Thursday, March 30, 2006

The 20th hijacker

"Moussaoui Sentencing Case Goes to the Jury".

Geralmente eu seria a favor da pena de morte. Mas contra esse pessoal que tem como objetivo morrer na Jihad contra o grande satã, talvez uma prisão perpétua seria melhor.

Eu tenho a impressão que esse sujeito não ia ser muito popular numa penitenciária americana...

Wednesday, March 29, 2006

França

O maior problema de qualquer welfare state não é economico, é psicológico.

Um dos cases que eu estudei no meu MBA foi sobre a Pizza Hut em Moscow. Era um estudo de 1991 que basicamente falava sobre as dificuldades de se implementer um negócio capitalista num país tão acustumado ao comunismo.

Um dos problemas mais interessantes era sobre a completa falta de ética de trabalho dos russos. Você tinha pessoas altamente educadas, muitos com PHDs e mestrado, que não conseguiam se manter empregados porque eles simplesmente faltavam no trabalho numa proporção absurda. E olha que trabalhar para a Pizza Hut naquela época era tudo que qualquer russo poderia esperar: status, dinheiro e até mesmo favores ilegais (muitos funcionários eram pagos em dollar mesmo sendo ilegal).

O que acontece hoje em dia na França é exatamente o mesmo problema. Depois de anos e anos de um sistema utópico aonde emprego é um direito e não uma oportunidade, qualquer mudança é traumática.

Para os americanos, tudo aquilo parece um absurdo. Eles acham os franceses preguiçosos e atrasados. Ninguém por aqui, do mais pobre ao mais rico, consegue imaginar um mundo aonde empregadores não possam demitir empregados quando bem entenderem.

Um talk radio guy comentou: "Now we know how to make the french fight".

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Infelizmente certos princípios econômicos básicos não são intuitivos. Ouvi um dos protestantes franceses dizer hoje que "o governo está pedindo para que nós confiemos nos empregadores. Eles não vão nos fazer nenhum favor, vao despedir todos os jovens sem piedade".

Eu diria que se o conceito de oferta e demanda fosse ensinado no ensino primário, metade dos problemas do mundo simplesmente desapareceria.

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"Os protestos contra a Lei do Primeiro Emprego (CPE) na França desafiam a lógica. Indicam que os jovens franceses vivem uma espécie de alienação, na qual é possível comer a omelete e, ao mesmo tempo, conservar os ovos."

Editorial da Folha.

Você sabe que o mundo está completamente maluco quando o editorial da Folha chama a crazy left de alienada e ainda por cima cita um ditado da Ayn Rand (apesar de que o exemplo dela era com um bolo e não omelete).

Sacré Coeur!

Tuesday, March 28, 2006

Para relaxar um pouco

O que quer a esquerda

"RIO DE JANEIRO - Os seguidores da candidatura mais à esquerda da próxima eleição presidencial começaram a debater que propostas levar para a campanha. Apesar de atingir quase 10% das intenções de voto, a senadora Heloisa Helena (PSOL) ainda tem dúvidas se disputa a Presidência ou se prefere tentar o governo de Alagoas.
Durante seminário que reuniu membros do PSOL, do PSTU e intelectuais que antes se abrigavam no PT, a esquerda discutiu o que pretende levar para o poder.
"Qualificar como crime hediondo os assassinatos de pais e mães de santo que vêm ocorrendo pelo país" é um dos itens que a esquerda defende, segundo texto que resume os debates.
Outro trecho do documento propõe o estudo obrigatório da história da África e da cultura do "povo afro-descendente" no ensino fundamental e a "introdução nas creches de figuras negras, brincadeiras de roda e atividades que contemplem a diversidade racial e cultural do país, visando quebrar o racismo no início da formação dos indivíduos".
Isso num contexto educacional sem escolas privadas. "Fim do ensino pago, educação não é mercadoria", esclarece o pré-programa.
Nos temas econômicos, o texto defende a suspensão do pagamento da dívida externa enquanto submetida a uma auditoria, redução drástica da taxas de juros, salário mínimo de R$ 1.600, desoneração tributária do consumo e tributação progressiva do patrimônio e renda.
Há ainda a defesa da "revogabilidade dos mandatos executivos e legislativos", da realização de mais plebiscitos e referendos, da colocação da Venezuela como um exemplo político e do fim do "subimperialismo" do Brasil na América Latina.
"O programa deverá apontar para o novo, um programa de ruptura radical com o velho e que seja capaz de encantar novamente as pessoas", afirma o texto dos apoiadores de Heloísa Helena.
Ou seja, lá vem o velho travestido de novo, de novo."

