Saturday, September 17, 2005

Miscellaneous

O que é mais chato?

Pingüim conservador, progressista, ou blogueiros que tem obsessão com isso?

O Smart aliás, parece se preocupar muito com conservadores ultimamente. Ele conseguiu a façanha de escrever q u a tro posts consecutivos sobre esse assunto. Go figure.

Mas do lado positivo, gostei desse post sobre a avaliação dos quatro anos da guerra contra o terrorirsmo. Discordo de algumas premissas (a guerra do Afeganistão foi ganha) mas realmente a confusão é grande e avaliar resultados é difícil.

***

Sobre a incompetência em New Orleans:

1 - O número de mortes causadas pelo Katrina em New Orleans até agora é de 558, e acredita-se que o pior já passou.

O prefeito Ray Nagan tinha dito que as mortes seriam pelo menos 10 mil, e 25 mil body bags foram trazidas para a cidade.

2 - Alguns comerciantes da cidade já estão reabrindo as lojas, e estima-se que a maior parte da cidade deve estar seca e habitável até o fim de outubro, totalizando aproximadamente 2 meses de tempo total de recuperação.

E ai, será que vamos ter muitos editoriais reconhecendo a eficiência do Bush? Ou quem sabe algum pedido de desculpas da imprensa pelo sensacionalismo exagerado? Ou será que o Prefeito de New Orleans deveria ser despedido por ter feito estimativas tão erradas?

***

Iraque

Até agora, o mês de Setembro tem sido o menos mortal para as tropas americanas no Iraque desde que a guerra começou.

A Alqaeda declarou guerra contra os xiitas, e na minha opinião errou feio. Duvido que os Sunis aceitem se aliar com al-Zarqawi, e com isso o foco da violência deve ficar na busca pelos estrangeiros que praticam atentados contra civis.

Já a demora na elaboração da constituição iraquiana deveria ser vista como progresso, e não como um problema. Se eles realmente conseguirem qualquer tipo de compromisso, sem que a maioria force a vontade na minoria, as chances de aprovação no plebiscito serão maiores.

E mesmo que essa constituição seja rejeitada depois, nada disso deveria ser considerado como derrota. O desafio é mostrar que desavenças podem ser resolvidas politicamente, mas não necessariamente de forma fácil e rápida.

Friday, September 16, 2005

Preemptive strike

Como já era esperado, o governo Bush prometeu a total reconstrução das áreas afetadas pelo Katrina.

Na melhor tradição populista, ele usou a oportunidade para prometer não somente a recuperação da estrutura destruída, mas também a "solução dos problemas socias" da região.

O custo total pode chegar a 200 bilhões de dólares, e obviamente o dinheiro tem que sair de algum lugar: do déficit.

O discurso de ontem poderia ter saído da boca de qualquer democrata (LBJ 2 - A missão). Os estrategístas republicanos explicam que se Bush não fizesse isso, os republicanos transformariam esse assunto na maior arma democrata para proxima eleição. Além disso, os democratas achariam maneiras de gastar ainda mais dinheiro do que será gasto agora.

E mais uma vez lá se vai o small government pela janela. E o mais irritante dessa história toda é que, no fim das contas, os Republicanos tem razão.

Thursday, September 15, 2005

Liberdade econômica

Mais um ranking, este medindo a liberdade econômica e criado pelo Fraser Institute. Este índice mede basicamente 5 fatores:

1 - Tamanho do Governo: Despesas, Impostos, e Empreendimentos
2 - Estrutura legal e Segurança do Direito à Propriedade
3 - Acesso à Fundos Confiáveis
4 - Liberdade de Comércio Internacional
5 - Regras de Crédito, Trabalho e Negócios

Num total de 127 países, o Brasil ocupa a posição 88. Estamos empatados com Equador, Haiti, Madagascar, Nigéria e Turquia, e atrás da Nicarágua (70), Índia (66), Quênia (59) e Chile (20).

Uma análise interessante desse estudo foi feita pelo cientista político Erik Gartzke, da Universidade de Columbia. Ele mediu a relação entre paz e o índice de liberdade econômica. O resultado é claro:



Quando se compara paz com democracia, o resultado é bem diferente:


Interesting stuff.

Tuesday, September 13, 2005

Mais uma do Brasil neoliberal...

