Sunday, March 05, 2006

Escola públicas e a liberdade de expressão

Eu já tinha escrito sobre o problema das universidades públicas e professores malucos. Essa semana, uma notícia mostrou que o problema é mais generalizado: uma gravação feita por um aluno, mostra o professor Jay Bennish, professor da Overland High School em Aurora, Colorado, num clássico exemplo de discurso político para os seus alunos do 10th grade (segundo colegial). A aula deveria ser de geografia, mas o tal Jay discursou sobre como os EUA podem ser comparados com a Alemanha nazista, como capitalismo é um sistema cruel e desumano, como Cuba é um país vítima, e por ai vai. A classic loon.

A gravação inteira pode ser ouvida aqui.

O professor foi suspenso, e agora vai processar a escola por "quebra da liberdade de expressão". O aluno que gravou a aula está sofrendo tanta pressão que vai ter que mudar. Uma lose-lose situation.

O problema aqui é claro. Numa escola pública, aonde todos alunos são forçados a aprender tudo de uma fonte única (já que poucas familias podem pagar os impostos e a mensalidade de uma escola particular) a única forma de ser justo com todos é fazer o material de ensino factual e apolítico.

Mas será possível ensinar como o mundo funciona sem demonstrar o que se acha certo e errado? Pior, será que essa é a melhor maneira de se educar crianças?

Se estivessemos falando de uma escola particular, o problema seria bem menos complicado. A escola teria que escolher entre despedir o professor, ou perder os alunos filhos de pais que discordassem do professor. Teriamos certas escolas mais para um lado, e outras para o outro. Pais poderiam mudar filhos de escola facilmente, e professores poderiam escolher aonde procurar emprego.

Problemas como esse do professor lefty, e outros como o do professor transexual, mostram que a idéia de uma escola pública não é compatível com a liberdade de expressão e a liberdade de escolha individual.

Aonde é que isto vai parar?

13 comments:

Cláudio said...

O tom do cara é que mais me impressionou. Nunca ninguém pensou em cunhar a expressão "esquerda raivosa"?

Igor Taam said...

Incrível!

Anonymous said...

"o problema é mais generalizado"

há travecos e comunas em todas as escolas americanas, certo. Cê tá me assustando desse jeito.

"Pais poderiam mudar filhos de escola facilmente"

Molinho...

"não é compatível com a liberdade de expressão e a liberdade de escolha individual"

a liberdade é realmente uma coisa muito chata quando ela não faz exatamente o que queremos dela.

[]s

Cláudio said...

Paulo, de acordo com Veríssimo sempre que os leitores não entendem o que foi escrito, a culpa invariavlemente é do escritor.

Anonymous said...

Fernando,
Eu nao entendi exatamente qual foi a sua critica. Eu nao disse que eh assim em toda escola, eu dei dois exemplos que ja aconteceram e que nao tem solucao razoavel.

Veja bem, se eu so quisesse impor minha opiniao, pediria para que o tal professor fosse despedido e pronto. Mas ai seria injusto com os leftys, e eu sei disso. Como acho quase que impossivel que se ensine algo sem um certo bias, acho que a solucao seria a escolha individual de qual tipo de escola vc mandaria seu filho. Isso de certa maneira ja acontece nas universidades, nao eh nada impossivel.

Era so o governo substituir a estatizacao da educacao por vouchers e o problema seria pelo menos bem menor.

[]s

Anonymous said...

Paulo,

Eu achei seu comentario infeliz.

O professor tem todo o direito de fazer sua pregaçao na sala de aula.

O que eu acho mais chocante eh que uma cavalgadura dessas tenha alcancado o degrau de professor.

Cláudio said...

"O professor tem todo o direito de fazer sua pregaçao na sala de aula."

Baseado em quê? Apesar de não ser possível controlar o bias (de qualquer vertente) isso não pode ser admitido como um direito. Não gostaria que meu filho, numa escola pública, aprendesse a odiar homossexuais, negros, judeus, lefties, etc.

Delance said...

Professor de geografia é uma comunalha miserável, com a exceção de Header, meu prof. de Geografia no Santo Agostinho.

Anonymous said...

Delance, lembro que o Header tinha aqueles dois cadernos: um pra fazer anotações na sala de aula e outro pra copiar de forma mais apurada. E todo dia de manhã tinha que levantar na hora em que o cara entrava na sala de aula. Eu vi o cara se aposentar, tu é das antigas?

Paulo, se não se pode vencer o bias, junte-se a ele? Que perigo o que você anda propondo...

[]s

Anonymous said...

Fernando,

Nao tinha percebido que vc tinha respondido.

Nao eh questao de junte-se a ele, eh uma questao de analisar a viabilidade do sistema. Duvido que algo sera feito contra esse professor. O aluno esta sendo ameacado e vai ter que mudar (so much for minority protection!)

Ja imaginou quantos casos desses acontecem por ai? Qual eh a solucao? Estragar a vida do moleque para poder dar um pito no professor?

Nao da. Eh preciso acabar com esse antro de loonies e colocar bom senso na situacao toda. E a unica maneira eh deixar que os grupos se juntem e preguem o que bem entendem. Assim como foi feito com a religiao.

[]s

Delance said...

Fernando. Era isso mesmo. E o caderno oficial era de capa dura! E tinha que dobrar as provas de várias maneiras, para evitar cola. Claro que sou das antigas. Você se formou quando? Quando o Header se aposentou? Muito gente boa ele. Abs.

Anonymous said...

Delance,

Eu me formei em 91. Acho que o Header se aposentou em 87 ou 88. Eu tive aula com ele em 85.

Abraços

Anonymous said...

E, concordo. Ele era muito gente boa, apesar da imagem de ser um professor barra pesada.

Abraços