!

Teoricamente toda essa briga é um absurdo. A exportação de empregos é parte crucial da globalização, e os EUA deveriam ser os primeiros a defender o processo. Mas lidar com desemprego nunca é fácil, mesmo quando a taxa é percentualmente pequena (menos de 6% comparado com uma média de 20% na Europa e Japão).

Não existem números que provem que os EUA estão perdendo empregos no geral. Aliás, esse artigo do Economist prova exatamente o contrário.

Isso não é nada novo. Na década de 80 a "ameaça japonesa" assustava todos, e criou-se um movimento nacionalista para tentar reverter a vantagem das montadoras japonesas. Logicamente não deu certo. Quando o governo colocava um novo imposto de 20% nos importados japoneses, as montadoras americanas aumentavam seu preco junto.

Acredito que a maior ameaça para economia mundial atualmente seria o aumento do protecionismo americano. Felizmente, tanto Bush quanto Kerry parecem entender isso. Nenhum dos dois é um grande defensor do mercado livre, mas pelo menos não são protecionistas declarados. Além disso, os empregos começaram a ser criados novamente e a retórica da "recuperação sem empregos" deve sair dos noticiários em breve.

Azar do Lou Dobbs. Sorte de todos nós.

Sunday, April 25, 2004



Domingo, 25 de Abril, 2004

  O preço da liberdade


Para quem não é assinante do UOL, clique aqui para versão original em inglês.

Esse texto é interessante por vários motivos. Primeiro, serve como bom exemplo da agenda ideológica do NY Times.

Segundo, mostra exatamente o que essa ideologia prega. As pessoas de fora dos EUA talvez não tenham idéia da quantidade de pessoas daqui que acreditam que o Estado deveria cuidar de tudo e todos, e do tanto de dinheiro que é gasto atualmente nesse tipo de "programa".

Em São Francisco, por exemplo, qualquer pessoa pode receber 400 dólares do governo. Não é preciso provar que está procurando emprego ou que não use drogas. Em muitos casos não é nem preciso provar que está legalmente no país! O único requisito é não estar empregado. Basta se cadastrar e pronto.

Adivinhem qual é o dia em que a atividade dos traficantes é mais alta em São Francisco? O dia do pagamento da ajuda do governo, claro. Não é muito difícil adivinhar também qual é a cidade que tem mais mendigos, e qual é o Estado com a maior dívida pública nos EUA.

Voltando ao NY Times, essa Nicole Goodwin saiu de casa porque brigava com a mãe, se alistou no exército ("sem esperar ir para a guerra"), ficou grávida no meio do processo, e agora que acabou o seu serviço militar (algo já determinado desde o começo), qual é o seu problema? Não pode voltar a morar com a mãe porque brigam muito. Pior de tudo, agora carrega uma criança que não tem aonde morar.

De alguma maneira, a sociedade é culpada por tudo isso. Apesar de já pagar o abrigo (com suas 3 refeições diárias), o ônibus, o seguro desemprego, todo o resto da estrutura da cidade (que ela não ajuda a sustentar já que não paga imposto nenhum), os culpados pela situação somos nós!

E além de tudo isso, temos que nos sentir mal porque ela tem que levantar cedo do abrigo para procurar emprego?

E para o pessoal que não conhece os EUA, eu asseguro: Se essa mulher quiser, ela arranja emprego. Pode não ser um emprego que pague muito, mas vai pagar mais do que o seguro desemprego. E para os que vão dizer que ela não tem chance de evoluir, que vai ser renegada à um emprego ruim para sempre, o próprio artigo mostra que a história não é bem assim. Afinal, Colin Powell veio do mesmo bairro, e estudou na mesma escola.

Mas para alguns isso não é suficiente. De alguma maneira, em suas mentes “solidárias”, a sociedade (eu incluso) deveria garantir que a vida dela fosse igual à minha. Ou talvez igual à do Colin Powell.

Thursday, April 22, 2004



Quinta, 22 de Abril, 2004

  Mohammed, Ali e Omar: reais guerreiros da liberdade


Será que faz a menor diferença perder tempo tentando explicar porque as tropas americanas e dos outros países da coalisão não devem deixar o Iraque?

