Saturday, April 29, 2006

Morales no olho dos outros é refresco

A notícia mais engraçada da semana foi essa de que o Lula reclamou do Morales para o Kirchner e Chávez.

Até o jeito que ele reclamou foi engraçado. Ao inves de ser honesto e dizer que o problema foi a ameaça de tomar propriedade brasileira na mão grande, ele disse que o problema é o "nível de agressividade" do Mr. Coca Morales.

Sério, ou esse pessoal é burro demais ou a cara de pau é maior do que eu podia imaginar.

Eu acho bem feito, e torço muito, muito mesmo, para que o Morales tome tudo que possa: Petrobras, EBX, etc. Ele podia até começar a invadir a Amazônia (com certeza deve existir alguma disputa de 200 anos atrás que ele vai envocar).

Já está mais do que na hora desses "socialistas" sentirem na pele as conseqüências das maluquices que eles defendem.

Friday, April 28, 2006

United 93

I thought I still remembered well 9/11.

I remember listening to the radio when the American 11 crashed into the North tower, and how the news talked about a ‘small plane’ hitting the building. I remember standing in a little kitchen with my coworkers and watching the second plane hit the South Tower, just like a movie. I remember how everybody was in a unreal, kind of frozen state, talking about all kinds of theories for all that inexplicable spectacle. I also remember how everybody ran in panic when we heard the news about another airplane hitting the pentagon, just a few miles away from where we were.

When I watched United 93 today, I realized that I really had started to forget.

And that is why this movie is good, and important. Yes, for everyone who was affected on that day it will be painful. But that is unavoidable. That was a painful awakening, and the worst thing that can happen is that we all go back to sleep and all those deaths get buried and forgotten.

I wrote a few days ago about how worried I was about some people not understanding clearly who are the two sides that are fighting here. The whole fallacy about “not having a clear evil” like we had with the Nazis.

Now, I understand this movie is not 100% a documentary, since we will never know exactly what happened inside that plane. But that is really a moot point. What is really important here is that the movie shows, and without dispute, what happened that day. It shows who were the brutal, cold blooded assassins and who were the innocent victims. It shows how those terrorists wanted to kill for the sake of killing, and how they used civilization against itself. It shows pure and simple Evil, for anyone to see.

It’s actually easier to think that the whole situation is more complex, that violence is never the answer, and that those men had other goals besides cutting infidels throats and burning office workers to death. If that was the case, maybe the US could change some diplomatic policy and who knows, maybe these crazy people would just turn out to be nice Samaritans and everybody would hold hands and live in peace.

That world does not exist. Some people, some ideologies, are so morally corrupt that the only way to deal with them is with force. Destroying them before they have a chance to destroy us all. That is how they see us. Consequently, if we stand any chance to win this war, that is how we must see them.

If you still don’t believe it, just watch the movie. Next time it could be you in that plane.

Thursday, April 27, 2006

A well-oiled political machine

It’s always surprising to see how irrational people are.

Take this ‘oil crisis’ for instance. Neither Republicans nor Democrats are making any sense, and part of the reason for that is that the public’s reaction for the crisis doesn’t make any sense either.

Democrats have been telling us for over 30 years that oil was about to end. That SUVs were the creation of evil, that the US should decrease consumption immediately and rise taxes like Europe, and that at the end if nothing was done this would lead us to our demise.

Republicans on the other hand, have been telling us for the last 30 years that there was plenty of oil, that SUVs only existed because price of oil was cheap, and that once the real decline on production started the market would alert consumers and ultimately we would find a replacement when it was really needed.

Well, both were right. And the rise of oil prices is proving it.

Oil’s price is going up because the balance of supply and demand is shifting. Partly because of whom the top exporters are (Saudi Arabia, Russia, Norway, Iran, Venezuela, United Arab Emirates, Kuwait, Nigeria, Mexico, and Algeria), partly because of global growth, and also because of geopolitical circumstances.

In any way, the overall message that higher prices tells us is that, at least in short term, it is time for a change.

Isn’t that exactly what democrats wanted? Isn’t it happening exactly the way Republicans said it would?

For instance, one of the proposed solutions for the crises is the use of ethanol. Brazil has been using it for decades. Why? Because oil price in Brazil has been kept artificially high for decades.

