Tuesday, August 31, 2004



Terça, 31 de agosto, 2004

  Esse UOL é realmente péssimo...

Está lá, na primeira pagina do UOL: "Extrema direita molda plataforma do partido do presidente Bush". Cliquei no link, e na página da seção "Mídia Global" novamente a mesma manchete.

O problema é que o título do artigo original do NY times é "Social Conservatives Wield Influence on Platform". Clicando no link do UOL, finalmente se lê a tradução: "Conservadorismo domina plataforma republicana". Primeiro de tudo, deveriam ter traduzido essa frase como "Conservadores Sociais tem grande influência na plataforma" ou algo do tipo, já que "Social Conservatives" é um subgrupo dos conservadores, e a palavra "influence" não significa dominar e sim influenciar.

Mas acima de tudo, ninguém aqui considera esse pessoal de "extrema direita". Pelo contrário, a notícia por aqui era justamente a falta de representantes da "extrema direita" na convenção republicana.

O UOL manipulou na cara dura a notícia, e como a maioria das pessoas só vai ler o link da matéria (as notícias do NY Times são somente para assinantes do UOL), o estrago está feito.

Para que fazer isso? O NY Times já é contra o Bush, porque não mostrar as coisas do jeito que são? Para que essa manipulada extra?

Incrível.

Monday, August 30, 2004



Segunda, 30 de agosto, 2004

  McCain

"War is an awful business. The lives of a nation's finest patriots are sacrificed. Innocent people suffer. Commerce is disrupted, economies are damaged.

Strategic interests shielded by years of statecraft are endangered as the demands of war and diplomacy conflict.

However just the cause, we should shed a tear for all that is lost when war claims its wages from us.

But there is no avoiding this war. We tried that, and our reluctance cost us dearly. And while this war has many components, we can't make victory on the battlefield harder to achieve so that our diplomacy is easier to conduct.

That is not just an expression of our strength.

It's a measure of our wisdom."

"Those who criticize that decision would have us believe that the choice was between a status quo that was well enough left alone and war. But there was no status quo to be left alone.

The years of keeping Saddam in a box were coming to a close. The international consensus that he be kept isolated and unarmed had eroded to the point that many critics of military action had decided the time had come again to do business with Saddam, despite his near daily attacks on our pilots, and his refusal, until his last day in power, to allow the unrestricted inspection of his arsenal.

Our choice wasn't between a benign status quo and the bloodshed of war.

It was between war and a graver threat. Don't let anyone tell you otherwise. Not our critics abroad. Not our political opponents.

And certainly not a disingenuous film maker who would have us believe that Saddam's Iraq was an oasis of peace when in fact it was a place of indescribable cruelty, torture chambers, mass graves and prisons that destroyed the lives of the small children held inside their walls."

"Do not yield. Do not flinch. Stand up. Stand up with our President and fight."

Thursday, August 26, 2004



Quinta, 26 de agosto, 2004

  Estatosul

Colaboração especial do Marcelo Tavares, que mandou esse ótimo post ready to go. Ai vai:

David Ricardo, há alguns séculos atrás, já compunha a sua obra exaltando as virtudes das especializações de sistemas econômicos inteiros para que os sistemas pudessem atingir sua máxima eficiêcia. Paretto fez uma análise voltada para a microeconomia. Livre-comércio permitiria que duas pessoas melhorassem sua situação juntas, sem que prejudicassem a ninguém. Historicamente, podemos observar que as nações que possibilitam o comércio, o intercâmbio de bens de qualquer tipo, garantem às suas populações um melhor nível de vida. Recentemente, trombei com (este artigo aqui), e ví que definitivamente,o Brasil inventara outra jabuticaba. Um bloco de livre-comércio que serve pra tudo menos pra... livre-comércio! O recente movimento da Argentina em direção ao protecionismo econômico acabou com o mínimo que restava de dignidade para o bloco. Ao invés de discutir livre-comércio intra-bloco, ou então como será a integração do bloco na economia mundial, as reuniões agora discutem quais barreiras INTRA-BLOCO serão permitidas, e quais não serão. É o absurdo dos absurdos. Um bloco que não consegue fazer bens econômicos circularem dentro do próprio bloco não merece credibilidade alguma.

O artigo também expõe claramente o comportamento do produtor argentino. Obrigar o governo a abrir o setor bancário? Menos impostos? Menos regulamentação? Modernização da administração? Claro que não. Quem precisa disso tudo? O importante é a proteção do Estado. Esse foi o mesmo modelito estatista que garantiu ao Brasil os produtos de ultima geração usados na década de 80.

Um detalhe que passa batido para a diplomacia brasileira (ou pelo menos eles fazem vista grossa a esse detalhe) é que o governo argentino, desde a sua moratória, tem adotado uma estratégia de uso intenso de retórica e medidas "decoys" pra testar até onde a outra parte está disposta a ceder, para então sentar e negociar. Foi assim com o FMI na primeira negociação (na segunda o FMI endureceu, tanto que a Argentina teve que aprovar uma lei de responsabilidade fiscal e hoje o mesmo país ameaça com uma segunda moratória), está sendo assim com os credores e também está sendo assim
com o Estado brasileiro. A diferença, é que o Estado brasileiro engoliu TODA a retórica argentina, e não conseguiu uma única vitória nas negociações com o país.