Será que essas pessoas que gritam "fora americanos imperialistas" ou "deixem os iraquianos se virarem" realmente pensam nos iraquianos?

Imagino o que esse pessoal sentiria quando lesse esse post aqui... Nada ???

Eu desafio qualquer um, desde os mais anti-americanos que acham que essa guerra toda é somente um esquema para enriquecer a Halliburton, até os nacionalistas ceguetas que acham que os iraquianos simplesmente "não estao lutando por sua liberdade" (como o Bill O'Reilly, que eu geralmente gosto mas que anda insistindo nessa estupidez), a ler esse blog e não mudar de idéia.

Podem me chamar de maluco, de ingênuo, o que for, mas mexeu comigo esse blog. Ver que do outro lado do mundo, numa situação tão adversa, temos pessoas arriscando suas vidas e gastando seu pouco dinheiro para mostrar ao mundo o quanto vale a chance de ter e usar a sua liberdade individual é impressionante.

Com certeza deve ser mais fácil viver num outro mundo, cínico e egoista, e acreditar que os iraquianos estariam em melhor situação se todos os estrangeiros saíssem de lá e pronto. O velho e tradicional "FODA-SE" que a Espanha deu e que todos aplaudiram de pé.

Infelizmente não tenho o email do Mr. Zapatero. Se tivesse, mandaria somente esse pedaço aqui do último post do Mohammed:

"The hardest thing is that I have to fight more, and I will, but God, please give me the strength. Why should I be strong while watching others run away; Spain, Honduras, Thailand, human organizations, the UN and all the others who want (and it’s their right I must say) to avoid the dangers. But why did they disappoint us? Why abandon us in this moment when we really need them? Will they come back when conditions improve? Most likely, but who will need them then!!? We don’t need doctors and engineers. We have enough of those and large numbers of Iraqi doctor, teachers and engineers are working abroad. We do export minds, and some of those have returned and are doing their job and some are on their way back. We need political, financial and military support, and once we get rid of the terrorists, WE will show you what we can do, and we will not forget those who helped us, they will remain as friends and allies, that’s from a political point of view. As for me, they will remain as my real family, my brothers and sisters."

Words are a sword as well.

Tuesday, April 20, 2004



Terça, 20 de Abril, 2004

  Iraque, Iraque, Iraque


Eu sei que o assunto as vezes cansa, mas é importante demais para deixar de lado.

Esses são 3 textos muito interessantes que li nos últimos dias:

Primeiro, a coluna do último domingo do Andrew Sullivan para o Sunday Times of London.

Segundo, um post do Samizdata sobre a trégua em Fallujah. Os comentários do post são especialmente bons.

O último, e talvez melhor texto, vem do Johann Hari web site e fala um pouco sobre a visão geral dos problemas atuais e como os iraquianos encaram tudo isso.

Monday, April 19, 2004



Segunda, 19 de Abril, 2004

  Howard Stern




Howard Stern é de longe a maior personalidade do rádio americano. Ele gosta de ser chamado de 'King of all media', e não chega a ser um exagero. Além do rádio, escreveu um livro, que depois se tornou um filme, produziu uma sitcom, tem seu show de radio exibido na tv toda noite, já foi candidato a governador pelo partido liberal em 94, e seu web site tem milhões de visitantes.

Mas a sua principal atividade continua sendo o rádio. Howard Stern inventou um estilo, e ficou famoso por falar o que pensa. O chamado "Shock Radio". Ele fala sobre sexo (em detalhes), sobre drogas, fala sobre suas filhas, seu divórcio, qualquer coisa que seja considerada controversa e que atraia ouvintes.

O FCC (equivalente ao ministerio das comunicações) sempre teve uma relação problemática com isso tudo. Na década de 90 o multou algumas vezes, mas na prática não conseguiu mudar muito a atitude de Stern. Nos últimos tempos a disputa andava quieta, numa espécie de empate técnico. Mas então veio o 'booby incident' de Janet Jackson, e tudo pegou fogo novamente.

Primeiro, o FCC conseguiu que a Clear Channel, uma das maiores empresas de mídia do mundo, tirasse o show de Stern de suas rádios. Foram 6 afiliadas que deixaram de transmitir o programa, e uma multa de meio milhão de dólares. Agora, o FCC ameaça multar a Infinity Broadcasting (dona do show) em 1.5 milhões. Pior ainda, o FCC quer mudar a regra e começar a multar os DJs e não somente as rádios aonde trabalham. Isso basicamente acabaria com shows como o de Stern.