Oil prices have been going up for years. Nobody likes to pay more at the pumps, and that is easy to understand. But to think that this problem is going to be solved by splitting up oil companies or forcing them to pay CEO’s less is just ludicrous.

Saturday, April 22, 2006

O perigo da equivalência moral

Um dos artifícios mais usados pelos socialistas para justificar suas medidas de Social engineering é a equivalência moral.

A lógica é simples: Quando qualquer mal é igualmente perverso, fica muito mais fácil justificar as atrocidades cometidas pelos partidões da vida. Afinal, qualquer pessoa, qualquer país, é cheio de defeitos por menores que sejam.

Infelizmente essa idéia se expandiu de uma maneira incrível, e hoje em dia é um dos problemas mais evidentes da cultura ocidental. E eu nem estou falando mais sobre a discussão entre comunismo e capitalismo. O problema atual é bem pior.

Hoje mesmo eu vi vários exemplos desse tipo de comportamento. Primeiro, um radio host aqui de Seattle chamado Michael Medved, entrevistou um sujeito chamado James Reston Jr, autor desse editorial absurdo no USA Today, aonde ele compara os EUA atual com a Espanha da época da inquisição.

O Medved tentou de todas as formas entender como é que este cara podia comparar um período com o outro, e tudo que o tal escritor dizia é que Guantanamo era um absurdo.

Oras, eu mesmo não concordo com a situação de Guantanamo. Mas comparar a prisão de 500 prisioneiros de guerra com a perseguição e assassinato de milhares de pessoas (estima-se pelo menos 125 mil mortos) que cometerem o único erro de não acreditar no mesmo Deus que o Rei é um completo e total absurdo.

É tão absurdo quanto comparar a tortura daquela época, como a famosa Iron Maiden, com a "tortura" de hoje, que pode incluir música alta da Cristina Aguilera ou ser interrogado por uma mulher de saia.

Qual é o perigo prático desse tipo de falácia? Este. Vejam o seguinte parágrafo:

"E nem adianta discutir quem tem razão, quem tem moral ou não tem. Ao contrário da Segunda Guerra Mundial, quando os dois lados antagônicos se tornaram precisos, sendo fácil distinguir o Bem do Mal, no terceiro conflito que estamos vivendo a confusão é geral."

Por maiores que sejam os erros americanos, a simples idéia de que um brasileiro não sabe qual lado deve apoiar é altamente preocupante.

É esse tipo de irracionalidade que faz esse pessoal aceitar na boa declarações absurdas como essa, políticas assassinas como esta, e continuar enchendo o peito quando dizem que o Bush é o demônio na terra.

Esta é uma das vantagens, talvez a maior, que esses bárbaros atuais tem: Eles não tem dúvida nenhuma sobre de que lado estão.

Thursday, April 20, 2006

Facing Down Iran

Esse editorial do Mark Steyn para o WSJ é talvez o melhor resumo que eu já li sobre a situação atual do Irã.

É longo, muitos diriam chato, mas é uma leitura obrigatória para qualquer um que quer começar a entender porque estamos aonde estamos, e como esse momento atual pode determinar o futuro não só do Oriente Médio, como do mundo as we know it.

Who is the strong and who is the weak horse? Are we going to choose the bad or the worse option?

The time is now. Our lives depend on it.

Sunday, April 16, 2006

Jack Rocks

- If Jack Bauer was in a room with Hitler, Stalin, and Nina Mayers, and he had a gun with 2 bullets, he'd shoot Nina twice.
- 1.6 billion Chinese are angry with Jack Bauer. Sounds like a fair fight.
- Jack Bauer once forgot where he put his keys. He then spent the next half-hour torturing himself until he gave up the location of the keys.
- Jack and Jill went up the hill. Only Jack came down. Jill was a fucking terrorist.
- Killing Jack Bauer doesn't make him dead. It just makes him angry.
- Jack Bauer sleeps with a gun under the pillow. But he could kill you with the pillow.
- Jack Bauer has no friends, because as a child when he would play cops and robbers, the robbers would all be interogated and killed.
- Nostradamus once predicted in his journal: "In the century 21st, the one known as Jacques will be the savior of the world... five seasons in a row." Moments later, Jack Bauer knocked down the door, shot Nostradamus in the kneecaps, and yelled "WHO ARE YOU WORKING FOR?!"
- When life hands Jack Bauer Lemons, he kills Terrorists. Jack Bauer fuckin' hates lemonade.
- On Jack Bauers Tax Returns, he has to claim the entire world as his dependants.
- It took God six days to get His job done; Jack has 24 hours.