Saturday, March 25, 2006

Civilização contra a barbárie - A legalidade da guerra do Iraque

O Alex fez um post interessante sobre a eterna guerra entre civilização e barbárie.

Quase sempre que ele fala sobre a guerra do Iraque, ele me cita como exemplo de "pessoa aparentemente racional que defende uma guerra absurda, nojenta e criminosa".

Como eu sou chato, e também porque estou cansado dessa acusação um tanto banal, resolvi explicar detalhe por detalhe o porquê do meu "apoio" (que é muito mais resignação) da guerra atual no Iraque. Já ia fazer isso naquela sequência de textos sobre a história do conflito, mas não tive tempo (leia-se paciência).

Vou começar pelo ponto mais fácil, que é a suposta ilegalidade da guerra. Depois escrevo sobre pontos mais complicados, como a justificação moral e os prós e contras da invasão do ponto de vista estratégico/militar.

Sobre a legalidade da Guerra do Iraque:
Dentre as inúmeras razões que podem servir como justificativas legais para essa guerra do Iraque, a mais óbvia é a quebra da resolução 687 da ONU, mais conhecida como o cessar fogo da primeira guerra do Golfo, em 1991.

Como todos sabem (ou deveriam saber) esse acordo determinava, entre muitas outras coisas, que o Iraque destruísse todas as suas armas químicas e biológicas e o fizesse na presença da ONU ou que mostrasse provas da destruição das mesmas. Outro importante detalhe é que a ONU autorizava o "use of all necessary means to uphold and implement its resolution".

O fato que o Iraque fez tudo que pode para não cumprir a resolução é completamente indiscutível. Mesmo desconsiderando tudo que foi feito até o ataque de 1998, a conclusão é que só se chegou naquele ponto porque durante os 7 anos anteriores o Iraque não cumpriu aquilo que tinha aceitado: a completa e comprovada destruição das suas armas de destruição em massa.

Como side notes, vale lembrar que aquele ataque comprova muitos pontos considerados polêmicos atualmente:
- A existência das WMDs era aceita por toda comunidade internacional
- Os EUA concordavam unanimamente que o Iraque era uma ameaça grave a segurança nacional e mundial
- A ONU também enxergava essa ameaça, mas não estava disposta a ir à Guerra novamente

Fica mais fácil entender o nível de gravidade da situação quando se lê a resolução do congresso Americano número 71 e a Iraq Liberation Act, também aprovadas pelo congresso Americano em 1998.

Segundo os Democratas, e usando uma das senadoras mais "respeitadas" daquele lado do congresso : "Saddam Hussein has been engaged in the development of weapons of mass destruction technology which is a threat to countries in the region and he has made a mockery of the weapons inspection process."
- Rep. Nancy Pelosi (D, CA), Dec. 16, 1998 (mais quotes dos Dems aqui)

O fato de que Clinton resolveu jogar bombas que no fim das contas não resolveram em nada o problema deveria ajudar na defesa do Bush. Se pelo menos política fizesse algum sentido...

A última prova que eu vou postar é retirada da famosa resolução 1441 da ONU, que apesar de não ter sido executada (assim como todas as 11 anteriores à ela) deixa claro qual era o problema em questão:

"Recognizing the threat Iraq’s non-compliance with Council resolutions and proliferation of weapons of mass destruction and long-range missiles poses to international peace and security,

Recalling that its resolution 678 (1990) authorized Member States to use all necessary means to uphold and implement its resolution 660 (1990) of 2 August 1990 and all relevant resolutions subsequent to resolution 660 (1990) and to restore international peace and security in the area

...

