Sunday, October 31, 2004



Domingo, 31 de outubro, 2004

   Previsão esportiva

Desde 1936, a tradição diz que quando os Redskins (time de futebol americano de Washington DC) ganham o seu último jogo em casa antes das eleições, o presidente buscando segundo termo vence. Quando os Redskins perdem, o desafiante vence.

Placar do jogo de hoje: Washington Redskins 14 x 28 Green Bay Packers.

Saturday, October 30, 2004



Sábado, 29 de outubro, 2004

   Jane Galt

É sempre bom achar um texto que diga o que você queria dizer.

Essa explicação da Jane Galt (do ótimo Asymmetrical Information) do porquê ela apoia o Bush bate quase 100% com os meus motivos. E serve bem para responder os comentários sobre o meu post anterior, especialmente sobre a economia e a guerra do Iraque.

Vale a pena conferir.

Friday, October 29, 2004



Sexta, 29 de outubro, 2004

   Economist apoia Kerry

A surpresa maior desse apoio da Economist ao Kerry (via no mínimo) não foi ao meu ver o fato de que a revista foi a favor da guerra e agora apoia um candidato que é inconsistente sobre o que se fazer com o Iraque (como bem explica o Michael Young).

A maior surpresa é que a Economist, diferente do que o nome leva a pensar, não levou a economia muito em conta.

Claro que existem muitos fatos contra o Bush na área econômica: Ele aumentou o tamanho do governo, fez pouco pelo aumento do free trade pelo mundo, e até mesmo brincou com uma medida protecionista aqui e ali.

Mas diante do que Kerry propõe, principalmente no campo internacional (o infame "level the playfield") eu acho que Bush não é somente a opção menos ruim: Ele é a única opção. A escolha do Edwards para vice não foi por acaso, e deveria deixar bem claro que Kerry não é nenhum Clinton.

Irônicamente, a Slate mostra um exemplo contrário a da Economist (via LLL). O economista Steven Landsburg, que se considera politicamente de esquerda, vai apoiar Bush. Nas palavras de Landsburg:

"If George Bush had chosen the racist David Duke as a running mate, I'd have voted against him, almost without regard to any other issue. Instead, John Kerry chose the xenophobe John Edwards as a running mate. I will therefore vote against John Kerry…

Duke thinks it's imperative to protect white jobs from black competition. Edwards thinks it's imperative to protect American jobs from foreign competition. There's not a dime's worth of moral difference there. While Duke would discriminate on the arbitrary basis of skin color, Edwards would discriminate on the arbitrary basis of birthplace. Either way, bigotry is bigotry, and appeals to base instincts should always be repudiated
."

Enfim, é preciso lembrar que apesar dos mil defeitos de Bush, Kerry não é automaticamente uma solução para os mesmos. Pode ser um daqueles casos em que o remédio acaba fazendo mais estragos que a doença original...

Monday, October 25, 2004



Segunda, 25 de outubro, 2004

   Minha previsão

Faltando uma semana para a eleição, aqui vai meu chute:

Bush vence no colégio eleitoral: 271 x 267. Ele ganha novamente na Flórida, mas dessa vez a surpresa será Iowa e Winsconsin indo para os Republicanos. Kerry levará Ohio e Pennsylvania. O voto popular será muito, muito próximo, mas dessa vez o Bush leva por uma pequena vantagem.

Para quem quiser dar uma de palpiteiro como eu, confira o 'Electoral Vote Tracker' do LA Times. Você pode mudar a cor dos Estados como bem entender, e ver quem vence nos diversos cenários. Com direito a musiquinha da vitória e tudo.

Façam suas apostas.

Wednesday, October 20, 2004



Quarta, 20 de outubro, 2004

   no mínimo e as eleições dos EUA

O no mínimo lançou esse blog especial das eleições americanas, e ficou bem legal.

O Pedro (autor do blog) anda partidário demais para o meu gosto, but hey, ele pode dizer exatamente o mesmo sobre mim. No fim das contas, as diferenças é que fazem o debate interessante, e apesar de estar altamente outnumbered eu ponho uma briga boa.

Não deixem de conferir.

Friday, October 15, 2004



Sexta, 15 de outubro, 2004

   Percepções e a realidade

Analisando resultados anteriores, o Gallup conclui nesse artigo que debates nem sempre influenciam as eleições.

Mas será que os resultados dos debates simplesmente não importam ou será que esses resultados não estão sendo compreendidos ou medidos corretamente?