Simplesmente lamentável.

A única atitude descente que o Brasil poderia tomar seria se retirar do Mercosul e deixar a Argentina ser feliz no seu mundinho protecionista. Mas como o Brasil também é governado também por um populista (ainda pior do que Kirchner, pois o Lula tem uma visão de mundo com a profundidade de um pires) e agora inventou de virar o lider dos pobres no mundo. Não dá para esperar muita coisa.

Vou enviar uma cartinha pro Celso Amorim. Como tudo no governo Lula, o Mercosul deveria mudar de nome pra dar uma imagem mais jovial - e também render manchetes de jornal - ao bloco e mudar o nome para Estatosul. É esse o melhor nome que consigo pensar para um bloco em que os Estados nacionais são os mais interessados em sua manutenção.

Tuesday, August 24, 2004



Quarta, 25 de agosto, 2004

  O sucesso que nunca chega

Toda Olimpíada é a mesma coisa. Culpa-se o fracasso do Brasil na tal "falta de estrutura". É engraçado notar como se associa esporte ao governo automaticamente, e ninguém nem discute. Afinal, o que realmente falta para impulsionar nosso esporte?

Que tal olhar para cima na tabela? A enorme maioria dos atletas americanos não é patrocinada pelo governo. Quase todos treinam nas universidades, públicas ou privadas, que incentivam o esporte com bolsas de estudo. Quando os atletas saem da universidade, ou arrumam um patrocinador ou as despesas saem do próprio bolso. Como o mercado esportivo é grande, os patrocinadores são muito mais atuantes.

Lógico que existe a alternativa do modelo soviético. A China, que agora disponta como adversária dos americanos, usa o mesmo modelo. O Estado paga a conta, e fica por isso mesmo. Como se viu no passado, o custo desse sistema é tão alto que nenhum País consegue suportar por muito tempo. A União Soviética tinha uma população muito maior que a americana, e o máximo que conseguiu foi equilibrar o jogo por um certo periodo. Os Países ricos europeus, num grau menor, são também um exemplo desse problema. Juntos tem uma população maior que a americana, e uma riqueza no mínimo igual. Mas o desempenho é constantemente pior. Mesmo problema com o Canadá.

E é esse o caminho que querem para o Brasil. Mais investimentos do governo, com dinheiro vindo não se sabe da onde. Ninguém discute idéias de como aumentar o mercado esportivo, atualmente dominado pelo futebol (também destruído pelo intervencionismo e estatização, mas isso já é outra história). As universidades são um fracasso na descoberta e desenvolvimento dos atletas, e nada é nem ao menos proposto.

Quem sabe no dia em que conseguirmos deixar de lado esse nosso paradigma de que o governo é a solução para tudo, e começarmos a prestar mais atenção nos exemplos que comprovadamente funcionam pelo mundo, conseguiremos ter pelo menos um esporte melhor que o do Quênia e Etiópia.

Sunday, August 22, 2004



Domingo, 22 de agosto, 2004

  Chávez

Daqui uns 50, quem sabe 100 anos, o governo Chávez vai ser usado como exemplo do retrocesso e completo fracasso desse socialismo populista que toma conta da América do Sul.

O total despreparo e as evidentes tendências totalitárias dessa "comunidade intelectual" que chegou ao poder não é uma surpresa para ninguém a não ser eles mesmos.

Lógico que não é um movimento isolado. Até um certo ex-presidente americano participa da loucura. Aliás, não existe ex-presidente melhor do que o Carter para representar o espirito dessa "revolução silenciosa" que acontece atualmente: um mundo de boas intenções, com os piores resultados possíveis.

Friday, August 20, 2004



Sexta, 20 de agosto, 2004

  Só faltava mais essa

Depois ainda tem gente que reclama da imagem brasileira nos EUA...

"Morra, Bush, morra" de Gil reverbera lá fora
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Correu mundo a notícia dos dizeres "morra, Bush, morra", exibidos em telão no show do ministro da Cultura do Brasil. A agência "Reuters" veiculou na terça-feira afirmação de Gilberto Gil de que não tinha conhecimento da presença da provocação em seu show.

"O ministro brasileiro da Cultura e cantor superstar Gilberto Gil não está pedindo a morte do presidente dos EUA, George W. Bush, como espectadores de seu show podem ter pensado", diz a nota da "Reuters".

O VJ Jodele Lacher, responsável com Spetto pelas projeções em tempo real do show "Eletracústico", confirma a versão. "O ministro não assistiu porque está muito concentrado na parte musical do show. Eu não queria deixá-lo em situação difícil nem provocar um incidente diplomático, achei que nem ia dar para ver direito", afirma.

Os dizeres apareceram repetidas vezes durante a canção "Soy Loco por Ti, América" (68), junto a imagens dos revolucionários Che Guevara e Pancho Villa. "Eu tinha essas imagens gravadas na Lapa, de camisetas de Bob Marley, Nirvana, entre elas essa do "morra, Bush, morra" e a do Bush com nariz de palhaço. Era um comentário, eu não sou antiamericano, sou antianti-americano", relata Lacher.

