Reparando o irreparável
De todas as idéias "progressistas" que surgem aqui pelos EUA (e não são poucas) uma das mais absurdas é a da "Reparations to African Americans", isto é, reparação aos negros pelos abusos da época da escravidão.
A teoria é que a população negra atual ainda sofre com as conseqüências do passado de escravidão. As idéias sobre como poderia-se efetuar essa ajuda vão desde uma isenção de impostos até uma mensalidade a la social security.
Discutir se os negros de hoje em dia ainda sofrem com o passado escravo é um exercício de subjetividade. Todos concordam que tudo aquilo foi um absurdo, a situação foi legalmente corrigida, e os negros atualmente tem os mesmos direitos dos brancos. Se culturalmente essa bronca ainda não passou (o que é compreensível), não vai ser com dinheiro que a situação vai ser corrigida. Desigualdade econômica tem que ser combatida com acesso a educação e melhora da infraestrutura geral. E desavenças étnicas só passam com o tempo.
Mas o pior de tudo é que esse tipo de plano, além de perpetuar uma relação de desigualdade racial, é essencialmente injusto.
Como é que pode se exigir que todos os brancos paguem por um erro que foi cometido somente por um grupo comparativamente pequeno de antepassados? E os brancos que chegaram aqui depois do fim da escravidão? Será que eu tenho que pagar só porque minha pele é de uma cor X? Ou talvez por eu ter vindo do Brasil eu posso me considerar "hispânico" e não branco?
E mais, o que dizer aos imigrantes irlandeses que fugiram da opressão dos ingleses? Será que os imigrantes brancos ingleses tem que pagar uma indenização para eles também? E os asiáticos pagam? E os de raça misturada, tem desconto?
Quer dizer, é simplesmente impossível corrigir algo que aconteceu centenas de anos atrás e fazer com que somente os que lucraram com um abuso indenizem os descendentes daqueles que realmente sofreram.
A história é imutável, e o que devemos lutar é para que vergonhas como essa não se repitam. Tentar quantificar essa dívida moral e pagar discriminação com mais discriminação não é a saída.
7 comments:
Aqui no Paraná um grupo de homens foi devidamente remunerado por serem ex-presos políticos.
Um dos indenizados disse que o dinheiro não é importante, embora não tenha se negado a recebê-lo, e sim o reconhecimento do governo do estado por um erro cometido. O que esse mesmo homem hoje faz da vida?
É funcionário público do governo do estado.
Existem alguns defensores dessa idéia por estas bandas. É aquela: querem importar a solução... e acabam importando o problema!
História véia. Que tal os egpicios pagarem pela escravidão dos judeus na época de Moisés?
Certamente
No Brasil já estamos pagando a conta pelo os portugueses fizeram antes de 1800... Os negros já tem acesso privilegiado nas universidades públicas, já são beneficiados com instituições afro-indígenas, onde branco não entra e pelo jeito que vai, logo logo vão ter acesso especial a filas de bancos, terão acesso especial a crédito, essas coisas que político gosta de fazer para ganhar votos.
Tive uma idéia: que tal mandar metade da fatura para os países africanos que também venderam negros aos ingleses, portugueses, espanhóis e franceses? A Grande Mãe África também tem uma enorme parte nessa conta.
É interessante notar que os mesmos que defendem como absurdo a idenização aos negros pela escravidão, são calados pela onda politicamente correta, e não defendem que o Estado Alemão interrompa o pagamento que faz às vítimas do Holocausto e seus descendentes diretos.
O Paradoxal nisso é que a atual geração alemã, que não tem nada a ver com o nazismo, é aprimeira a não querer discutir a questão. Excesso de Politicamente correto dá nisso.
Eiweiss,
Acho que o pagamento aos judeus que perderam terras e negocios durante o nazismo eh um caso bem diferente.
Afinal, vc sabe quem sao as familias e sabe o que eles tinham antes de serem expulsos ou mortos...
Mas como pagar aos descendentes dos escravos algo que eles nunca tiveram? E mais, quanto mais longe pior. Se os judeus esperarem mais 100 anos para tentar algum tipo de processo pode ter certeza que nao daria certo.
[ ]s
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