Por exemplo, a pesquisa "relâmpago" feita pela CNN/USA Today/Gallup especificamente sobre quem venceu o terceiro debate deu vitória do Kerry por 52%/39%. Mas as pesquisas sobre intenção de voto feitas logo após o terceiro debate mostram o Bush subindo: a Zogby mostra o Bush subindo 4 pontos, o TIPP mostra o Bush subindo 3 pontos, e a ABC/Washington Post mostra empate, mas com Kerry perdendo um ponto.

A mesma situação ocorreu após o segundo debate, apesar da maioria das pesquisas sobre o debate mostrarem um empate.

Como é que um candidato pode ter ganho o debate e perdido intenções de voto?

O que eu acho é que a maneira que esses debates vem sendo analisados é ilusória. A importância desproporcional dada a retórica, aparência e estilo é uma criação da imprensa. Obviamente, a influência da imprensa é grande e as pesquisas tendem a julgar quem ganhou os debates baseado nessas premissas. Mas quando chega na hora de responder a simples questão "Em quem você vai votar", a maioria das pessoas simplesmente ignora tudo isso.

E é por isso que as pesquisas não batem. Os debates valem, e isso fica claro pela mudança nos números de intenção de voto. Mas o que não importa muito é a maneira como a imprensa insiste em julgar os resultados! O que acaba influenciando os eleitores são as propostas e idéias apresentadas no debate.

E é assim que as coisas devem ser, não é mesmo?

Wednesday, October 13, 2004



Quarta, 13 de outubro, 2004

   Sistema eleitoral americano


Desde a vitória do Bush em 2000, o sistema de votos por estado virou um alvo fácil da imprensa daqui.

Mas será que esse sistema é tão injusto assim?

A situação de 2000, aonde o voto popular foi diferente do total por estados é realmente um problema. Mas é um problema bem raro. E quando se considera a idéia por trás dos votos eleitorais por estado, que é diluir pelo menos em parte o poder de centros urbanos super-populosos, o sistema funcionou.

A questão é: Será que é justo deixar que New York e LA, por exemplo, praticamente decidam as eleições de um país tão grande? Ao mesmo tempo, será que essa super atenção (leia-se recursos durante e depois das campanhas) dada a certos "swing states" é realmente justa com o resto do país?

Difícil de saber. O certo é que o problema não tem solução perfeita, e mudar uma tradição dessas não é nada fácil.

Sunday, October 10, 2004



Domingo, 10 de outubro, 2004

   Hummmm...



"From The Wall Street Journal: Iraq Amnesia.

[Saddam] instituted an epic bribery scheme aimed primarily at three of the five permanent members of the U.N. Security Council, with the intent of having them help lift those sanctions.
"Saddam personally approved and removed all names of voucher recipients," under the Oil for Food program, Mr. Duelfer writes. Alleged beneficiaries of such bribes include individuals in China, as well as some with close ties to Russian President Vladimir Putin and French President Jacques Chirac
."

Isso ainda vai dar um rolo...

Saturday, October 09, 2004



Sábado, 9 de outubro, 2004

   Bush vs Kerry: Round 2

A percepção pública desses debates é imprevisivel. Lembro que ja tinha achado a mesma coisa em 2000, mas dessa vez a situação é pior ainda.

O problema é que eu tendo a analisar o conteúdo do que é dito, e não quem é mais alto, quem apontou mais para o nariz do outro, quem fez mais caretas, ou qual gravata estava mais alinhada.

O peso exagerado dado a esse lado estético do debate me incomoda, e é a única explicação que eu acho para minha opinião ser tão diferente da maioria.

Quem esperava que o Bush fosse um primor de eloquência nesses debates pode ficar esperando. It's just not happening. Muitos podem argumentar que essa seria uma característica imprescindível para um político, mas o fato é que o Bush sempre foi desse jeito.

De acordo com o Gallup, o debate de ontem foi um empate. Porém, entre os independentes, o Kerry venceu por 53 x 37.

O que eu posso falar? Eu não acho que o Bush foi mal no primeiro debate, e acho que ontem ele foi bem melhor.

O que importa se o Kerry pareceu "Presidencial"??? Você tem um cara que propõe um plano de saúde federal universal, uma das propostas mais caras de toda história e que aumentaria o tamanho do governo em proporções gigantescas, ao mesmo tempo que promete cortar impostos, aumentar o tamanho do exército, diminuir o enorme déficit pela metade em quatro anos, etc, etc. Na minha opinião, não existe retórica que faça esses absurdos soarem menos absurdos do que são.

