Monday, December 05, 2005

TETRACAMPEÃO

O bom nem sempre é bonito


Tevez, o Monstro da raça

Meus amigos que ficaram no lado de baixo da tabela (Championship challenged como diriam os americanos) me provocaram dizendo que a comemoração desse titulo não foi das melhores.

Eles tem razão, mas pelos motivos errados.

O problema não foi o suposto favorecimento da arbitragem, ou a falta de brilho desse time. Sobre o favorecimento eu falo depois, e sobre o time, contando com todos os titulares, acredito que este seja melhor que os outros 3 campeões.

O problema desse campeonato foi outro: a fórmula dos pontos corridos. Para variar, o Brasil importa o que há de pior na Europa.

O pessoal que gosta desse esquema diz que é a fórmula mais justa, que vence o time mais constante, que tem o melhor elenco e planejamento. Concordo 100%. Só existe um probleminha: Os torcedores não estão atrás de justiça e constância, e sim de emoção.

Não existe coisa mais emocionante do que uma final. Final de verdade, com casa lotada, e que se acabar empatada vai para os pênaltis. O nervosismo de colocar 6 meses de campeonato em 90 minutos, a possibilidade de jogadores que não fizeram nada o ano inteiro virar heróis. Adrenalina pura.

Os defensores da formula atual rebatem dizendo que em pontos corridos todo jogo é uma final. Oras, usando a frase do Incredibles, tudo que isso quer dizer é que nenhum jogo é realmente uma final.

Imaginem se tivessemos agora oitavas de final entre Corinthians x Cruzeiro, Internacional x Paraná, Goiás x Atlético-PR e Palmeiras x Fluminense. Imaginem se Corinthians e Inter tivessem que jogar mais 2 vezes, no Beira Rio e Morumbi lotados.

Terminar um campeonato perdendo um jogo que acabou não valendo nada realmente é frustrante. E não poderia ser de outra maneira. Na verdade, poderia ter sido muito pior, com o campeonato acabando da mesma forma há 3 semanas atrás (se não fosse o gol impedido do Inter contra o Brasiliense).

O que na teoria é justo, na prática vira burocrático e chato. No campeonato de pontos corridos, a emoção é somente um detalhe.

---x---

A moral imoral


Se não fosse pelo gol irregular do Goiás (3 jogadores claramente impedidos) toda essa choradeira do Inter não estaria acontecendo.

Mas o mais irônico de toda essa situacao é que o time que se diz "campeão moral" é o mesmo que quer fazer valer os jogos aonde o juiz declaradamente roubou. Também é o time da mala preta, e o time que, na maior cara de pau do mundo, não admite estar usando um torcedor testa de ferro e a federação gaúcha na briga com a CBF.

E para completar a festa, fizeram a volta olímpica (depois de perder de um time rebaixado) mas decidiram não ir à justiça comum porque correm perigo de perder a vaga na libertadores.

Uma moralidade bem perneta essa colorada.

---x---

Título merecido



Ano

Jg

V.

%

E.

%

D.


%


G.P.

Média


G.C.

Média

1990


25

12

48%

8

32%

5

20%

23

0.92

20

0.80

1998

32

18

56%

7

22%

7

22%

57

1.78

38

1.19

1999

32

15

47%

9

28%

8

25%

54

1.69

49

1.53

2005

42

24

57%

9

21%

9

21%

87

2.07

59

1.40

12 comments:

Igor Taam said...

Quanto aos pontos corridos, eu tenho que concordar contigo. Já digo isso entre os amigos há muito tempo. Para falar a verdade, não conheço muita gente que discorde. A implantação desse sistema se deve muito à pressão de jornalistas tipo Juca Kfouri. Globais também entraram nessa campanha.

Não foi só o fato de ganhar o campeonato com uma derrota, mas não houve nem a histórica "volta olímpica", pois havia a possibilidade (mesmo que remota) de o Inter ganhar. O troféu ficou em outro lugar, e a volta nunca será dada.

Cláudio said...

Até mesmo alguns entusiastas do modelo de pontos corridos depois do primeiro campeonato admitiram meio desconcertados que houve uma perda de emoção.

Anonymous said...

Muita gente que exerceu essa pressão tem uma certa tara pelo modelo de pontos corridos europeu. Também não gosto.

PS = Nem todos os colorados são moralmente pernetas, cuidado. :)

[]s

Anonymous said...

Po Fernando, o simbolo deles eh o Saci! Eles adoram um perneta! :-)

Anonymous said...

Perneta não, Paulo, physically challenged... :)

Anonymous said...

