You have to pick your side
Uma entrevista esclarecedora com o presidente do Líbano, Emile Lahoud (grifos meus):
"Der Spiegel - Senhor presidente, o senhor é o comandante em chefe do exército libanês. O Líbano encontra-se em plena guerra, mas ela está sendo lutada por uma milícia no sul do país. Onde está o exército regular?
Emile Lahoud - Eu mesmo formei esse exército depois da guerra civil e integrei todos os grupos religiosos: muçulmanos, cristãos e drusos. Esse exército existe para garantir a paz interna, mas não é um exército para lutar uma guerra.
DS - A resolução 1559 da ONU exige que o exército controle todo o país - até a fronteira com Israel.
Lahoud - Ele faz isso. Mas não foi o exército que libertou o sul ocupado do país, foi principalmente a resistência que conseguiu isso. Sem essa resistência o Líbano ainda estaria ocupado hoje.
DS - O senhor está falando sobre o Hizbollah. Mas a retirada de Israel aconteceu seis anos atrás. Por que o Estado não cumpriu a tarefa definida pela ONU?
Lahoud - Naturalmente os redutos da resistência não são conhecidos.
Apesar da chuva de bombas, os israelenses foram incapazes de apresentar uma única foto de uma base da resistência destruída, porque eles não sabem onde estão. As bases do exército, por outro lado, são bem conhecidas e é por isso que eles estão invariavelmente destruindo nossas forças armadas, e principalmente alvos civis.
DS - Mas permanece o fato de que Beirute deixou de estabelecer uma autoridade no sul - e é exatamente assim que Israel está justificando seus ataques.
Lahoud - Mas essa autoridade é o que Israel está destruindo. As forças armadas israelenses estão destruindo o Líbano, e a comunidade internacional não está tentando detê-las, mas dando-lhes mais tempo para completar seu plano de destruição.
DS - Os soldados seqüestrados deveriam ser devolvidos incondicionalmente, como Israel exige? O senhor considera legítimo usá-los como moeda de troca?
Lahoud - A troca de prisioneiros sempre funcionou perfeitamente no passado. Os alemães, principalmente, foram muito úteis nesse processo. Não está claro se isso acontecerá desta vez. O ambiente está carregado.
DS - Por favor explique sua relação com o Hizbollah. O que o senhor pensa sobre Hassan Nasrallah?
Lahoud - O Hizbollah goza de grande prestígio no Líbano, porque libertou nosso país. Em todo o mundo árabe você escuta: o Hizbollah preserva a honra árabe, e apesar de ser muito pequeno enfrenta Israel. E é claro que Nasrallah tem o meu respeito.
DS - A ONU quer aplacar o problema através de uma mobilização maciça de tropas internacionais no sul do Líbano.
Lahoud - Essa é uma proposta antiga, que é dificilmente realizável.
Enquanto o conflito entre Líbano e Israel permanecer sem solução, nenhuma força internacional adiantará, por maior que seja. Os problemas continuam latentes: a situação indeterminada das fazendas Schebaa, os prisioneiros libaneses em Israel e principalmente os refugiados palestinos no Líbano.
DS - Por que os palestinos?
Lahoud - Hoje temos cerca de meio milhão de refugiados palestinos no Líbano, e seu índice de nascimentos é três vezes maior que o libanês. É uma bomba-relógio. É o problema básico de nosso país, que levou à guerra civil em 1975 e continua sem solução. Hoje todos estão falando na resolução 1559 da ONU, mas ninguém menciona a resolução 194, que reconhece o direito dos palestinos de retornar [a Israel]. O Líbano é pequeno e não pode integrar os palestinos."
E ai? O que fazer com esse show de contradições?
A guerra de Israel é contra o Hezbollah. Se o governo do Líbano está do lado do Hezbollah...
4 comments:
O Oriente Mérdio é um labirinto lovecraftiano, pelo visto.
Como eu disse no outro post, não vejo solução a curto nem médio prazo. O único jeito de acabar com o Hezbollah e grupos do tipo é contar com apoio real dos países onde eles se abrigam, como esse apoio não existe... Israel vai invadir, vai destruir, vai sair e eles vão se reorganizar. E tudo começa de novo, de novo, e de novo...
Na verdade, não é preciso estar ao lado do Hezbolá para ser atingido pela precisão cirúrgica dos ataques israelenses, basta estar "do lado".
É mesmo, esmarte?
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