Segundo ele e a assessoria artística de Gil, o artista solicitou a exclusão da imagem assim que a percebeu, após a primeira apresentação (sexta passada), e assim foi feito. Havia um correspondente da Reuters na platéia."

Thursday, August 19, 2004



Quinta, 19 de agosto, 2004

  O bando de covardes

Janio de Freitas para a Folha de SP:

"Outra vez aí? Você não viu o presidente do seu país dizer que os jornalistas são "um bando de covardes"? Você gasta dinheiro para ler esse bando e depois diz que o seu dinheiro é curto porque o Lula é que não tem palavra, até hoje não fez nada para cumprir a promessa de dobrar o poder de compra dos salários, que até diminui mês a mês.

Para não deixar a sabedoria presidencial sem um reparo -no jornalismo fica sempre bem um pequeno reparo junto com o aplauso, e vice-versa-, parece-me que o presidente poderia precisar melhor o alcance do adjetivo tão bem escolhido. Nem todos merecem ser atingidos pelo denuncismo de Lula. Covardes, bem entendido, são só essa maioria que não tem a coragem de se pôr a serviço do governo.

Ah, que energia, quantas horas valiosas, que elucubrações e que desnudamento o bando de covardes exige de Lula, de Dirceu, Gushiken, Palocci, do Meirelles de tão virtuosas transações.

Ou, perdulário comprador de jornal, não fosse pelo bando de covardes, por que você acha que Lula daria a Henrique Meirelles o título e os privilégios judiciais de ministro, por acaso, menos de 24 horas antes de desfechada pelo governo uma coleta, em âmbito nacional, de documentação sobre movimentadores ilegais de dólares? Alguns covardes sugerem que Lula não agiu só pela glória de ser o primeiro na história a elevar um banco à condição de ministério, já que à frente da entidade estará um ministro e não mais um presidente. Banco com status de ministério, aliás, convenhamos que fica muito bem no governo Lula.

À primeira vista, parece que o bando de covardes exige do governo apenas projetos de "controle da atividade de jornalismo", da lei da mordaça contra procuradores e promotores, da proibição de informações jornalísticas por funcionários, e outros fascistismos assim notórios. Quem dera. O bando de covardes obriga o pessoal da Presidência a esmiuçar tudo. Com descobertas alarmantes.

Caso, por exemplo, você talvez nem saiba, de um tal art. 100 que o Congresso introduziu na Lei de Diretrizes Orçamentárias, normalizando o acesso parlamentar, hoje restrito, ao Siafi, que reúne os dados da administração financeira do governo. Acesso indispensável à fiscalização do Congresso sobre as contas e ações do governo, como exige o art. 71 da Constituição. Mas o bando de covardes gosta muito de descobrir, pelo exame das contas, realidades sombrias que o governo esconde. Logo, com a mesma ligeireza da medida provisória transformada em socorro urgente para Meirelles, Lula derrubou, pelo veto, o art. 100 da transparência que, por mais de 20 anos, o PT cobrava.

Como se vê por essas medidas, e por outras não relembradas, todas típicas de governo amedrontado, seria possível discutir quem, de fato, compõe um bando de covardes. Não vale a pena, porém. Todos sabem que mesmo os jornalistas incorretos jamais poderiam trair os leitores como, só para fazer uma comparação, é a traição de certos políticos à boa-fé dos eleitores, e até à própria biografia."

Saturday, August 14, 2004



Segunda, 16 de agosto, 2004

  Pão e circo

Agora sim, ninguém nos segura. O Lance matou a charada. O que faltava era dar um jeitinho na contagem de medalhas. Afinal, devem ter sido os malditos americanos que inventaram essa história de medalha de ouro valer mais que a de prata e bronze!

Falando sério, acho engraçado quando os brasileiros criticam o patriotismo americano. Não que os americanos não sejam exagerados, mas é bobagem achar que isso seja algo exclusivo deles.

Isso fica bem evidente nas olimpíadas. Uma vitória no vôlei, judô, iatismo, ou 400 metros rasos, é o suficiente para inflar o ego verde-amarelo. Pouco importa se os atletas nem treinam no Brasil, ou se 99% do povo nunca ouviu falar do atleta ou ao menos tenha assistido uma luta de judô antes. Nosso grupinho é o melhor, viva!

Irônicamente, esse 'sentimento olímpico' aqui nos EUA é bem menor. Os eventos esportivos internos recebem mais atenção, tanto que muitos atletas mais famosos não participam. E no geral, o esporte não tem esse aspecto redentor. É somente mais uma diversão, just entertainment.

Muitos acham esse tipo de nacionalismo esportivo saudável, enquanto viram os olhos quando assistem na TV os americanos com bandeirinha na mão, comemorando o 4 de julho. Me parece mais uma inversão de valores. Afinal, comemorar a qualidade de vida que o país proporciona aos seus cidadãos pode ser meio narcisista, mas é compreensível. Esse exagero na valorização do esporte que é meio estranho.

Enfim, o tempo passa, mas o velho pão e circo continua funcionando.

Thursday, August 12, 2004



Quinta, 12 de agosto, 2004

  Essa foi demais...

