Saturday, April 29, 2006

Morales no olho dos outros é refresco

A notícia mais engraçada da semana foi essa de que o Lula reclamou do Morales para o Kirchner e Chávez.

Até o jeito que ele reclamou foi engraçado. Ao inves de ser honesto e dizer que o problema foi a ameaça de tomar propriedade brasileira na mão grande, ele disse que o problema é o "nível de agressividade" do Mr. Coca Morales.

Sério, ou esse pessoal é burro demais ou a cara de pau é maior do que eu podia imaginar.

Eu acho bem feito, e torço muito, muito mesmo, para que o Morales tome tudo que possa: Petrobras, EBX, etc. Ele podia até começar a invadir a Amazônia (com certeza deve existir alguma disputa de 200 anos atrás que ele vai envocar).

Já está mais do que na hora desses "socialistas" sentirem na pele as conseqüências das maluquices que eles defendem.

Friday, April 28, 2006

United 93

I thought I still remembered well 9/11.

I remember listening to the radio when the American 11 crashed into the North tower, and how the news talked about a ‘small plane’ hitting the building. I remember standing in a little kitchen with my coworkers and watching the second plane hit the South Tower, just like a movie. I remember how everybody was in a unreal, kind of frozen state, talking about all kinds of theories for all that inexplicable spectacle. I also remember how everybody ran in panic when we heard the news about another airplane hitting the pentagon, just a few miles away from where we were.

When I watched United 93 today, I realized that I really had started to forget.

And that is why this movie is good, and important. Yes, for everyone who was affected on that day it will be painful. But that is unavoidable. That was a painful awakening, and the worst thing that can happen is that we all go back to sleep and all those deaths get buried and forgotten.

I wrote a few days ago about how worried I was about some people not understanding clearly who are the two sides that are fighting here. The whole fallacy about “not having a clear evil” like we had with the Nazis.

Now, I understand this movie is not 100% a documentary, since we will never know exactly what happened inside that plane. But that is really a moot point. What is really important here is that the movie shows, and without dispute, what happened that day. It shows who were the brutal, cold blooded assassins and who were the innocent victims. It shows how those terrorists wanted to kill for the sake of killing, and how they used civilization against itself. It shows pure and simple Evil, for anyone to see.

It’s actually easier to think that the whole situation is more complex, that violence is never the answer, and that those men had other goals besides cutting infidels throats and burning office workers to death. If that was the case, maybe the US could change some diplomatic policy and who knows, maybe these crazy people would just turn out to be nice Samaritans and everybody would hold hands and live in peace.

That world does not exist. Some people, some ideologies, are so morally corrupt that the only way to deal with them is with force. Destroying them before they have a chance to destroy us all. That is how they see us. Consequently, if we stand any chance to win this war, that is how we must see them.

If you still don’t believe it, just watch the movie. Next time it could be you in that plane.

Thursday, April 27, 2006

A well-oiled political machine

It’s always surprising to see how irrational people are.

Take this ‘oil crisis’ for instance. Neither Republicans nor Democrats are making any sense, and part of the reason for that is that the public’s reaction for the crisis doesn’t make any sense either.

Democrats have been telling us for over 30 years that oil was about to end. That SUVs were the creation of evil, that the US should decrease consumption immediately and rise taxes like Europe, and that at the end if nothing was done this would lead us to our demise.

Republicans on the other hand, have been telling us for the last 30 years that there was plenty of oil, that SUVs only existed because price of oil was cheap, and that once the real decline on production started the market would alert consumers and ultimately we would find a replacement when it was really needed.

Well, both were right. And the rise of oil prices is proving it.

Oil’s price is going up because the balance of supply and demand is shifting. Partly because of whom the top exporters are (Saudi Arabia, Russia, Norway, Iran, Venezuela, United Arab Emirates, Kuwait, Nigeria, Mexico, and Algeria), partly because of global growth, and also because of geopolitical circumstances.

In any way, the overall message that higher prices tells us is that, at least in short term, it is time for a change.

Isn’t that exactly what democrats wanted? Isn’t it happening exactly the way Republicans said it would?

For instance, one of the proposed solutions for the crises is the use of ethanol. Brazil has been using it for decades. Why? Because oil price in Brazil has been kept artificially high for decades.

Oil prices have been going up for years. Nobody likes to pay more at the pumps, and that is easy to understand. But to think that this problem is going to be solved by splitting up oil companies or forcing them to pay CEO’s less is just ludicrous.

Saturday, April 22, 2006

O perigo da equivalência moral

Um dos artifícios mais usados pelos socialistas para justificar suas medidas de Social engineering é a equivalência moral.

A lógica é simples: Quando qualquer mal é igualmente perverso, fica muito mais fácil justificar as atrocidades cometidas pelos partidões da vida. Afinal, qualquer pessoa, qualquer país, é cheio de defeitos por menores que sejam.

Infelizmente essa idéia se expandiu de uma maneira incrível, e hoje em dia é um dos problemas mais evidentes da cultura ocidental. E eu nem estou falando mais sobre a discussão entre comunismo e capitalismo. O problema atual é bem pior.

Hoje mesmo eu vi vários exemplos desse tipo de comportamento. Primeiro, um radio host aqui de Seattle chamado Michael Medved, entrevistou um sujeito chamado James Reston Jr, autor desse editorial absurdo no USA Today, aonde ele compara os EUA atual com a Espanha da época da inquisição.

O Medved tentou de todas as formas entender como é que este cara podia comparar um período com o outro, e tudo que o tal escritor dizia é que Guantanamo era um absurdo.

Oras, eu mesmo não concordo com a situação de Guantanamo. Mas comparar a prisão de 500 prisioneiros de guerra com a perseguição e assassinato de milhares de pessoas (estima-se pelo menos 125 mil mortos) que cometerem o único erro de não acreditar no mesmo Deus que o Rei é um completo e total absurdo.

É tão absurdo quanto comparar a tortura daquela época, como a famosa Iron Maiden, com a "tortura" de hoje, que pode incluir música alta da Cristina Aguilera ou ser interrogado por uma mulher de saia.

Qual é o perigo prático desse tipo de falácia? Este. Vejam o seguinte parágrafo:

"E nem adianta discutir quem tem razão, quem tem moral ou não tem. Ao contrário da Segunda Guerra Mundial, quando os dois lados antagônicos se tornaram precisos, sendo fácil distinguir o Bem do Mal, no terceiro conflito que estamos vivendo a confusão é geral."

Por maiores que sejam os erros americanos, a simples idéia de que um brasileiro não sabe qual lado deve apoiar é altamente preocupante.

É esse tipo de irracionalidade que faz esse pessoal aceitar na boa declarações absurdas como essa, políticas assassinas como esta, e continuar enchendo o peito quando dizem que o Bush é o demônio na terra.

Esta é uma das vantagens, talvez a maior, que esses bárbaros atuais tem: Eles não tem dúvida nenhuma sobre de que lado estão.

Thursday, April 20, 2006

Facing Down Iran

Esse editorial do Mark Steyn para o WSJ é talvez o melhor resumo que eu já li sobre a situação atual do Irã.

É longo, muitos diriam chato, mas é uma leitura obrigatória para qualquer um que quer começar a entender porque estamos aonde estamos, e como esse momento atual pode determinar o futuro não só do Oriente Médio, como do mundo as we know it.

Who is the strong and who is the weak horse? Are we going to choose the bad or the worse option?

The time is now. Our lives depend on it.

Sunday, April 16, 2006

Jack Rocks

- If Jack Bauer was in a room with Hitler, Stalin, and Nina Mayers, and he had a gun with 2 bullets, he'd shoot Nina twice.
- 1.6 billion Chinese are angry with Jack Bauer. Sounds like a fair fight.
- Jack Bauer once forgot where he put his keys. He then spent the next half-hour torturing himself until he gave up the location of the keys.
- Jack and Jill went up the hill. Only Jack came down. Jill was a fucking terrorist.
- Killing Jack Bauer doesn't make him dead. It just makes him angry.
- Jack Bauer sleeps with a gun under the pillow. But he could kill you with the pillow.
- Jack Bauer has no friends, because as a child when he would play cops and robbers, the robbers would all be interogated and killed.
- Nostradamus once predicted in his journal: "In the century 21st, the one known as Jacques will be the savior of the world... five seasons in a row." Moments later, Jack Bauer knocked down the door, shot Nostradamus in the kneecaps, and yelled "WHO ARE YOU WORKING FOR?!"
- When life hands Jack Bauer Lemons, he kills Terrorists. Jack Bauer fuckin' hates lemonade.
- On Jack Bauers Tax Returns, he has to claim the entire world as his dependants.
- It took God six days to get His job done; Jack has 24 hours.

Mais aqui

5 coisas que eu não entendo

1 - Ateus (de blogueiros à cientistas) que se preocupam com qualquer religião.

2 - Porque arquitetos brasileiros famosos são sempre comunistas pré-históricos?

3 - As diversas maneiras em que celebridades milionárias tentam fazer a vida de seus filhos mais difícil.

4 - Apple rodando Windows (acho que ninguém, nem mesmo as 2 empresas, sabem exatemente quem se vai se beneficiar com isso).

5 - Quem ainda não entendeu que o Irã quer briga de qualquer jeito.

Thursday, April 13, 2006

Medo de avião

Leandro Konder, professor titular de filosofia da educação da PUC-RJ, para a Folha de hoje:

"Esquerda e direita no Brasil, hoje

Ninguém pode pretender negar diversos progressos no movimento da história. A humanidade, hoje, se beneficia de conquistas importantes na área da medicina, por exemplo. Podemos ser operados com anestesia, suavizar dores com analgésicos. Dispomos de meios de transporte rapidíssimos, helicópteros, aviões. Nossas casas têm luz elétrica, água encanada, esgoto. Vemos filmes, acompanhamos seriados na TV, ouvimos rádio. E, cada vez mais, utilizamos os computadores, a internet.

Tal como está organizada, a sociedade gira em torno do mercado, de acordo com um sistema que alguns chamam de "economia de mercado", e outros, de "capitalismo". Até hoje, não surgiu nenhum sistema tão capaz de fazer crescer a economia. As experiências feitas em nome do socialismo não manifestaram força própria suficiente para competir, no plano do crescimento econômico, com o capitalismo.

O modo de produção capitalista não tem vocação suicida, e nada indica que ele esteja a ponto de morrer de morte natural. Seus representantes na arena política recorrem à repressão quando necessário e fazem concessões quando conveniente. Os trabalhadores têm feito conquistas significativas, do século 20 para cá; visivelmente não sentem saudades do tempo em que eram obrigados a jornadas de trabalho de 12 horas."

