Friday, July 30, 2004



Sexta, 30 de Julho, 2004

  B+



Consegui assisitir mais ou menos 30 minutos do discurso do Kerry ontem. Pode parecer pouco, mas eu esperava me cansar bem mais rápido.

O show começou muito bem, com um filme/propaganda feito por um aluno do Spielberg. Mostrava o Kerry no Vietnã, brincando com as filhas, Kerry no Vietnã, Kerry no Vietnã... Coisa de primeira qualidade. Depois vieram as filhas, os companheiros de Vietnã, o Senador Max Cleland (que perdeu as duas pernas e um braço adivinhem aonde), e finalmente Kerry.

O discurso em si continuou seguindo essa mesma regra: All about the military baby. Uma estocada aqui e ali no Bush, ajudar a classe média aqui e ali, referência à mãe escoteira para explicar o amor à natureza, e entre cada um desses assuntos uma lembrança de que ele será implacável contra os terroristas, e que ajudará o exército a ser mais forte.

Quase 80% do discurso poderia ser considerado Republicano. Nada de concordar com a teoria Clintoniana de que "não podemos matar todos terroristas do mundo". A mensagem foi de força. "John Kerry reporting for duty", como ele mesmo definiu na primeira frase.

Apesar de não votarmos aqui, considero eu e minha mulher como bons exemplos do público alvo do Kerry: Independentes, inclinados para o lado dos Republicanos. E por aqui o discurso foi efetivo. Até o "estilo-robô" dele parecia controlado, bem melhor que antes. Me peguei imaginando um mundo melhor, alianças refeitas, Iraque em paz, menos impostos, déficit controlado, uma beleza!

Afinal, é tudo marketing. E os Democratas fizeram um bom trabalho, melhor do que eu esperava.

Bush vai ter que jogar muito bem para reverter a partida.

Wednesday, July 28, 2004



Quarta, 28 de Julho, 2004

  Moore vs O'Reilly

Falem o que quiser da FOX News, mas ela é sem dúvida a rede de TV mais interessante dos EUA atualmente. Ser primeiro lugar de audiência entre as redes de notícia não é pouca coisa. E quem imagina que todos os programas são simplesmente o pessoal da direita debantendo entre sí está muito enganado.

Ontem foi a segunda vez que o Moore foi no programa do O'Reilly. O convite já estava no ar desde o lançamento do filme dele, mas o Moore andava meio ressabiado... Ontem, no meio da convenção democrata, o O'Reilly o intimou novamente. Moore exigiu que a entrevista não fosse editada, e que cada um tivesse direito ao mesmo número de perguntas. Ficou claro porque esse medo todo. Assim como na primeira vez, Moore foi péssimo.

É sempre incrível como esse pessoal radical se enrola. Nem vou entrar na discussão sobre o erro/mentira do Bush, parece semântica e não muda nada. Vou sim focalizar numa parte da conversa mais interessante. Vejam só:

O'REILLY: Alright, you would not have removed the Taliban. You would not have removed that government?

MOORE: No, unless it is a threat to us.

O'REILLY: Any government? Hitler, in Germany, not a threat to us the beginning but over there executing people all day long—you would have let him go?

MOORE: That’s not true. Hitler with Japan, attacked the United States.

O'REILLY: Before—from 33-until 41 he wasn’t an imminent threat to the United States.

MOORE: There’s a lot of things we should have done.

O'REILLY: You wouldn’t have removed him.

MOORE: I wouldn’t have even allowed him to come to power.

O'REILLY: That was a preemption from Michael Moore—you would have invaded.

MOORE: If we’d done our job, you want to get into to talking about what happened before WWI, woah, I’m trying to stop this war right now.

Hehehehehe... WOAH! Eu não quero discutir a completa falta de lógica do meu argumento, só quero falar mal das guerras atuais, fazer filmes e encher meu bolso de grana!

Mas o melhor fica para o fim. Vejam:

MOORE: How do you deliver democracy to a country? You don’t do it down the barrel of a gun. That’s not how you deliver it.

O'REILLY: You give the people some kind of self-determination, which they never would have had under Saddam—

MOORE: Why didn’t they rise up?

O'REILLY: Because they couldn’t, it was a Gestapo-led place where they got their heads cut off—

MOORE: well that’s true in many countries throughout the world__

O'REILLY: It is, it’s a shame—

MOORE:--and you know what people have done, they’ve risen up. You can do it in a number of ways . You can do it our way through a violent revolution, which we won, the French did it that way. You can do it by boycotting South Africa, they overthrew the dictator there. There’s many ways—

Então é isso mesmo. Cada um que se vire! Os iraquianos não eram livres porque não queriam. As centenas de milhares de pessoas mortas por Saddam não foram o suficiente. Assim como o milhão de mortos em Ruanda não foram, e agora outros milhares do Sudão não são. Ele poderia ter ao menos elogiado a politica do Bush no Sudão, não é mesmo???

