O barato que sai caro
Ainda sobre os motivos que levaram o sistema de barragens a não ser atualizado, John Tierney do NYT tem uma teoria bem interessante:
"Starting in the 1960's, the federal government took over the business of insuring against floods. It offered subsidized insurance to people in flood-prone areas, encouraging seaside homes that never would have been built otherwise. Even at bargain rates, most people went without flood insurance - only about a third of the homes in New Orleans carried it.
People don't bother to protect themselves because they figure - correctly - that if disaster strikes they'll be reimbursed anyway by FEMA. It gives out money so freely that it has grown into one of the great vote-buying tools of the modern presidency. Bill Clinton set a record for declaring disasters, and then President Bush set the single-state spending record in Florida before last year's election.
Now it's New Orleans's turn. Since Washington didn't keep its promise to protect the city, the federal government should repair the damage and pay for a new flood-control system. But New Orleans and other coastal cities will never be safe if they go on relying on Washington for protection. Members of Congress will always have higher priorities than paying for levees in someone else's state."
A saída que ele propõe? Deixar os governos locais tomarem conta das represas, e acabar com o subsídio para seguros contra enchentes. Quer dizer, tratar o assunto da mesma maneira como incêndios são tratados.
Duvido que aconteca, apesar do sistema atual já ter provado ser falho. Tirar um benefício estatal, mesmo quando acaba não sendo benefício no fim das contas, é sempre uma batalha ingrata.
4 comments:
No post abaixo você insinua que a culpa é dos próprios moradores. E neste, que a culpa é do governo, sim, mas não do de George Bush.
Problema: NO é um grande porto, o mais importante dos EUA, desde o séc. XVIII. Então, o melhor paralelo para a situação atual de NO não é com um morro carioca, onde as pessoas vão morar apesar de avisadas do perigo pela Defesa Civil, mas sim com a Holanda, onde a ocupação de um território abaixo do nível do mar é um empreendimento coletivo, com poucas opções realistas.
E mais, NO é um dos estados mais pobres dos EUA _ e que apesar disso abriga um porto que gera benefícios para todo o país, desde o meio-oeste até o nordeste dos EUA. O estado da Louisiana provavelmente não tem os recursos necessários para defender a região adequadamente, eis porque se faz necessária a intervenção federal.
Aliás, se não estou enganado, boa parte da região ali é mesmo reserva federal, herança da Lousianna Purchase, mas vou checar.
abçs
Smart,
Eu nao insinuo nada. Eu somente constatei que a pressao popular nao foi suficiente, o que eh facil de comprovar.
Outra coisa, nem tudo que eu posto aqui significa uma opiniao que eu concordo 100%. Achei o ponto dele interessante, e realmente acho que o governo local teria que ter mais responsabilidade e que o subsidio de seguros cria anomalias como essas (a mesma coisa acontece na california e foi constatada nos ultimos problemas de deslizamento).
Se o governo local tem ou nao dinheiro para a obre eu nao sei.
[ ]s
"Se o governo local tem ou nao dinheiro"
Mas esse é o ponto central da questão. Colocar 100% de responsabilidade nas mãos dos governos locais num empreendimento dessa magnitude e depois lavar as mãos é algo que só funciona na mente dos libertarians, Paulo. Vc mesmo disse que é injusto esperar mágica do governo federal. E qual é a mágica que vai resolver o problema na esfera estadual, com menos dinheiro e menos apoio?
Considerando os efeitos que o desastre irá causar em toda a região do Golfo (e nos preços da gasolina em geral), não vejo como justificar como uma obra federal bem executada não teria sido um benefício para mais do que a população de NO, apenas.
[]s
Fernando,
Nao disse que tudo deveria se repassado ao governo local, muito menos que a culpa (parece que so caimos nesse ponto) eh so dos locais. Mas que o sistema tem que mudar, acho que eh evidente. O governo federal nao foi criado (pelo menos aqui) para ser esse pai de todos que esta virando.
[ ]s
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