Decides that Iraq shall provide UNMOVIC and the IAEA immediate, unimpeded, unconditional, and unrestricted access to any and all, including underground, areas, facilities, buildings, equipment, records, and means of transport which they wish to inspect, as well as immediate, unimpeded, unrestricted, and private access to all officials and other persons whom UNMOVIC or the IAEA wish to interview in the mode or location of UNMOVIC’s or the IAEA’s choice pursuant to any aspect of their mandates; further decides that UNMOVIC and the IAEA may at their discretion conduct interviews inside or outside of Iraq, may facilitate the travel of those interviewed and family members outside of Iraq, and that, at the sole discretion of UNMOVIC and the IAEA, such interviews may occur without the presence of observers from the Iraqi Government; and instructs UNMOVIC and requests the IAEA to resume inspections no later than 45 days following adoption of this resolution and to update the Council 60 days thereafter;
"

E qual foi o resultado? Esse.

Deveriamos ter dado mais tempo para Saddam? Será que "alguns meses" fariam diferença depois de mais de 11 anos de desonestidade?

A ONU resolveu ignorar, como sempre, suas exigências. Os EUA resolveram que depois de 9/11, era hora de começar a cumprir aquilo que estava escrito no papel.

I rest my case.

Friday, March 24, 2006

Império Unido do Brasil

If one Carnival is good, how about two?

Está aí o projeto para o Brasil do futuro: uma boate exótica, 24x7, non-stop.

Mudaríamos nosso nome para "Império Unido do Brasil" (para os americanos saberem quem manda no pedaço).

Mulheres estudariam em escolas de samba. Homems jogariam futebol o dia todo. Crianças aprenderiam que o que importa é saber o bunda-le-le, e as velhinhas venderiam doces vestidas de baianas.

Mudaríamos do presidencialismo para a monarquia. Governaria o Rei momo, gordo e despreocupado, viajando pelo mundo às nossas custas, charuto na boca e vinho no copo, sempre tirando um barato dos seus súditos.

Só falta mudar o nome então.

Wednesday, March 22, 2006

Adeus mundo cruel

Just kidding. Acho engraçado como as pessoas decidem fechar blogs. A maioria abre um blog novo, com um desenho diferente ou um nome mais estiloso. O conteúdo não muda nada.

Para não ser chato, às vezes tenho vontade de mudar. Penso em começar a escrever em inglês, o que seria bem mais fácil. Mas não sei se teria o mesmo incentivo. Por enquanto continuo na mesma.

Por coincidência, acho que esses dias tem sido os mais ocupados desde que abri esse blog há mais de 3 anos atrás. O que é uma pena, já que assunto não falta: Minha viagem para o Canadá, um texto bom sobre anti-americanismo, a Leila jogando anos e anos de história no lixo dizendo que o Saddam cooperava com os inspetores da ONU, algumas pesquisas novas, etc.

Mas as coisas devem voltar ao normal em pouco tempo.

Wednesday, March 15, 2006

O bias da imprensa americana

A universidade de Columbia lancou um estudo chamado The State of the News Media 2006.

O material é grande e interessante, mas a parte mais chamou minha atenção foi uma pesquisa com jornalistas. Vejam os resultados:





"The percentage identifying themselves as liberal has increased from 1995: 34% of national journalists describe themselves as liberals, compared with 22% nine years ago. The trend among local journalists has been similar - 23% say they are liberals, up from 14% in 1995. More striking is the relatively small minority of journalists who think of themselves as politically conservative (7% national, 12% local). As was the case a decade ago, the journalists as a group are much less conservative than the general public (33% conservative)."