Sorry suckers! Can't help ya!

Esse Moore é uma coisa de outro mundo... Leiam toda a entrevista, vale a pena.

Tuesday, July 27, 2004



Terça, 27 de Julho, 2004

  Resposta à Regina Parreiras Martins

Para quem não leu ainda, a pesquisadora Regina Parreiras Martins respondeu às minhas criticas ao texto "O Brasil que os americanos lêem". Ela copiou a resposta nos últimos dois posts, é só conferir.

Aqui vai minha resposta (enviada por email):

Regina,

Entendo sua crítica, mas acho que o parágrafo em questão é bem ambíguo. Veja bem:

'Não se trata de uma paranóia infundada de que esses repórteres possam ser verdadeiros "agentes do mal em missão pelo FBI"'

Na minha interpretação, você estava justamente concordando com a possibilidade de que os repórteres poderiam ser verdadeiros "agentes do mal", e não negando essa possibilidade. Pelos comentários que eu recebi, outros leitores entenderam dessa mesma forma, é só conferir.

Quanto aos seus comentarios sobre raça, novamente repito o que você escreveu:
'Tratando de temas tão díspares como o desenvolvimento econômico do sul do país ou o carnaval no Rio de Janeiro e em Salvador, as matérias, segundo a pesquisadora, apresentam uma ótica preconceituosa, baseada principalmente na distinção de raças.' (grifo meu)

Acho que é evidente que você considera sim um problema definir alguem por raça. Senão, porquê o desgosto com o fato de que a ascendência do Jaime Lerner é citada? E porque a revolta com a descrição do carnaval de Ipanema como tendo "Predominantemente negros"? Eu não vejo problema algum nisso, poderia muito bem imaginar que a maioria fosse negra numa festa como essa, afinal temos uma grande população negra no Brasil. E justamente por eu não ver diferenças ou preconceitos entre as raças ou nacionalidades, não acho isso problema algum. Não achei sequer um exemplo em que os negros brasileiros foram descritos como inferiores ou algo do tipo. Só posso deduzir que esse 'bias' é subjetivo, como parecem ser todas as suas outras acusações.

Quanto ao fato de que você morou em Washington, realmente não muda muito minha opinião. Eu assumi que esse não era o caso justamente porque eu moro aqui e não vejo nada disso. Continuo discordando que exista esse "plano organizado" de passar uma imagem ruim do Brasil. Acho que fazemos esse trabalho muito bem sozinhos. Eu moro aqui em Washington DC há 6 anos, tenho parentes espalhados por 5 estados americanos, conheco uma boa parte do país, também estou completando meu mestrado e sigo atentamente tudo que é escrito sobre o Brasil por aqui. E acho que a imagem que os americanos tem do Brasil é até boa demais. Muito pelo desinteresse, e parte pela escassez das mesmas.

Sinceramente, não vejo porque perder recursos tentando achar problemas aonde eles não existem, quando já temos tantos problemas reais nos atormentando.

Abraços
Paulo

Monday, July 26, 2004



Segunda, 26 de Julho, 2004

  Crise? Qual crise???

Deveria estar preparado, mas sempre me assombro com o tamanho das mutretas desse governo atual. Vejam alguns dados fornecidos por essa boa matéria do Carlos Hugo Studart (originalmente publicada na Isto É Dinheiro):

- Entre 2002, último ano da gestão FHC, e o fim 2004, o aumento das despesas vinculadas ao presidente será de 150%.

- Em 1995, o gabinete presidencial gastou R$ 38,4 milhões. Em 2003, primeiro ano de Lula, as despesas alcançaram R$ 318,6 milhões. Para este ano, está previsto o desembolso de 372,8 milhões – ou R$ 1,5 milhão por dia útil de trabalho. Até o dia 2 de julho, o gabinete tinha gasto R$ 120,3 milhões.

- Itamar Franco entregou o Palácio do Planalto com 1,8 mil funcionários. FHC, por sua vez, enxugou-o para 1,1 mil. Há neste momento 3,3 mil funcionários trabalhando diretamente na Presidência. No Palácio da Alvorada, existem outros 75. Há um mês, Lula assinou um decreto, de número 5.087, aumentando de 27 para 55 seus assessores especiais diretos.