O Doing business database, um projeto organizado pelo World Bank, é um estudo que mediu os custos das leis que regulam empresas privadas em 155 países. Baseado nesses custos, foi criado um ranking que compara a facilidade/dificuldade nos diversos passos envolvidos na vida de uma empresa (Abrir um negócio, conseguir licenças, contratar e despedir trabalhadores, registrar propriedade, conseguir crédito, proteger investidores, executar contratos, importar/exportar, pagar impostos, e fechar uma empresa) em cada país.

O Brasil neoliberal, para variar, me surpreendeu: Posição 119 (do total de 155). Contratar e despedir funcionários é especialmente horroroso no Brasil (posição 144). No geral, ficamos atrás de potências econômicas como Albânia, Guatemala, Etiópia e Butão.

É mais fácil ser um empresário no Irã (posição 108) e no Iraque (posição 114) do que no Brasil.

Via Marginal Revolution

Monday, September 12, 2005

Meio, fim, and in between

Já passou da hora para que se invente um substituto para a palavra blog. O termo já perdeu o sentido há muito tempo. E anda causando uma bagunça danada.

Muitos confundem a semelhança do meio com uma possível semelhança de conteúdo. Por exemplo, um blog como o LLL, tem muito pouco a ver com este meu. Eu não escrevo sobre minha vida pessoal, não estou promovendo meu livro, etc. Seria mais lógico comparar o LLL com uma novela do que com um blog como o meu.

Outra confusão é com o objetivo de diferentes blogs. A aparência e conteúdo daqui pode até ser semelhante à de blogs como o do Cesar Maia, ou do Marginal Revolution, mas posso garantir que os objetivos dos 3 blogs são totalmente diferentes, assim como são os autores.

Tudo isso pode parecer óbvio, mas não é.

As consequências dessas misconceptions são muitas. Certos nobodys começam a achar que são somebody. Leitores ingênuos aceitam opiniões subjetivas como fato. Muitos esquecem a diferença entre trabalho e hobby.

O novo paradigma criado pela internet, com um fluxo de informações barato e de alto alcance, ainda não foi totalmente compreendido. Blogs são a bola da vez, e logo logo devem ser substituídos por algo diferente.

Da minha parte, tudo continua como antes. Este blog foi criado e é mantido com o único objetivo de me divertir. Posto o que eu acho interessante, e a enorme maioria dos assuntos tratados não é relacionado com a minha profissão. Aceito todo tipo de comentários, adoro qualquer troca de informação. Porém, não pretendo convencer ninguém do que quer que seja, e da mesma forma não espero ser convencido.

Nothing more, and nothing less.

Sunday, September 11, 2005

New Orleans FYI

- A população de New Orleans era de 462,269 mil pessoas em Julho de 2004, de acordo com o U.S. Census Bureau, e ocupava o 35.o lugar no ranking americano.

- De acordo com o U.S. economic freedom index de 2004, a Louisiana era número 40 entre os 50 estados.

- O Porto de New Orleans é o maior integrante do Porto Sul da Louisiana, o maior porto comercial do ocidente e 4.o maior do mundo.

- De acordo com o U.S.Metro Economies: U.S.Metro Economies: The Engines of America’s Growth (2000), a cidade ocupava o 53.o lugar no ranking de produto bruto das cidades americanas (US$ 41.426 million), atrás de cidades como Fort Lauderdale-FL, Salt Lake City-UT e Rochester-NY.

- Quando comparado com a economia de todos países do mundo, New Orleans ocupava o 105.o lugar, na frente de países como Síria (111.o lugar, US$ 36.029), Marrocos (114.o lugar, US$ 35.132) e Romênia (117.o lugar, US$ 32.090). A cidade equivalia a aproximadamente dois terços da economia do Chile (71.o lugar, US$ 67.444), metade da economia da Colômbia (59.o lugar, US$ 83.399), e um terço de economias como a Grécia (43.o lugar, US$ 125.797), Arábia Saudita (42.o lugar, US$ 128.326) e Finlândia (41.o lugar, US$ 129.861).

- A cidade era sede de somente uma empresa do Fortune 500: Entergy Corporation.

- Estima-se que a perda econômica causada pelo furacão chegue a 175 bilhões de dólares. A maior parte desse valor, 100 bilhões, vem de perdas na estrutura da região: casas, estradas, pontes, represas, sistemas de telecomunicação, água e esgoto. 25 bilhões causados pelos negócios perdidos pela região, e 50 bilhões devido ao aumento do preço de energia que o resto do pais pagará.