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Em outra pesquisa, essa da CBS, os americanos (a favor e contra o Bush) deixaram bem claro como não confiam na imprensa:

"24% of respondents felt the media were "making things in Iraq sound better than they really are," 31% felt the media were making things sound "worse than they really are," and 35% felt the media were "describing the situation in Iraq accurately." (10% did not give an answer.)"

"To better understand these results, it's worth looking at the party breakdown of the responses. Among Republicans, perhaps unsurprisingly, only 8% thought the media were making things in Iraq sound better than they really are, whereas 57% thought the media were making things sound worse than they really are. 30% of Democrats, meanwhile, thought the media were making things sound better than they really are, and only 14% thought they were making things sound worse than they really are. (Democrats, incidentally, seem to have the most faith in the media, with 43% saying that the media were describing the situation in Iraq accurately. Only 30% of Republicans said the same.)"

Tuesday, March 14, 2006

O futuro do capitalismo

Outro dia um dos meus economistas preferidos disse em uma entrevista que a tendência é que o tamanho dos governos pelo mundo aumente. A lógica é simples: Os enormes benefícios da globalização, juntamente com a melhora da macro economia mundial no geral (inflação sob controle e contas mais em ordem) criam menos pressão interna e externa para ajustes.

O que acontece atualmente nos EUA é um bom exemplo. O Bush continua gastando cada vez mais, e não existe expectativa de melhora em vista. Vale lembrar para o pessoal que adora números absolutos, que os EUA são ao mesmo tempo o maior pais capitalista e socialista do mundo: Em nenhum outro país a iniciativa privada produz mais, mas nenhum outro governo gasta mais que o americano. Claro que quando se olha o que realmente interessa, que é a proporção do PIB, os EUA ainda estão alguns degraus abaixo da Europa, mas mesmo assim a situação não é muito animadora. Só no periodo entre 2000 e 2005, por exemplo, o número de pessoas recebendo benefícios dos 25 maiores programas do governo americano cresceu em média 17% enquanto a população no mesmo período cresceu 5%. Esse é o maior aumento dos últimos 40 anos.

Infelizmente, isso só deve mudar quando a próxima recessão chegar.

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A briga pelo capitalismo é ingrata. O único motivo pelo qual o comunismo não venceu a briga ideológica do século XX foi a total e completa inviabilidade do sistema. Se a vontade do povo fosse realmente mais forte que a lógica, estariamos todos na fila do pão e dirigindo Ladas.

A vitória do capitalismo nunca foi completa. Mesmo aqui nos EUA, supostamente o maior símbolo da prosperidade e eficiência do sistema, uma enorme parte das pessoas está sempre "em busca de alternativas" e não tem o menor problema em abusar do sistema.

Talvez o Tyler tenha razão, e tudo isso seja um reflexo dessa preferência das pessoas por estabilidade. Talvez ainda não tenhamos realmente entendido como funciona o Homo economicus, e no fim das contas esse sistema meia boca de booms and bursts seja a única solução.

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Eu não sou economista, e não posso oferecer uma explicação técnica para a minha opinião. Mas mesmo assim lá vai: Eu ainda acredito que exista lugar para um sistema mais capitalista que o atual.

Acho que com o aumento da globalização, certas forças se tornaram simplesmente incontroláveis. Governos terão cada vez menos controle sobre entradas e saidas. Empresas virtuais, que podem usar com eficiência os paraisos fiscais vão se tornar cada vez mais comuns. O acesso a educação aumentará e numa economia cada vez mais baseada em serviços, fica mais fácil o "voto com os pés", isto é, as pessoas se mudaram para aonde o emprego está e cortaram o poder dos governos pela raiz.

Hey, os capitalistas também sonham.

Friday, March 10, 2006

Esquerda sofista

Uma das táticas mais comuns da imprensa sofista é colocar um título de reportagem que, apesar de completamente verdadeiro, passe uma idéia completamente oposta sobre o real conteúdo da mesma.

O UOL adora esse tipo de coisa, principalmente com as matérias só para assinantes, mas a imprensa progressista americana não fica muito atrás.

Vejam essa matéria do USA Today: 8,000 desert during Iraq war.

