Domingo, 16 de Maio, 2004
Direita, esquerda e o liberalismo no Brasil
O Alexandre do LLL postou esse texto sobre a alternância de poder no Brasil, e eu vou pegar carona no assunto.
Já havia escrito outras vezes que eu considero o debate ideológico no Brasil quase nulo. A nossa direita se resume a um pingado de comentaristas e talvez um ou outro político. Não temos um partido sequer que seja ideologicamente oposto ao PT, quanto mais ao PC do B.
Mas o que isso tem a ver com liberalismo econômico? Afinal, nem todo partido de direita é liberal. Em muitos aspectos, Bill Clinton foi mais liberal do que George Bush.
É verdade que a esquerda tradicional por definição não é liberal. Porém, a esquerda que temos hoje em dia (mais conhecida como Social-Democracia) não é, com poucas exceções, comunista. É algo mais perto do 'Welfare State' europeu. E vale lembrar que quando a direita tem um monopólio politico, mesmo que breve, também tende a aumentar medidas anti-liberais (geralmente populistas) como a intervenção e o protecionismo.
Mas entao porque a falta de uma direita de verdade faz falta ao Brasil?
Porque o verdadeiro precursor para a existência do liberalismo é a disputa entre ideologias.
A situação ideal é aquela aonde esquerda e direita competem constantemente pelo eleitorado. Nesses casos, o liberalismo acaba sendo sempre implementado por um simples motivo: No fim das contas, os resultados sempre aparecem.
Vejam o caso da Espanha. Depois de décadas de marasmo, o governo do PP "inovou" e liberalizou varios pontos da economia espanhola. Os resultados foram evidentes, e o atual governo de esquerda vai se ver obrigado a continuar com essas medidas. Muito provavelmente tentará algum tipo de inovação liberal. Se não o fizer, com certeza perde a próxima eleição.
O Brasil vive uma situação semelhante ao México do PRI (Partido Revolucionario Institucional). Foram 70 anos de um debate político restrito, regado a muita corrupção e populismo. Com isso, os políticos não precisam inovar, e o ciclo de problemas é sempre atacado da mesma maneira.
Os governos brasileiros pós-ditadura foram todos essencialmente iguais. Tivemos uma mudança aqui e ali, um João Mellão no governo Collor, algumas privatizações do governo FHC, mas no fim nenhum deles inovou o suficiente para que uma reforma profunda fosse feita.
E porque isso não acontece? Simplesmente porque eles não precisam inovar. É muito arriscado, muito trabalhoso.
O maior benefício do governo PT é o fato dele ser talvez a forma mais pura desse socialismo politico isolado. Populista, desorganizado, centralizado e corrupto. Com a sua eventual falta de resultados, outros partidos talvez sejam forçados a dar espaço à novas idéias.
Vale lembrar que os partidos liberais "puros", como o Libertarian Party, tem pouco sucesso político. Esperar que algo do tipo seja implementado com sucesso no Brasil é utopia.
Por isso acredito que, para que o liberalismo tenha sua chance no Brasil, é essencial que tenhamos pelo menos um partido autêntico de direita.
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