...

"Essa chave é o instrumento simbólico mais eficiente da ideologia dominante (que, como dizia Marx, é sempre a ideologia das classes dominantes): é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou. É ela que sustenta que as liberdades precisam se enraizar nas elites para depois, lentamente, chegar ao povão. Empunhando a chave, com a costumeira cara-de-pau, a direita pede paciência aos trabalhadores e promete que, com o tempo, eles vão se beneficiar de melhores condições materiais de cidadania, tal como aconteceu com as conquistas da medicina, os aviões e os computadores, que demoraram, mas vieram.

Permito-me perguntar: vieram mesmo?"

Não é incrível como esses esquerdistas adoram se contradizer?

É sempre impressionante o cabresto ideológico que amarra esse pessoal. Eles não tem a minima vergonha de chorar a morte da USSR, ou de continuar analisando a sociedade em 'classes'.

Já imaginaram como deve ser a aula desse cara?

You spread the word around

Guess who just got back today?
Them wild-eyed boys that had been away
Haven't changed, haven't much to say
But man, I still think them cats are crazy

The boys are back in town
Spread the word around
The boys are back in town
The boys are back in town
The boy's are back, the boys are back

The boy's are back in town again
Been hangin' down at Dino's
The boy's are back in town again

Friday, April 07, 2006

Os indecisos da semana

A ONU, só para variar um pouquinho.

A doida. (Qum pode ter votado nessa mulher?)

E para mostrar que nem todos indecisos são loons: Eu. Será que não é melhor mandar esse FDP para outro mundo de uma vez?

Sunday, April 02, 2006

Who Watches the Watcher?

É difícil comemorar essa zona toda armada pelo PT. Primeiro, porque tirar sarro desse pessoal que acreditava que um bando de ignorantes que nunca tiveram sucesso em aspecto nenhum da vida iam salvar o país é quase que cruel.

Segundo, e mais importante, porque o pior ainda pode estar por vir.

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Corrupção existe em qualquer lugar. É uma das inúmeras consequências da centralização do poder. A solução para esse problema foi, e sempre será, a limitação desse poder.

Aqui nos EUA, essa questão é pelo menos compreendida e debatida, e o tamanho do Leviathan é de certa forma controlado.

É no fim das contas um problema simples, que o povo brasileiro resolveu ignorar (ou não entende) e consequentemente ainda nem comecou a debater.

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Estou lendo On Classical Economics do Sowell, e uma das coisas que mais me chamou atenção foi o conflito ideológico dos economistas clássicos.

Diferentemente do que a lenda conta, Adam Smith e seus contemporâneos não eram um bando de defensores do status quo que queriam defletir a nova geração "pro social" capturada depois por Marx. A maioria deles buscava constantemente mecanismos capazes de modificar as injustiças sociais da época. Porém, eles eram honestos o suficiente para enxergar que essas intervenções estatais eram, na grande maioria das vezes, mais prejudiciais do que benéficas, e acabavam tendo que defender um governo pequeno (algo próximo de Laissez-faire) por pura obrigação intelectual.

Não é exagero dizer que, economicamente, o povo brasileiro está uns 3 séculos atrasado. E estamos pagando caro por isso.

Thursday, March 30, 2006

The 20th hijacker

"Moussaoui Sentencing Case Goes to the Jury".

Geralmente eu seria a favor da pena de morte. Mas contra esse pessoal que tem como objetivo morrer na Jihad contra o grande satã, talvez uma prisão perpétua seria melhor.

Eu tenho a impressão que esse sujeito não ia ser muito popular numa penitenciária americana...

Wednesday, March 29, 2006

França

O maior problema de qualquer welfare state não é economico, é psicológico.

Um dos cases que eu estudei no meu MBA foi sobre a Pizza Hut em Moscow. Era um estudo de 1991 que basicamente falava sobre as dificuldades de se implementer um negócio capitalista num país tão acustumado ao comunismo.

Um dos problemas mais interessantes era sobre a completa falta de ética de trabalho dos russos. Você tinha pessoas altamente educadas, muitos com PHDs e mestrado, que não conseguiam se manter empregados porque eles simplesmente faltavam no trabalho numa proporção absurda. E olha que trabalhar para a Pizza Hut naquela época era tudo que qualquer russo poderia esperar: status, dinheiro e até mesmo favores ilegais (muitos funcionários eram pagos em dollar mesmo sendo ilegal).

O que acontece hoje em dia na França é exatamente o mesmo problema. Depois de anos e anos de um sistema utópico aonde emprego é um direito e não uma oportunidade, qualquer mudança é traumática.

Para os americanos, tudo aquilo parece um absurdo. Eles acham os franceses preguiçosos e atrasados. Ninguém por aqui, do mais pobre ao mais rico, consegue imaginar um mundo aonde empregadores não possam demitir empregados quando bem entenderem.

Um talk radio guy comentou: "Now we know how to make the french fight".

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Infelizmente certos princípios econômicos básicos não são intuitivos. Ouvi um dos protestantes franceses dizer hoje que "o governo está pedindo para que nós confiemos nos empregadores. Eles não vão nos fazer nenhum favor, vao despedir todos os jovens sem piedade".

Eu diria que se o conceito de oferta e demanda fosse ensinado no ensino primário, metade dos problemas do mundo simplesmente desapareceria.

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"Os protestos contra a Lei do Primeiro Emprego (CPE) na França desafiam a lógica. Indicam que os jovens franceses vivem uma espécie de alienação, na qual é possível comer a omelete e, ao mesmo tempo, conservar os ovos."

Editorial da Folha.

Você sabe que o mundo está completamente maluco quando o editorial da Folha chama a crazy left de alienada e ainda por cima cita um ditado da Ayn Rand (apesar de que o exemplo dela era com um bolo e não omelete).

Sacré Coeur!

Tuesday, March 28, 2006

Para relaxar um pouco

O que quer a esquerda

"RIO DE JANEIRO - Os seguidores da candidatura mais à esquerda da próxima eleição presidencial começaram a debater que propostas levar para a campanha. Apesar de atingir quase 10% das intenções de voto, a senadora Heloisa Helena (PSOL) ainda tem dúvidas se disputa a Presidência ou se prefere tentar o governo de Alagoas.
Durante seminário que reuniu membros do PSOL, do PSTU e intelectuais que antes se abrigavam no PT, a esquerda discutiu o que pretende levar para o poder.
"Qualificar como crime hediondo os assassinatos de pais e mães de santo que vêm ocorrendo pelo país" é um dos itens que a esquerda defende, segundo texto que resume os debates.
Outro trecho do documento propõe o estudo obrigatório da história da África e da cultura do "povo afro-descendente" no ensino fundamental e a "introdução nas creches de figuras negras, brincadeiras de roda e atividades que contemplem a diversidade racial e cultural do país, visando quebrar o racismo no início da formação dos indivíduos".
Isso num contexto educacional sem escolas privadas. "Fim do ensino pago, educação não é mercadoria", esclarece o pré-programa.
Nos temas econômicos, o texto defende a suspensão do pagamento da dívida externa enquanto submetida a uma auditoria, redução drástica da taxas de juros, salário mínimo de R$ 1.600, desoneração tributária do consumo e tributação progressiva do patrimônio e renda.
Há ainda a defesa da "revogabilidade dos mandatos executivos e legislativos", da realização de mais plebiscitos e referendos, da colocação da Venezuela como um exemplo político e do fim do "subimperialismo" do Brasil na América Latina.
"O programa deverá apontar para o novo, um programa de ruptura radical com o velho e que seja capaz de encantar novamente as pessoas", afirma o texto dos apoiadores de Heloísa Helena.
Ou seja, lá vem o velho travestido de novo, de novo."

Saturday, March 25, 2006

Civilização contra a barbárie - A legalidade da guerra do Iraque

O Alex fez um post interessante sobre a eterna guerra entre civilização e barbárie.

Quase sempre que ele fala sobre a guerra do Iraque, ele me cita como exemplo de "pessoa aparentemente racional que defende uma guerra absurda, nojenta e criminosa".

Como eu sou chato, e também porque estou cansado dessa acusação um tanto banal, resolvi explicar detalhe por detalhe o porquê do meu "apoio" (que é muito mais resignação) da guerra atual no Iraque. Já ia fazer isso naquela sequência de textos sobre a história do conflito, mas não tive tempo (leia-se paciência).

Vou começar pelo ponto mais fácil, que é a suposta ilegalidade da guerra. Depois escrevo sobre pontos mais complicados, como a justificação moral e os prós e contras da invasão do ponto de vista estratégico/militar.

Sobre a legalidade da Guerra do Iraque:
Dentre as inúmeras razões que podem servir como justificativas legais para essa guerra do Iraque, a mais óbvia é a quebra da resolução 687 da ONU, mais conhecida como o cessar fogo da primeira guerra do Golfo, em 1991.

Como todos sabem (ou deveriam saber) esse acordo determinava, entre muitas outras coisas, que o Iraque destruísse todas as suas armas químicas e biológicas e o fizesse na presença da ONU ou que mostrasse provas da destruição das mesmas. Outro importante detalhe é que a ONU autorizava o "use of all necessary means to uphold and implement its resolution".

O fato que o Iraque fez tudo que pode para não cumprir a resolução é completamente indiscutível. Mesmo desconsiderando tudo que foi feito até o ataque de 1998, a conclusão é que só se chegou naquele ponto porque durante os 7 anos anteriores o Iraque não cumpriu aquilo que tinha aceitado: a completa e comprovada destruição das suas armas de destruição em massa.

Como side notes, vale lembrar que aquele ataque comprova muitos pontos considerados polêmicos atualmente:
- A existência das WMDs era aceita por toda comunidade internacional
- Os EUA concordavam unanimamente que o Iraque era uma ameaça grave a segurança nacional e mundial
- A ONU também enxergava essa ameaça, mas não estava disposta a ir à Guerra novamente

Fica mais fácil entender o nível de gravidade da situação quando se lê a resolução do congresso Americano número 71 e a Iraq Liberation Act, também aprovadas pelo congresso Americano em 1998.

Segundo os Democratas, e usando uma das senadoras mais "respeitadas" daquele lado do congresso : "Saddam Hussein has been engaged in the development of weapons of mass destruction technology which is a threat to countries in the region and he has made a mockery of the weapons inspection process."
- Rep. Nancy Pelosi (D, CA), Dec. 16, 1998 (mais quotes dos Dems aqui)

O fato de que Clinton resolveu jogar bombas que no fim das contas não resolveram em nada o problema deveria ajudar na defesa do Bush. Se pelo menos política fizesse algum sentido...