- A gestão direta do Palácio do Planalto, do Alvorada e da Granja do Torto, tem um orçamento de R$ 151,2 milhões. Do total, R$ 140,8 milhões estão sendo gastos na administração dos palácios. Também estão sendo gastos R$ 3,8 milhões para a remuneração de militares que fazem a segurança do presidente e de sua família – há equipes em São Paulo, Florianópolis e Blumenau cuidando dos filhos de Lula.

- Em 2000, primeiro ano em que o governo FHC adotou os cartões de crédito corporativos, as faturas somaram R$ 761,7 mil. Em 2002, quando entregou o poder, estavam em R$ 2,4 milhões. Em 2003, o governo Lula gastou R$ 3.811.259,48 com cartões, 37,5% a mais do que no ano anterior. Este ano as compras estão ainda mais aceleradas. Até 15 de junho, dia em que a Secretaria de Administração da Presidência da República pagou as últimas faturas ao Banco do Brasil, os gastos há somavam exatos R$ 2.665.977,20. Nesse ritmo, o Planalto chega a R$ 6 milhões até o final do ano.

- Detalhe sobre esses cartões: No governo FHC, as faturas foram enviadas ao Tribunal de Contas da União com a discriminação de cada compra, com a respectiva nota fiscal em anexo. O governo Lula não tem feito o mesmo. Neste ano, na sua primeira prestação de contas, o governo informou somente o valor total das faturas. A lista das autoridades que receberam cartões virou um segredo de Estado. Em abril, por exemplo, Dirceu foi flagrado em São Paulo pagando um hotel com seu cartão corporativo. Mas seu nome – nem o de nenhuma outra autoridade – não consta nas faturas do Banco do Brasil. Na maior parte das ordens de pagamento, não há referência ao verdadeiro dono do cartão.

Parece brincadeira, não é? Mas não se esquecam: A CULPA É DOS JUROS, EUA, CAPITALISMO E DO BUSH!

Friday, July 23, 2004



Sexta, 23 de Julho, 2004

  O paradigma dos paradigmas

A questão atual dos juros altos é o problema complexo mais simples de toda nossa história.

Parece simplificação, mas não é. A resposta ao problema ja existe e é conhecida por todos. Aparece sempre aqui e ali, envolvida pelo blablabla de sempre, mas quase ninguém percebe. Um bom exemplo é esse texto do Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo FHC). Vejam esse trecho aqui:

"Ano a ano a dimensão dos juros pagos, em relação aos chamados gastos sociais, cresce de maneira significativa. Por outro lado, a necessidade de garantir a solvência da dívida pública obriga o governo a realizar superávits primários de grandes proporções. Como não há condições políticas para atuar do lado das despesas e dos gastos sociais, resta a saída do aumento dos impostos e das contribuições sociais. Com uma carga fiscal da ordem de 40%, na sua maioria impostos indiretos, fica muito difícil manter o crescimento sustentado da economia."

Isto é basicamente tudo que se precisa saber sobre o problema em questão.

Temos gastos que não são questionados, e que são comprovadamente maiores do que o Estado pode suportar. Justamente por isso precisamos de empréstimos! Porém, por "falta de condições políticas" esses gastos não são mudados. Ao mesmo tempo, aumenta-se os impostos na tentativa de conseguir mais dinheiro para cubrir o rombo da conta corrente e convencer os bancos a emprestar cada vez mais dinheiro.

Pior, como a receita dos impostos nunca é suficiente, algumas despesas ficam de lado de qualquer forma. Mas quais? Quem decide quais são essas que ficam de lado? Não é nehuma lei do congresso, nenhum tipo de instrumento oficial. É a velha lei do "foda-se"! Obviamente, salários de políticos são pagos, propagandas na TV continuam, e sobra para os gastos "sem padrinho", como construção de escolas, novos hospitais, etc, ficarem informalmente de lado.

Diante dessa loucura toda, por que diabos então não temos "condições políticas"???

A resposta é óbvia. Os que controlam os gastos são os mesmos que lucram desproporcionalmente com o sistema atual. Políticos apartidários e seus conchavos que propagam o ciclo de corrupção. E para justificar tudo isso, criaram esse incrível paradigma de que o problema são os juros!

E o mais inacreditável de tudo isso é que o povão cai direitinho! Povão no sentido amplo da palavra. Sim, porque os nossos intelectuais, cegos por suas ideologias, seguem inconscientemente a mesma ladainha. Não querem mudar os 'compromissos sociais' da nossa legislação grotesca e acham que a culpa está nos bancos.