Obviamente o Bush tem seus defeitos. A guerra no Iraque foi altamente arriscada, a diplomacia internacional fraquíssima, o controle dos gastos internos deveria ter sido muito melhor, e as iniciativas ambientais são muito poucas e falhas.

E eu não tenho nada pessoal contra o Kerry. Acho que ele seria um presidente muito melhor que o Al Gore, por exemplo.

Mas será que ninguém percebe o absurdo dessas propostas que ele usou nos debates?

Qual é a real diferença do plano dele para o Iraque? E a proposta de lidar individualmente com a Coréia do Norte??? Como é que os liberais e o pessoal dos países em desenvolvimento não se revoltam com as propostas altamente protecionistas (o infame argumento de "leveling the playfield")???

Enfim, eu desisto de tentar tirar alguma conclusão lógica desses debates. A bronca pessoal contra o Bush parece sobrepujar qualquer tipo de argumento racional.

Wednesday, October 06, 2004



Quinta, 7 de outubro, 2004

   FactCheck e o debate dos VPs

Eu tinha descoberto o FactCheck no começo da campanha americana, em Abril. O site é bom, e expõe as distorções dos dois lados (que não são poucas). Por isso mesmo, fiquei surpreso quando o Cheny citou o site quando se defendia das usuais críticas relacionadas à Halliburton.

A repercução foi grande, e o FactCheck organizou uma página que detalha os "erros" do debate dos VPs. Como já era de se esperar, os dois lados enrolaram.

Entretanto, esse tipo de iniciativa não acaba com as acusações de sempre que só um lado distorce os fatos. Para isso, vale até mesmo distorcer o próprio FactCheck(!) e citar somente as partes que interessam.

Como a mídia é na grande maioria pró-Kerry, o Cheney pagou o pato. Até o fato dele ter citado a URL errada, obviamente sem intenção, foi tratado como 'erro grave'.

Mas o pior mesmo são as manipulações. O Washington Post é um bom exemplo, a NPR também, e até mesmo o Pedro, do no mínimo | Weblog, que geralmente é justo, caiu nessa.

No fim das contas, os fatos não parecem importar tanto assim.

Monday, October 04, 2004



Terça, 5 de outubro, 2004

   Remando contra a maré (e quase se afogando)

Uma das maiores vantagens da globalização é que os governos tem menos poder para esconder as consequências de suas idéias estúpidas. O mercado quase sempre acha uma maneira de deixar bem claro quem ganha e quem perde com uma determinada situação.

O protecionismo, juntamente com o nível absurdo de impostos, são as duas maiores causas para a nossa economia não se desenvolver como poderia. Enquanto o governo brasileiro continuar com essa teoria mercantilista de exportar matéria prima e não facilitar importação de produtos industrializados, continuaremos sendo somente um fazendão de terceiro mundo. Podemos até organizar um pouquinho melhor o fazendão aqui e ali, mas não passaremos disso nunca.

Com outros países em desenvolvimento aos poucos acordando para essa realidade, a situação só tende a piorar.

Esse exemplo das empresas brasileiras se mudando para o Chile e o México é tão claro, tão didático, que deveria ser suficiente para o Celso Amorim pedir demissão imediatamente. Mas quanta pretensão minha! O super Amorim acha que exportar empregos (e ainda ter de importar os produtos dessas empresas por um preço muito mais alto depois) é bom.

Pure genius. Prá frente Brasil!!!

Friday, October 01, 2004



Sexta, 1 de outubro, 2004

   Bush vs Kerry: Round 1

Finalmente alguma emoção! Apesar dos pesares, acho que o debate foi melhor do que eu esperava. As pesquisas de opinião, como o Focus Group e Gallup mostram que Kerry foi melhor.

Acho que o debate teve dois periodos distintos. Nos primeiros 40-45 minutos, achei que o Bush foi melhor. O Kerry insistiu em trazer o Vietnã na conversa, estava visivelmente nervoso, e continuava não sendo claro sobre seu plano para o Iraque. O Bush foi como sempre: pouco articulado, mas claro e objetivo.

