Tuesday, July 26, 2005

Gestão pela incitação!

Querem saber como o liberalismo e a individualidade prejudicam o ambiente de trabalho do brasileiro?

Leonardo Mello e Silva, professor de sociologia do trabalho do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo explica direitinho: (grifos meus)

...
"A primeira, mais evidente, tem a ver com a adversidade do mercado de trabalho: quanto mais frágeis as condições de contratação, mais difícil fica para o empregado fazer com que seus direitos sejam respeitados. Melhor preservar o emprego realmente existente do que "cutucar a onça com vara curta".

Como o mundo do trabalho tem sido fortemente golpeado pelas políticas neoliberais de ataque aos sindicatos, é lícito projetar que demandas como a do assédio moral ficarão circunscritas a poucos casos e que o medo e a insegurança dos assalariados deverão recalcar a situação real, levando a uma sub-representação de ocorrências. É por isso que o sofrimento no trabalho tem uma explicação objetiva.

A segunda tendência retira sua força, paradoxalmente, da maior abertura proporcionada pelos novos métodos de gestão, que carregam um forte componente de individualização.

É cada vez maior o número de empregados -chamados, muito a propósito, de "colaboradores"- interpelados por seus superiores. Isso eleva em muito a carga de responsabilização e até mesmo de culpa. Se a meta não foi obtida ou a performance esperada não foi alcançada, não é mais o coletivo que assume a falta, mas o trabalhador: ele é quem não foi capaz de conseguir. Moralmente, isso tem um efeito tremendo, pois ninguém vai querer recuar diante de um desafio nem assumir a incapacidade de enfrentá-lo. É o que eu chamo de "gestão pela incitação".

Ainda que tal estratégia seja uma forma marota encontrada pelas empresas para extrair maior produtividade de seus subordinados, as organizações não assumem esse fato, pois o efeito é deixar cada funcionário com uma espécie de pulga atrás da orelha, desconfiado de si mesmo: "Será mesmo que não posso conseguir?".

A regulamentação do assédio moral no trabalho é um passo muito importante para a democratização das relações entre patrões e empregados, mas a lei, por si só, não é suficiente para produzir os efeitos pretendidos pelos legisladores. São as relações sociais de poder e subordinação que vão orientar o sentido que esses importantes marcos regulatórios vão ter na realidade."


Essa foi impagável.

10 comments:

Anonymous said...

Paulo, você acha cada lixo :-)

Vai ficar reconhecido como o "Recycle Bin" da Internet.

Anonymous said...

Po Claudio... Mais respeito com o maior jornal do Brasil, e com um professor da melhor instituicao de ensino superior! :-)

camiseteria said...

É neste ponto que eu ia tocar, que esta é só uma amostra de toda uma rede de neurônios da maior universidade do país. E o pior, trata-se de um adulto, dá aulas e ganha (dos impostos pagos pelos dos "colaboradores" da "gestão pela incitação") pra isso. Lamentável!

Anonymous said...

A USP nao e' so' sociologia. Nao ouvi falar que o pessoal de Odonto esteja preocupado com o "assedio moral". Cuidado com as generalizacoes.

O Fantasma de Bastiat said...

Aberrações como esta encontram terreno fértil nas universidades públicas brasileiras. Afinal de contas, só lá um professor ganha dinheiro para produzir este tipo de lixo. Não há o menor controle de qualidade. Aliás, não há controle de nada.
A universidade pública é uma verdadeira "terra de ninguém" onde se pode vagabundear à vontade, pois ninguém cobra produtividade (este nome é um palavrão nos círculos "acadêmicos"). E como se vagabundeia por lá.
E as férias, quer dizer, greves remuneradas ?
Nas opressivas empresas privadas, os dias parados são usualmente descontados - quanto assédio moral !. Nas instituições estatais, greve é sol, é praia, é shopping center e salário garantido no fim do mês.
Dá para começar a entender o "meio-ambiente" onde nascem pérolas como essa ?

Anonymous said...

Esses ricos professores de universidades publicas!!! Tudo nadando em dinheiro e sem fazer nada! Porque nao vao estudar engenharia ou algo mais util?!? Paredao ja'!!!

Anonymous said...

Engenharia também não dá. Eu fiz na UERJ e, na minha época pelo menos, foi uma vergonha.

Anonymous said...

Bem vai ver e' por isso que os predios no Rio caem `a toa. Ninguem estuda nada direito. Ta' na hora de fechar o ensino. Estudar obviamente faz mal.

Anonymous said...

Fernando,

Estudar com um professor desses dai nao deve fazer bem de jeito nenhum :-)

Mas deixando ironia de lado, o que vc achou do artigo?

[ ]s

Anonymous said...

Eu já propus isso! Nas férias escolares o trânsito fica uma maravilha. Ora, já que nego não tá aprendendo nada mesmo, então que acabem com as escolas. Corta os gastos e ainda melhora o trânsito. :-)