Realmente acho que estamos perto de um limite. Será que voltaremos no tempo e começaremos a imprimir dinheiro novamente para cubrir a conta? Ou quem sabe vamos resolver de uma vez por todas dar o cano nos bancos e deixar a bomba explodir de vez?

Será que só no caos teremos condições políticas necessárias para entender o problema e fazer algo de verdade?

Thursday, July 22, 2004



Quinta, 22 de Julho, 2004

  O muro e a ONU

Eu acho esse muro que Israel está construindo um absurdo.

Não somente um absurdo mas uma grande farsa, em todos os aspectos.

Duvido que irá ajudar proteger Israel de terroristas, assim como duvido que vá repremir mais os Palestinos. É um grande desperdicio de tempo e dinheiro. O Sharon só está fazendo isso tudo para tentar acalmar o pessoal do Likut, revoltados com a proposta da retirada dos assentamentos de Gaza.

Porém, mais inútil que esse muro só mesmo a reação da ONU. Nessas horas eu realmente me pego pensando se estariamos melhor gastando esse bilhões de dólares que vão para esse pessoal de outra maneira.

Afinal, aonde esta a resolução (e ação!) exigindo que o Arafat devolva os milhões que ele roubou das agências de ajuda internacionais?

Aonde esta a resolução exigindo que ele ceda o poder ao Primeiro ministro para que a 'segurança' palestina seja finalmente implementada? O Arafat só não conseguiu colocar o primo corrupto dele como chefe de segurança porque os próprios palestinos se revoltaram!

Sem essas mudanças no lado palestino não vamos sair do lugar. No way.

A ONU é e sempre foi extremamente incompetente em qualquer assunto militar. O fato de somente certos lados de um problema serem tratados como resoluções e outros não é flagrante. A falta de ação é vergonhosa. É uma instituição politizada, sem nenhum poder de decisão real. Só funciona para assuntos não-polêmicos, como ajuda humanitária, e olha lá.

Um leão sem dentes, que so ruge quando quer chamar atenção, mas não bota medo em ninguem.

Wednesday, July 21, 2004



Quarta, 21 de Julho, 2004

  Welcome to the Republican Party

Ok, ando meio sem tempo de escrever algo original, então nada melhor do que apelar para um texto pronto! Este é bem simples (simplista diriam meus amigos USPianos), mas a mensagem nem tanto... (SAP not available, sorry!)

Father - Daughter Talk

A young woman was about to finish her first year of college. Like so many others her age she considered herself to be a very liberal Democrat and had grown to be in strong favor for the distribution of all wealth in America. She felt deeply ashamed that her father was a rather staunch conservative which she expressed openly.

One day she was challenging her father on his beliefs and his opposition to higher taxes on the rich & more welfare programs. In the middle of her heart-felt diatribe based upon the lectures she had from her far left professors at her school, he stopped her and asked her point blank, how she was doing in school.

She answered rather haughtily that she had a 4.0 GPA, and let him know that it was tough to maintain. That she had to study all the time, never had time to go out and party like other people she knew.

She didn't even have time for a boyfriend and didn't really have many college friends because of spending all her time studying. That she was taking a more difficult curriculum.

Her father listened and then asked, "How is your friend Mary?"

She replied, "Mary is barely getting by." She continued, "all she has is barely a 2.0 GPA," adding, "and all she takes are easy classes and she never studies." But to explain further she continued emotionally, "But Mary is so very popular on campus, college for her is a blast, she goes to all the parties all the time and very often doesn't even show up for classes because she is too hung over."

Her father then asked his daughter, "Why don't you go to the Dean's office and ask him to deduct a 1.0 off your 4.0 GPA and give it to her friend who only had a 2.0?" He continued, "That way you will both have a 3.0 GPA and certainly that would be a fair equal distribution of GPA."

The daughter was visibly shocked by her father's suggestion and angrily fired back, "That wouldn't be fair! I worked really hard for mine, I did without and Mary has done little or nothing, she played while I worked really hard!"

The father slowly smiled and said, "Welcome to the Republican Party."

Monday, July 19, 2004



Segunda, 19 de Julho, 2004

  Martha Stewart

Está aí um caso com consequências boas e ruins.

Para quem não conhece, a Martha Stewart seria como uma Ana Maria Braga americana. Ela é muito famosa pelo seus programas na TV, tem uma grife de roupas, etc.

O rolo todo comecou quando acusaram ela de "inside trading" (vender ou comprar ações baseado em informações teoricamente confidenciais da empresa em questão). Durante esse processo, a Martha Stewart mentiu. Porém, no fim da investigação não foi provado nada de irregular na venda das ações...