Thursday, September 08, 2005

Independência

O "Nós na Rede", um grupo de blogs que escrevem posts sobre um certo assunto ao mesmo tempo, estreiou com o tema "Independência do Brasil".

Dos 14 blogs auto-entitulados "de esquerda" que participam da lista, 8 citaram norte-americanos, Estados Unidos ou EUA nos seus textos sobre a Independência do Brasil.

That must mean something.

***

A Leila disse num comentário recente (e já tinha ouvido de outros) que só tenho leitores "da panelinha" (olavetes e outros reacionários nas palavras dela).

Fiz uma lista do pessoal que vira e mexe passa por aqui que não são conservadores: Fernando, Marcus, Andre, Smart, Pedro, Edson, Roger, Solon e Alex. Posso ter esquecido alguém, mas acho que esses são os mais frequentes.

Considerando o número de visitas e comentários, acho que a diversidade por aqui é bem melhor que a média. Dei uma passada no blog da Leila, e sinceramente só vi pessoal de um lado conversando. Enfim.

***

Enquanto isso na Ucrânia, a lua de mel acabou. O Presidente Yushchenko despediu o primeiro ministro Tymoshenko e toda a sua equipe. Os dois lados acusam o outro de corrupção.

Como 99.9% das revoluções, as coisas pareciam bem mais bonitas (e fáceis) no papel.

Not so stingy...

"O espírito de solidariedade desse povo está me deixando soterrado. Acho que não posso mais voltar pro Brasil porque da próxima vez que um marxista festivo vier torcer o nariz pros EUA, eu vou querer dar porrada. Só num raio de 50 milhas do CEP da universidade haviam 878 pessoas oferecendo hospedagem às vítimas do Katrina. 878! Isso é lindo demais."

LLL, um brasileiro que viveu o drama do Katrina.

Wednesday, September 07, 2005

Reality check

O que os americanos acham, de acordo com a pesquisa da CNN/USA Today/Gallup:

O Katrina foi o pior desastre natural da historia dos EUA?
Sim: 93%
Não: 7%

New Orleans deveria ser reconstruída?
Sim: 63%
Não: 34%
Ind: 3%

Classifique a resposta de cada um para o desastre:

Otima

Boa

Média

Ruim

Péssima

Indeciso

%

%

%

%

%

%

Bush

10

25

21

18

24

2

Federal agencies

8

27

20

20

22

3

State and local officials

7

30

23

20

15

5



Quem foi o maior culpado pelos problemas de New Orleans depois do furacão?
38% - No one is really to blame.
25% - State and local officials.
18% - Federal agencies.
13% - Bush.

Hmm. Acho que essa não é bem a imagem que a maioria da imprensa passa sobre a resposta da população americana...

MR again

Correndo o perigo de soar mais baba ovo ainda, aqui vão mais dois ótimos posts do Marginal Revolution:

- 'The public choice economics of crisis management'.
* Fernando, confira em especial o motivo 1 ('BELIEF IN THE LAW OF SMALL NUMBERS').

- 'Not Just Low Prices'.

In Tyler Cowen we trust :-)

Tuesday, September 06, 2005

Alguns números importantes

Sobre a evacuação:
- An article in 2002 in the New Orleans Times-Picayune explored the hurricane-induced flooding scenario and estimated that 200,000 residents of the city would be stranded by such an event. A Houston Chronicle article from 2001 estimated that 250,000 residents would be stranded. That is over 40% of the population of the city, which stood at 484,000 in 2000.

A recent poll of New Orleans residents revealed that an even higher percentage, 60%, would remain in the city even if ordered to evacuate with a major storm on the way. The Mayor New Orleans, Ray Nagin, estimated that at least 80% of his city's residents were out before the hurricane hit Monday. In retrospect, this must be considered a major positive achievement.

Sobre a raça das vítimas:
- According to the 2000 census, New Orleans' population of 484,000 included approximately 136,000 whites, and 326,000 blacks. The white figure includes 7,000 Hispanics who classify themselves as white on the census forms. If 80% of New Orleans residents got out early – and this is the Mayor's number – then only about 97,000 residents remained. Assume all of them were black, (which of course they were not). That would mean that 229,000 blacks got out early, and 136,000 whites along with them. In other words, the successful mass evacuation substantially benefited black residents of the city.