A última prova que eu vou postar é retirada da famosa resolução 1441 da ONU, que apesar de não ter sido executada (assim como todas as 11 anteriores à ela) deixa claro qual era o problema em questão:

"Recognizing the threat Iraq’s non-compliance with Council resolutions and proliferation of weapons of mass destruction and long-range missiles poses to international peace and security,

Recalling that its resolution 678 (1990) authorized Member States to use all necessary means to uphold and implement its resolution 660 (1990) of 2 August 1990 and all relevant resolutions subsequent to resolution 660 (1990) and to restore international peace and security in the area

...

Decides that Iraq shall provide UNMOVIC and the IAEA immediate, unimpeded, unconditional, and unrestricted access to any and all, including underground, areas, facilities, buildings, equipment, records, and means of transport which they wish to inspect, as well as immediate, unimpeded, unrestricted, and private access to all officials and other persons whom UNMOVIC or the IAEA wish to interview in the mode or location of UNMOVIC’s or the IAEA’s choice pursuant to any aspect of their mandates; further decides that UNMOVIC and the IAEA may at their discretion conduct interviews inside or outside of Iraq, may facilitate the travel of those interviewed and family members outside of Iraq, and that, at the sole discretion of UNMOVIC and the IAEA, such interviews may occur without the presence of observers from the Iraqi Government; and instructs UNMOVIC and requests the IAEA to resume inspections no later than 45 days following adoption of this resolution and to update the Council 60 days thereafter;
"

E qual foi o resultado? Esse.

Deveriamos ter dado mais tempo para Saddam? Será que "alguns meses" fariam diferença depois de mais de 11 anos de desonestidade?

A ONU resolveu ignorar, como sempre, suas exigências. Os EUA resolveram que depois de 9/11, era hora de começar a cumprir aquilo que estava escrito no papel.

I rest my case.

Friday, March 24, 2006

Império Unido do Brasil

If one Carnival is good, how about two?

Está aí o projeto para o Brasil do futuro: uma boate exótica, 24x7, non-stop.

Mudaríamos nosso nome para "Império Unido do Brasil" (para os americanos saberem quem manda no pedaço).

Mulheres estudariam em escolas de samba. Homems jogariam futebol o dia todo. Crianças aprenderiam que o que importa é saber o bunda-le-le, e as velhinhas venderiam doces vestidas de baianas.

Mudaríamos do presidencialismo para a monarquia. Governaria o Rei momo, gordo e despreocupado, viajando pelo mundo às nossas custas, charuto na boca e vinho no copo, sempre tirando um barato dos seus súditos.

Só falta mudar o nome então.

Wednesday, March 22, 2006

Adeus mundo cruel

Just kidding. Acho engraçado como as pessoas decidem fechar blogs. A maioria abre um blog novo, com um desenho diferente ou um nome mais estiloso. O conteúdo não muda nada.

Para não ser chato, às vezes tenho vontade de mudar. Penso em começar a escrever em inglês, o que seria bem mais fácil. Mas não sei se teria o mesmo incentivo. Por enquanto continuo na mesma.

Por coincidência, acho que esses dias tem sido os mais ocupados desde que abri esse blog há mais de 3 anos atrás. O que é uma pena, já que assunto não falta: Minha viagem para o Canadá, um texto bom sobre anti-americanismo, a Leila jogando anos e anos de história no lixo dizendo que o Saddam cooperava com os inspetores da ONU, algumas pesquisas novas, etc.

Mas as coisas devem voltar ao normal em pouco tempo.

Wednesday, March 15, 2006

O bias da imprensa americana

A universidade de Columbia lancou um estudo chamado The State of the News Media 2006.

O material é grande e interessante, mas a parte mais chamou minha atenção foi uma pesquisa com jornalistas. Vejam os resultados:





"The percentage identifying themselves as liberal has increased from 1995: 34% of national journalists describe themselves as liberals, compared with 22% nine years ago. The trend among local journalists has been similar - 23% say they are liberals, up from 14% in 1995. More striking is the relatively small minority of journalists who think of themselves as politically conservative (7% national, 12% local). As was the case a decade ago, the journalists as a group are much less conservative than the general public (33% conservative)."

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Em outra pesquisa, essa da CBS, os americanos (a favor e contra o Bush) deixaram bem claro como não confiam na imprensa:

"24% of respondents felt the media were "making things in Iraq sound better than they really are," 31% felt the media were making things sound "worse than they really are," and 35% felt the media were "describing the situation in Iraq accurately." (10% did not give an answer.)"

"To better understand these results, it's worth looking at the party breakdown of the responses. Among Republicans, perhaps unsurprisingly, only 8% thought the media were making things in Iraq sound better than they really are, whereas 57% thought the media were making things sound worse than they really are. 30% of Democrats, meanwhile, thought the media were making things sound better than they really are, and only 14% thought they were making things sound worse than they really are. (Democrats, incidentally, seem to have the most faith in the media, with 43% saying that the media were describing the situation in Iraq accurately. Only 30% of Republicans said the same.)"

Tuesday, March 14, 2006

O futuro do capitalismo

Outro dia um dos meus economistas preferidos disse em uma entrevista que a tendência é que o tamanho dos governos pelo mundo aumente. A lógica é simples: Os enormes benefícios da globalização, juntamente com a melhora da macro economia mundial no geral (inflação sob controle e contas mais em ordem) criam menos pressão interna e externa para ajustes.

O que acontece atualmente nos EUA é um bom exemplo. O Bush continua gastando cada vez mais, e não existe expectativa de melhora em vista. Vale lembrar para o pessoal que adora números absolutos, que os EUA são ao mesmo tempo o maior pais capitalista e socialista do mundo: Em nenhum outro país a iniciativa privada produz mais, mas nenhum outro governo gasta mais que o americano. Claro que quando se olha o que realmente interessa, que é a proporção do PIB, os EUA ainda estão alguns degraus abaixo da Europa, mas mesmo assim a situação não é muito animadora. Só no periodo entre 2000 e 2005, por exemplo, o número de pessoas recebendo benefícios dos 25 maiores programas do governo americano cresceu em média 17% enquanto a população no mesmo período cresceu 5%. Esse é o maior aumento dos últimos 40 anos.

Infelizmente, isso só deve mudar quando a próxima recessão chegar.

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A briga pelo capitalismo é ingrata. O único motivo pelo qual o comunismo não venceu a briga ideológica do século XX foi a total e completa inviabilidade do sistema. Se a vontade do povo fosse realmente mais forte que a lógica, estariamos todos na fila do pão e dirigindo Ladas.

A vitória do capitalismo nunca foi completa. Mesmo aqui nos EUA, supostamente o maior símbolo da prosperidade e eficiência do sistema, uma enorme parte das pessoas está sempre "em busca de alternativas" e não tem o menor problema em abusar do sistema.

Talvez o Tyler tenha razão, e tudo isso seja um reflexo dessa preferência das pessoas por estabilidade. Talvez ainda não tenhamos realmente entendido como funciona o Homo economicus, e no fim das contas esse sistema meia boca de booms and bursts seja a única solução.

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Eu não sou economista, e não posso oferecer uma explicação técnica para a minha opinião. Mas mesmo assim lá vai: Eu ainda acredito que exista lugar para um sistema mais capitalista que o atual.

Acho que com o aumento da globalização, certas forças se tornaram simplesmente incontroláveis. Governos terão cada vez menos controle sobre entradas e saidas. Empresas virtuais, que podem usar com eficiência os paraisos fiscais vão se tornar cada vez mais comuns. O acesso a educação aumentará e numa economia cada vez mais baseada em serviços, fica mais fácil o "voto com os pés", isto é, as pessoas se mudaram para aonde o emprego está e cortaram o poder dos governos pela raiz.

Hey, os capitalistas também sonham.

Friday, March 10, 2006

Esquerda sofista

Uma das táticas mais comuns da imprensa sofista é colocar um título de reportagem que, apesar de completamente verdadeiro, passe uma idéia completamente oposta sobre o real conteúdo da mesma.

O UOL adora esse tipo de coisa, principalmente com as matérias só para assinantes, mas a imprensa progressista americana não fica muito atrás.

Vejam essa matéria do USA Today: 8,000 desert during Iraq war.

Quem lê isso pensa: Meu Deus, é o fim do mundo. Soldados fugindo pelas ruas, desobediência civil, protestos generalizados... Enfim, Vietnã II.

Mas quem abre o artigo, descobre que na verdade o número de desertores caiu acentuadamente desde o começo da guerra:



Uma diminuição de mais de 50% quando comparamos 2001 com 2005.

Se isso não é desonestidade, eu não sei o que é.

Sunday, March 05, 2006

Tax cuts for the rich. But of course!

Uma imagem vale mais do que mil reportagens tendenciosas:



E tem mais:
The top 50% were those individuals or couples filing jointly who earned $29,019 and up in 2003. (The top 1% earned $295,495-plus.)

The top 1% pay over a third, 34.27% of all income taxes. (Up from 2003: 33.71%) The top 5% pay 54.36% of all income taxes (Up from 2002: 53.80%). The top 10% pay 65.84% (Up from 2002: 65.73%). The top 25% pay 83.88% (Down from 2002: 83.90%). The top 50% pay 96.54% (Up from 2002: 96.50%). The bottom 50%? They pay a paltry 3.46% of all income taxes (Down from 2002: 3.50%). The top 1% is paying nearly ten times the federal income taxes than the bottom 50%! And who earns what? The top 1% earns 16.77% of all income (2002: 16.12%). The top 5% earns 31.18% of all the income (2002: 30.55%). The top 10% earns 42.36% of all the income (2002: 41.77%); the top 25% earns 64.86% of all the income (2002: 64.37%) , and the top 50% earns 86.01% (2002: 85.77%) of all the income.

Mais aqui. E antes que os social-anaeróbicos venham babar no meu teclado, o fato de eu linkar o Rush não significa que concordo com tudo que ele fala.

Mas essa ele matou na mosca.

Escola públicas e a liberdade de expressão

Eu já tinha escrito sobre o problema das universidades públicas e professores malucos. Essa semana, uma notícia mostrou que o problema é mais generalizado: uma gravação feita por um aluno, mostra o professor Jay Bennish, professor da Overland High School em Aurora, Colorado, num clássico exemplo de discurso político para os seus alunos do 10th grade (segundo colegial). A aula deveria ser de geografia, mas o tal Jay discursou sobre como os EUA podem ser comparados com a Alemanha nazista, como capitalismo é um sistema cruel e desumano, como Cuba é um país vítima, e por ai vai. A classic loon.