Na segunda parte do debate, o Kerry acordou. Finalmente deixou a polêmica das WMDs e Vietnã de lado, e começou a focalizar no seu ponto mais forte, que é a promessa de fazer um trabalho melhor no Iraque (apesar de não definir bem como) e usar sua experiência internacional para trazer mais boa vontade dos aliados.

O 'delivery' do Kerry nessa parte final foi melhor que o de custume, e o Bush se mostrou claramente cansado e irritado. Apesar de conseguir rebater a maioria das acusações do Kerry, Bush repetiu muitas vezes as mesmas respostas ("don't send mixed signals", "That will never work") e deixou algumas oportunidades passarem batidas.

No fim das contas, minha opinião pessoal não bate com a da maioria. Acho que o "primeiro tempo" do Bush foi melhor do que o segundo do Kerry. No máximo um empate. Além disso, os argumentos não foram novidade, e o fato do Bush não ir bem em qualquer tipo de discurso público é conhecido (ele perdeu 2 dos 3 debates contra o Gore).

As pesquisas antes do debate mostravam Bush liderando por 8 pontos. Se tivesse vencido esse primeiro debate de maneira decisiva, a eleição estaria praticamente decidida. Do jeito que foi, tudo continua no ar.

Kerry precisa vencer de forma mais decisiva os próximos 2 debates, especialmente o último.

Sunday, September 26, 2004



Domingo, 26 de setembro, 2004

   MiBlogs

MiBlogs são os blogs feitos por soldados no Iraque. A diversidade é grande, e a quantidade aumenta a cada dia, apesar do Pentagono não gostar muito dessa novidade. De link em link, esses foram os que eu achei mais interessantes:

My War
Blog de um soldado de infantaria do exército, da brigada Stryker. Basicamente contra a guerra. Parece que o comandante dele não gostou muito da idéia e segundo essa notícia da AP, ele foi suspenso por 5 dias.

Candle in the dark
Blog de um cubano morador da Flórida, atualmente trabalhando como médico de um batalhão de infantaria em Mosul. Se descreve como "Conservador e agnóstico", e escreve sobre vários assuntos. Dei risada com o texto sobre o Che.

A line in the sand
Blog de um sargento do exército. Apesar dele ser exageradamente pró-Bush (ele trabalhou para a campanha Bush em 2000), achei os posts interessantes.
Ele também tem fotos.

Dagger Jag
Meu favorito. Blog de um advogado atualmente na 1.a Divisão da infantaria, segunda brigada (Dagger). Ele ajuda nas iniciativas do novo sistema legal iraquiano, além do trabalho regular de soldado. Também tem algumas fotos interessantes.

Enfim, esses blogs de soldados, assim como os blogs de iraquianos, são uma fonte bem interessante. A reclamação mais comum é a total falta de cobertura da imprensa "normal" dos acontecimentos positivos no Iraque. Afinal, inaugurar uma escola ou reabrir um hospital não é tão "popular" como um carro bomba matando 10 pessoas e abrindo uma cratera enorme na rua.

É difícil analisar o macro sem realmente entender o micro. Apesar de toda crise e confusão, o Iraque ainda tem chances de ser um exemplo de mudança para o melhor, como já acontece no Norte desse país há mais de 10 anos. Como diz o Eric Magnell, o advogado que citei acima, num post chamado "The End Is Near!!":

"Let me propose another possibility based on my own limited observation of what has and hasn't worked over here. The people of Iraq will not put aside their ethnic, tribal or religious differences but will eventually understand that continued violence is only hurting themselves. As they see the benefits (economically and politically) of cooperation and peaceful coexistence with coalition forces they will start pressuring the Iraqis who are attacking coalition and Iraqi Security forces to stop. They will realize that the best and surest way to get the coalition out of Iraq (something almost all Iraqis agree that they want eventually) is to stop those Iraqis in their tribes from attacking us. They will start reporting the foreigners who come into their towns to plan and conduct attacks because they will understand how those attacks personally effect their lives. Once the attacks stop in an area, we can and will start work on many projects to help the people out. They will see the benefits of clean drinking water, new hospitals, schools, roads, radios and television stations. All of these things we have already finished or are working on in many cities and town where the people are allowing us to come in freely without fear of attacks. I think that more and more Iraqis are recognizing the benefits of working with us instead of against us. They may not be overjoyed that we are still here but they realize that cooperation is leading to a better outcome than violent resistence. Allawis' method of negotiating with rebel leaders and groups is starting to work in many parts of Iraq and it is a break from the Iraqi tradition of brutally supressing any form of resistence."