Nao cliquem no link! Leiam o texto antes e adivinhem quem escreveu... (grifos meus)

"Os 'soviéticos' querem tirar o poder de Lula

Este governo do Lula tem duas cabeças: uma para o dia, outra para a noite.

De dia, mostra-se liberal, democrático, ouvindo as opiniões da sociedade, cria conselhos de cidadania, de profissionais, mas, quando cai a noite, com suas corujas e morcegos, vultos embuçados se reúnem na sombra dos ministérios e gargalham como bruxas de disco infantil: "Há... há... eles caíram na armadilha... Democracia, o cacete!... Vamos controlar tudo, vamos 'reeducar' esse governo burguês, porque o Lula está inteiramente dominado pelos neoliberais!"

O 'aparelhamento' que Lula patrocinou está-se virando contra o feiticeiro.

Lula está sendo contestado dentro do poder e não mais pelos radicais Baba ou Heloísa Helena. Mais 'tarefeiros' e contundentes que esses bakunistas que, ao menos, tinham a cara no sol, são os infiltrados nas sombras do governo. O PT no poder age contra o próprio poder. Estão injetando veneno para revolucionar o poder por dentro. Esse episódio das leis do audiovisual é apenas um indício da trama.

Fomos falsamente consultados pelos 'soviéticos' do Minc. Tentaram nos seduzir com sorrisos planejados, fingiram pedir opiniões à TV e ao cinema e pimba... voltaram com um documento exatamente oposto a tudo que foi combinado. Na cultura, continua vivo o desejo de programar o pensamento e a criação, essas duas atividades suspeitas de 'individualismo pequeno-burguês'.

E isto está ocorrendo nas noites de Brasília, e não é só na cultura. O combate que se trava dentro do governo não é mais desenvolvimentistas versus monetaristas. Nada disso. O debate é ideológico e não programático. Depois do show histérico dos 'Babás' e 'Heloísas', depois do show dos marxistas da USP, tristinhos com o Lula de seus sonhos infantis, agora chegaram os 'profissionais' do bolchevismo, com missões muito precisas para "mudar os rumos do operário vacilante que é o Lula". Lula era considerado, em 1980, "um primitivo que pode ser útil para o marxismo". Voltaram a achar isso.

Como estamos vivendo as dificuldades concretas de sair de um modelo econômico restritivo para um desenvolvimento sustentado, que é um enigma hoje em qualquer país do mundo, os 'soviéticos' estão ficando impacientes e tentados a criar um atalho para um modelo mais 'aventureiro'. O desejo de controle social se reacende. Surge uma visível recaída da velha doença infantil que rondou sempre o leninismo.

Os jornalistas têm denunciado o chamado 'aparelhamento' do Estado, o que significa infiltrar membros do PT em toda parte, porque no imaginário do partido eles são 'melhores', 'revolucionários', etc... E isto tem sido visto como um cacoete risível do PT; mas a coisa está ficando grave.

Há todo um panorama estratégico para mudar o governo de Lula ideologicamente. José Dirceu comanda esse plano de ocupação ideológica da máquina pública, depois de brevemente interrompido pelo 'contratempo' do Waldomiro.

Luiz Gushiken, de origem bancária, aparelhou todo o sistema dentro da Previ, Banco do Brasil e Banco Central. Provavelmente, as ridículas mixarias levantadas contra o Henrique Meirelles foram fuçadas por zelosos bancários petistas e jogadas na imprensa. E, ainda por cima, ganharam a risível adesão dos tucanos vingativos, que assumem a responsabilidade como 'oposição' do que é uma fina de sabotagem de dentro do próprio governo. PSDB e PFL caíram no 'conto bolchevique'.

Lula continua hesitante, tolerando as permanentes desobediências de Carlos Lessa do BNDES contra o excelente ministro Furlan, pois ele sabe que Lula não terá coragem de enfrentar os gritos e sussurros lacrimosos de Maria da Conceição Tavares, se Lessa for enquadrado. No Ministério do Desenvolvimento Agrário temos o nosso Rossetto, que é braço da Pastoral Operária, pagando passagens para o João Pedro Stédile, da Pastoral da Terra, que desafia impunemente o governo, com sua formação pelos bispos do idealismo cristão alienado. Diante das imensas vitórias do ministro 'burguês' Roberto Rodrigues, que faz o agronegócio crescer 9% de seis em seis meses, além das conquistas na OMC, eles não podem fazer muito, deixando a condenação do 'agribusiness capitalista' para o panfletário de Deus, d. Tomás Balduíno.

Outro indício espantoso de fanática sovietização é a recente demanda dos jornalistas petistas que controlam a Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), pedindo que lhes cortem a própria cabeça, pedindo censura, pedindo limites, numa espécie de masoquismo revolucionário em busca de uma imprensa calada.

Vemos também o desejo do Executivo de evitar que o Ministério Público tenha poderes de investigação, para que não aconteçam mais 'revelações' desagradáveis ao 'processo revolucionário' como o caso Waldomiro ou dolorosas verdades da morte de Celso Daniel. Vemos as estatais controladas pouco a pouco pelos petistas, numa desmontagem da competência pela ideologia.