A gravação inteira pode ser ouvida aqui.

O professor foi suspenso, e agora vai processar a escola por "quebra da liberdade de expressão". O aluno que gravou a aula está sofrendo tanta pressão que vai ter que mudar. Uma lose-lose situation.

O problema aqui é claro. Numa escola pública, aonde todos alunos são forçados a aprender tudo de uma fonte única (já que poucas familias podem pagar os impostos e a mensalidade de uma escola particular) a única forma de ser justo com todos é fazer o material de ensino factual e apolítico.

Mas será possível ensinar como o mundo funciona sem demonstrar o que se acha certo e errado? Pior, será que essa é a melhor maneira de se educar crianças?

Se estivessemos falando de uma escola particular, o problema seria bem menos complicado. A escola teria que escolher entre despedir o professor, ou perder os alunos filhos de pais que discordassem do professor. Teriamos certas escolas mais para um lado, e outras para o outro. Pais poderiam mudar filhos de escola facilmente, e professores poderiam escolher aonde procurar emprego.

Problemas como esse do professor lefty, e outros como o do professor transexual, mostram que a idéia de uma escola pública não é compatível com a liberdade de expressão e a liberdade de escolha individual.

Aonde é que isto vai parar?

Friday, March 03, 2006

Governos, ideologias e where the buck really stops

Acho interessante esse argumento do Smart (e de muitos outros, dos dois lados ideológicos) que governos são completamente guiados e restritos por uma lista rigida de regras. E que a única maneira de se compreender de verdade qualquer medida é tentar mapear de volta a regra que originou a mesma.

Tenho que admitir que ess visão conspiratória do mundo é atraente: faz a política bem mais interessante e simples ao mesmo tempo.

Porém, eu acredito que as coisas são mais complicadas e desorganizadas do que esse pessoal acredita.

Eu não vejo problema nenhum em acreditar que o Bush decidiu invadir o Iraque por vários motivos: necessidade imediatista de dar o troco, geopolítica (guiada pelas teorias neoconservadoras e outras), medo da arábia saudita e Irã, etc, etc. Como todos esses fatores influenciaram exatamente na decisão final é dificil dizer. Mas acho muito pouco provável que o Bush tenha consultado “the little red book of neocons” ou ligado para os membros do New Century e dito "olha, vocês estavam certos. Estou me convertendo, podem me mandar a yarmulke e organizar o schedule das invasões."

Uma das grandes vantagens de uma Democracia é justamente a luta de poderes e influências que cerca um governo. Da mesma forma que os neocons podem ter influenciado na decisão de invadir o Iraque, os conservadores clássicos influenciam agora nos pedidos de isolacionismo. Será que se o Bush resolver sair fora do Iraque ele terá se convertido a conservador clássico? Mas como explicar os gastos do governo? Será ele na verdade um democrata wilsoniano? E a religião, como é que fica? Os Neocons são judeus, os conservadores WASPs... Aonde ficam os evangélicos nisso tudo? O Bible belt não manda mais no governo? Alguém chama o Rove, rápido!

Lógico que é possível identificar as linhas ideológicas gerais do governo Bush, e essas podem ser criticadas. Afinal, por mais que os comunistas tentem fazer lobby, o poder deles é mínimo. Mas no fim das contas, a aplição prática desse conjunto de teorias (i.e. o próprio governo) vale muito mais do que qualquer outra coisa. Ou então os neocons poderiam muito bem dizer que o problema não foi com eles, e sim na maneira como a coisa foi implementada. Same old, same old.

E vejam que eu ainda nem começei a falar sobre o fato de que diversas ideologias tem pontos em comum. Quer dizer, o fato de eu ter apoiado a invasão do Iraque me faz um neocon? Claro que não. Vemos exemplos desse conundrum diariamente. Nessas últimas semanas os democratas estão gritando aos 7 ventos que são contra esse acordo dos portos com a UAE. Obviamente não estão bravos pelos mesmos motivos que os isolacionistas Republicanos, que também não gostam dessa história. Os Democratas estão com medo que o sindicato perca força, enquanto os isolacionistas acham que a segurança dos portos seria comprometida. Nada impede que os democratas digam que o motivo é o mesmo, mas as coisas são o que são.

Da mesma forma que qualquer governo precisa identificar um conjunto de princípios a ser seguido, como eu pedia na minha crítica ao Alckmin, é necessario se entender que um governo dificilmente pode representar somente um grupo específico, por mais poderoso que este seja. Querer culpar os fracassos do Bush nas teorias neocons seria na verdade um favor para ele, já que tiraria parte da responsabilidade que deveria ser só dele.

Isso só acontece porque os ‘críticos’ não discordam somente do resultado das medidas, mas sim da intenção inicial. Mas admitir isso não é fácil.

Thursday, March 02, 2006

Índia

Logo depois dos ataques do 9/11, estava conversando com um indiano por aqui sobre qual deveria ser a reação americana. Ele me explicou que na Índia eles lidam com terrorismo do Paquistão há anos, e que a situação so melhorou quando eles realmente partiram para uma ofensiva, indo atrás da família dos homens-bomba por exemplo.

Ele também confirmou a tese que as pessoas da região achavam os EUA moles demais, e que já estava na hora do povo acordar.

Isso pode explicar porque a Índia é um dos poucos países pró-EUA da Ásia (mais aqui):


E apesar dos pesares, a aceitação no Paquistao não é das piores (é melhor que pré-9/11):


Duvido que esses números sejam melhores no Brasil.

Saturday, February 25, 2006

Fukuyama, Kristol e eu

O debate sobre a guerra contra o terrorismo continua.

O Fukuyama escreve que os neoconservadores fizeram bobagem, que a guerra no Iraque basicamente foi um desastre e que a única solução para o fim do terrorismo é um lighter approach dos EUA, isto é, diplomacia internacional. Ele acha que os EUA não devem se isolar (i.e., continuem mandando dinheiro) mas devem parar de usar o exército como ferramenta de mudança.

O Kristol respondeu na mesma moeda, basicamente dizendo que os EUA tem que continuar na ofensiva, e que essa visão do Fukuyama que "democracias amadurecem sozinhas" é ingênua ao extremo.

Acho que os dois lados esquecem de analisar alguns fatores. Primeiro, o Fukuyama assume que o governo dos EUA trataram o Iraque como algum tipo de experimento para um plano militar maior. Nunca se sabe exatamente o que se passa na cabeça dos governantes e, se a invasão do Iraque tivesse sido muito fácil, não duvido que o incentivo para novas invasões seria maior. Porém, no contexto da época, o objetivo das guerras do Afeganistão e Iraque era muito mais tático do que estratégico. Os dois lados dão muito mais crédito ao governo Bush do que eu dou.

Outro problema da análise do Fukuyama é que ele dá a entender que a política atual é a regra e que a alternativa proposta seria a exceção. Na verdade, desde o fim da segunda guerra mundial, os EUA adotaram essa posição que ele propõe de soft power. Com a exceção do Vietnam, todas as outras guerras de 1950 a 2002 foram defensivas (Coréia) ou muito pequenas e rápidas (conflitos na América do Sul, Filipinas, etc). E também vale lembrar que a estratégia da época não era de intencionalmente apoiar ditadores. Era justamente fazer o que o Fukuyama diz ser o caminho certo, isto é, aceitar os governos em poder e formentar a democracia quando possível.

Os resultados dessa época não foram muito bons. E a forma em que a guerra fria foi ganha não foi somente uma desculpa para o movimento agressivo atual, foi também o maior exemplo de que aquela estratégia de soft power simplesmente não estava chegando à lugar nenhum.

Se o governo Bush é ingênuo como Fukuyama quer mostrar (toda vez que alguém cita um "plano secreto" para justificar uma teoria eu fico desconfiado) eu não sei. Mas inferir que o resultado atual mostra que a única solução é a volta ao passado me parece absurdo.

Já o Kristol não oferece muito, a não ser o velho discurso "stay the course". Até o Fukuyama concorda que atualmente não há muito o que se fazer, e daí já tiramos de lado todo esse bando de gente (esquerda desde sempre e extrema direita nos últimos meses) que querem simplesmente abandonar o Iraque como se fosse um experimento de ciências que deu errado.

Abandonar o Iraque seria um desastre por vários motivos. Porém, o maior deles é ignorado pelo Fukuyama, provavelmente porque vai contra uma das premissas que justificaria a volta à o velho lighter approach: A idéia de que os EUA são odiados por serem duros demais.

Na verdade, os EUA e o Ocidente no geral, são vistos como poderes fracos e corruptos pelos radicais islâmicos. Não se esqueçam que antes das 2 guerras, a possibilidade dos EUA perderem militarmente era considerada amplamente possível. Toda a idéia por trás de um império islâmico é baseada no conceito de que o Ocidente é um monstro barrigudo, que só não é derrotado porque os povos islâmicos não se unem.

Agora, se o Kristol acha que o Iraque pode ser considerado um modelo de como essa guerra contra o terrorismo tem que ser lutada, aí nós discordamos. Não acho que seja possível definir um "modelo" para esse conflito. Acho que diante das circunstâncias, o governo Bush agiu corretamente em 2002. Mas será que se o Irã continuar com seus planos nucleares a resposta Americana deveria ser a mesma?

Acho que não. Ironicamente, esse é um dos argumentos preferidos da esquerda: "Se atacaram o Iraque, então porque não atacam todos os ditadores?"

A resposta é óbvia, mas de alguma forma o argumento é considerado sério. Uma lógica maluca anode a força tem que ser a regra ou a exceção. O uso da força tem que ser uma alternativa. Não pode ser a última alternativa, como quer a esquerda (por vários motivos), e nem a primeira alternativa como querer alguns da extrema direita.

O último ponto que acho importante nessa discusão toda é o papel da democracia. Um dos argumentos do Fukuyama é que a democracia "promove o radicalismo".

Acho essa uma falácia tão absurda quanto a de que a democracia por si só promove o fim do radicalismo. A democracia somente expõe a situação, algo positivo na minha opinião.

O maior problema do radicalismo islâmico é justamente o seu aspecto informal. O nazismo pode ter sido terrível, mas foi derrotado de forma indiscutível. Enquanto o radicalismo islâmico se esconder por trás de "governos moderados" ele nunca será derrotado.