The three Mississippi counties that were hardest hit - Hancock (home to Pass Christian), Harrison (home to Biloxi and Gulfport), and Jackson (home to Pascagoula and Ocean Springs) are among the whitest counties in Mississippi, the state with the highest African American percentage of the population in the country (36.3% in 2003). But in these three counties, the white population in 2003 was estimated at 280,311, and the black population was 71,070, a white to black ratio of 4 to 1, much higher than the overall ratio in the state of about 5 to 3.

Four of the five parishes worst hit in the New Orleans area flooding, Jefferson, Plaquemines, St. Bernard and St. Tammany, are majority white (ranging from 67% to 88%). Only Orleans Parish (New Orleans) is majority black (67%).

Sobre a criminalidade:
- New Orleans is always at or near the top in the national ranking for murder rate. The rate of murders per thousand residents there has been ten times the national average in recent years. This high murder rate cannot be explained by poverty, and demographics. New Orleans’ murder rate is also ten times as high as New York City’s, a city once thought ungovernable, which also has a large majority of non-white residents. But New York Citt has managed to reduce its murder rate by 75% in 12 years, and now has overall crime rates much lower than most European cities (where sophisticates spent the week sneering at America’s incompetence and racism).

New Orleans has a small police force, only 1,400, and they were unable or unwilling to deal with the outbreak of looting, shootings, and rape, while at the same time trying to help with rescue operations and move people to safety. But the city, in which corruption and crime has always been rampant, was unusually ill equipped to deal with the kind of catastrophe.

Fonte: The American Thinker.

Katrina Freakonomics

Eu gostei muito do Freakonomics. Não é um livro extremamente inovador como eu esperava, mas é muito interessante. Acima de tudo, é um trabalho que consegue algo muito difícil: toca em assuntos delicados (como aborto e racismo) sem ser politicamente correto, e analisa dados com isenção e objetividade.

Fui dar uma olhada no blog do Levitt, procurando algum post sobre o Katrina. Achei alguns, mas nada extremamente interessante. O que é lógico, já que os dados sobre a situação continuam aparecendo. Querer tirar conclusões definitivas nessa altura do campeonato seria bobagem.

Mas acho que no futuro, esse deve ser um assunto perfeito para os estudos do Levitt. E se eu pudesse palpitar, esses seriam os tópicos que eu sugeriria:

- O que leva as pessoas a não deixar uma cidade em risco? Mesmo agora, quando a enorme maioria das pessoas já saiu de NO, 10 mil pessoas não querem sair de lá. Seriam somente motivos econômicos, ou algo mais?

- Porquê as mudanças de temperaturas atribuidas ao Global Warming não estão causando o efeito esperado em fenômenos como furacões?

- Será que a cobertura de um desastre natural varia dependendo de qual partido está no poder?

- E talvez a maior pergunta de todas (e provavelmente a primeira a ser completamente ignorada): Será que New Orleans deveria ser reconstruída no mesmo lugar?

Monday, September 05, 2005

Someone who understands me

Or should I say, I understand him?

Marginal Revolution, o melhor blog da atualidade.

Direita, esquerda, e nunca para frente

Interessante como às vezes acabo levando pancadas de todos os lados.

Tive que ouvir nesses últimos dias dos progressistas que não me importo com as vítimas do Katrina, e que estou defendendo o governo (leia-se Bush). Mas também tive que ouvir de conservadores que estou caindo na armadilha democrata de admitir a incompetência do governo Bush, e que se fosse o Clinton a situação seria muito pior, que a Blanco é incompetente, que eu estou em cima do muro, etc.

Oras, eu devo escrever muito mal mesmo.

O governo atual é tão competente/incompetente quanto os anteriores, com diferenças mínimas. O FEMA é sempre criticado, no matter what (ouvi gente elogiando a reação ao 9/11 agora! Só quem viveu aquilo diariamente lembra como xingaram o FEMA naquela época). O congresso é praticamente 50/50, e no caso de NO, os governos locais eram democratas. Essa responsabilidade imaginária que os democratas atribuem ao Bush (e que os Republicanos atribuem à Blanco) é parte de um joguinho tão pobre, tão repetitivo, que eu não tenho paciência de jogar por 5 minutos.

Até mesmo o enviroment people eu ando ofendendo, só porque eu conclui (e até agora ninguém provou o contrário) que não existem provas que o global warming aumentou o número e a intensidade de furacões. What a thing to say! Eu sabia que você não era pró-environment porra nenhuma!