Esses sintomas, do Controle da Imprensa e da Cultura, mostram que o chamado 'aparelhamento' já está produzindo ideologia e ação, não apenas empreguinhos e pequenos poderes de cabides. Já existe no ar uma arrogância e sensação de intocabilidade como vimos em declaração desse Pizzolato na 'Folha', rindo da jornalista e dizendo que "já comeu torresmo com muito mais cabelo", diante das acusações de verbas destinadas para shows em benefício do PT.

Para esse 'soviete' clandestino, o inimigo principal não é mais o imperialismo como nos meus tempos de estudante, quando vi muitos desses poderosos de agora discutindo as mesmas abstrações sectárias que ainda praticam hoje. Para eles, os inimigos são os sensatos guardiães do poder macroeconômico. O inimigo principal é o Palocci.

Rola um perigo de 'chavismo' no horizonte. Estamos mandando apoio a esse caudilho porra-louca na Venezuela. Está começando uma 'revolução dentro da revolução' neste governo. Os 'soviéticos' querem tomar o Palácio do Planalto, como em 1917. O ridículo é que já estão dentro. Vão no máximo produzir um populismo de esquerda que quebrará o País e o levará para um populismo de direita. Sempre fizeram isso."

Olavo de Carvalho? Diogo Mainardi?

Nope. Arnaldo Jabor. E agora, quem é que tem paranóias comunistas??? Quando é que certas pessoas vão acordar???

Wednesday, August 11, 2004



Quinta, 12 de agosto, 2004

  Opiniões sobre o Conselho de Jornalismo

Para finalizar, algumas opiniões pela imprensa sobre a possivel criação do Conselho de Jornalismo:

"O Conselho Federal de Jornalismo é um instrumento obviamente que procura o controle das mentes dos jornalistas, acovardar os jornalistas. Trata-se de um modelo no melhor estilo estalinista, de fazer inveja a Fidel Castro ou Pinochet."
Boris Casoy, apresentador do Jornal da Record em entrevista à JP.

"É inadmissível que a essa altura do processo de consolidação democrática o Brasil reabra uma discussão resolvida há séculos em nações onde os fundamentos da liberdade são tão firmes quanto os direitos dos seus cidadãos.
O ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, já tinha dado o sinal ao externar seu entendimento de que informação e opinião boas são informação e opinião a favor.
Agora, ele volta à carga mais explícito: liberdade é valor definitivo, mas tem limite, define numa flagrante contradição que só evidencia o propósito de disfarçar sua verdadeira intenção, qual seja a de controlar o trânsito da informação.
Não admira, pois, a posição de Gushiken, bem como não surpreende a satisfação do ministro José Dirceu no manejo do assunto, dado seu apreço pelas liberdades expresso na identificação com o regime de Cuba e manifestações autoritárias de poder.
"
Dora Kramer - Jornal do Brasil

"A proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo é ditatorial, típica de países em que não há regime democrático. Historicamente, esse controle sempre foi feito a título de preservar o bem público, mas com nítido sentido de controlar a informação naquilo que desagrade ao poder público."
Ives Gandra da Silva Martins, em entrevista à JP.

"Não se trata de uma volta aos tempos do Dip do Estado Novo nem da censura do regime militar. Tanto o Dip como a censura dos diversos atos institucionais, de 1964 em diante, proibiam certos assuntos, na marra. Não se podia mencionar o nome de dom Hélder Câmara nem informar que havia um surto de meningite. E pronto.
O Conselho de Jornalismo agora proposto é mais nocivo, é letal. Procura ensinar, exercer uma didática para a qual não terá competência técnica nem mandato legal
."
Carlos Heitor Cony - Folha de SP

"Jornalistas não precisam ser protegidos pelo Executivo, ao contrário, precisam libertar-se das amarras do poder político. O exercício do jornalismo deve ser livre de constrangimentos e filiações suspeitas. Jornalistas precisam de proteção, sim, mas da proteção do Judiciário. Esta é a equação politicamente correta e moralmente defensável. E se há magistrados que subordinam seus interesses pessoais à cláusula pétrea da supremacia do direito de expressão sobre os demais direitos, estes magistrados precisam ser publicamente denunciados."
Alberto Dines - Observatório da Imprensa (dica do Homero)

"Toda essa conversa dissimulada, marota e calhorda sobre a proposta do governo encaminhada ao Congresso, de criação do Conselho Federal de Jornalismo, com funções definidas em três verbos - ''orientar, disciplinar e fiscalizar'' -, em marcha batida na cadência da ditadura, despojada dos seus adereços e arrancada a máscara transparente, pretende simplesmente instituir a censura à imprensa."
Villas-Bôas Corrêa - Jornal do Brasil

Será que eu exagerei mesmo na minha crítica inicial? E olha que eu deixei várias outras de fora, para evitar um post muito longo.

E será que alguém ainda acha que o tal CFJ representa mesmo os jornalistas?

E aonde está o amigo que disse que minha analogia com o comunismo foi "paranóia"???