A subida ao poder desses radicais pode acabar em somente dois caminhos: Um deles é a decisão voluntária de se moderar, o que pode levar no curto prazo outros grupos radicais ao poder (caso da Palestina), mas que em algum ponto significaria a moderação da população no geral. O outro é a oficialização do radicalismo, que levaria ao caminho de sempre: punições da ONU, embargo e guerra.

Na minha opinião, essas duas opções são melhores do que a continuação do terrorismo atual.

Thursday, February 23, 2006

Alckmin

Acompanho pouco a política brasileira hoje em dia. Leio sobre os roubos do PT, sobre os absurdos do Amorin, e sinceramente é tudo muito repetitivo.

Li outro dia que o tal do Alckmin vai ser o "candidato da direita" para a próxima eleição.

Não sei muito sobre ele. Quase nada para ser honesto. Não consegui lembrar de uma medida de impacto que ele tenha tomado. O que as vezes é bom, mas nesse caso, o ponto é que não sei qual é a direção que um governo dele teria.

Olhei o discuso de posse dele no governo de SP, e fiquei confuso. Lá ele diz que "O Governo atuará, então, em quatro esferas concêntricas: a do Governo Empreendedor, a do Governo Educador, a do Governo Solidário, e a do Governo Prestador de Serviços de Qualidade". Essa é a idéia de direita no Brasil?

Será que seria demais esperar que um candidato tocasse no assunto dos impostos? Tarifas absurdas? Acordos de comércio internacional? Quem sabe até mesmo definir se ele quer diminuir ou aumentar o tamanho do governo?

Se a única diferença entre direita e esquerda no Brasil é essa história de dizer "eu sou honesto, o outro rouba" ou então dizer que vai criar empregos sem ao menos tentar explicar como, não sairemos do marasmo nunca. Às vezes fico desapontado que o Lula não fez o que tinha prometido. Se ele tivesse chutado o barraco, e transformado o país num favelão cubano, quem sabe ai o povo entenderia o que precisa ser mudado.

Esse sistema semi-capitalista, que muitos tem a incrível cara de pau de chamar "neoliberal", deixa sempre a falsa impressão que "estamos quase lá", e que só falta competência para os nossos políticos.

Em outra parte daquele discurso de posse, o Alckmin diz que "Sem abdicar da fidelidade aos princípios doutrinários que me norteiam, aqui retorno consciente de que o ato de governar não é militância política. É, isto sim, o exercício de uma função pública. E estas são práticas que não devem e nem podem se confundir."

Princípios? Mais quais são esses princípios? Eu sou realista e pragmático, mas tomar decisões sem deixar claro que existe um conjunto de idéias por trás que pelo menos aponta em uma certa direção é suicídio. Usando uma analogia bem brasileira, somos um time sem esquema de jogo, que fica trocando de capitão sem nunca pensar em contratar um técnico e estabelecer um esquema tático claro.

Pode ser que eu esteja errado, e o Alckmin seja diferente. Quem sabe vocês tenham informações que eu não tenho e me corrijam. Mas pelo que eu vi até agora, parece somente mais do mesmo.

Tuesday, February 21, 2006

Mais dados sobre o império

Todo esse dinheiro gasto com educação mostra a clara intenção de dominar o mundo...



Percebam como a situação piora depois que Bush sobe ao poder!


Isso mostra porque a globalização é uma farsa. Tendo o melhor sistema de educação do mundo fica fácil!

Esses malditos imperialistas...

(Para quem quiser saber minha opinião de verdade sobre a educação estatal daqui, leia este post)

Monday, February 20, 2006

A dupla SaSa

Parece que Sader, o sábio, arranjou um companheiro à altura: João Sayad. Já deve ser o terceiro ou quarto editorial seguido que ele escreve que é um total absurdo, do começo ao fim. O de hoje está particularmente péssimo, eu quase desisti depois de ler a primeira frase. E pior, o sujeito escreve mal que não é brincadeira. Eu ia postar só algumas partes preferidas, mas para apreciar a falta de qualidade e a variedade de desconexões de idéias do texto eu preciso do texto todo: (grifos meus; a parte em vermelho foi aonde eu ri mais alto)

"Tolerância

Os Estados Unidos são o único país do mundo em que se tenta proibir o ensino da teoria da evolução.

Em 1925, os "creacionistas" se opunham à teoria porque contradizia a interpretação literal do Gênesis. Atualmente, alegam que os professores de ciências fazem insinuações sobre a inexistência de Deus. Exigem que se apresente a teoria do "intelligent designer", um projetista inteligente (Deus?) que explicaria o sentido da evolução.

Para nosso desespero, não é possível demonstrar logicamente que o mundo tenha sentido ou um projetista inteligente. Nem demonstrar que Deus não existe.

A polêmica está limitada a alguns estados americanos do sudoeste e do sul. No resto do pais e no mundo inteiro, religião e ciência são campos paralelos, que fazem perguntas e oferecem respostas a problemas diferentes e não opostos.

Os Estados Unidos são uma federação de seitas, etnias e raças fundamentalistas. Democracia e liberdade de expressão resultam de um equilíbrio tenso entre grupos igualmente poderosos com princípios rígidos e inegociáveis.

Por isto, os americanos são obrigados a ser pragmáticos ("verdade é o que funciona") ou relativistas. Pragmatismo e relativismo são as únicas filosofias possíveis num país congestionado de verdades irreconciliáveis e onde mentir é o único motivo para levar um presidente ao "impeachment".

A diversidade entre visões de mundo não requer tolerância. Eu não preciso "tolerar"que você goste de chá e eu, de café. A tolerância- do latim "tolerare", suportar- é necessária apenas entre idéias que não são apenas diferentes, mas contraditórias e que se reconhecem reciprocamente.

Evolucionismo e religião são temas diferentes que se opõem apenas quando discutem a existência de Deus que não é tema da ciência. Em geral, religiosos não precisam "tolerar" cientistas, nem escandinavos "tolerar" os paraguaios. São indiferentes uns aos outros.

Já o convívio entre judeus, cristãos e muçulmanos demanda uma tolerância enorme. Disputam o amor do mesmo Deus, discordam sobre o verdadeiro Messias e usam o mesmo Livro. Jerusalém é o ponto focal - cidade do Templo de Salomão, em que Jesus foi crucificado e Maomé subiu aos céus.
Ocidente e Oriente nunca foram indiferentes. As charges sobre Maomé, encomendadas como um "teste" para a liberdade de imprensa dinamarquês geraram protestos e morte. Na França, a lei Gayssot criminalizou a negação do Holocausto. A liberdade de expressão levada ao limite ameaça a liberdade de expressão.

O Brasil é o país da tolerância. Aqui, Ogum é S. Jorge e a Virgem Maria, Iemanjá. Sofremos do melhor racismo do mundo, ainda que continue sendo racismo. Os negros se consideram brancos e os brancos dizem que gostariam de ser negros. Ricos toleram os pobres e pobres agradecem a tolerância.

Somos pragmáticos diferentes dos americanos. Não precisamos conviver com verdades rígidas. Aqui a verdade é menos nítida, convive bem com contradições. Seriamos um país admirável se tanta tolerância não for apenas fruto de indiferença."

Sunday, February 19, 2006

The left

Pessimista

Quando eu comentei sobre o pessimismo da esquerda, eu estava falando sobre isso: (só para assinantes)

"My go-to worldview is pessimism. I see a Time Square billboard that has its audience 'dancing in the aisles' and I can't help but think 'That is a fire hazrad'".
...
"When he (Bush) took the presedential oath, I cried. What was I so afraid of? I was weeping because I was terrified that the new president would wreck the economy and muck up my drinking water. Isn't that adorable? I lacked the pessimistic imagination to dread that tens of thousands of human beings would be spied on or maimed or tortured or killed or stranded or drowned, thanks to his incompetence".

Eu posso te garantir, she is loony and she is no happy camper.

NYT

Aliás, hoje fiz algo que não fazia há tempos: comprar o NYT de papel. Alguns editorias não estão mais abertos online, e eu estava matando tempo na Starbucks.

Primeiro de tudo, eu quase caí de costas com o preço: 5 dólares. Segundo, qualquer pessoa que tenha a cara de pau de dizer que o NYT não é completamente de esquerda simplesmente não lê o jornal.

Dos 12 editoriais que eu contei, 3 eram neutros e 9 eram politicamente ou ideologicamente de esquerda. Encontrei pérolas do tipo "Once, not that long ago, economics was the queen of the social sciences. Human beings were assumed to be profit-maximizing creatures, trending toward reasonableness. As societies grew richer and more modern, it was assumed, they would become more secular. As people became better educated, primitive passions like tribalism and nacionalism would fade away and global institutions would rise to their place." (Do editorial Questions of Culture).

Claro que o jornal tem o direito de escrever o que quiser, mas eles deviam pelo menos avisar qual o conteúdo. Aquilo ali não é news, é propaganda. Eu quase pedi meu dinheiro de volta.

Cheney

Mas de todos os exageros atuais da esquerda, o mais absurdo é o que vem acontecendo com o Cheney. Eu sei que o cara não é nem um pouco likeable, e na minha opinião hunting é mais backwards do querer arrastar sua mulher pelos cabelos e morar numa caverna.

Mas o que a mídia vem fazendo com esse acidente esdrúxulo é simplesmente ridiculo. Nenhuma lei foi quebrada, tudo que ele fez foi dentro do exigido no Texas. E atirar na cara de um amigo devia ser considerado um acidente infeliz, até provado o contrário.

Mesmo assim, já acusaram o cara de tudo: bêbado, maluco, assassino... Tinha gente abertamente torcendo para que o velhinho lá morresse, só para poderem comecar a falar de quais crimes ele poderia ser julgado. Até de impeachment já falaram!

E até agora qual o problema que acharam? Nada. Na verdade, a imprensa ficou bravinha porque ele não avisou os reporteres que ficam de plantão na Casa Branca (shocker), que a coletiva dele foi para somente um reporter da Fox, e que ele não pediu desculpas na entrevista (como se ele tivesse de alguma forma ofendido o público!). Eles tiveram a cara de pau de inferir que, porque ele não falou desculpas na TV, ele não teria pedido desculpas para o tal Harry.

Esse é provavelmente o exemplo mais obvio de futilidade ideológica que chegou a imprensa daqui. Eles se acham no direito de explorar um acidente só porque não são paparicados pelo governo atual.

Profissionalismo zero.

Saturday, February 18, 2006

Novos favoritos

Esses são os mais novos da lista:
De Gustibus (meu novo favorito)
Insurgente
Malho
Dilbert

Friday, February 17, 2006

The great divide

O Pew publicou outra pesquisa interessante sobre a felicidade dos americanos.