Lógico que não estou me fazendo de coitadinho. Eu tenho a opção de falar o que eu quero, e a reação dos outros não importa quase nada. O meu objetivo é receber feedback e quem sabe entender outros argumentos. Mas parece que isso não funciona muito bem quando o assunto é delicado como esse (com poucas exceções).

Falar que o povo tem culpa juntamento com o governo? Lembrar que muitas pessoas dificultam a evacuação da cidade? Discutir se o governo federal é realmente quem deveria fornecer seguro contra enchentes? Que desrespeito com os milhares de vítimas! Sera que você não vai falar mal do(a) Bush(Blanco) não??

É como quando alguém morre, e todos começam a falar bem da pessoa "por respeito". Claro que muitas vezes o fazem por interesse próprio, como os que estão elogiando o Rehnquist só para dificultar a aprovação do Roberts.

Eu posso errar e acertar nas minhas opiniões, mas tá ai uma coisa que eu não faço. Quando eu tenho algo a dizer, podem ter certeza que eu digo na cara. Não fico inventando subterfúgios complicados só para parecer politicamente correto ou para avançar uma causa.

Muitos dizem que tem mente aberta, e que estão sempre dispostos ao dialogo, mas no fim das contas só querem repetir sua receitinha de bolo e xingar quem quer que "jogue no outro time". Os posts poderiam ser copiados de um blog para outro, não existe diferença nenhuma.

Eu estou fora.

Sunday, September 04, 2005

O barato que sai caro

Ainda sobre os motivos que levaram o sistema de barragens a não ser atualizado, John Tierney do NYT tem uma teoria bem interessante:

"Starting in the 1960's, the federal government took over the business of insuring against floods. It offered subsidized insurance to people in flood-prone areas, encouraging seaside homes that never would have been built otherwise. Even at bargain rates, most people went without flood insurance - only about a third of the homes in New Orleans carried it.

People don't bother to protect themselves because they figure - correctly - that if disaster strikes they'll be reimbursed anyway by FEMA. It gives out money so freely that it has grown into one of the great vote-buying tools of the modern presidency. Bill Clinton set a record for declaring disasters, and then President Bush set the single-state spending record in Florida before last year's election.

Now it's New Orleans's turn. Since Washington didn't keep its promise to protect the city, the federal government should repair the damage and pay for a new flood-control system. But New Orleans and other coastal cities will never be safe if they go on relying on Washington for protection. Members of Congress will always have higher priorities than paying for levees in someone else's state."


A saída que ele propõe? Deixar os governos locais tomarem conta das represas, e acabar com o subsídio para seguros contra enchentes. Quer dizer, tratar o assunto da mesma maneira como incêndios são tratados.

Duvido que aconteca, apesar do sistema atual já ter provado ser falho. Tirar um benefício estatal, mesmo quando acaba não sendo benefício no fim das contas, é sempre uma batalha ingrata.

Teimosia e estupidez

Teimosia:
"'They may have to shoot me to get me out of here,' he said. 'I'm much better off here than anyplace they might take me.'"

Estupidez:
"Amid the tragedy, about two dozen people gathered in the French Quarter for the Decadence Parade, an annual Labor Day gay celebration. Matt Menold, 23, a street musician wearing a sombrero and a guitar slung over his back, said: 'It's New Orleans, man. We're going to celebrate.'"

Saturday, September 03, 2005

Katrina, Global warming, e as represas de New Orleans

Será que o global warming realmente aumentou o número de furacões nos EUA?

Vejamos os dados do NOAA National Weather Service:



Claramente o número e a intensidade não vem aumentando. Além disso, nota-se uma grande variação no total furacões por décadas (24 entre 1941-1950 e 12 entre 1971-1980). A conclusão é que existe algum fator, talvez cíclico, que influi o número de furacões. Muito provavelmente o mesmo é independente da ação humana.

Outro número a se considerar, especialmente quando se discute o caso de New Orleans, é a porcentagem total de furacões nível 4 e 5. Os de nível 4 totalizaram 6.5% do total (média de 1.2 por década nos últimos 150 anos), e os de nível 5 contaram por apenas 1% do total (média de 0.2 por década nos últimos 150 anos).

Além disso, apesar de New Orleans estar em uma área altamente propensa a furacões, só foi atingida por outro nível 4 uma vez, em 1915.

Usando esses dados, não deve ser difícil computar a probabilidade de New Orleans ser atingida da maneira que foi. O número deve ser extremamente baixo.