Quarta, 11 de agosto, 2004

  Governo mostra a sua face autoritária

Esse editorial do Estadão está muito bom, vale a pena conferir:

"Governo mostra a sua face autoritária
Esperava-se que a rejeição manifestada por amplos setores da sociedade ao ominoso projeto do governo que propõe a criação de um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) suscitasse algum tipo de reflexão e autocrítica dentro do governo. Não foi o que aconteceu. Os jornais de ontem registraram um forte recrudescimento da ofensiva autoritária das autoridades. O governo, aberto e sensato na condução da política econômica, está mostrando a face ditatorial do seu projeto de poder.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que o País vive uma onda de denuncismo, ao justificar a idéia da criação do CFJ para disciplinar a atuação dos jornalistas. "Acredito que o conselho não será instrumento de censura ou de sujeição da imprensa, mas de disciplinamento da profissão, como ocorre com os advogados e outras categorias." Em primeiro lugar, o ministro "acreditar" é prova de que não pode garantir que não haverá censura. Quanto ao disciplinamento da profissão, o conceito, sem dúvida esdrúxulo, procura equiparar o trabalho dos jornalistas ao ofício de profissionais liberais, o que os jornalistas não são. Além disso, o jornalismo, como deveria saber o ministro, é serviço público e pré-requisito de uma sociedade democrática. Não há pessoas nem sociedades livres sem liberdade de expressão e de imprensa. O exercício desta não é uma concessão das autoridades, é um direito inalienável da sociedade. Reclama, por isso, a ausência de amarras e regulamentações estabelecidas por aqueles que, freqüentemente, estão no foco de investigações legítimas e necessárias. São, portanto, parte interessada no amordaçamento da mídia. Talvez seja esse interesse dos governantes que tenha inspirado ao ministro o outro argumento que usou para justificar o injustificável. Propondo que se "discuta com seriedade a tarefa de disciplinar as responsabilidades inerentes à comunicação", Thomaz Bastos disse que "é preciso pensar o papel do Ministério Público, da polícia e da imprensa". O ministro, mais uma vez, confunde atribuições e mistura papéis. São bem distintas e conhecidas as missões das três instituições. O papel social da imprensa é claro: informar e formar opinião através da livre discussão de todas as opiniões. A polícia colhe provas. O Ministério Público - cujo poder de investigação o governo está contestando - investiga e apresenta a denúncia e, finalmente, o Judiciário sentencia. Não se exija da imprensa o absurdo de só informar a respeito de assuntos já decididos e transitados em julgado. Os meios de comunicação, com responsabilidade e ética, têm o dever de levantar questões relevantes para o interesse público e apontar indícios consistentes de irregularidades que lesem o interesse público. Eventuais excessos podem ser corrigidos pela legislação vigente. Como bem lembrou nota da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), divulgada nos jornais de ontem, "os abusos do mau jornalismo devem ser corrigidos através da Justiça, como prevê a Constituição, sem necessidade de qualquer órgão com poderes para cercear a liberdade de expressão e acarretar até perda de registro profissional".

A AMB considera que a criação do CFJ, a possível votação da Lei da Mordaça e o questionamento do poder de investigação dos procuradores fazem parte da "mesma lógica autoritária".

O jornalista Ricardo Kotscho, secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo de ontem, faz coro com o ministro da Justiça. Segundo Kotscho, "o objetivo central da criação do CFJ - a exemplo do que há muito ocorre com advogados, médicos, economistas e outras categorias - é exatamente defender a dignidade e a ética exigidas no exercício da profissão, para garantir à sociedade a plenitude da liberdade de imprensa, e não a liberdade para alguns profissionais e algumas empresas divulgarem o que bem entendem a serviço dos seus interesses." (sic!) (grifo nosso). Num emblemático exercício de prejulgamento, Ricardo Kotscho desenvolve um raciocínio que leva à conclusão de que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), "inspiradora" do projeto de amordaçamento da imprensa e formada por um monolítico bloco ideológico de colorido petista, está do lado do bem. Já as empresas de comunicação e os jornalistas que, honradamente, ganham a vida no exaustivo trabalho de produzir um jornal todos os dias do ano estão, a priori, do lado do mal.

O Brasil está revivendo o espetáculo de mentiras e sofismas que prenunciaram, décadas atrás, o advento de ditaduras de direita e esquerda."



Quarta, 11 de agosto, 2004

  Luxo comunista

"Agnelo Queiroz (PC do B) terá hospedagem no Queen Mary 2 paga pelo Ministério dos Esportes.