Mais aqui

5 coisas que eu não entendo

1 - Ateus (de blogueiros à cientistas) que se preocupam com qualquer religião.

2 - Porque arquitetos brasileiros famosos são sempre comunistas pré-históricos?

3 - As diversas maneiras em que celebridades milionárias tentam fazer a vida de seus filhos mais difícil.

4 - Apple rodando Windows (acho que ninguém, nem mesmo as 2 empresas, sabem exatemente quem se vai se beneficiar com isso).

5 - Quem ainda não entendeu que o Irã quer briga de qualquer jeito.

Thursday, April 13, 2006

Medo de avião

Leandro Konder, professor titular de filosofia da educação da PUC-RJ, para a Folha de hoje:

"Esquerda e direita no Brasil, hoje

Ninguém pode pretender negar diversos progressos no movimento da história. A humanidade, hoje, se beneficia de conquistas importantes na área da medicina, por exemplo. Podemos ser operados com anestesia, suavizar dores com analgésicos. Dispomos de meios de transporte rapidíssimos, helicópteros, aviões. Nossas casas têm luz elétrica, água encanada, esgoto. Vemos filmes, acompanhamos seriados na TV, ouvimos rádio. E, cada vez mais, utilizamos os computadores, a internet.

Tal como está organizada, a sociedade gira em torno do mercado, de acordo com um sistema que alguns chamam de "economia de mercado", e outros, de "capitalismo". Até hoje, não surgiu nenhum sistema tão capaz de fazer crescer a economia. As experiências feitas em nome do socialismo não manifestaram força própria suficiente para competir, no plano do crescimento econômico, com o capitalismo.

O modo de produção capitalista não tem vocação suicida, e nada indica que ele esteja a ponto de morrer de morte natural. Seus representantes na arena política recorrem à repressão quando necessário e fazem concessões quando conveniente. Os trabalhadores têm feito conquistas significativas, do século 20 para cá; visivelmente não sentem saudades do tempo em que eram obrigados a jornadas de trabalho de 12 horas."

...

"Essa chave é o instrumento simbólico mais eficiente da ideologia dominante (que, como dizia Marx, é sempre a ideologia das classes dominantes): é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou. É ela que sustenta que as liberdades precisam se enraizar nas elites para depois, lentamente, chegar ao povão. Empunhando a chave, com a costumeira cara-de-pau, a direita pede paciência aos trabalhadores e promete que, com o tempo, eles vão se beneficiar de melhores condições materiais de cidadania, tal como aconteceu com as conquistas da medicina, os aviões e os computadores, que demoraram, mas vieram.

Permito-me perguntar: vieram mesmo?"

Não é incrível como esses esquerdistas adoram se contradizer?

É sempre impressionante o cabresto ideológico que amarra esse pessoal. Eles não tem a minima vergonha de chorar a morte da USSR, ou de continuar analisando a sociedade em 'classes'.

Já imaginaram como deve ser a aula desse cara?

You spread the word around

Guess who just got back today?
Them wild-eyed boys that had been away
Haven't changed, haven't much to say
But man, I still think them cats are crazy

The boys are back in town
Spread the word around
The boys are back in town
The boys are back in town
The boy's are back, the boys are back

The boy's are back in town again
Been hangin' down at Dino's
The boy's are back in town again

Friday, April 07, 2006

Os indecisos da semana

A ONU, só para variar um pouquinho.

A doida. (Qum pode ter votado nessa mulher?)

E para mostrar que nem todos indecisos são loons: Eu. Será que não é melhor mandar esse FDP para outro mundo de uma vez?

Sunday, April 02, 2006

Who Watches the Watcher?

É difícil comemorar essa zona toda armada pelo PT. Primeiro, porque tirar sarro desse pessoal que acreditava que um bando de ignorantes que nunca tiveram sucesso em aspecto nenhum da vida iam salvar o país é quase que cruel.

Segundo, e mais importante, porque o pior ainda pode estar por vir.

--x--

Corrupção existe em qualquer lugar. É uma das inúmeras consequências da centralização do poder. A solução para esse problema foi, e sempre será, a limitação desse poder.

Aqui nos EUA, essa questão é pelo menos compreendida e debatida, e o tamanho do Leviathan é de certa forma controlado.