A partir disso tudo, Howard Stern decidiu que ia contra-atacar. Os alvos são Bush e o FCC, principalmente o seu chairman Michael K. Powell (filho de Collin Powell). Diariamente Stern traz convidados, e fala o que pode e o que não pode sobre o governo Bush. Faz campanha aberta à favor de Kerry, e declara que os EUA estão vivendo uma "guerra cultural".

Howard Stern diz que a constituição defende seu direito de dizer o que bem entender, o que não é bem o caso. O FCC tem todo o direito de controlar as ondas de rádio públicas. Porém, as regras desse controle não são claras, e o FCC está multando Stern por coisas ditas em programas transmitidos anos atrás. Apesar de ter razão, o FCC parece abusar do seu poder e talvez tentar fazer de Howard Stern um exemplo.

Se essa campanha de Stern vai conseguir mudar algo no FCC ou não, é dificil saber. Mas que seus milhões de ouvintes podem ter impacto na eleição, isso eu não duvido.

Por bem ou por mal, esse é mais um inimigo (poderoso) que Bush coleciona. Quantos mais até que a eleição esteja perdida? Acho que não muitos.

Sunday, April 18, 2004



Domingo, 18 de Abril, 2004

  Coragem e covardia


Coragem: Ir para o Iraque para proteger investidores (que com seus negócios trazem prosperidade), ser capturado somente por ter nascido em um certo país (no caso Itália), ser humilhado em público, obrigado a cavar sua própria cova, saber que vai morrer de qualquer jeito, e ainda assim enfrentar os terroristas até o final. Quattrocchi.

Covardia: Nascer e viver em um país que proporciona segurança, saúde, as melhores escolas, liberdade social para falar e escrever o que se pensa (o que lhe rende uma vida bem confortável atualmente), e mesmo assim acusar esse país de ser "o maior terrorista de todos". De quebra, acreditar que os terroristas (como os que mataram Quattrocchi) são "guerreiros da liberdade". Chomsky.

Friday, April 16, 2004



Sexta, 16 de Abril, 2004

  Falando da esquerda...


Outro dia numa discussão sobre o Michael Moore, um colega disse que o meu problema como o Moore era simplesmente o fato dele ser de esquerda.

Nada mais longe da verdade.

Vejam esse editorial muito bom do Paul Berman para o NY Times. O Berman é de esquerda, acredita em conceitos que eu não acredito, mas ele é racional. Ele não precisa de circo e fanfarra para demonstrar o que pensa. Nem de mentiras deslavadas.

Agora vejam essa fantástica mensagem do nosso querido Moore sobre o último discurso do Bush.

Será que deu para entender qual é o problema aqui?

Para quem quer quiser saber mais, esse blog comenta com mais detalhes as compulsivas mentiras desse último 'piece of work' do gordinho manipulador.

E daqui a pouco chega o novo filme dele... Já estou com dor de cabeça só de pensar.

Thursday, April 15, 2004



Quinta, 15 de Abril, 2004

  Samizdata


Um blog meio maluco que se define como "A blog for people with a critically rational individualist perspective. We are developing the social individualist meta-context for the future. From the very serious to the extremely frivolous..."

Por lá achei algumas coisas interessantes , como essa notícia (que ninguém verá no Jornal Nacional) sobre uma demonstração de Curdos, um link para o blog de um xiita, e esse post sobre como o ocidente é uma ameaça para as teocracias.

Mais um para os favoritos.

Wednesday, April 14, 2004



Quarta, 14 de Abril, 2004

  Enquanto isso em um universo paralelo...


Ouvi dizer que esse é um texto retirado do NY Times , num mundo não muito distante do nosso.

Tudo bem que o Bush muitas vezes não coopera, e como lembra o David, não parece ter jogo de cintura nenhum.

Mas hoje em dia chegamos num ponto tal, que Bush é simplesmente culpado por tudo. Seja pelo que ele fez ou seja pelo que deixou de fazer, isso pouco importa.