Quem gosta de pontos corridos nunca viu uma final ao vivo no estádio.

E agora deram pra dizer que a série A vai se tornar "elitista", com a exclusão cada vez maior dos clubes do nordeste. Espero que o Ministro para Assuntos Futebolísticos do Mula (deve existir) não crie uma cota pra isso.

Pros cofres dos clubes restantes a manutenção do sudeste e sul na série A é ótimo, por não precisarem passar quase 10 meses cruzando o país de avião. O ideal talvez fosse dividir o país em duas ligas, com o campeão de cada uma fazendo a grande final, como em alguns esportes nos EUA.

Mas já que copiaram o europeu, que tivessem feito o serviço completo, igualando o calendário europeu com o brasileiro. Assim os clubes não começariam com um time e terminariam com outro, já que o prazo de negociação de jogadores na Europa não coincidiria com o campeonato brasileiro em andamento.

Até babar ovo brasileiro só faz pela metade.

Anonymous said...

Pontos corridos = várzea

abraço

Anonymous said...

Paulo, um comentário interessante sobre o uso de tecnologia e outras amenidades esportivas, por Deford na NPR:

http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=5042190

[]s

Wagner Clemente Soto said...

- O gol irregular (impedido) do Internacional contra o Brasiliense foi validado pelo juiz, o que ocasionou a vitória do primeiro;
- A vitória do Internacional sobre o Palmeiras foi conquistada graças a um pênalti inexistente, marcado pelo juiz;
- O gol irregular (impedido) do Goiás contra o Corinthians deu a vitória àquele no último jogo do campeonato.

Logo, a arbitragem favoreceu o Corinthians e prejudicou o Internacional, devendo este ser declarado, por conseguinte, o legítimo campeão brasileiro de 2005.

Com essa lógica implacável, os vermelhinhos gaúchos mostram que não têm em comum com os esquerdistas apenas a cor da bandeira e a facilidade com que encarnam o papel de vítima.

Os grunhidos de todos os anticorinthianos fazem coro com a choradeira colorada. Nada que possa atrapalhar a festa alvinegra.

Anonymous said...

Peraí,
Pra variar a corinthianada só tá olhando pra um lado. Se teve gol irregular do Inter contra o Palmeiras e gol irregular do Goiás contra o Corinthians, teve também:
1) Corinthians ganhou do Paissandu com gol irregular. Seriam 2 pontos a menos;
2) O gol do Inter contra o Brasiliense NÃO tava impedido. Um repórter de rádio falou que tava e todo mundo comprou. Aí o tira-teima da Globo foi lá e mostrou que não tava. Ou seja, devolve os pontos que o post tentou tirar do Inter.
3) Juiz tentou ajudar o Corinthians contra o São Caetano, expulsando só o jogar do azulão num claro pega pra capar entre os dois lados. Nem assim conseguiu.
4) O post diz que o juiz "declaradamente" roubou. Falso, ele declaradamente levou uma grana, mas declaradamente diz que não influiu no resultado das partidas. SE INFLUI FOI A FAVOR DO CORINTHIANS CONTRA O SANTOS,porque esse era o acordo. Ué, pra que voltar esse jogo se o esquema era para o Corinthians ganhar e nem assim conseguiu?
5) Noves fora: se for pra considerar os desacertos de arbitragem, tira 2 pontos do Corinthians contra o Paissandu, 1 contra o Inter, porque teve aquele pênalti escândaloso, e acrescenta 1 pela roubada contra o Goiás. Do Inter, tira 2 do roubo contra o Palmeiras, acrescenta 2 contra o Corinthians. Mais os 4 pontos que o Corinthians ganhou com a anulação dos jogos, e o Inter venceria o campeonato com 3 pontos à frente. Uma bela vantagem. Por isso a lógica colorada é implacável, sim.
Quanto aos pontos corridos, discordo até que seja mais justo. O Santos era disparado o melhor time há 3 anos e chegou em 8o nos pontos corridos. O que mede desempenho na vida não é só constância, mas também crescer nos momentos difíceis. E o mata-mata serve também para ver quem é o melhor na hora do vamos ver.
É isso.
Assinado: Colorado da Silva

Jorge Nobre said...

Paulo, como é o sistema da NBA? SErá que não seria aplicável ao Brasil?

Eu acho que o número de times é excessivo e isso é mais grave que o sistema de turno e returno. O máximo, no Brasil, deve ser 18 times, caindo três e subindo três todos os anos.

Wagner Clemente Soto said...

Vae Victis!