Quer dizer, ela está sendo punida por ter contado uma mentira sobre um crime que não aconteceu (ou pelo menos não foi provado).

Os experts dizem que se fosse qualquer outra pessoa, a pena máxima seria de alguns meses de serviço comunitário e olha lá. Ela pegou 5 meses de cana.

É claro que estão fazendo um exemplo no caso dela. O que é bom, porque manda uma mensagem a qualquer outro CEO poderoso que ache que o governo faz vistas grossas para quem tem muito dinheiro. Por outro lado, é péssimo porque mostra que o sistema judiciário é passível de influências externas, justificadas por "causas" que não deveriam ser parte do processo.

Os detalhes do caso mostram que no fim das contas, a Martha Stewart está mais pagando pela arrogância do que pelo sucesso. Ela teve inúmeras chances de admitir que mentiu, o que virtualmente eliminaria a possibilidade de pegar cadeia, mas preferiu apostar na força da retórica dos seus advogados. Se deu mal.

Só espero que usem o mesmo rigor contra o Ken Lay, esse sim um legítimo estelionatário de marca maior.

Saturday, July 17, 2004



Sábado, 17 de Julho, 2004

  Whoops!

Não parece que essa notícia repercutiu pelo Brasil, mas por aqui a discussão sobre o cancelamento do contrato da Whoopi Goldberg pela Slim-Fast (empresa que faz produtos para emagracer) foi grande.

Afinal, será que os direitos de livre expressão da Whoopi foram infringidos?

Eu acho que não. Ela pode, se quiser, aparecer hoje em qualquer lugar, com a mesma garrafa de vinho na mão, e fazer novas piadinhas com o nome do Bush. O governo não se meteu, pelo menos diretamente, na vida dela por causa disso. E o direito de livre expressão lida justamente com interferências do governo sobre o que as pessoas expressam. As reações das outras entidades privadas já é outro caso.

Acho que o problema com o que a Whoopi fez não foram as críticas em sí, mas sim a maneira que ela se comportou. Outros artistas, como o Chevy Chase, John Mellencamp e Paul Newman, também fizeram seus protestos naquela noite e ninguém reclamou.

Enfim, a liberdade dela de dizer o que bem entender não tira a liberdade da empresa que a contratou de ser contra o que ela fez, e cancelar o contrato. Se a empresa vai ganhar ou perder com isso já é outra história, mas direito de fazerem o que bem quiserem eles tem.

Friday, July 16, 2004



Sexta, 16 de Julho, 2004

  Manja de futebol?

Falando em escape, que tal participar de um bolão de futebol online? É de graça, mas também não tem prêmio nenhum. Just plain fun para animar sua manhã de segunda.

E mais importante: Foi criado por yours truly. Vai lá!

Tuesday, July 13, 2004



Terça, 13 de Julho, 2004

  Ainda sobre o complexo de inferioridade

Essa foi uma dica do David.

Uma pesquisadora chamada Regina Parreiras Martins, da Unicamp, baseou sua tese em análises de reportagens publicadas pelo NYT sobre o Brasil nos anos 90, e chegou na conclusão de que "as matérias apresentam uma ótica preconceituosa, baseada principalmente na distinção de raças."

Deixando os óbvios problemas que o NYT sem dúvida tem, é interessante ver a "lógica" da pesquisadora para chegar à essa conclusão.

Primeiro de tudo, distinguir raças não é preconceito. Eu sou branco, o Pelé é preto. Se eu for descrever as nossas diferenças, além dele jogar futebol um pouquinho melhor, posso muito bem dizer que ele é preto e eu branco.

Continuando o texto, se vê que ela realmente não tem a menor idéia do que é racismo ou preconceito. Ela considera racista chamar o Brasil de "arco-íris racial", ou simplesmente citar que o ex-prefeito prefeito Jaime Lerner é filho de imigrantes poloneses e que estudou Urbanismo no Brasil e na França!

Ela também se revolta com uma entrevista publicada sobre o carnaval que diz, "Predominantemente negros, os rostos ensebados, as roupas rotas... Esses eram os integrantes da banda desengonçada que parava o trânsito na Visconde de Pirajá, uma avenida comercial, em Ipanema. É justamente para evitar esse tipo de pedestre que os motoristas da região costumam levantar os vidros das janelas dos carros. ‘De onde eles vieram? Da África?’, comenta um piloto aposentado, de 77 anos."

Oras, racista não foi o jornalista, e sim o tal piloto aposentado! Que jogue a primeira pedra quem nunca ouviu esse tipo de coisa... Não é absurdo nenhum descrever essa situação, como tenta convencer o artigo.