Saturday, September 25, 2004



Sábado, 25 de setembro, 2004

   Che, Raúl Rivero e a hipocrisia geral

Eu ia escrever sobre esse filme "Diários de Motocicleta", e a hipócrita adoração e mistificação do assassino maluco que foi o Che. Ia também escrever sobre o movimento reacionário de esquerda que ele participou (e que insiste em não morrer), e o atraso, totalitarismo e violência que ele representa.

Mas para minha sorte, achei esse texto da Slate já diz tudo isso e algo mais. Para quem não quer ler todo o artigo, aqui vai um resumo:

"The Cult of Che
Don't applaud The Motorcycle Diaries.
By Paul Berman
Posted Friday, Sept. 24, 2004, at 4:33 AM PT

The cult of Ernesto Che Guevara is an episode in the moral callousness of our time. Che was a totalitarian. He achieved nothing but disaster. Many of the early leaders of the Cuban Revolution favored a democratic or democratic-socialist direction for the new Cuba. But Che was a mainstay of the hardline pro-Soviet faction, and his faction won. Che presided over the Cuban Revolution's first firing squads. He founded Cuba's "labor camp" system—the system that was eventually employed to incarcerate gays, dissidents, and AIDS victims. To get himself killed, and to get a lot of other people killed, was central to Che's imagination. In the famous essay in which he issued his ringing call for "two, three, many Vietnams," he also spoke about martyrdom and managed to compose a number of chilling phrases: "Hatred as an element of struggle; unbending hatred for the enemy, which pushes a human being beyond his natural limitations, making him into an effective, violent, selective, and cold-blooded killing machine. This is what our soldiers must become …"— and so on. He was killed in Bolivia in 1967, leading a guerrilla movement that had failed to enlist a single Bolivian peasant. And yet he succeeded in inspiring tens of thousands of middle class Latin-Americans to exit the universities and organize guerrilla insurgencies of their own. And these insurgencies likewise accomplished nothing, except to bring about the death of hundreds of thousands, and to set back the cause of Latin-American democracy—a tragedy on the hugest scale.
...

The modern-day cult of Che blinds us not just to the past but also to the present. Right now a tremendous social struggle is taking place in Cuba. Dissident liberals have demanded fundamental human rights, and the dictatorship has rounded up all but one or two of the dissident leaders and sentenced them to many years in prison. Among those imprisoned leaders is an important Cuban poet and journalist, Raúl Rivero, who is serving a 20-year sentence. In the last couple of years the dissident movement has sprung up in yet another form in Cuba, as a campaign to establish independent libraries, free of state control; and state repression has fallen on this campaign, too.

I wonder if people who stand up to cheer a hagiography of Che Guevara, as the Sundance audience did, will ever give a damn about the oppressed people of Cuba—will ever lift a finger on behalf of the Cuban liberals and dissidents. It's easy in the world of film to make a movie about Che, but who among that cheering audience is going to make a movie about Raúl Rivero?

As a protest against the ovation at Sundance, I would like to append one of Rivero's poems to my comment here. The police confiscated Rivero's books and papers at the time of his arrest, but the poet's wife, Blanca Reyes, was able to rescue the manuscript of a poem describing an earlier police raid on his home. Letras Libres published the poem in Mexico. I hope that Rivero will forgive me for my translation. I like this poem because it shows that the modern, Almodóvar-like qualities of impudence, wit, irreverence, irony, playfulness, and freedom, so badly missing from Salles' pious work of cinematic genuflection, are fully alive in Latin America, and can be found right now in a Cuban prison.

Search Order
by Raúl Rivero

What are these gentlemen looking for
in my house?

What is this officer doing
reading the sheet of paper
on which I've written
the words "ambition," "lightness," and "brittle"?

What hint of conspiracy
speaks to him from the photo without a dedication
of my father in a guayabera (black tie)
in the fields of the National Capitol?

How does he interpret my certificates of divorce?

Where will his techniques of harassment lead him
when he reads the ten-line poems
and discovers the war wounds
of my great-grandfather?

Eight policemen
are examining the texts and drawings of my daughters,
and are infiltrating themselves into my emotional networks
and want to know where little Andrea sleeps
and what does her asthma have to do
with my carpets.

They want the code of a message from Zucu
in the upper part
of a cryptic text (here a light triumphal smile
of the comrade):
"Castles with music box. I won't let the boy
hang out with the boogeyman. Jennie."