Algumas das conclusões:
- Primeiro de tudo, os resultados vem se mantendo constantes por um bom periodo de tempo (a pesquisa existe desde 1972).
- Casados são mais felizes que solteiros.
- Pessoas que vão à igreja são mais felizes dos que não vão.
- Republicanos são mais felizes que Democratas e independentes.
- Ricos são mais felizes que os pobres.
- Brancos e latinos são um pouco mais felizes que negros.

Do outro lado da moeda temos:
- Ter filhos não muda a felicidade das pessoas.
- Imigrantes são tão felizes quanto nativos.
- Empregados, desempregados e aposentados são igualmente felizes, com a exceção de desempregados homens.
- Homens e mulheres são igualmente felizes.
- Pessoas que tem animais de estimação não são mais felizes.

Pode parecer que tudo isso é óbvio, mas algumas trends são bem interessantes:

Red is really better: 45% dos Republicanos é muito feliz, comparado com 30% dos Democratas e 29% dos Independentes. E essa diferença também se mantem constante desde 1972, o que mostra que a felicidade não é relacionada com estar ou não no poder.

Os Republicanos são em média mais ricos, mas mesmo quando o fator dinheiro é considerado, ainda são mais felizes. A mesma coisa se aplica a ideologia. De longe, os mais infelizes são os hard-core liberals.

Outra conclusão interessante é a de que jovens são menos felizes que os mais velhos. Principalmente os homens.

E nem mesmo o dinheiro é um fator infalível: Negros que ganham mais ou menos são igualmente felizes.

Mas dentre todos os fatores analisados, o mais forte estatísticamente foi a saúde. Da mesma forma, o fator mais determinante da infelicidade foi a falta de saúde.

Tudo isso me lembrou essa outra pesquisa do Pew que descreveu as principais diferenças entre os os grupos políticos americanos. Nesse caso, um fator diferenciador ficou evidente: otimismo.

Interessante como esses dois sempre andam juntos.

Monday, February 13, 2006

"A prova"

O Smart lançou mais uma campanha de concientização dos perigos malígnos do Bush. A mensagem da vez é que o Demônio na terra está aumentando o exército americano à níveis nunca vistos.

A "prova" dele são os gastos absolutos. O que não faz o menor sentido. É como comparar os gastos de uma pessoa que ganha 1000 dólares com outra que ganha 5000 dólares. A única forma relevante é comparar o quanto do bolo é dedicado proporcionalmente a esta ou aquela área em épocas diferentes.

A verdade, então, fica bem mais aparente (more info aqui):


Como eu tinha dito nos comentários desse post, os níveis atuais são iguais aos de 10 anos atrás (3.8% em 2006 comparado com 3.5% em 1996) e bem menores que os de 20 anos atrás (6.2% em 1986).

Agora, lógico que existe desperdício. E tambem é válido discutir se o dinheiro está sendo bem gasto. Como regra geral, qualquer programa de governo desse tamanho vai ser um desastre. Programas menores, como a NASA, são mais transparentes e a ineficiência fica bem clara.

Mas quando a análise começa da premissa errada, i.e., "é sempre culpa do Bush", a discussão não chega à lugar nenhum.

Friday, February 10, 2006

Pão, circo e cerveja

A peripécia "progressista" de hoje vem daqui mesmo do Estado de Washington: a história da comissão da cerveja.

Sim, é isso mesmo: o Estado quer vender booze. Ah, pera lá, é só uma ajuda as cervejarias pequenas aqui do Estado! Ninguem aqui vai dar dinheiro para Budweiser da vida! Sabe como é, os pequenos negócios nunca vão sobreviver sem a ajuda do grande irmão... E não se preocupem, seus impostos não vão pagar pelo projeto. Os descontos dos impostos das cervejarias e fundraisers vão ser suficientes. Bom, os fundraisers vão ser pagos pelos contribuintes, mas reclamar disso é ser muito mesquinho!

E pensando melhor, o tal Pat Sullivan (Democrata) é um gênio. Afinal, além de agradar um lobby poderoso, as taxas sobre a venda de qualquer produto alcoólico são altíssimas por aqui. E como se não fosse suficiente, todos sabem que com mais cerveja na cabeca o povão vai ficar mais feliz!

It's a goddamn win win situation baby.

Wednesday, February 08, 2006

Loon canadians and fake republicans

Peripécias socialistas

As aeromoças da Air Canada ganharam uma batalha histórica na suprema corte canadense. De agora em diante, elas vão ter que ganhar a mesma coisa que os homens que trabalham na companhia. Claro que não estou falando somente dos "comissários de bordo", that's bullshit. Elas vão ganhar a mesma coisa que qualquer homem, incluindo os pilotos.

Explicação da sábia corte: "they all work for the same organization in the same business".

Mais aqui.

Dados sobre o Bush gastão

Antes de comemorar os pequenos cortes no orçamento 2006 do Bush (ou pior, achar que existe alguma dark trend no mesmo) é bom considerar os números dos últimos 5 anos:

Larger Increases in Federal Spending By Category, 2001-2006:
National Defense 11.9%
Health Research and Regulation 12.3%
International Affairs 16.1%
Education 18.9%
Community & Regional Development 34.6%
Energy 211.1%

Anti-poverty spending has surged 39% under President Bush to a record 16% of all federal spending

Breakdown by Anti-Poverty Category (Nominal $millions) 2001 2005 Increase:
Health Care Assistance 40%
Food Assistance 49%
Housing Assistance 26%
Cash & Other Assistance 37%
TOTAL ANTI-POVERTY SPENDING 39%

Mais aqui.

Sunday, February 05, 2006

Double standards 2 - A ilusão do Império

Sempre que alguém vem tentar me explicar que os EUA são um império, eu começo perguntando pelas fronteiras. Seria o Brasil parte dos dominados? E a França? Belarus? Quênia? Butão?

É fácil confundir poder com controle.

Essa lenda de que os EUA tem mais controle sobre o mundo do que realmente tem cria duas consequências péssimas: Primeiro, possibilita que governos incompetentes fujam das suas responsabilidades. Pergunte para qualquer brasileiro como é que os EUA influem na vida deles. Outro dia eu fiz essa pergunta para aquele infame grupo e a resposta foi: "Ah, não podemos contruir uma bomba nuclear!". A total desconexão desse tipo de resposta com pesquisas como essa, mostra o tamanho do problema. Segundo, cria um nível de expectativa dos EUA que é simplesmente inatingível. E sendo os EUA o maior representante do capitalismo, qualquer "fracasso" americano vira um fracasso do sistema, o que dá abertura a todos esses loones que se reúnem pelo mundo em busca de uma "nova utopia".

Por exemplo, o mundo todo ficou abismado com o Katrina (até agora 780 mortos confirmados). Você ligava a TV e via o desespero das pessoas ao vivo, lia no jornal diariamente histórias de vidas arrasadas, etc. E foi uma tragédia mesmo.

Mas agora, durante o mês de Janeiro, já morreram quase 600 pessoas (7 mil tiveram que ser hospitalizadas) na Ucrânia de frio. 600 mortos num país de 47 milhões de pessoas é equivalente a mais de 3500 nos EUA. Eu posso imaginar o fim do mundo que seria se 3500 pessoas (ou que fosse 600) morressem de frio por aqui.

Esse é somente um exemplo, é fácil citar muitos outros.

Agora que o mundo se prepara para confrontos um tanto difíceis, do islamismo radical ao aumento do poder da China, dá medo pensar que paises "neutros" possam se aliar ao lado errado somente por ignorância.

Eu li o editorial da Folha de hoje sobre a polêmica dos cartoons e dei risada. Parecia mais a enciclopédia britânica do que a velha Folha de guerra.

E pelo que vi, eles não publicaram os cartoons.

Friday, February 03, 2006

Double standards

Essa nova revolta do mundo islâmico sobre os cartoons do Mohamed serve para mostrar algumas coisas.

Primeiro: o governo Bush consegue fazer merda nas piores horas possíveis. Podem ter certeza absoluta que essa besteira que eles disseram hoje ainda vai dar muito o que falar. E só não vai ser o ticket dos democratas para a Casa Branca porque infelizmente eles são outro bando de covardes políticamente corretos.

Segundo: Ainda existe algum pingo de coragem na Europa. Qualquer país europeu que mostrar o bom senso de não pedir desculpas por estar cumprido o que a lei manda, i.e. imprensa livre, terá ganho pontos na minha tabela. E aumentará ainda mais a vergonha que foi essa reação do governo Bush.

Terceiro: o problema com os países de maioria islâmica é muito maior do que a maioria das pessoas quer acreditar. Se a cultura deles estabalece regras de conduta completamente incompatíveis com as do ocidente, e no caso de desavenças eles se acham no direito de retribuir com força, o ocidente só tem uma opção, que é retribuir na mesma moeda.

Se o ocidente for visto como fraco, o problema só vai aumentar. Se eu fosse dono de qualqer jornal imprimiria os cartoons na primeira página, juntamente com as fotos das revoltas pelo mundo. Os cartoons não são provocações baratas. São a reflexão de um problema real, que é a utilização do islamismo como justificativa para violência. E mesmo que fossem provocações, figuras públicas (incluindo religiosas) estão sujeitas a sátira. Assim como outros cartoonistas/cineastas/escritores atacam os católicos, judeus, etc, os muçulmanos não tem direito algum de se achar acima da lei. Se isso ofende a lei local, ou a crença pessoal, a única reação que o ocidente pode aceitar é a manifestação pacífica. Atacar granadas em embaixadas não é uma opção.

Ou então é melhor vestir a burka e converter de uma vez.

Thursday, February 02, 2006

What does Hamas want?

"The West has nothing to fear from Hamas. We're not going to force people to do anything. We will not impose Sharia. Hamas is contained. Hamas deals only with the Israeli occupation. We are not Al Qaeda."

ABU TIR is a former militant who ranked No. 2 on the Hamas list of candidates in last week's elections. Via Newsweek.

Hummm... Uma mensagem um tanto melosa para um pessoal que só subiu ao poder por causa do aumento do radicalismo islâmico causado pela guerra no Iraque, não acham?

Teste rápido de anti-americanismo

Já esperava que um pessoal fosse duvidar da história dos brasileiros anti-americanos. A (psychic) Leila até afirmou que eu estou mentindo. Sabe como é, de anti-americanismo ela entende.