É no fim das contas um problema simples, que o povo brasileiro resolveu ignorar (ou não entende) e consequentemente ainda nem comecou a debater.

--x--

Estou lendo On Classical Economics do Sowell, e uma das coisas que mais me chamou atenção foi o conflito ideológico dos economistas clássicos.

Diferentemente do que a lenda conta, Adam Smith e seus contemporâneos não eram um bando de defensores do status quo que queriam defletir a nova geração "pro social" capturada depois por Marx. A maioria deles buscava constantemente mecanismos capazes de modificar as injustiças sociais da época. Porém, eles eram honestos o suficiente para enxergar que essas intervenções estatais eram, na grande maioria das vezes, mais prejudiciais do que benéficas, e acabavam tendo que defender um governo pequeno (algo próximo de Laissez-faire) por pura obrigação intelectual.

Não é exagero dizer que, economicamente, o povo brasileiro está uns 3 séculos atrasado. E estamos pagando caro por isso.

Thursday, March 30, 2006

The 20th hijacker

"Moussaoui Sentencing Case Goes to the Jury".

Geralmente eu seria a favor da pena de morte. Mas contra esse pessoal que tem como objetivo morrer na Jihad contra o grande satã, talvez uma prisão perpétua seria melhor.

Eu tenho a impressão que esse sujeito não ia ser muito popular numa penitenciária americana...

Wednesday, March 29, 2006

França

O maior problema de qualquer welfare state não é economico, é psicológico.

Um dos cases que eu estudei no meu MBA foi sobre a Pizza Hut em Moscow. Era um estudo de 1991 que basicamente falava sobre as dificuldades de se implementer um negócio capitalista num país tão acustumado ao comunismo.

Um dos problemas mais interessantes era sobre a completa falta de ética de trabalho dos russos. Você tinha pessoas altamente educadas, muitos com PHDs e mestrado, que não conseguiam se manter empregados porque eles simplesmente faltavam no trabalho numa proporção absurda. E olha que trabalhar para a Pizza Hut naquela época era tudo que qualquer russo poderia esperar: status, dinheiro e até mesmo favores ilegais (muitos funcionários eram pagos em dollar mesmo sendo ilegal).

O que acontece hoje em dia na França é exatamente o mesmo problema. Depois de anos e anos de um sistema utópico aonde emprego é um direito e não uma oportunidade, qualquer mudança é traumática.

Para os americanos, tudo aquilo parece um absurdo. Eles acham os franceses preguiçosos e atrasados. Ninguém por aqui, do mais pobre ao mais rico, consegue imaginar um mundo aonde empregadores não possam demitir empregados quando bem entenderem.

Um talk radio guy comentou: "Now we know how to make the french fight".

---x---

Infelizmente certos princípios econômicos básicos não são intuitivos. Ouvi um dos protestantes franceses dizer hoje que "o governo está pedindo para que nós confiemos nos empregadores. Eles não vão nos fazer nenhum favor, vao despedir todos os jovens sem piedade".

Eu diria que se o conceito de oferta e demanda fosse ensinado no ensino primário, metade dos problemas do mundo simplesmente desapareceria.

---x---

"Os protestos contra a Lei do Primeiro Emprego (CPE) na França desafiam a lógica. Indicam que os jovens franceses vivem uma espécie de alienação, na qual é possível comer a omelete e, ao mesmo tempo, conservar os ovos."

Editorial da Folha.

Você sabe que o mundo está completamente maluco quando o editorial da Folha chama a crazy left de alienada e ainda por cima cita um ditado da Ayn Rand (apesar de que o exemplo dela era com um bolo e não omelete).

Sacré Coeur!