Quer dizer, é compreensível que as barragens de New Orleans tenham sido construidas para aguentar furacões de nível 3.

Friday, September 02, 2005

O Governo

Outra coisa interessante que podemos observar quando uma tragédia acontece é a idéia que as pessoas tem de governo.

Não estou falando de política econômica, social, nada disso. O que me impressiona é a fantasia que certas pessoas tem de que o governo é uma organização mágica, sobre-humana, que de alguma forma consegue controlar e até mesmo mudar a natureza humana.

Muita gente culpa o governo por motivos políticos, mas muitos outros realmente acreditam que tudo que está acontecendo poderia ter sido prevenido. Eles acham que a violência só surgiu porque o governo não colocou policiais suficientes, que a enchente só aconteceu porque o governo resolveu deixar as represas de lado, etc.

A mesmíssima coisa aconteceu depois de 9/11, e até mesmo no Iraque pós-guerra.

Acho que parte da origem desse tipo de ilusão vem da falta de compreensão sobre certos conceitos técnicos, como administração, economia, etc. Mas sobretudo, acho que esta é uma muleta psicológica.

Ninguém gosta de imaginar que uma cidade, tão civilizada, possa regredir ao caos por causa de uma enchente. Nem imaginar que sua casa, seu carro, e até mesmo sua vida, possam depender mais de uma seguradora, ou de um vizinho, do que do poderoso governo.

Esta não é necessariamente uma crítica à esquerda, apesar de ser muito mais fácil achar esse tipo de mentalidade na mesma. Eu ando ouvindo muitos conservadores fazendo mil planos mirabolantes por aqui, dizendo que se isso ou aquilo tivesse sido feito aqui e ali a tragédia não seria assim tão grande. Mais populista impossível.

O povo de New Orleans sabia do risco dessa catástrofe da mesma maneira que o governo sabia. Não era nenhum segredo do pentágono, mantido à sete chaves para evitar um escândalo de corrupção.

Não estou de maneira nenhuma dizendo que "a culpa" é da população e não do governo. O que eu quero dizer é que, da mesma maneira que o povo não via motivos urgentes o suficiente para mobilizar a cidade e exigir reforços nas represas, o governo também achava que existiam obras mais urgentes a serem feitas.

E tudo isso não é ruim por definição, ou exclusivo de New Orleans. Quando Los Angeles sofrer o terremoto devastador que todos sabem ser uma questão de tempo, a cidade vai ser destruida em grande parte. Será que se todos os prédios fossem reforçados mortes poderiam ser prevenidas? Provavelmente. Será que esses trilhões de dólares seriam melhor usados em outras coisas?

Por mais elitizado que seja, O Governo é parte do povo. As motivações, prioridades, erros e acertos, são diretamente ligadas aos governados.

Scapegoating não deixa de ser uma forma de covardia.

Wednesday, August 31, 2005

New Orleans

Quando uma tragédia natural como essa acontece, a reação natural da maioria é tentar achar lógica no caos. Uns acham conforto em Deus, outros preferem culpar o diabo.

O Solon foi quem lembrou disso primeiro, e vem escrevendo muito bem sobre o assunto.

Mesmo o pessoal que culpa o Global Warming pelo desastre lembra que, why not, o mesmo também é culpa do Bush.

Deixando essas coisas de lado, claro que existem considerações sobre o que poderia ter sido feito para evitar a tragédia. Como dizem por aqui, hindsight Is 20/20. O mesmo tipo de discussão aconteceria se um terremoto gigante atingisse a Califórnia, ou algo do tipo.

Vale lembrar que a maior parte do dano à New Orleans veio da quebra das barragens, que só existem devido à inusitada e perigosa localização da cidade (abaixo do nível do mar, e enfiada entre o Lago Pontchartrain e o Rio Mississipi). A Slate tem um artigo muito bom que explica o porquê de New Orleans ter sido construída dessa maneira.

Enfim, não há muito o que dizer. A população daqui já esta se mobilizando, e de resto é torcer para que os mortos não sejam muitos, e que os desabrigados tenham força nessa hora difícil. O governo daqui pode ter vários defeitos, mas nessas horas geralmente faz um bom trabalho. A recuperação da cidade deve durar meses.

Se existe algo que se pode tirar de uma situação dessas é a lembrança de quão frágil nossa civilização ainda é. O que não deixa de ser um lembrete para que as pessoas aproveitem a vida. Nada é garantido.