Ainda sobre o tal preconceito, ela diz que "O carnaval é atravessado por esta imagem idealizada. O evento seria ainda uma espécie de escape para populações que ignoram seus problemas sociais."

E qual o problema de achar o carnaval um escape? Afinal, é um bando de gente pelada pulando com penas e paetês na cabeça comemorando sabe-se lá o que! Se isso não é escape então não sei o que é. E notar isso não é ser preconceituoso, é somente dar uma opinião sobre as motivações da festa...

Mas o mais interessante ficou para o fim. Numa irônica demonstração de nacionalismo burro e preconceito (aqui sim de verdade), a tal pesquisadora diz que todos jornalistas do NYT no Brasil são "agentes do mal em missão pelo FBI" e que "As pessoas (brasileiros) não estão mais aceitando isso, não se identificam com esses estereótipos."

O que essa Regina não sabe, provavelmente porque escreve sobre um país que nunca deve ter ao menos visitado, é que o interesse americano pelo Brasil é, por bem ou por mal, muito pequeno. Se existe uma conspiração maquiavélica do FBI para convencer o povo americano de que o povo brasileiro é isso ou aquilo, sinceramente não está funcionando.

É talvez essa falta de interesse que machuque o orgulho verde-amarelo e motive esse pessoal, só pode ser isso... Esse complexo de inferioridade não tem fim!

Monday, July 12, 2004



Segunda, 12 de Julho, 2004

  Esquerda ou centro-esquerda?

Um leitor do ótimo Andrew Sullivan faz uma boa análise sobre o tão falado (inclusive por mim) histórico político dos John-John no senado (não se esquecam que a tradução de liberal nesse caso é socialista):

"I'm growing a bit frustrated with the media, including you, running with this Kerry and Edwards being the first and fourth most liberal Senators. Everyone is citing the National Journal's ratings but they are doing it sloppily. I have seen no recent article that cites anything but the 2003 ratings where Kerry missed 37 and Edwards missed 22 of 62 votes and both were setting themselves up for primary battles where their base was essential. Think what you may about missing votes and pandering a bit (seems suicide to not do both when going for the nomination), but my larger point is the media should be looking at this much more historically and in years when Edwards and Kerry actually showed up to do their jobs. I'll do it for them.

Following are rankings and liberal scores since 1999.

2003: Kerry - 1st (96.5) Edwards - 4th (94.5)
2002: Kerry - 9th (87.3) Edwards - 31st (63.0) Edwards made the centrist list.
2001: Kerry - 11th (87.7) Edwards - 35th (68.2) Edwards almost tied with Lieberman.
2000: Kerry - 20th (77) Edwards - 19th (80.8) Rankings past 20 are not available nor are composite scores for all Senators, so Kerry is 21st or higher.
1999: Kerry - 16th (80.8) Edwards - 31st (72.2)

Average: Kerry - 12th (85.9) Edwards - 24th (75.7)

Now this paints a different picture. Certainly Kerry is a stalwart liberal (although probably not or barely a top 10 liberal), but he does hail from and represent one of the most liberal states. But Edwards is definitely a moderate Democrat (if you define that as somewhere in the ideological middle of the Democratic platform)."

Tudo que eu tenho a dizer é... Menos mal! :-)

Sunday, July 11, 2004



Domingo, 11 de Julho, 2004

  Buckely on weed

Não deixa de ser surpreendente a defesa da legalização da maconha por William F. Buckley, considerado por muitos o mais influente conservador norte-americano da atualidade.

Os motivos de Buckley:
- "There are approximately 700,000 marijuana-related arrests made very year. Most of these — 87 percent — involve nothing more than mere possession of small amounts of marijuana."..."Professor Ethan Nadelmann, of the Drug Policy Alliance, writing in National Review, estimates at 100,000 the number of Americans currently behind bars for one or another marijuana offense."
- "This exercise in scrupulosity costs us $10-15 billion per year in direct expenditures alone."
- "An estimated 100 million Americans have smoked marijuana at least once, the great majority, abandoning its use after a few highs."

Concordo que os números são terríveis. Mas será que a legalização realmente melhoraria as coisas? Se usarmos o álcool como comparação, o quadro não é muito animador.

Segundo estudos do governo, os custos acumulados do abuso do álcool (acidentes causados, perda de produtividade, doenças, etc) chega nas centenas de bilhões de dólares.

Difícil saber o que é pior. Continuar nessa luta invencível contra a existência das drogas, ou a teórica "estabilidade" da assimilação das mesmas na sociedade legal.