No Brasil então, já chegamos num ponto totalmente irracional. Nao é mais suficiente criticar Bush. Qualquer crítica que não seja "a la Jabor" é inócua, totalmente inaceitável.

Algo me diz que o Brasil desse mundo paralelo é igualzinho. Talvez pior. Alguém duvida?

Tuesday, April 13, 2004



Terça, 13 de Abril, 2004

  The Political Compass


Científico ou não, achei divertido. Meu resultado foi:

Monday, April 12, 2004



Segunda, 12 de Abril, 2004

  Amir Taheri


Essa é a opinião de Amir Taheri, escritor iraniano e autor de mais de 10 livros sobre o Oriente Médio.

Vale a pena ler e sentir a profunda diferença na visão de Taheri comparada à maioria dos comentaristas ocidentais, até mesmo os mais equilibrados como Friedman. É importante notar que além de se basear em sua esperança, ele também se baseia em fatos.

Para quem acha que nada de bom foi construido nesse ano de Iraque livre, é so conferir a lista. Do sistema educacional à economia, os avanços são consideráveis.

Apesar de entender a importância dos problemas atuais, Taheri parte do princípio de que uma oportunidade para democratização, mesmo que incerta, é algo que não se pode menosprezar.

Um conceito que a grande maioria no Ocidente, acustumada com o conforto de pedir, ou melhor, exigir resultados garantidos, parece não consiguir entender.

Saturday, April 10, 2004



Sábado, 10 de Abril, 2004

  A opinião de Friedman sobre o Iraque


Vale a pena ler esse artigo do Thomas L. Friedman, colunista internacional do NY Times, sobre a situação atual no Iraque.

Assim como ele, acredito que no Iraque atual não temos nenhum VietCong, ou seja, um grupo que represente um nacionalismo iraquiano. Os que agora se revoltam são grupos minoritários que lutam somente por um motivo: tentar estabelecer um regime que atenda suas necessidades minoritárias. Sejam os Sunitas lutando para reconsquistar seus privilégios do antigo partido Baath, ou seja os radicais islâmicos (locais e estrangeiros) tentando destruir qualquer possibilidade de um governo democrata, pluralista e secular.

Porém, é difícil exigir dos iraquianos comuns alguma reação forte contra esses grupos. Assim como é difícil exigir que o exército americano consiga vencer esses grupos radicais nessa guerra urbana sem criar um mal estar na população geral.

Novamente concordo com Friedman que a única solução é o envolvimento cada vez maior da polícia e exército iraquiano no combate desses grupos. E nessas horas fica mais evidente o erro enorme que foi a dissolução do antigo exército iraquiano.

Montar um exército não é brincadeira. O tempo joga contra a esperança de estabilização.

Discordo um pouco da idéia de que o envolvimento da ONU seja somente uma escolha americana, e de que os EUA não tivessem um plano para o pós-guerra. A ONU já demonstrou desde o começo que não quer se envolver na luta sangrenta. O aumento de tropas americanas é uma opção, porém carrega consigo riscos de mais mortes americanas, o que poderia aumentar a pressão política por uma retirada prematura, o que seria desastroso.

Sem dúvida a situação é complicada, e não existem respostas fáceis. Todos sabiam que trazer um governo democrático ao Iraque não seria trivial. Acredito que se as revoltas forem contidas, pelo menos parcialmente, até a entrega simbólica do poder ao governo iraquiano, as chances de que os radicais se isolem ainda mais e que a polícia e exército iraquiano se imponham sejam boas.

Para o bem de todos, especialmente os iraquianos, espero que tudo funcione.

Friday, April 09, 2004



Quinta, 8 de Abril, 2004

  Grupo Folha, a vergonha de sempre


O maior site de noticias da América Latina ataca de novo. Numa prova incrível de superação, o viés anti-americano do Grupo Folha continua me surpreendendo.