Quem lê isso pensa: Meu Deus, é o fim do mundo. Soldados fugindo pelas ruas, desobediência civil, protestos generalizados... Enfim, Vietnã II.

Mas quem abre o artigo, descobre que na verdade o número de desertores caiu acentuadamente desde o começo da guerra:



Uma diminuição de mais de 50% quando comparamos 2001 com 2005.

Se isso não é desonestidade, eu não sei o que é.

Sunday, March 05, 2006

Tax cuts for the rich. But of course!

Uma imagem vale mais do que mil reportagens tendenciosas:



E tem mais:
The top 50% were those individuals or couples filing jointly who earned $29,019 and up in 2003. (The top 1% earned $295,495-plus.)

The top 1% pay over a third, 34.27% of all income taxes. (Up from 2003: 33.71%) The top 5% pay 54.36% of all income taxes (Up from 2002: 53.80%). The top 10% pay 65.84% (Up from 2002: 65.73%). The top 25% pay 83.88% (Down from 2002: 83.90%). The top 50% pay 96.54% (Up from 2002: 96.50%). The bottom 50%? They pay a paltry 3.46% of all income taxes (Down from 2002: 3.50%). The top 1% is paying nearly ten times the federal income taxes than the bottom 50%! And who earns what? The top 1% earns 16.77% of all income (2002: 16.12%). The top 5% earns 31.18% of all the income (2002: 30.55%). The top 10% earns 42.36% of all the income (2002: 41.77%); the top 25% earns 64.86% of all the income (2002: 64.37%) , and the top 50% earns 86.01% (2002: 85.77%) of all the income.

Mais aqui. E antes que os social-anaeróbicos venham babar no meu teclado, o fato de eu linkar o Rush não significa que concordo com tudo que ele fala.

Mas essa ele matou na mosca.

Escola públicas e a liberdade de expressão

Eu já tinha escrito sobre o problema das universidades públicas e professores malucos. Essa semana, uma notícia mostrou que o problema é mais generalizado: uma gravação feita por um aluno, mostra o professor Jay Bennish, professor da Overland High School em Aurora, Colorado, num clássico exemplo de discurso político para os seus alunos do 10th grade (segundo colegial). A aula deveria ser de geografia, mas o tal Jay discursou sobre como os EUA podem ser comparados com a Alemanha nazista, como capitalismo é um sistema cruel e desumano, como Cuba é um país vítima, e por ai vai. A classic loon.

A gravação inteira pode ser ouvida aqui.

O professor foi suspenso, e agora vai processar a escola por "quebra da liberdade de expressão". O aluno que gravou a aula está sofrendo tanta pressão que vai ter que mudar. Uma lose-lose situation.

O problema aqui é claro. Numa escola pública, aonde todos alunos são forçados a aprender tudo de uma fonte única (já que poucas familias podem pagar os impostos e a mensalidade de uma escola particular) a única forma de ser justo com todos é fazer o material de ensino factual e apolítico.

Mas será possível ensinar como o mundo funciona sem demonstrar o que se acha certo e errado? Pior, será que essa é a melhor maneira de se educar crianças?

Se estivessemos falando de uma escola particular, o problema seria bem menos complicado. A escola teria que escolher entre despedir o professor, ou perder os alunos filhos de pais que discordassem do professor. Teriamos certas escolas mais para um lado, e outras para o outro. Pais poderiam mudar filhos de escola facilmente, e professores poderiam escolher aonde procurar emprego.

Problemas como esse do professor lefty, e outros como o do professor transexual, mostram que a idéia de uma escola pública não é compatível com a liberdade de expressão e a liberdade de escolha individual.

Aonde é que isto vai parar?

Friday, March 03, 2006

Governos, ideologias e where the buck really stops

Acho interessante esse argumento do Smart (e de muitos outros, dos dois lados ideológicos) que governos são completamente guiados e restritos por uma lista rigida de regras. E que a única maneira de se compreender de verdade qualquer medida é tentar mapear de volta a regra que originou a mesma.

