Thursday, April 29, 2004



Quinta, 29 de Abril, 2004

  O que falta na economia brasileira


Quando eu critico o Lula e a equipe econômica dele, o pessoal da esquerda fica louco da vida.

Eu tenho a impressão que esse pessoal acredita que, só porque não fizeram alguma loucura e mantiveram o controle fiscal da era FHC, o FMI tem a obrigação de resolver todos os problemas da economia brasileira. Como se o fato de estarmos seguindo as exigências deles (para continuar conseguindo os empréstimos) significa-se uma terceirização total da nossa responsabilidade.

Pior, eles acham que essas exigências do FMI eliminam a possibilidade de qualquer outra mudança na nossa economia.

Existem tantas coisas que poderiam ser feitas que nem sei por onde comecar. Como essa economista sugeriu, mudanças nos nossos impostos poderiam influenciar inúmeros aspectos da nossa economia. Além da diminuição na taxa de juros, muitos economistas acreditam que teríamos um aumento no número de empregos, já que uma carga tributária menor ajudaria na criação de novas empresas, facilitaria a contratação de mais funcionários, etc.

Aliás, a carga de impostos atual é tão alta quando comparada com a de outros Países na mesma situação, que se fosse reduzida provavelmente aumentaria a arrecadação final. Países do Leste europeu já descobriram isso e implementaram o imposto único, que na maioria dos casos é menor que 20%.

Os EUA oferecem vários outros bons exemplos do que poderia ser feito. Poderia se criar um mercado secundário de hipotecas (é o que faz a empresa que trabalho por aqui, a segunda maior instituição financeira dos EUA), o governo poderia criar contas de previdência privada isentas de impostos até a retirada (os chamados 401k e IRA), etc.

Mas o mais importante é que precisamos reformar nossas instituições. Quando se fala de "risco Brasil", o maior problema não são os juros, e sim o nosso judiciário (que não permite que as empresas sejam abertas e fechadas rapidamente), nosso legislativo (incluindo nossa constituição "social" de 88), etc.

As soluções existem, são possíveis, e dariam resultado. Só falta vontade política. No fim é sempre mais fácil meter o pau no FMI e deixar o trabalho duro de lado.