Tuesday, July 13, 2004



Terça, 13 de Julho, 2004

  Ainda sobre o complexo de inferioridade

Essa foi uma dica do David.

Uma pesquisadora chamada Regina Parreiras Martins, da Unicamp, baseou sua tese em análises de reportagens publicadas pelo NYT sobre o Brasil nos anos 90, e chegou na conclusão de que "as matérias apresentam uma ótica preconceituosa, baseada principalmente na distinção de raças."

Deixando os óbvios problemas que o NYT sem dúvida tem, é interessante ver a "lógica" da pesquisadora para chegar à essa conclusão.

Primeiro de tudo, distinguir raças não é preconceito. Eu sou branco, o Pelé é preto. Se eu for descrever as nossas diferenças, além dele jogar futebol um pouquinho melhor, posso muito bem dizer que ele é preto e eu branco.

Continuando o texto, se vê que ela realmente não tem a menor idéia do que é racismo ou preconceito. Ela considera racista chamar o Brasil de "arco-íris racial", ou simplesmente citar que o ex-prefeito prefeito Jaime Lerner é filho de imigrantes poloneses e que estudou Urbanismo no Brasil e na França!

Ela também se revolta com uma entrevista publicada sobre o carnaval que diz, "Predominantemente negros, os rostos ensebados, as roupas rotas... Esses eram os integrantes da banda desengonçada que parava o trânsito na Visconde de Pirajá, uma avenida comercial, em Ipanema. É justamente para evitar esse tipo de pedestre que os motoristas da região costumam levantar os vidros das janelas dos carros. ‘De onde eles vieram? Da África?’, comenta um piloto aposentado, de 77 anos."

Oras, racista não foi o jornalista, e sim o tal piloto aposentado! Que jogue a primeira pedra quem nunca ouviu esse tipo de coisa... Não é absurdo nenhum descrever essa situação, como tenta convencer o artigo.

Ainda sobre o tal preconceito, ela diz que "O carnaval é atravessado por esta imagem idealizada. O evento seria ainda uma espécie de escape para populações que ignoram seus problemas sociais."

E qual o problema de achar o carnaval um escape? Afinal, é um bando de gente pelada pulando com penas e paetês na cabeça comemorando sabe-se lá o que! Se isso não é escape então não sei o que é. E notar isso não é ser preconceituoso, é somente dar uma opinião sobre as motivações da festa...

Mas o mais interessante ficou para o fim. Numa irônica demonstração de nacionalismo burro e preconceito (aqui sim de verdade), a tal pesquisadora diz que todos jornalistas do NYT no Brasil são "agentes do mal em missão pelo FBI" e que "As pessoas (brasileiros) não estão mais aceitando isso, não se identificam com esses estereótipos."

O que essa Regina não sabe, provavelmente porque escreve sobre um país que nunca deve ter ao menos visitado, é que o interesse americano pelo Brasil é, por bem ou por mal, muito pequeno. Se existe uma conspiração maquiavélica do FBI para convencer o povo americano de que o povo brasileiro é isso ou aquilo, sinceramente não está funcionando.

É talvez essa falta de interesse que machuque o orgulho verde-amarelo e motive esse pessoal, só pode ser isso... Esse complexo de inferioridade não tem fim!

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