A specialist in aporia came,
a literary critic with the rank of interim corporal
who examined at the point of a gun
the hills of poetry books.

Eight policemen
in my house
with a search order,
a clean operation,
a full victory
for the vanguard of the proletariat
who confiscated my Consul typewriter,
one hundred forty-two blank pages
and a sad and personal heap of papers
—the most perishable of the perishable
from this summer.
"

Wednesday, September 22, 2004



Quarta, 22 de setembro, 2004

   WSJ: Kerry e o Iraque

Resumo abaixo esse editorial do WSJ, que achei especialmente bom. Para o artigo completo clique aqui.

"If nothing else, John Kerry's apparent decision to close out the 2004 Presidential campaign as the "antiwar" candidate would seem to be true to himself and to the party he now leads.

The Democratic nominee entered public life, after all, questioning both America's policy and its purposes in Vietnam. He's now staking his bid for the White House as a critic of the boldest and most divisive American foreign policy initiative since. In the process, Mr. Kerry just might offer us all a clarifying debate over the proper scope and scale of the war on terror, and his Democratic base a badly needed sense that its misgivings about Iraq in particular have gotten a fair hearing.

At least that's what we're hoping. Although we'll make no secret of the fact that we disagree with much of what Mr. Kerry had to say is his speech at New York University on Monday, the Senator finally did offer an internally coherent alternative to the Bush foreign policy of the past four years.
...

When it comes to the war on terror's grand strategy, readers probably won't be surprised to learn we prefer the Bush version. Limiting the definition of the enemy to bin Laden and his associates makes little sense in an age when terrorists cavort with rogue states and multiply like blades of grass in the despotic soil of the Middle East. Without an Iraq-type plan for changing the region, the U.S. would seem condemned to a century of playing terrorist whack-a-mole. If Mr. Kerry has an alternative root-causes strategy, he has yet to articulate it.

When it comes to Iraq specifically, Mr. Kerry's picture of the country is unrealistically bleak and many of his proposals are already in motion. Iraqi security forces are being trained, after all, and Mr. Bush and Prime Minister Allawi remain committed to the January elections. As for getting other countries to share more of the burden, good luck. Sometimes we think we might enjoy a Kerry victory just for the spectacle of watching a Secretary of State Biden or Holbrooke try to convince the Europeans to accept responsibility for their own security, never mind Iraq's.

The line about making Iraq "the world's responsibility" was perhaps the most revealing in Mr. Kerry's speech. Whereas John F. Kennedy's Democrats pledged to "pay any price, bear any burden" in the promotion and defense of liberty, today's Vietnam-scarred party sees little or no special role for American providence in the world. And the world knows it. Such statements risk encouraging our Baathist and jihadist enemies in their belief that we lack staying power. Likewise, they signal to our potential Iraqi allies that it would be wise to avoid choosing sides until November.

As we've noted before, one of the striking trends in recent years has been the complete role reversal of our two major parties in their philosophy of foreign policy, with Republicans pushing idealism and Democrats deriding it as "neocon" folly. This campaign is shaping up to be no exception.

Mr. Kerry is offering a minimalist conception of the war on terror, focused on al Qaeda and a rapid exit from Iraq. Mr. Bush spoke to the United Nations yesterday again pushing his democracy-for-the-Middle-East line. No one will be able to say voters weren't offered a clear foreign policy choice come November."

Tuesday, September 21, 2004



Terça, 21 de setembro, 2004

   Mídia vs Bush

Uma das coisas mais impressionantes sobre o atual cenário político americano é o total apoio da mídia aos democratas.

Três das quatro grandes redes de TV (ABC,CBS,NBC) são completamente anti-Bush. A menor delas, a FOX, é a única pró-Bush. Das TVs à cabo, a história é a mesma. MSNBC, CNBC e CNN são claramente anti-Bush, e a FOX News é a exceção.

Mesmo a parte da mídia que não lida com notícias, como HBO e os grandes estúdios de Hollywood, são claramente pró-democratas. Aliás, os artistas de Hollywood são um dos grupos mais ativos pelas campanhas do Kerry.

Nos jornais, a situação é pior ainda. Dos maiores jornais, todos são claramente anti-Bush (USA Today, NY Times, LA Times, Washington Post) e o único contrário é o Wall Street Journal.