Tuesday, March 28, 2006

Para relaxar um pouco

O que quer a esquerda

"RIO DE JANEIRO - Os seguidores da candidatura mais à esquerda da próxima eleição presidencial começaram a debater que propostas levar para a campanha. Apesar de atingir quase 10% das intenções de voto, a senadora Heloisa Helena (PSOL) ainda tem dúvidas se disputa a Presidência ou se prefere tentar o governo de Alagoas.
Durante seminário que reuniu membros do PSOL, do PSTU e intelectuais que antes se abrigavam no PT, a esquerda discutiu o que pretende levar para o poder.
"Qualificar como crime hediondo os assassinatos de pais e mães de santo que vêm ocorrendo pelo país" é um dos itens que a esquerda defende, segundo texto que resume os debates.
Outro trecho do documento propõe o estudo obrigatório da história da África e da cultura do "povo afro-descendente" no ensino fundamental e a "introdução nas creches de figuras negras, brincadeiras de roda e atividades que contemplem a diversidade racial e cultural do país, visando quebrar o racismo no início da formação dos indivíduos".
Isso num contexto educacional sem escolas privadas. "Fim do ensino pago, educação não é mercadoria", esclarece o pré-programa.
Nos temas econômicos, o texto defende a suspensão do pagamento da dívida externa enquanto submetida a uma auditoria, redução drástica da taxas de juros, salário mínimo de R$ 1.600, desoneração tributária do consumo e tributação progressiva do patrimônio e renda.
Há ainda a defesa da "revogabilidade dos mandatos executivos e legislativos", da realização de mais plebiscitos e referendos, da colocação da Venezuela como um exemplo político e do fim do "subimperialismo" do Brasil na América Latina.
"O programa deverá apontar para o novo, um programa de ruptura radical com o velho e que seja capaz de encantar novamente as pessoas", afirma o texto dos apoiadores de Heloísa Helena.
Ou seja, lá vem o velho travestido de novo, de novo."

Saturday, March 25, 2006

Civilização contra a barbárie - A legalidade da guerra do Iraque

O Alex fez um post interessante sobre a eterna guerra entre civilização e barbárie.

Quase sempre que ele fala sobre a guerra do Iraque, ele me cita como exemplo de "pessoa aparentemente racional que defende uma guerra absurda, nojenta e criminosa".

Como eu sou chato, e também porque estou cansado dessa acusação um tanto banal, resolvi explicar detalhe por detalhe o porquê do meu "apoio" (que é muito mais resignação) da guerra atual no Iraque. Já ia fazer isso naquela sequência de textos sobre a história do conflito, mas não tive tempo (leia-se paciência).

Vou começar pelo ponto mais fácil, que é a suposta ilegalidade da guerra. Depois escrevo sobre pontos mais complicados, como a justificação moral e os prós e contras da invasão do ponto de vista estratégico/militar.

Sobre a legalidade da Guerra do Iraque:
Dentre as inúmeras razões que podem servir como justificativas legais para essa guerra do Iraque, a mais óbvia é a quebra da resolução 687 da ONU, mais conhecida como o cessar fogo da primeira guerra do Golfo, em 1991.

Como todos sabem (ou deveriam saber) esse acordo determinava, entre muitas outras coisas, que o Iraque destruísse todas as suas armas químicas e biológicas e o fizesse na presença da ONU ou que mostrasse provas da destruição das mesmas. Outro importante detalhe é que a ONU autorizava o "use of all necessary means to uphold and implement its resolution".

O fato que o Iraque fez tudo que pode para não cumprir a resolução é completamente indiscutível. Mesmo desconsiderando tudo que foi feito até o ataque de 1998, a conclusão é que só se chegou naquele ponto porque durante os 7 anos anteriores o Iraque não cumpriu aquilo que tinha aceitado: a completa e comprovada destruição das suas armas de destruição em massa.

Como side notes, vale lembrar que aquele ataque comprova muitos pontos considerados polêmicos atualmente:
- A existência das WMDs era aceita por toda comunidade internacional
- Os EUA concordavam unanimamente que o Iraque era uma ameaça grave a segurança nacional e mundial
- A ONU também enxergava essa ameaça, mas não estava disposta a ir à Guerra novamente

Fica mais fácil entender o nível de gravidade da situação quando se lê a resolução do congresso Americano número 71 e a Iraq Liberation Act, também aprovadas pelo congresso Americano em 1998.

Segundo os Democratas, e usando uma das senadoras mais "respeitadas" daquele lado do congresso : "Saddam Hussein has been engaged in the development of weapons of mass destruction technology which is a threat to countries in the region and he has made a mockery of the weapons inspection process."
- Rep. Nancy Pelosi (D, CA), Dec. 16, 1998 (mais quotes dos Dems aqui)

O fato de que Clinton resolveu jogar bombas que no fim das contas não resolveram em nada o problema deveria ajudar na defesa do Bush. Se pelo menos política fizesse algum sentido...

