Syriana e Why we fight
Dizem que Darwin mantinha uma lista aonde ele anotava os argumentos contra as suas teorias, uma espécie de "reality check" para que ele não se perdesse na vontade de acreditar que estava sempre certo.
Eu não mantenho uma lista, mas tento fazer minha parte: Assisto todos os filmes/documentários/propagandas anti-EUA que eu vejo pela frente, sempre em busca de algo que me pareca uma crítica justa.
Esse fim de semana foram mais dois: Why we fight e Syriana.
Syriana é confuso, mas debaixo das cobertas a premissa é simples. A velha história de que o Middle East não se desenvolve porque forcas externas (i.e. Inglaterra, EUA) se beneficiam do atraso e do petroleo deles. Da para ver que eles não estavam interessados numa crítica séria pela forma como eles mostram o recrutamento dos terroristas. Todo aquele clima de "somos bonzinhos e no fim das contas nem percebemos que viramos loucos suicidas" é um absurdo. Assim como é absurdo o maniqueísmo entre o príncipe bonzinho e instruído que quer livrar o país dos americanos e o outro burro, corrupto e pró-ocidente. Enfim, nada de novo.
Já o Why we fight poderia ter sido bom. Os primeiros 45 minutos são relativamente balanceados. Eles deveriam ter explicado o porquê dos EUA terem criado o tal "military complex" que eles citam a cada 5 minutos, e o porquê do Eisenhower (eles mostram o discurso de despedida dele umas 10 vezes) ter reclamado desse aumento de gastos com o exercito MAS não ter feito nada para diminui-lo (eles nem citam como a guerra da Coréia começou ou "terminou"). Se o filme fosse realmente justo, teria que ter iniciado sua narrativa pelo menos em 1939, e explicado como era a situação do exército americano naquela época. Mas de qualquer forma, o ponto dessa primeira hora de que os conchavos entre os políticos e os executivos da indústria de defesa pode levar a decisões erradas sobre paz e guerra é válido.
Infelizmente, a segunda hora do filme é um desastre que poderia ter saído de um fakomentary do Michael Moore.
Um festival de lugares comuns e teorias absurdas sobre como os americanos são na verdade loucos facínoras. Na melhor delas, um dos sempre presentes disgruntled CIA officers explica porque o "imperialismo" americano é diferente: Ele diz que os americanos não querem território, e sim impor o free-market ao mundo para que as empresas americanas façam mais dinheiro. Pobres iraquianos, consigo até ver como serão obrigados a só comer MacDonalds e tomar coca-cola really soon.
Mas pior de tudo foi quando disseram que a imprensa foi boazinha demais durante a guerra do Iraque. Até o coitado do Dan Rather faz um discurdo loony no finalzinho. Só faltou a Cindy Sheehan.
Uma bela decepção.