No rádio as opções são mais equilibradas, entre a rede da NPR (democrata) e os programas independentes de comentários (maioria republicano). Mas o rádio é sem dúvida o meio que menos influi na opinião pública atual.

Essa última "mancada" da CBS é só um exemplo de quão perigoso esse problema é. Eles aceitaram esses documentos falsos contra o Bush sem ao menos checar a fonte. E a falsificação é tão óbvia e absurda, que a influência ideológica é indiscutível.

Se a FOX fizesse algo do tipo, seria um caos. Aliás, a FOX é rotulada como "FAUX" News mesmo sem ter nennhum episódio desses no currículo.

A minha pergunta é a seguinte: Como as últimas eleições e as pesquisas atuais mostram, os EUA estão divididos 50/50 entre democratas e republicanos. Então como explicar essa diferenca tão absurda na mídia?

Eu sinceramente não sei.

Friday, September 17, 2004



Sexta, 17 de setembro, 2004

   Ivan



Pela primeira vez eu vejo um furacão tão de perto. Eu vi dois iguais esse da foto se formarem ainda no caminho do trabalho, e passamos literalmente do lado deles, menos de um quarteirão de distância. Quando chegamos em casa a mobília do terraço tinha voado para todo lado.

Parece que tivemos sorte e foi só isso...



Sexta, 17 de setembro, 2004

   O funeral dos partidos

"O funeral dos partidos - Guilherme Fiuza para o No Mínimo

15.09.2004 | As eleições municipais de 2004 poderão ser lembradas como aquelas em que traficantes receberam a companhia de limpeza urbana a bala, no subúrbio carioca de Irajá. O objetivo da “operação” era resgatar dos lixeiros o material de propaganda do candidato do PMDB. Ulysses Guimarães não viveu para conhecer esse tipo de cabo eleitoral, mas ficaria orgulhoso de ver, nessa mesma conjuntura, suas sementes democráticas brotando em Xapuri, no Acre. A terra de Chico Mendes foi incluída entre os exemplos mundiais de soluções para a vida nas cidades.

O PMDB de hoje é, em todo o território nacional, o melhor exemplo de vampirização do Estado pela política. Uma sigla que não quer dizer nada, ou melhor seria dizer uma senha – que pode valer algumas cestas básicas ou um aviso de que os fuzis bandidos daquela área “recomendam” o voto em fulano. Isto é o PMDB, e é o quadro atual dos partidos políticos nacionais.

O PSDB e o PT podem virar casaca à vontade, do dia para a noite, na questão da cobrança dos servidores aposentados, por exemplo. É legítimo que um defenda hoje o que maldizia ontem, e vice-versa. Só não podem continuar insistindo em convencer a platéia de que são partidos políticos. Assumam-se como brigadas de disputa do poder, parem de cansar o país com essa conversa de princípios e programas, e estará tudo certo.

Xapuri não tem nada com isso. A cidade acreana, ou pelo menos parte dela, está cada vez mais numa órbita que tem pouco a ver com senhas partidárias para assalto ao poder público. É a órbita da ação direta, da gestão criativa, da solução. O município de Chico Mendes acaba de ser incluído numa lista das Nações Unidas de práticas-modelo. O projeto de Exploração Sustentável da Floresta, através do Pólo Moveleiro da cidade, recebeu o Prêmio Internacional Dubai de Melhores Práticas, do Programa de Assentamentos Humanos da ONU. O uso racional de madeiras nativas na confecção de móveis envolve 150 famílias, que melhoraram significativamente sua renda.

O lugar de onde vem esta notícia está cheio de outras igualmente frescas, interessantes e reais – distantes do show fantasioso das campanhas eleitorais. É o projeto Cidade Sustentável, uma pista de que a política ainda possa ter alguma coisa a ver com a busca por uma vida melhor para todos. O responsável pela iniciativa é o deputado federal Fernando Gabeira, que não por acaso está sem partido.

Gabeira conquistou seu atual mandato pelo PT, e acreditava representar um certo conjunto de princípios avalizados pelo partido. No entanto, da noite para o dia, assim como se decide punir os velhos da nação pelo desequilíbrio do caixa, viu o governo do PT legalizar safras de transgênicos contrabandeados, investir em energia geradora de lixo radioativo e encampar o discurso de que os cuidados ambientais estavam travando o crescimento econômico. Todos são livres para mudar de idéia a cada manhã, mas se a idéia faz parte de um compromisso político-partidário, alguém pode querer pular fora da brincadeira. Gabeira pulou.