Na página principal do UOL dessa quinta, se lia a seguinte manchete:
UOL

E depois, clicando na página da Folha Online, a gritaria aumenta:
Folha

Mais ou menos a mesma coisa que aconteceu no começo da guerra, quando as manchetes se esforçavam bravamente em convencer os leitores que os EUA estavam perdendo a guerra. Porém, a torcida contra os EUA agora é ainda mais evidente. O fato de quem estar atacando os EUA serem grupos minoritários radicais pouco importa. Para os desesperados da Folha, esse é "o Iraque lutando!" contra os malvados americanos que estão lá "ocupando" o Iraque. O fato da maioria do povo iraquiano ser a favor da intervenção americana pouco importa, assim como pouco importa tentar entender o porque dessa revolta justamente quando a data em que o governo iraquiano será transferido de volta aos próprios iraquianos se aproxima.

O bom mesmo é colocar fotos mostrando "Soldados dos EUA feridos abandonam veículos no Iraque", ou dizer que "ucranianos bateram em retirada".

Que lixo.



Quarta, 7 de Abril, 2004

  Propaganda política tem perna curta


Alguns anúncios políticos americanos atuais parecem ter saido de um "documentário" do
Michael Moore. Um festival de informações incorretas, muito exagero, e algumas mentiras descaradas.

Esse site Fact Check parece ser uma fonte independente que mostra a extensão desse problema. Coisas absurdas como o Kerry acusando o Bush de torcer para que os americanos percam empregos ou Bush acusando o Kerry de ter votado 350 vezes por aumento de impostos.

Aliás, esses anúncios mostram o que há de pior nesse sistema bipartidário atual. Muitas pessoas tem como prioridade defender o grupo que pertencem e atacar o grupo adversário, usando os assuntos como meios e não como fim. E é por isso que se um dia eu me registrar para votar aqui, não serei nem Democrata nem Republicano.

Os EUA precisam mais de independentes.



Terça, 6 de Abril, 2004

  E o tempo passa


Essa foi uma dica do Pedro do no mínimo|Weblog.

Me fez pensar que estou ficando velho mesmo. Sou da época em que esse cinquentinha era valioso!

Cinquentinha

Monday Morning Quarterback



Segunda, 5 de Abril, 2004

  Monday Morning Quarterback


Monday Morning Quarterback é a expressão usada por aqui para descrever aquelas pessoas que adoram opinar sobre fatos que já aconteceram. Um comercial de TV da NFL (liga de futebol americano) mostra bem como funciona eesse tipo de gente: Brett Favre (aquele jogador de futebol que aparece no filme There's something about Mary) anda pela cidade com seu uniforme de futebol, e cada vez que passa por alguém enfrentando algum problema, ele mostra com um sorriso no rosto, como seria fácil corrigir o erro que essas pessoas cometeram. Para a mulher que derrubou as compras porque o saco do supermercado estourou, ele diz "eu teria colocado dois sacos", para os pedreiros que estouraram um cano de água, ele diz "eu teria consultado a planta da cidade", e por ai vai.

Quando eu li essa declaração da comissão que investiga o 9/11 de que "provavelmente os ataques poderiam ser prevenidos" eu lembrei na hora desse comercial.

Eu achava essa investigação sobre 9/11 boa em princípio, mas cada vez mais acho difícil não ver um aspecto eleitoral em tudo isso. Primeiro a história do Clarke, depois a polêmica sobre o discurso do pessoal de Bush, e agora mais essa.

O mais irreal dessa coisa toda é a falta de consideração sobre a realidade da época "pré-9/11". Já pensaram o que aconteceria se o Bush ou mesmo o Clinton tivesse atacado o Afeganistão antes de 9/11? Já imaginaram o tamanho do blá-blá-blá internacional? Sem contar que duvido muito que o próprio congresso americano fosse aprovar tal coisa.

Eu comentei outro dia que as teorias de conspiração pecam pela falta de bom senso. Essa investigação sobre o 9/11 começa a parecer cada vez mais uma teoria de conspiração às avessas. "Se" isso tivesse sido feito, e "se" tal pessoa não tivesse entrado no país, e "se" soubessemos do que sabemos hoje, TALVEZ os ataques poderiam ter sido prevenidos...

Realmente é muito fácil ser um Monday Morning Quarterback. Afinal, eles estão sempre certos.

Por onde anda o bom senso?



Sexta, 2 de Abril, 2004

  Por onde anda o bom senso?


É difícil saber atualmente o que é jornalismo sério e o que não é.

