Domingo, 20 de março, 2005
Schiavo e o "direito" à morte
Não sei como o caso Schiavo está sendo retratado pelo mundo, mas aqui nos Estados Unidos temos uma batalha jurídica de grandes dimensões. Muitos acreditam ser o Roe vs. Wade da eutanásia.
Argumentos de cada lado não faltam, mas uma coisa é certa: Não poderíamos ter uma decisão mais hipócrita e infeliz do que a atual.
Hipócrita e infeliz porque os que defendem o direito de que Schiavo morra são os mesmos que acham execuções de assassinos algo desumano e ilegal. Muito pior, aceitam que ela morra lentamente de fome, algo bárbaro. Do outro lado, a hipocrisia está na negação da rápida e indolor morte dada aos condenados à morte, e na obrigação da escolha entre vida assistida ou morte "natural" (ela vai estar sedada, mas isso não é garantia de que não vai sentir nada durante o longo processo).
De muitas formas essa disputa é descendente direta da questão do aborto. Ninguém quer pensar (ou admitir) que o Estado controla algo tão precioso como a decisão entre vida e morte. Prefere-se inventar subterfúgios (como não admitir a vida de um feto ou tentar adivinhar os desejos da Schiavo) do que tentar lidar com essa triste realidade de uma forma racional.
Só resta torcer para que ela realmente não sofra mais do que já sofreu.
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