Anyway, para explicar um pouco melhor o nível do pessoal que estou falando e deixar bem claro o que eu considero anti-americanismo, desenvolvi o seguinte teste(®), baseado em perguntas que eles responderam durante as nossas conversas sobre os EUA:

- Você acha que os EUA são os maiores culpados pela pobreza do mundo?
- Você acha que os ataques de 9/11 foram merecidos? Você admira OBL?
- Você acha que comparar os EUA com a Alemanha nazista não tem nada demais?
- Você acha que a queda da União Soviética foi um dos piores acontecimentos do século XX?
- Você acha que o mundo seria melhor se os EUA sumissem do mapa?

Pronto. Cinco perguntas, rápidas e diretas. Se você desconfia daquele seu amigo que adora uma camiseta do Che, ou do seu professor de história que de repente deixou a barba crescer, é só testar.

E a pergunta séria continua: Será que o governo americano deveria deixar esse pessoal entrar no país?

Sunday, January 29, 2006

Males que vêm para o bem

Go Canada

Com a subida do preço do petróleo, finalmente as dunas de Alberta, no Canadá, vão começar a ser realmente exploradas.

Estima-se que entre 1.7 e 2.5 trilhões de barris estejam enterrados na mistura de areia, água e argila. Esta é a maior reserva do mundo, superando de longe a Arábia Saudita (atual maior produtora) que tem reservas comprovadas de 261.9 bilhões de barris.

A segunda morte de Arafat


Quando Yasser Arafat resolveu trocar suas bombas pelos milhões de dólares do Ocidente, vendendo a ilusão da paz com Israel, ele condenou a região a um estado de "meia-guerra" eterna.

Agora com a subida do Hamas ao poder, finalmente teremos a chance de paz. Ou guerra. Não será mais possivel esconder o radicalismo palestino por trás da desculpa de que "estamos falando de uma minoria". A maioria dos palestinos quer o Hamas. O que eles decidirem fazer vai representar a vontade da maioria.

Finalmente o legado de Yasser Arafat morreu.

Thursday, January 26, 2006

Anti-americanismo verde-amarelo

Eu já critiquei por aqui o que eu vejo como uma grande ironia de certos brasileiros: ser anti-americano e se mudar para os EUA.

O problema é muito mais comum do que eu imaginava. Coincidência ou não, aqui na costa oeste conheci muito mais brasileiros do que na costa leste. Acho que já são uns 25. E pode parecer exagero, mas a verdade é uma só: 100%, todos sem exceção, são anti-americanos.

E eu não estou falando de gente que simpatiza com os democratas, faz piadinha com os colegas americanos ou que votou no PT. Estou falando de gente que considera o Bin Laden herói. Que acha os EUA um Império do Mal, e que não consegue ver diferença entre Hitler e Bush.

A maior diferença desse pessoal para o Idelber é que pelo menos eles admitem na cara dura que não gostam daqui, e que só vieram pelo dinheiro. A grande maioria só fica falando em voltar para o Brasil.

Mas eu fiquei aqui pensando comigo: Será que se o departamento de imigração soubesse de tudo isso, teria deixado eles entrarem no país?

Não estou dizendo que críticas deveriam ser proibidas, que só quem adora o Bush deveria ganhar visto, nada disso. Mas se alguém que te acha ruim o suficiente para merecer ser destruido não é seu inimigo, quem é?

Scott Adams

Eu sei que outros blogs já elogiaram o blog do Dilbert, mas eu tenho que dizer: o cara é demais. Eu já sabia que ele era engraçado, mas nunca poderia imaginar que ele fosse tão esperto. E essa combinação não é muito comum. Além disso, os comentários são ótimos.

Imperdível.

Tuesday, January 24, 2006

The ticker that ticks off

Fidel e seus red cats protestaram hoje contra um ticker montado pelo governo americano na U.S. mission em Havana. As mensagens mostradas no display vão de notícias (como a da vitória dos conservadores no Canadá) à mensagens gerais sobre liberdade, de MLK à Ghandi.

E ainda tem gente que se diz contra tudo que o Bush faz.

Sunday, January 22, 2006

Marketing rules

É incrível como as pessoas se deixam enganar. Em inglês, a palavra que melhor define o que estou falando é gullible. Acho que em português a melhor tradução seria ingenuidade, mas gullible é mais especifico: é aquela ingenuidade que te leva a ser enganado por qualquer um.

Essa história do Google é um exemplo perfeito. Deveria ser evidente que o Google só está fazendo doce para aumentar sua imagem de empresa "alternativa", que "não se vende ao sistema" (essa é a principal estratégia de marketing contra o "Império do mal").

O governo não está pedindo nomes de usuários, está pedindo dados para comprovar a tese deles que os portais de busca levam crianças a pornografia. Se algo deve ser feito sobre isso é outra problema, mas o pedido atual do governo não tem nada de intrusivo. O estudo é funcional, e pode até mesmo provar que a teoria simplesmente não é verdadeira.

Dizer que esse pedido vai levar ao fim da privacidade online é mais um absurdo. É como dizer que a lista de anúncios de um jornal levaria ao nome de todos os compradores de todos os produtos. Lógico que se o governo quiser verificar quem é que está visitando sites de "como construir sua bomba" eles estão no direito deles. Ou não?

Mas não adianta. A notícia virou destaque em todos os jornais. Foi o suficiente para levantar a bandeira dos "privacy warriors". Ah, o Google é uma empresa que se importa com o povo! Não se curva aos poderosos! Isso vai acabar como em 1984! Viva o Google!

Enquanto isso, já tem gente culpando a queda no stock price na tal "briga com o governo".

You got to love these marketing guys.

Sempre ele

"Posteriormente, a Bolívia foi vítima do primeiro plano neoliberal no mundo, que liquidou a economia mineira e, com ela, um de suas mais importantes conquistas – a classe trabalhadora mineira e a Central Operária Boliviana (COB)."

Sader, o sábio, mostrando que desinformação é com ele mesmo.

Thursday, January 19, 2006

A guerra Irã x Iraque - 1980–1988

A explicação oficial do governo iraquiano para a guerra, iniciada em 22 de Setembro de 1980, foi a disputa de Shatt al Arab. Essa é uma área de acesso ao golfo pérsico localizada na fronteira dos dois países. Essa história vinha desde os tempos de Império Otomano vs Pérsia. Outra disputa antiga que foi usada como desculpa nessa guerra foi a da região do Khuzestan. Este era parte da mesopotâmia (atual Iraque) e havia sido tomado pelo Irã durante o periodo do Império Otomano. O Ba'ath já dizia que o Khuzestan deveria ser retornado ao Iraque desde que chegou ao poder, em 1968.

Como sempre, os reais motivos para a guerra eram bem mais recentes. Saddam e sua turma queriam dominar a região, embalados ainda nas suas teorias Pan-árabes. Mas mais que isso, Saddam estava morrendo de medo. E com razão. Depois da queda do Shah, o Irã se tornou um problema incontrolável para o Ba'ath. Khomeini era tão brutal quanto Saddam, com a vantagem de ter total controle sobre a maioria do seu povo. Era uma questão de tempo para que uma nova revolução islâmica explodisse em Karbala ou Najaf (cidade aonde Khomeini morou por 15 anos). Simplificando, Saddam tinha duas opções: tentar uma arriscada aliança iraniana (como havia feito com o Shah) ou partir para ofensiva.

A guerra era uma opção tentadora. O Iraque tinha uma vantagem militar enorme sobre o Irã: 190.000 soldados, 2.200 tanques e 450 aviões MiG-23 e MiG-21 soviéticos de última geração. Do outro lado, o Irã tinha menos de 1.000 tanques, um exército desorganizado e equipamentos muito mais velhos, como os F-4 Phantom americanos da época do Shah. Mais que isso, a revolução islâmica isolou o Irã do ocidente, antigo fornecedor de armas. Todos acreditavam numa vitória rápida do Iraque.

Mas Saddam não contava com o nacionalismo iraniano. O "Army of Twenty Million" mandou 200 mil iranianos para as fronteiras em Novembro de 1980. Muitos eram antigos aliados do Shah, buscando um novo status na teocracia dos aiatolás. Além disso, Saddam cometeu varios erros estratégicos. Ele contava que 3 milhões de árabes do Khuzestan iriam se juntar aos iraquianos. A enorme maioria se juntou ao exército iraniano. Ele achava que conseguiria destruir os aviões iranianos com seus bombardeios iniciais, mas não conseguiu (os hangares era muito mais resistentes do que imaginado). O Iraque só se deu bem no começo da guerra porque o Irã também errou muito. Os xiitas do Sul se juntaram ao exército iraquiano, contrariando as expectativas de Khomeini, que havia colocado poucas tropas no sul. Adicione a tudo isso a ineficiência dos comandantes iraquianos e a abundância de soldados suicidas do Irã, e acabou-se tendo uma guerra muito mais equilibrada (e consequentemente sangrenta) do que qualquer um poderia imaginar.

O envolvimento do ocidente nos primeiros anos da guerra foi pequeno, principalmente porque o Iraque estava levando a melhor. Depois da crise dos reféns americanos, o Iraque parecia um mal bem menor que o Irã. Com a gradual ascensão iraniana, e com o aumento dos ataques iranianos aos navios petroleiros, o ocidente e certos paises árabes (principalmente Arábia Saudita e Kuwait) começaram a dar uma mão para o Iraque. E a ajuda chegou na hora certa: Saddam estava ficando sem dinheiro.

O Iraque chegou a gastar 3/4 do seu GDP em armamentos durante a guerra. Entre 1981 e 1985, o Iraque vendeu 48.4 bilhões de dólares em petróleo. No mesmo periodo, os gastos com armas chegaram a 120 bilhões de dólares.

Apesar de quase 80% dar armas virem da União Soviética e França, não fatavam outros candidatos dispostos a entrar na fila: Alemanha, China, Coréia do Norte, Síria, Líbia, Egito... Brasil (quarto maior fornecedor de armas). Os EUA ajudaram o Iraque de outras maneiras: dinheiro, materiais, e expertise militar.

Os EUA também se envolveram no lado iraniano, no famoso episódio do Ira-contras. Mas no geral, poucos países ajudaram o Irã durante a guerra (o que diz muito sobre a incompetência iraquiana).

Em 1988, depois de matar 1.5 milhão de pessoas e de basicamente voltar ao ponto de partida na disputa territorial, os 2 lados aceitaram uma trégua (o fim da guerra nunca foi assinado).

O retrato do Iraque não poderia ser pior: uma dívida de aproximadamente 77 bilhões de dólares (27 bilhões para o ocidente e 50 bilhões para paises do Golfo), produção de petróleo comprometida, disputas internas, e o quarto maior exercito do mundo: um milhão de soldados, 4500 tanques, medium range missiles, arsenal de armas biólogicas e químicas (usadas durante a guerra), e um programa nuclear.