Vejam essa revista Carta Capital. Concordo que não é fácil para mim analisar uma revista que tem uma orientação tão diferente da minha, mas certos pontos devem ser independentes. Para começar, somente analisando as últimas capas dessa revista ("O apocalipse bate à porta", "Os EUA grampearam a Alvorada", "A lista dos espiões americanos no Brasil") uma pessoa de bom senso já saberia que a linha deles é um tanto sensacionalista. E como qualquer mídia desse tipo, o objetivo principal não é somente informar, mas sim chocar. E provavelmente ai está a raíz do problema.

Bom exemplo é essa entrevista com Carlos Costa, o suposto "chefe do FBI no Brasil por quatro anos". Obviamente, é impossível saber se o que esse cara disse é verdade ou não. Nenhum outro jornal ou revista de credibilidade falou com essa pessoa, não tem como se ter um parâmetro.

Agora, deixando tudo isso de lado, analisem certos pontos dessa entrevista:

- Primeiro ponto, o tal Carlos diz que "A Polícia Federal brasileira foi comprada pelos EUA". Ok, e quais sao os fatos fornecidos para confirmar tal história? Ele diz que "No ano passado, a DEA doou uns US$ 5 milhões, a NAS (divisão de narcóticos do departamento de Estado), também narcóticos, uns US$ 3 milhões, fora todos os outros." Nomes dos envolvidos? Nenhum. Nem dos americanos envolvidos, nem dos brasileiros envolvidos, nada.

- Segundo, ele diz que "Os EUA manipulam e compram jornalistas da imprensa brasileira". Foi aqui que dei minha primeira risada, e o resto de seriedade da entrevista se perdeu para mim. Será que esse cara confundiu Brasil com Colômbia? Será que ele já deu uma olhada nos jornais brasileiros ultimamente? Eu sempre peço para meus amigos de esquerda que chegam com esse papo que me citem só alguns, digamos 3 ou 4 jornalistas pró-EUA que escrevam para nossos grandes jornais ou revistas. Tirando o Olávo de Carvalho, que não é jornalista e sim analista, eu não sei de ninguém que tenha por exemplo apoiado a guerra no Iraque. E se realmente existe esse esquema elaborado de viagens pagas para os EUA, acredito que seria muito fácil provar o envolvimento desses jornalistas, não é mesmo?

Mas novamente esse Carlos não cita nome nenhum.

Aliás, é interessante parar e pensar o seguinte: Esse cara critica os EUA do começo ao fim, nos mais diversos aspectos, desde as informações sobre o Iraque até a economia,
pintando uma imagem de um governo americano terrível. Então, se o governo dos EUA é essa máfia, essa entrevista foi um grande risco que ele assumiu, correto? Porém, mesmo depois de desafiar os super-poderosos americanos, ele não quis arriscar seus 'contatos brasileiros' e fornecer um nome sequer que pudesse confirmar suas acusações ou não?

Algumas pessoas vão logo achar que eu "não quero acreditar nesse tipo de coisa" (afinal, eu sou o "eterno defensor dos EUA" para esse pessoal). Mas não é nada disso. O que eu quero é que se faça algo concreto. Se existe essa rede de corrupção e manipulação no Brasil atual, quero mais é que os responsáveis brasileiros e americanos sejam punidos da forma mais dura possível. Mas o negócio tem que ser sério. Sair por ai falando tudo isso sem o mínimo de provas, é nada mais que uma fofoca disfarçada de jornalismo.

E os artigos continuam nessa linha, levaria horas e horas analisando inconsistências como essas. Vejam bem, não estou dizendo que tudo que é escrito nessa matéria ou nessa revista é mentira. Não duvido nada que o mundo possa acabar, que os EUA tenham agentes em sua embaixada brasileira, e mesmo que os telefones de Lula tenham sido grampeados. O problema são as inferências, as enormes redes conspiratórias que se desenrolam, invariavelmente sem provas, e que no máximo são baseadas em extrapolações duvidosas.

E o pior de tudo é que esse tipo de informação se alastra como fogo. Recebi vários emails com links para essas matérias, como se estivessem me mostrando uma descoberta fantástica. Lógico que o problema é que essas pessoas somente leram o que queriam ler, e o prazer por alguém ter escrito aquilo é muito maior do que qualquer vontade de analisar o que realmente foi ou não foi dito ali.