A última prova que eu vou postar é retirada da famosa resolução 1441 da ONU, que apesar de não ter sido executada (assim como todas as 11 anteriores à ela) deixa claro qual era o problema em questão:

"Recognizing the threat Iraq’s non-compliance with Council resolutions and proliferation of weapons of mass destruction and long-range missiles poses to international peace and security,

Recalling that its resolution 678 (1990) authorized Member States to use all necessary means to uphold and implement its resolution 660 (1990) of 2 August 1990 and all relevant resolutions subsequent to resolution 660 (1990) and to restore international peace and security in the area

...

Decides that Iraq shall provide UNMOVIC and the IAEA immediate, unimpeded, unconditional, and unrestricted access to any and all, including underground, areas, facilities, buildings, equipment, records, and means of transport which they wish to inspect, as well as immediate, unimpeded, unrestricted, and private access to all officials and other persons whom UNMOVIC or the IAEA wish to interview in the mode or location of UNMOVIC’s or the IAEA’s choice pursuant to any aspect of their mandates; further decides that UNMOVIC and the IAEA may at their discretion conduct interviews inside or outside of Iraq, may facilitate the travel of those interviewed and family members outside of Iraq, and that, at the sole discretion of UNMOVIC and the IAEA, such interviews may occur without the presence of observers from the Iraqi Government; and instructs UNMOVIC and requests the IAEA to resume inspections no later than 45 days following adoption of this resolution and to update the Council 60 days thereafter;
"

E qual foi o resultado? Esse.

Deveriamos ter dado mais tempo para Saddam? Será que "alguns meses" fariam diferença depois de mais de 11 anos de desonestidade?

A ONU resolveu ignorar, como sempre, suas exigências. Os EUA resolveram que depois de 9/11, era hora de começar a cumprir aquilo que estava escrito no papel.

I rest my case.

Friday, March 24, 2006

Império Unido do Brasil

If one Carnival is good, how about two?

Está aí o projeto para o Brasil do futuro: uma boate exótica, 24x7, non-stop.

Mudaríamos nosso nome para "Império Unido do Brasil" (para os americanos saberem quem manda no pedaço).

Mulheres estudariam em escolas de samba. Homems jogariam futebol o dia todo. Crianças aprenderiam que o que importa é saber o bunda-le-le, e as velhinhas venderiam doces vestidas de baianas.

Mudaríamos do presidencialismo para a monarquia. Governaria o Rei momo, gordo e despreocupado, viajando pelo mundo às nossas custas, charuto na boca e vinho no copo, sempre tirando um barato dos seus súditos.

Só falta mudar o nome então.

Wednesday, March 22, 2006

Adeus mundo cruel

Just kidding. Acho engraçado como as pessoas decidem fechar blogs. A maioria abre um blog novo, com um desenho diferente ou um nome mais estiloso. O conteúdo não muda nada.

Para não ser chato, às vezes tenho vontade de mudar. Penso em começar a escrever em inglês, o que seria bem mais fácil. Mas não sei se teria o mesmo incentivo. Por enquanto continuo na mesma.

Por coincidência, acho que esses dias tem sido os mais ocupados desde que abri esse blog há mais de 3 anos atrás. O que é uma pena, já que assunto não falta: Minha viagem para o Canadá, um texto bom sobre anti-americanismo, a Leila jogando anos e anos de história no lixo dizendo que o Saddam cooperava com os inspetores da ONU, algumas pesquisas novas, etc.

Mas as coisas devem voltar ao normal em pouco tempo.

Wednesday, March 15, 2006

O bias da imprensa americana

A universidade de Columbia lancou um estudo chamado The State of the News Media 2006.

O material é grande e interessante, mas a parte mais chamou minha atenção foi uma pesquisa com jornalistas. Vejam os resultados:





"The percentage identifying themselves as liberal has increased from 1995: 34% of national journalists describe themselves as liberals, compared with 22% nine years ago. The trend among local journalists has been similar - 23% say they are liberals, up from 14% in 1995. More striking is the relatively small minority of journalists who think of themselves as politically conservative (7% national, 12% local). As was the case a decade ago, the journalists as a group are much less conservative than the general public (33% conservative)."

--x--

Em outra pesquisa, essa da CBS, os americanos (a favor e contra o Bush) deixaram bem claro como não confiam na imprensa:

"24% of respondents felt the media were "making things in Iraq sound better than they really are," 31% felt the media were making things sound "worse than they really are," and 35% felt the media were "describing the situation in Iraq accurately." (10% did not give an answer.)"