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para representar o Brasil nos Jogos de Atenas, o ministro Agnelo Queiroz (Esporte) vai experimentar um luxo: hospedagem a bordo do Queen Mary 2, o maior transatlântico do mundo. O Ministério do Esporte não informou o custo da viagem, mas um pacote de seis noites na temporada pode custar entre R$ 29 mil e pouco mais de R$ 50 mil.
Ao ser questionada sobre os custos, a assessoria de Agnelo Queiroz (PC do B) se limitou a indicar o nome da agência no Rio de Janeiro responsável pelos deslocamentos e hospedagens do ministro. Procurada pela Folha, a agência informou que o único autorizado a dar declarações já estava em Atenas, mas passou os dados referentes ao custo de pacotes.
"Tudo no Queen Mary 2 é superlativo", diz o endereço eletrônico da agência responsável pela viagem do ministro. "É o maior, mais moderno e luxuoso transatlântico do mundo, com capacidade para nada menos que 2.600 passageiros. Pessoas privilegiadas, claro", diz a propagada.
O "Diário Oficial" da União publicou ontem despacho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizando o afastamento de Agnelo Queiroz do país. O despacho deixa claro que a viagem será paga pelo ministério.
No ano passado, durante o Pan-Americano, Agnelo Queiroz viajou duas vezes a Santo Domingo, sede da competição, com as despesas (diárias e hospedagens) pagas em duplicidade pelo contribuinte e pelo Comitê Olímpico Brasileiro. O Código de Conduta da Alta Administração determina que viagens desse tipo sejam pagas pelo Tesouro.
No período em que ficará fora do país (de 11 a 19 de agosto), o ministro do Esporte também representará o governo no amistoso da seleção no Haiti, onde o Brasil lidera uma missão de paz.
Antes de embarcar para Atenas, Agnelo Queiroz participaria ontem de um jantar organizado pelo PC do B do Distrito Federal em homenagem aos seus dois ministros no Clube de Golfe de Brasília, com convite individual a R$ 200. "O preço é caro porque o público que vai pode pagar isso", afirmou Marcos Verlaine, secretário de Comunicação e Propaganda do partido no DF. Além de Queiroz, o outro ministro do partido no governo é Aldo Rebelo (Coordenação Política).

Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília"

Não preciso comentar, não é mesmo? Como esse tipo de coisa não causa revolta popular eu não entendo...

Tuesday, August 10, 2004



Terça, 10 de agosto, 2004

  Nem tudo está perdido

Sempre acreditei que ninguém na imprensa brasileira (tirando as poucas figuras de sempre) iria denunciar a palhaçada que é esse último filme do Michael Moore.

Queimei minha lingua.

Esse texto do Ali Kamel para O Globo era tudo que eu poderia esperar. Nada de enrolação ou ataques ideológicos, somente uma lista das mentiras e distorções do filme. Coisa simples, indiscutível. Exemplos:

"- O primeiro resultado que a Fox deu sobre a Flórida foi pró-Gore, e não pró-Bush, como diz o filme. A Fox manteve esse prognóstico por seis horas até as duas da manhã, quando se retratou, dando a vitória a Bush. Mas, duas horas depois, pôs a eleição como indefinida.

- A recontagem de votos feita por jornais não deu a vitória a Gore, “em todos os cenários”. Se a recontagem fosse feita apenas onde Gore a solicitou, a vitória seria de Bush. Se a recontagem fosse geral — o que Gore jamais solicitou — a vitória iria para Gore, se alguns critérios fossem seguidos, e para Bush, se os critérios fossem outros. Se Gore tivesse sido eleito, as mesmas suspeitas de fraude pesariam contra ele.

- Bush aparece num jantar de gala, dizendo: “Alguns os chamam de ‘a elite’. Eu os chamo de ‘a minha base’.” Era o jantar anual da Al Smith Foundation, que recolhe fundos para hospitais, quando o convidado deve debochar de si mesmo. Gore, também convidado, fez o mesmo, mas Moore omite.

- O filme diz que Bush passou 42% dos seus primeiros oito meses em férias, segundo o “Washington Post”. O levantamento incluía os fins de semana de trabalho em Camp David. Ninguém nota, mas numa das cenas, ao lado de Bush, está Tony Blair. Tirando os fins de semana, o tempo cai para 13%.

- O filme insinua que Bush recebeu delegados do Talibã, quando governador do Texas. É mentira. Eles visitaram a empresa Unocal para conhecer um projeto de gasoduto, apoiado por Clinton, deixado de lado em 98, e jamais retomado. A afirmação de que Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, foi consultor da Unocal é mentirosa."


E melhor ainda, peguei essa dica pelo Pedro, do NoMínimo. Como todos sabem, o Pedro é de esquerda. Mas independente disso, entende o que é esse filme. Assim como o pessoal da Slate, a versão americana do NoMínimo, já tinha entendido.

Cada vez mais, os cegos que defendem as invenções do Moore perdem qualquer tipo de credibilidade.

Pena que ainda são muitos...

Sunday, August 08, 2004



Domingo, 8 de agosto, 2004

  Censura, ai vamos nós!

Essa foi uma dica do Marcelo Tavares.

O que posso dizer sobre isso? É clara a intenção de todo esse esquema. E não é nada novo. É somente a sequência de outras medidas autoritárias, como o fichamento de americanos, tentativa de expulsão do reporter do NYT, e por ai vai.

O sonho parece ser a criação de um Pravda verde e amarelo. É irônico que justamente a imprensa, que já é quase que controlada inteiramente por socialistas e foi um grande alvo dos militares, seja o atual alvo do governo.

Como dizem por aqui, be careful what you wish for.

Enfim, mais um passo rumo a censura está dado.

Saturday, August 07, 2004



Sábado, 7 de agosto, 2004

  O custo da paz

Dirigindo pela Massachusetts Avenue para a embaixada brasileira, passei pela pequena embaixada do Sudão. Mais ou menos 50 pessoas estavam lá, protestando contra a violência em Darfur. A maioria parecia ser de exilados, e quase todos tinham cartazes de "Call it Genocide", "Peace for Sudan", e coisas do tipo.