Até hoje não ouvi um argumento realmente convincente de nenhum dos dois lados. Talvez este simplesmente não exista.

Friday, July 09, 2004



Sexta, 9 de Julho, 2004

  Democratas confusos

Não entendo mais os democratas.

Primeiro, parece que não querem mais parecer democratas. Alguns dias atrás, Kerry disse que "representa os valores conservadores da América", e até mesmo se declarou contra o aborto! Como pode? Afinal, baseado nos votos do senado, John Kerry foi o senador mais "liberal" (nesse caso o significado de liberal é socialista) dos EUA em 2003! (Edwards ficou em quarto).

Very confusing.

E para aumentar a confusão, ontem os John-John participaram de um show (que arrecadou $7.5m) com os milionários loones de hollywood aonde o ponto alto foi Whoopi Goldberg e suas piadas sexuais com o nome do Bush (que em inglês significa arbusto, acho que vocês conseguem imaginar o enredo).

Será que os americanos conservadores lá do Midwest aprovariam essas coisas?

Ah, como andam confusos esses democratas...

Wednesday, July 07, 2004



Quinta, 8 de Julho, 2004

  Mainardi e o Iraque

Nem tudo está perdido! Finalmente alguém de destaque na grande imprensa brasileira mostrou algo diferente da unanimidade ideológica de sempre. O alvo do texto é o Lula, mas na verdade serve para 99% dos outros governos que foram contra essa guerra.

Eu geralmente acho o Mainardi sensacionalista demais para o meu gosto, mas dessa vez ele acertou bonito. Quase na mosca, quase...

Primeiro, os acertos:

- Mostrar a enorme hipocrisia de quem condenou a guerra baseado em legalidades. Temos gente como o Lula, que não apoiou outras guerras que a ONU apoiou, e temos os outros que criticaram os EUA no Iraque mas que apoiaram outras guerras que a ONU não apoiou. E isso só acontece porque a ONU é e sempre foi extremamente ineficiente militarmente. É só uma questão de parar e analisar as guerras que acontecerem desde sua fundação. Indo um pouco à frente nesse ponto, é bom lembrar que de acordo com a ONU Saddam abusou durante 13 anos de todas as formas possíveis e imagináveis. Quer dizer, essa ilegalidade da guerra não está sendo distorcida, está sendo inventada.

- Mostrar a maior hipocrisia ainda de quem condena a guerra pelo lado humano. Antes da guerra, o povo iraquiano sofria (para valer) com o Saddam e com o embargo. Agora pelo menos existe a chance de serem livres, e de quebra já se livraram dos outros dois problemas.

- Lembrar o fato de que os únicos que realmente poderiam ser contra a guerra seriam os americanos. Eu discordo um pouco, e adiciono nesse quesito os próprios iraquianos. O fato dos iraquianos terem sido na sua maioria à favor, já mostra que do ponto de vista humano a guerra foi válida. Os americanos realmente estão divididos, e tem toda razão. Muitos reclamam da ineficiência do Bush na explicação dos motivos da guerra. É bem difícil avaliar se os EUA irão se beneficiar ou não com tudo isso, e os soldados americanos continuam morrendo. Acho que a resposta virá somente com o tempo.

E por último, o que faltou:

- Faltou lembrar de um fato bem importante: A guerra no Iraque custa 5 BILHõES de dólares por mês aos EUA. O Mainardi encostou nesse ponto quando lembrou do Afeganistão (e a teoria do gasoduto) e do descontentamento americano sobre o Iraque, mas preferiu sair pela tangente com um "que se danem os americanos". Eu acho importante lembrar que com 5 bilhões ao mês daria para comprar todo o petróleo, água, areia e o que mais houvesse no Iraque.

Quem acha que a intenção da guerra era lucro financeiro, simplesmente não sabe aritmética.

Mas no fim das contas, estou contente. A mensagem chegará em muitos ouvidos, e quem sabe alguns entenderão a situação de uma maneira diferente da que é pintada por todo o resto da nossa imprensa. Já é um bom começo.



Quarta, 7 de Julho, 2004

  Fim da linha

Estamos chegando num ponto limite nesse nosso país do samba e carnaval.

Vejam mais essa fanfarrice do el comandante. Parece brincadeira, mas é coisa séria. A distância entre pedir um calote organizado dos juros do cartão e o fim oficial da iniciativa privada não é grande. A mensagem aliás, é claríssima.

E o pior é que a oposição objetiva a esse tipo de declaração é quase nula. É muito mais fácil criticarem o português errado do Lula do que o vazio das suas teorias desorientadas.