E pior de tudo: um vizinho rico dando sopa.

Saturday, January 14, 2006

Alito

Antes de continuar sobre o Iraque, tenho que falar sobre o Alito. Ouvi 3 dias de depoimentos (kudos KQED) e tirei 4 conclusões:

- O processo todo é uma palhaçada: Os Senadores dos 2 lados se comportaram péssimamente. Os Democratas procuravam todo tipo de loophole em fatos completamente irrelevantes. O Alito é juiz há mais de 13 anos, já julgou mais de 4 mil casos, e os inúteis ficavam invocando com uma mensalidade que ele pagou em 85, para um grupo que ele nunca participou ativamente ou mesmo renovou a aplicação depois. O objetivo não era aprender mais sobre o que pensava o Alito, e sim tentar fazer ele se irritar. Era patético ouvir loones como o Kennedy e o Schumer (talvez o pior democrata atualmente) lerem suas anotações e nem prestarem atenção (até porque eles não teriam capacidade de responder) no que o Alito respondia. Já os Republicanos jogavam o outro lado. Tudo que perguntavam era soft balls feitas para explicar as distorções criadas pelos democratas. Uma armação do começo ao fim.

- Alito é muito bom: Além de mostrar uma paciência que eu nunca teria, o Alito pareceu extremamente inteligente. Ele tinha a maioria dos casos memorizada, e sempre que precisava fazia associação com casos anteriores e explicava a origem dos direitos na constituição. Muitas vezes as perguntas nem eram sobre casos que ele julgou, e mesmo assim ele sabia tudo na ponta da língua. Quando outros juízes de renome como Becker e Garth falaram sobre ele, ficou claro que o Alito não é só bom, mas é um dos melhores juízes atualmente.

- 60's backlash: Os exageros dos anos 60 continuam atormentando os EUA. O Alito disse claramente que seus princípios conservadores nasceram naquela época. Muitas coisas positivas vieram daquele período, como a reafirmação dos direitos dos negros, mas a carga negativa que veio junto não foi pequena. Os exageros atuais do movimento conservador são uma consequência aos exageros dos anos 60.

- It's all about abortion: Eu acho triste que as discussões atuais continuem completamente dominadas sobre o assunto do aborto. É quase como um transe coletivo. Claro que é um assunto importante, mas não deveria ser O assunto como acontece atualmente. Tudo isso porque os Democratas sabem que a decisão inicial de Roe vs Wade foi errada. E ao mesmo tempo, os Republicanos sabem que as consequências sociais de Roe vs Wade foram muito mais positivas do que negativas. Enfim, é uma crise mal resolvida, que acaba tomando lugar de outros assuntos muito mais importantes.

Mas de qualquer forma, considerando o fato de que os Republicanos ganharam poder em todas instâncias e que uma das promessas do Bush foi nomear juízes conservadores, não poderia-se esperar um candidato melhor que o Alito. Ele deve ser confirmado sem problemas.

Saturday, January 07, 2006

Saddam e o Iraque - 1958 a 1980

Um golpe militar liderado pelo general Abdul Karim Qassim derrubou o último Rei do Iraque, Faisal II, em 1958. Faisal II era o terceiro Rei da dinastia Hashemita (a mesma do Rei Abdullah da Jordânia), instalada no poder em 1932 quando o Iraque se tornou independente da Inglaterra. A Inglaterra controlava o país desde 1920, quando a Liga das Nações resolveu criar o Iraque, anteriormente parte do Império Otomano.

Eu não pretendo falar sobre o que aconteceu antes de 1920, mas vale a pena notar que essa lenda de os problemas atuais existem porque "o Iraque foi inventado pelos britânicos" é completamente infundada. A região do Iraque já era usada como um todo pelos Otomanos desde o século 16, e os conflitos entre Sunitas, Xiitas e Curdos não foram criados por essa teórica aglomeração artificial de 1920. Lógico que no papel não existia uma unidade política, e manipulações como o acordo Sykes-Picot tiveram grande influência no Iraque atual. Mas o ponto é que as disputas internas dessa região já existiam há seculos, e foram aparecendo por diversos motivos. Para quem estiver interessado em mais detalhes desse período, esse texto é muito bom.

Voltando ao golpe de 58, Qassim governou o Iraque de Julho de 1958 à Fevereiro de 1963. Ele basicamente foi um isolacionista. Expulsou o resto das tropas britânicas do Iraque, cancelou o "Pacto de Bagdá" (pro-ocidente) e reatou as relações com a União Sovietica. Apesar das tendências comunistas, ele se desenvencilhou do Partido Comunista em 1959, expulsando os partidários de cargos de governo e do exército.

Em 1959, o partido de Saddam (então com 22 anos), Ba'ath, tentou um golpe para retirar Qassim do poder. O Ba'ath não aceitava que Qassim não aderia ao movimento Pan-árabe. O golpe falhou, Saddam foi ferido na perna e teve que se exilar na Síria. Depois mudou para outro bastião Pan-árabe, o Egito, aonde ficou até 1963.

Em 1963, o Ba'ath finalmente chegou ao poder com outro golpe. Mas brigas internas levaram ao enfraquecimento do governo, e somente 8 meses depois de chegar ao poder, foi derrubado por outro golpe militar liderado por Abdul Rahman Arif, sobrinho do Rei Faisal I. Saddam foi preso em 1964. O irmão mais novo de Abdul Rahman, Abdul Salam Arif, governou o Iraque de 1963 a 1966. Depois de sua morte, Abdul Rahman assumiu o governo de 1966 a 1968.

Em 1968 o Ba'ath chegou pela segunda vez ao poder, dessa vez liderado pelo general Ahmed Hassan al-Bakr, parente de Saddam. Depois de ter fugido da cadeia em 1967, Saddam já era um dos lideres do partido. Como recompensa pela conquista, ele foi nomeado presidente do Conselho Revolucionario e vice-presidente do país.

Vale lembrar que o nome completo do Ba'ath é Partido Árabe Socialista Ba'ath. O ocidente não ficou nada satisfeito com a subida ao poder desse pessoal, apesar de não haver nenhuma alternativa muito melhor disponível na época. Tanto que em 1972, Saddam liderou o processo de estatização das petroleiras ocidentais no Iraque, fato que contribuiu decisivamente na crise global de 1973.

O Iraque assinou um acordo com a União Soviética em 1972, e manteve uma forte aliança militar até 1978, quando a morte de comunistas iraquianos levou o pais a ficar mais próximo do Ocidente. Antes disso porém, em 1976, Saddam fez uma famosa visita à França que selou varios acordos comerciais, incluindo a transferência de tecnologia e materiais nucleares. O primeiro reator iraquiano, chamado Osiraq (informalmente chamado de "OChirac"), foi construido e equipado por franceses. Porém, o mesmo foi destruido em 1981 por Israel antes de ser totalmente finalizado. Esse morde e assopra do ocidente continuaria até o começo da guerra do Golfo, em 1991. Também em 1976, Saddam foi nomeado General do Exército e mesmo antes de ser oficialmente promovido a Presidente em 1979, já comandava de fato o Iraque.

Até 1980, graças aos petrodolares e uma relativa estabilidade social (mantida na força pelos diversos grupos da Mukhabarat), o Iraque viveu um periodo de expansão. No fim de 1979, o Iraque tinha reservas de 36 bilhões de dólares e nenhuma dívida externa.

Mas a revolução islâmica no Irã em 1979 tirou o Shah Mohammad Reza Pahlavi do poder, um 'aliado' de Saddam, e aumentou muito a pressão sobre a minoria Sunita no Iraque.

E foi ali que começou a guerra que, no fim das contas, leveria a guerra atual: A guerra Irã x Iraque.

Revisitando o Iraque - 15 anos depois

Daqui 10 dias, em 16 de janeiro, a guerra do Iraque completará 15 anos.

Sim, porque a guerra atual nada mais é do que a continuação daquela começada em 91, quando a coalisão da ONU (leia-se EUA e Inglaterra) começou a expulsar o Iraque do Kuwait.

Para 'comemorar' a data, vou fazer algo que nunca fiz por aqui: um post de várias partes. Eu lí tudo o que é possivel sobre o conflito, e considerando as limitações da nossa imprensa e do bias involuntário da minha perspectiva de morador dos EUA, sei tudo o que há para saber sobre a história.

A motivação para esse multi-post é a enorme ignorância da maioria das pessoas sobre o assunto. Muitas lendas e falácias circulam por ai, principalmente depois do começo da segunda parte da guerra, há tres anos atrás. Acho então que vale a pena o esforço de listar os fatos, e obviamente dar pelo caminho minha opinão sobre os erros e acertos feitos pelas diversas partes envolvidas.

Vou dividir a série em 5 posts:
- Saddam e o Iraque - 1958-1980
- A guerra Irã x Iraque - 1980–1988
- A primeira Guerra do Golfo
- A década da ONU - 1991-2003
- A segunda Guerra do Golfo

Queria completar tudo até o dia 16, mas acho muito difícil. Mas a primeira parte deve sair ainda nesse fim de semana.

Thursday, January 05, 2006

Nanny State going bad!

A cidade de Ottawa no Canadá fez o seguinte experimento: Desde 2002, 17 mendigos alcoólatras receberam free of charge 15 copos de vinho ou sherry por dia. Sim, 15 copos por cabeça, um por hora das 7 da manhã às 10 da noite.

O resultado foi fantástico: A qualidade de vida dos bebinhos melhorou!!! Eles foram menos vezes no setor de emergência do hospital, dormiram melhor, e até cuidaram mais da higiene pessoal.

Ah sim, o pequeno detalhe é que 3 dos 17 morreram durante o experimento. Dizem as más línguas que o vinho não era lá essas coisas, e o sherry era do barato.

Goddamn canadians!

Monday, January 02, 2006

Happiness

Happiness is not to be achieved at the command of emotional whims.

Happiness is not the satisfaction of whatever irrational whishes you might blindly attempt to indulge. Happiness is a state of non-contradictory joy - a joy without penalty or guilt, a joy that does not clash with any of your values and does not work for your own destruction, not the joy of escaping from your mind, but of using your mind's fullest power, not the joy of faking reality, but of achieving values that are real, not the joy of a drunkard, but of a producer.

Happiness is possible only to a rational man, the man who desires nothing but rational goals, seeks nothing but rational values and finds his joy in nothing but rational actions.

Atlas Shrugged