É interessante como esse tipo de protesto nunca é chamado de 'pacifista'. Talvez por isso chame muito pouca atenção da imprensa. Se a maioria das embaixadas não fosse na mesma rua, nem saberia que tinha acontecido. Não ví nenhuma notícia de jornal ou TV sobre isso.

O protesto era pequeno, é verdade, mas isso é somente mais uma evidência de que essa causa não interessa a esse pessoal que se auto-denomina 'pacifista'. Os dólares da Move On não estavam disponíveis, nem os artistas de hollywood.

E isso não acontece só aqui nos EUA, e sim pelo mundo. Será que alguém já leu algum editorial da Folha a favor de uma intervenção? Alguma manifestação na Paulista, com pombinhas e cara pintada, pedindo para que algo seja feito?

O motivo maior para todo esse silêncio é que todo esse pessoal sabe o que precisa ser feito. E admitir isso seria jogar pela janela toda a retórica idiota de que paz só é conquistada com aceitação, bondade, e não-violência.

Além disso, esse pessoal tem que pensar no futuro. Caso alguém resolva interferir (i.e. EUA), eles precisam ter a consciência limpa para poder participar, mais uma vez, dos protestos anti-guerra. Afinal, nessa hora toda morte conta.

É a escola Michael Moore de 'pensamento':
"Deixem cada um na sua, que no final tudo fica bem. Os povos se rebelam quando precisam. Quem somos nós para interferir? Os Janjaweed podem ser os Minute Man do Sudão!"

Isso sem falar que se algo fosse feito, com certeza seria pelo petróleo não é mesmo? Sim, o Sudão tem petróleo... Interessante como as teorias de conspiração não explicam essa falta de ação dos imperialistas americanos...

Infelizmente, o que mais falta nessa situação toda é lógica.

Wednesday, August 04, 2004



Quarta, 4 de agosto, 2004

  Bush e o meio ambiente

Assisti ontem uma entrevista do Robert F. Kennedy Jr., um grande crítico do governo Bush na área do meio ambiente, no Hannity and Colmes da Fox News.

Para que não conhece, o Hannity é o Republicano e o Colmes é o Democrata do programa. Tenho que dizer que prefiro o Colmes. Não gosto do jeito sarcástico do Hannity. Para mim ele é o típico comentarista de direita radical, tão irritante e irracional quanto os loones de esquerda.

Voltando as críticas do Kennedy Jr., elas são sem dúvida exageradas, como mostra essa análise do Jonathan H. Adler.

Mas parte da culpa não deixa de ser do Bush.

Primeiro porque ele não fez quase nada nessa área. Nomeou uns 'fat cats' em cargos estratégicos, criou alguns projetos que acabaram não chegando à lugar nenhum e basicamente ignorou os ataques frequentes (e muitas vezes merecidos) da imprensa.

Então, não importa que as leis atuais venham na sua maioria da época do Clinton. O que realmente importa é que, por exemplo, o nível de mercúrio continua altíssimo em muitos rios americanos, contaminando peixes amplamente consumidos como o Atum e colocando mulheres grávidas e crianças em grande risco.

É uma das frentes mais fracas de Bush, e Kerry deve explorá-la com certeza.

Monday, August 02, 2004



Segunda, 2 de agosto, 2004

  Controle de armas

Todos sabem que a violência no Brasil está num nível insuportável. Foi o maior motivo para eu sair do país, e é assim como muitos outros imigrantes que eu conheco.

Infelizmente, novamente nosso governo decidiu inventar um subterfúgio para o problema: o desarmamento civil.

Nem vou dicutir s aspectos legais, que são muitos, por pura falta de tempo. Aqui no In-correto o Prof. Bene Barbosa escreve muito bem sobre tudo isso.

A minha bronca com esse 'projeto' é prática.

Eu acharia ótimo se todo civil no Brasil não tivesse armas. Acho muito pouco provável que a população precise de armas para se defender do governo. Acidentes caseiros seriam evitados, brigas bobas não acabariam em tragédias, etc.

Só existe um pequeno porém: Desarmar toda população civil é impossível. Não entendo como as pessoas não percebem algo tão óbvio.

Bandidos não compram armas legais. Ninguém pode ir numa loja e comprar uma M16. Na maioria das vezes, essas armas não são nem nacionais. Como é que tirando as armas da parte honesta do povo, aqueles que tinham que registar sua compra e pagar uma boa grana, pode melhorar nossa segurança?

A única consequência possível é que esse desarmamento só vai piorar a situação. Imagine-se no papel do bandido. Seria mais fácil ou difícil tomar a decisão de invadir uma casa se a possibilidade do dono ter uma arma existisse ou não?

Existem casos pelo mundo que mostram justamente isso. Na Iglaterra, o que se viu foi um aumento de crimes. Tanto que atualmente a Inglaterra já é mais violenta que os EUA em muitos aspectos.

Imaginem no Rio, uma cidade em guerra civil, o que vai acontecer quando toda e qualquer possibilidade de defesa pessoal for eliminada.

Será que é justo gastar os recursos já escassos com esse tipo de medida altamente duvidosa? Será que esse pessoal realmente acredita que o povo deve abdicar ainda mais da sua capacidade individual de defesa, mesmo quando o Estado se mostra cada vez mais incapaz?

Strange times we are living in.