Tenho que admitir que ess visão conspiratória do mundo é atraente: faz a política bem mais interessante e simples ao mesmo tempo.

Porém, eu acredito que as coisas são mais complicadas e desorganizadas do que esse pessoal acredita.

Eu não vejo problema nenhum em acreditar que o Bush decidiu invadir o Iraque por vários motivos: necessidade imediatista de dar o troco, geopolítica (guiada pelas teorias neoconservadoras e outras), medo da arábia saudita e Irã, etc, etc. Como todos esses fatores influenciaram exatamente na decisão final é dificil dizer. Mas acho muito pouco provável que o Bush tenha consultado “the little red book of neocons” ou ligado para os membros do New Century e dito "olha, vocês estavam certos. Estou me convertendo, podem me mandar a yarmulke e organizar o schedule das invasões."

Uma das grandes vantagens de uma Democracia é justamente a luta de poderes e influências que cerca um governo. Da mesma forma que os neocons podem ter influenciado na decisão de invadir o Iraque, os conservadores clássicos influenciam agora nos pedidos de isolacionismo. Será que se o Bush resolver sair fora do Iraque ele terá se convertido a conservador clássico? Mas como explicar os gastos do governo? Será ele na verdade um democrata wilsoniano? E a religião, como é que fica? Os Neocons são judeus, os conservadores WASPs... Aonde ficam os evangélicos nisso tudo? O Bible belt não manda mais no governo? Alguém chama o Rove, rápido!

Lógico que é possível identificar as linhas ideológicas gerais do governo Bush, e essas podem ser criticadas. Afinal, por mais que os comunistas tentem fazer lobby, o poder deles é mínimo. Mas no fim das contas, a aplição prática desse conjunto de teorias (i.e. o próprio governo) vale muito mais do que qualquer outra coisa. Ou então os neocons poderiam muito bem dizer que o problema não foi com eles, e sim na maneira como a coisa foi implementada. Same old, same old.

E vejam que eu ainda nem começei a falar sobre o fato de que diversas ideologias tem pontos em comum. Quer dizer, o fato de eu ter apoiado a invasão do Iraque me faz um neocon? Claro que não. Vemos exemplos desse conundrum diariamente. Nessas últimas semanas os democratas estão gritando aos 7 ventos que são contra esse acordo dos portos com a UAE. Obviamente não estão bravos pelos mesmos motivos que os isolacionistas Republicanos, que também não gostam dessa história. Os Democratas estão com medo que o sindicato perca força, enquanto os isolacionistas acham que a segurança dos portos seria comprometida. Nada impede que os democratas digam que o motivo é o mesmo, mas as coisas são o que são.

Da mesma forma que qualquer governo precisa identificar um conjunto de princípios a ser seguido, como eu pedia na minha crítica ao Alckmin, é necessario se entender que um governo dificilmente pode representar somente um grupo específico, por mais poderoso que este seja. Querer culpar os fracassos do Bush nas teorias neocons seria na verdade um favor para ele, já que tiraria parte da responsabilidade que deveria ser só dele.

Isso só acontece porque os ‘críticos’ não discordam somente do resultado das medidas, mas sim da intenção inicial. Mas admitir isso não é fácil.

Thursday, March 02, 2006

Índia

Logo depois dos ataques do 9/11, estava conversando com um indiano por aqui sobre qual deveria ser a reação americana. Ele me explicou que na Índia eles lidam com terrorismo do Paquistão há anos, e que a situação so melhorou quando eles realmente partiram para uma ofensiva, indo atrás da família dos homens-bomba por exemplo.

Ele também confirmou a tese que as pessoas da região achavam os EUA moles demais, e que já estava na hora do povo acordar.

Isso pode explicar porque a Índia é um dos poucos países pró-EUA da Ásia (mais aqui):


E apesar dos pesares, a aceitação no Paquistao não é das piores (é melhor que pré-9/11):


Duvido que esses números sejam melhores no Brasil.