O projeto Cidade Sustentável (www.cidadesustentavel.com.br) é uma idéia tonificante para uma democracia impregnada de mofo partidário. Fernando Gabeira criou-o como uma espécie de rede de soluções, prospectando e estabelecendo links entre as mais diversas práticas criadas por universidades, associações e entidades variadas, inclusive governos. Desse entroncamento de iniciativas emerge um vasto painel – sempre em expansão – de possibilidades de gestão saudável da vida urbana. É um choque de esperança para quem se acostumou a viver a política como um Fla-Flu partidário, eterno tiroteio entre promessas que não se realizaram e as que não vão se realizar.

Do Pólo Moveleiro de Xapuri, pela rede da Cidade Sustentável, pode-se saltar para a Incubadora de Cooperativas do Rio de Janeiro. Ela organiza e acompanha grupos de trabalhadores até sua inserção no mercado. Uma equipe multidisciplinar, com professores, pesquisadores, técnicos e estudantes, dá apoio técnico e educacional de forma a permitir que, no máximo em três anos, os grupos tenham condições de sobreviver economicamente num espaço competitivo.

Já os Conselhos Comunitários de Segurança, projeto desenvolvido no Ceará, espalham núcleos de articulação entre a polícia e a população. Até o ano passado, já haviam sido criados cerca de 850 Conselhos, envolvendo diretamente 15 “voluntários da paz”. Eles estão espalhados pelos 184 municípios cearenses, com ramificações em bairros, distritos, vilas, povoados, litoral, serra e sertão.

Uma boa navegada pela Cidade Sustentável é suficiente para lembrar quanta vida inteligente pode existir fora do rame-rame partidário. Se o PMDB de Ulysses, que combateu as baionetas, tem boa vizinhança com o AR-15, e se o PFL, que amava tanto o Banco Central, agora quer que o câmbio se exploda, melhor revogar logo as letrinhas todas, que só servem para confundir. Se criaria então o partido dos que querem ficar um tempão no poder com Dirceu, o partido dos que querem voltar para sempre ao poder com Bornhausen, o partido dos que não se conformam em ter perdido o poder com Serra e o partido dos que querem dar só mais uma passadinha no poder com Maluf.

Esclarecido isto, o país poderia voltar a discutir seus problemas reais, já sem precisar pagar pedágio a miragens alfabéticas."

Thursday, September 16, 2004



Quinta, 16 de setembro, 2004

   Chávez e Putin

Enquanto o mundo se preocupa com o Bush, duas importantes democracias acabam aos poucos na frente de todos.

Na Venezuela, o populismo de esquerda mais uma vez mostra que não consegue ficar longe do autoritarismo. Com a ajuda de muitos, e usando a democracia contra ela mesma, Chávez vai retrocedendo a passos largos. Na capa da Folha de hoje, o Lula está lá bonitinho conversando com o 'el Presidente'. Talvez discutindo mais um empréstimo brasileiro, ou uma nova remessa de barrís de petróleo, vai saber.

Do outro lado, o caso da Rússia mostra a hipocrisia da tal 'comunidade internacional'. Putin já esmagava a Tchetchênia há tempos, e a ONU ficou sempre quietinha. Os Tchetchênos agora também perderam qualquer razão com o ataque covarde e brutal em Beslan. E em nenhum momento tivemos nenhuma manifestação nas ruas para pedir o fim do imperialismo (esse de verdade) Russo, ou alguma ação da ONU para resolver a situação. Os 'pacifistas' oficiais e amadores deviam estar ocupados demais olhando para Israel e o Iraque.

Afinal, certos problemas são complicados demais. É sempre mais fácil continuar achando que Bush é o culpado pelas desgraças do mundo e ficar por isso mesmo.

Tuesday, September 14, 2004



Terça, 14 de setembro, 2004

   Kerry vs Kerry



Clique aqui para assistir um clip de 12 minutos sobre o "flip flop" do Kerry sobre o Iraque.

Tirando algumas manipulações evidentes em algumas partes (o site é mantido pelos republicanos), é realmente interessante ver como o Kerry se contradiz várias vezes. A imagem de que nem ele mesmo acredita em uma só palavra dita nessas entrevistas todas é enorme.

Destaque para uma entrevista com o McCain em 98, lá pelos 10 min do video.

Vale a pena conferir...