"To better understand these results, it's worth looking at the party breakdown of the responses. Among Republicans, perhaps unsurprisingly, only 8% thought the media were making things in Iraq sound better than they really are, whereas 57% thought the media were making things sound worse than they really are. 30% of Democrats, meanwhile, thought the media were making things sound better than they really are, and only 14% thought they were making things sound worse than they really are. (Democrats, incidentally, seem to have the most faith in the media, with 43% saying that the media were describing the situation in Iraq accurately. Only 30% of Republicans said the same.)"

Tuesday, March 14, 2006

O futuro do capitalismo

Outro dia um dos meus economistas preferidos disse em uma entrevista que a tendência é que o tamanho dos governos pelo mundo aumente. A lógica é simples: Os enormes benefícios da globalização, juntamente com a melhora da macro economia mundial no geral (inflação sob controle e contas mais em ordem) criam menos pressão interna e externa para ajustes.

O que acontece atualmente nos EUA é um bom exemplo. O Bush continua gastando cada vez mais, e não existe expectativa de melhora em vista. Vale lembrar para o pessoal que adora números absolutos, que os EUA são ao mesmo tempo o maior pais capitalista e socialista do mundo: Em nenhum outro país a iniciativa privada produz mais, mas nenhum outro governo gasta mais que o americano. Claro que quando se olha o que realmente interessa, que é a proporção do PIB, os EUA ainda estão alguns degraus abaixo da Europa, mas mesmo assim a situação não é muito animadora. Só no periodo entre 2000 e 2005, por exemplo, o número de pessoas recebendo benefícios dos 25 maiores programas do governo americano cresceu em média 17% enquanto a população no mesmo período cresceu 5%. Esse é o maior aumento dos últimos 40 anos.

Infelizmente, isso só deve mudar quando a próxima recessão chegar.

--x--

A briga pelo capitalismo é ingrata. O único motivo pelo qual o comunismo não venceu a briga ideológica do século XX foi a total e completa inviabilidade do sistema. Se a vontade do povo fosse realmente mais forte que a lógica, estariamos todos na fila do pão e dirigindo Ladas.

A vitória do capitalismo nunca foi completa. Mesmo aqui nos EUA, supostamente o maior símbolo da prosperidade e eficiência do sistema, uma enorme parte das pessoas está sempre "em busca de alternativas" e não tem o menor problema em abusar do sistema.

Talvez o Tyler tenha razão, e tudo isso seja um reflexo dessa preferência das pessoas por estabilidade. Talvez ainda não tenhamos realmente entendido como funciona o Homo economicus, e no fim das contas esse sistema meia boca de booms and bursts seja a única solução.

--x--

Eu não sou economista, e não posso oferecer uma explicação técnica para a minha opinião. Mas mesmo assim lá vai: Eu ainda acredito que exista lugar para um sistema mais capitalista que o atual.

Acho que com o aumento da globalização, certas forças se tornaram simplesmente incontroláveis. Governos terão cada vez menos controle sobre entradas e saidas. Empresas virtuais, que podem usar com eficiência os paraisos fiscais vão se tornar cada vez mais comuns. O acesso a educação aumentará e numa economia cada vez mais baseada em serviços, fica mais fácil o "voto com os pés", isto é, as pessoas se mudaram para aonde o emprego está e cortaram o poder dos governos pela raiz.

Hey, os capitalistas também sonham.

Friday, March 10, 2006

Esquerda sofista

Uma das táticas mais comuns da imprensa sofista é colocar um título de reportagem que, apesar de completamente verdadeiro, passe uma idéia completamente oposta sobre o real conteúdo da mesma.

O UOL adora esse tipo de coisa, principalmente com as matérias só para assinantes, mas a imprensa progressista americana não fica muito atrás.

Vejam essa matéria do USA Today: 8,000 desert during Iraq war.

Quem lê isso pensa: Meu Deus, é o fim do mundo. Soldados fugindo pelas ruas, desobediência civil, protestos generalizados... Enfim, Vietnã II.

Mas quem abre o artigo, descobre que na verdade o número de desertores caiu acentuadamente desde o começo da guerra:



Uma diminuição de mais de 50% quando comparamos 2001 com 2005.

Se isso não é desonestidade, eu não sei o que é.