Quando se procura a opinião dos nossos economistas, o que eles dizem? Nada de prático. Somente o blablabla intelectualóide de sempre, criticando as consequências sem ao menos tentar reconhecer as causas.

E é tão fácil achar as causas! Vejam essa notícia aqui: "O governo conseguiu fechar um acordo que impede que os financiamentos com garantias reais possam ter prioridade na fase de recuperação das empresas. Essa medida, mais dirigida para os bancos, impede que eles desapropriem os bens dados em garantia aos empréstimos como máquinas, equipamentos de informática e bens imóveis." (via Jaquinzinhos)

A lógica é simples: Se você não tem prioridade para cobrar a garantia de um empréstimo, OBVIAMENTE os juros serão altos! Não é aumentando o superávit na balança comercial que vai mudar essa realidade.

Mas não, a solução proposta pelo nosso gênio do planalto, o líder da nossa economia, é não pegar dinheiro de lugar nenhum ou dar o calote.

Talvez o capitalismo não seja mesmo o sistema para o Brasil. Nossa cultura, nossos governantes, até mesmo nossas elites parecem simplesmente não entender os conceitos mais simples do sistema. Ou pior, entendem e fingem não entender.

Isso tudo só pode acabar mal.



Quarta, 7 de Julho, 2004

  Sunset in DC




Potomac River

Tuesday, July 06, 2004



Terça, 6 de Julho, 2004

  John Edwards

O sonho dos Democratas de ter o Senador Republicano John McCain chegou oficialmente ao fim. Kerry teve que se contentar com Edwards.

Sem dúvida Edwards era a segunda melhor opção. Gephardt é considerado muito para esquerda, e os outros candidatos (Governador Tom Vilsack de Iowa e o Senador Bob Graham da Flórida) não tem o destaque necessário.

Estou curioso para ver como Kerry vai acomodar as idéias protecionistas de Edwards dentro da sua campanha "a la Clinton" de incentivar o free trade. Também fico curioso em ver como a figura de Edwards vai ajudar a campanha de Kerry no Sul, aonde a sua imagem de "elite liberal de massachusetts" não é nem um pouco favorável.

Acho que no fim das contas, a maior vantagem de ter o Edwards na chapa é que ele é um bom orador. Quem sabe o Kerry consegue assimilar algo, e deixa o seu terrível "estilo-robô" de lado.

Saturday, July 03, 2004



Sábado, 3 de Julho, 2004

  Sem nada para fazer?

Let's play



Friday, July 02, 2004



Sexta, 2 de Julho, 2004

  Eleições na Indonésia

Depois de mais de 30 anos de ditadura militar, tudo que o povo da Indonésia deveria querer é distancia total do pessoal dos quartéis, correto?

Ah, se fosse tão simples. O candidato favorito para as eleições diretas que acontecem na próxima segunda é ninguém menos do que o ex-general Susilo Bambang Yudhoyono, 54, mais conhecido como SBY.

De acordo com o cientista político William Liddle, "Parte do problema na Indonésia é a história recente de fraca liderança civil. A ameaça à democracia não vem de generais aposentados, e sim dos membros da ativa que usam problemas como separatismo, tensões étnicas locais e religiosas para se involver e dizer 'Nós precisamos salvar o povo dele mesmo.' SBY pode ser a personalidade que consiga por esse pessoal no lugar deles".

Outra explicação que ouvi hoje na NPR foi que "Ele (SBY) representa a escolha de um mal menor, necessário para evitar a desintegração da frágil democracia. As pessoas querem alguém que imponha respeito e restabeleca a ordem no país, especialmente lutando contra a corrupção e o desemprego."

Falando de corrupção, o artigo do USA Today menciona que "But Indonesian voters are far less concerned about terrorism than corruption, chronic unemployment and the high price of basic commodities. Transparency International, a German-based corruption watchdog, last year rated Indonesia the tenth most corrupt country out of 138 surveyed."

Hummm... Isso me lembra um outro país. Será que a nossa salvação também virá de generais aposentados? Oh boy.

Thursday, July 01, 2004



Quinta, 1 de Julho, 2004

  Pensamento para o dia

"A democracy cannot exist as a permanent form of government," wrote Tyler. "It can only exist until the voters discover that they can vote themselves money from the public treasury. From that moment on, the majority always votes for the candidates promising the most money from the public treasury, with the result that a democracy always collapses over loose fiscal policy followed by a dictatorship."

Scottish Professor Alexander Tyler, writing more than 200 years ago, on the fall of the Athenian republic. Via Causa Liberal