Monday, June 14, 2004



Segunda, 14 de Junho, 2004

  Patriotismo




Para o Alexandre do LLL, o patriotismo é uma prisão. Ele escreveu hoje sobre isso, e em um trecho do post ele diz que "É muito triste não ter uma pátria, mas amá-la é mais triste ainda".

Concordo que o atual patriotismo brasileiro atrapalha (e muito), mas discordo que essa seja uma regra universal.

A maioria dos países mais desenvolvidos (França, Alemanha, Espanha, Japão, Itália, Suécia, EUA, etc) são bem patrióticos. O argumento de que exageros nacionalistas levaram esses mesmos a ter problemas (como guerras) é valido, mas também é evidente que esse mesmo sentimento ajudou na formação e desenvolvimento desses países.

Acredito que a diferença esteja na origem, e consequentemente nas expectativas, do patriotismo brasileiro.

Nos países desenvolvidos, o fato do cidadão dar valor ao país é consequência da sua própria valorização individual. Quer dizer, o francês acha a França melhor que os outros porque no fundo ele se acha melhor. E é por isso que quando voce conhece um francês, ou um alemão, ele não precisa mencionar o país de origem para se identificar. O Hans vai se apresentar, aonde quer que esteja, como Hans, e não como "Hans, da Alemanha".

O patriotismo dessas pessoas é somente uma exteorização do orgulho pessoal, e que acaba no fim das contas fortalecendo o próprio indivíduo.

Já no Brasil a lógica é oposta. O brasileiro quer acreditar que o Brasil é importante porque isso significa que ele, o brasileiro, é importante. Mais ainda, o brasileiro sempre espera que o desenvolvimento do país traga algum lucro individual, e nunca o contrário. Esse sentimento é extremamente improdutivo, já que não é baseado na confiança de cada um e sim na ilusória imagem do país como "paizão" (do céu).

O que falta ao Brasil é a consciência da responsabilidade individual. A noção de que o todo é simplesmente o reflexo das partes, e não o inverso. O resto é somente consequência.

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