Mitos do inglês

Resolvi escrever sobre certas características do inglês depois de ler esse texto do André sobre cursos de inglês no Brasil. Na verdade, esse é um tema que sempre achei interessante e mal compreendido. O assunto é longo, para mais de um post. Mas vamos por partes.

Primeiro, o mito de que o inglês é uma língua fácil. Comparativamente, isso pode até ser verdade para os brasileiros. Afinal, o alfabeto é o mesmo, e apesar de não ser uma língua latina, o inglês tem algumas palavras parecidas e regras gramaticais não muito difíceis.

Mas essa facilidade do inglês é muito, muito exagerada. Principalmente quando seu objetivo é fluência.

O problema principal para os brasileiros é a pronúncia.

Geralmente, as pessoas acham que o som mais difícil (e muitos acham que esse é o único fonema do inglês que não existe no português) é o "Th". Sem dúvida esse é um dos problemas, já que falar "Thanks" sem o th vira "Tanks".

Mas existem muitos outros casos que causam grande confusão para os brazucas. Por exemplo, a diferença entre m e n. Em português, m e n tem basicamente o mesmo som. Tombo, tonto, também, tanto, todos usam o m com som de n. Ou então tem som do ão, como em foram e encontraram.

Em inglês o m tem sempre som de m, e a diferença com o n é bem importante. A pronúncia não é muito simples, principalmente no meio de frases. Can e Cam, Pan e Pam, Den e Dem por exemplo, são claramente diferentes. Ou então palavras como item (pronunciado como airam), que tem um som fechado no fim que é completamente estranho ao português.

Outro problema muito comum para os brasileiros é o ed no final das palavras. Tende-se a usar o som de i depois do d, ou então pronunciar o d mudo em todas situações. Em inglês, o ed no final da palavra varia de som. Às vezes, o e não é pronunciado (played, called), e outras vezes o d mudo soa como t mudo (hooked). Ficar pior ainda quando a consoante anterior tem um som parecido, como em k (choked), ch (patched), etc.

Pelo que eu lembro, os cursos de inglês no Brasil perdem muito tempo com gramática e vocabulário, e muito pouco com pronúncia. E na prática, um americano irá entender muito melhor uma pessoa que tenha um vocabulário pequeno e que cometa um erro aqui e ali de gramática do que alguém que não saiba a diferença ao falar shit e sheet.

Saturday, August 27, 2005

Interrompemos nossa programação



Volto na quarta. Quinta sem falta. Talvez Sexta.

Friday, August 26, 2005

A tie is like kissing your sister

A NHL (Liga nacional de hóquei no gelo) mudou suas regras para a temporada 2005, e agora todas as grandes ligas de esporte dos EUA tem pelo menos uma coisa em comum: Os jogos não podem acabar empatados.

Frank Deford fala sobre isso (leia o texto aqui), e explica como a cultura americana odeia empates. De quebra, ele esclarece um dos mistérios mais analisados por sport-pundits pelo mundo: Porquê diabos os americanos não gostam de futebol?

Esse Deford é muito bom.

Thursday, August 25, 2005

Ainda sobre a cegueira ideológica

Ler a Folha nesses últimos dias está sendo ótimo. Eles não passam um dia sequer sem mostrar (inconscientemente, claro) a loucura ideológica que encobre o Brasil.

No jornal de hoje, temos dois bons exemplos. O primeiro é sobre uma palestra do ministro da Educação, Fernando Haddad, dada num grupo de conferências chamado "O Silêncio dos Intelectuais".

Haddad sugere que:
"...parte desse silêncio pode ser fruto do surgimento de uma nova classe social após 1968. Essa classe, composta pelos que dominam o processo de inovação do conhecimento, não poderia ser enquadrada, a partir da análise marxista nem como proletariado nem como burguesia.

Essa classe criativa passa a ser também parte da explicação da piora dos indicadores de desigualdade nos últimos 20 anos. Ela não produz mercadorias, mas seu processo de inovação dá ensejo a um lucro extraordinário que é repartido entre ela e os detentores dos meios de produção. Portanto, não é uma classe propriamente explorada, como é o trabalhador tradicional, mas não deixa de ser alienada de sua produção intelectual."


O segundo texto tem o título de Sociólogo afirma que PT expressa nova classe social. O sociólogo no caso é Francisco de Oliveira, autor do livro "Crítica da Razão Dualista".

Segundo o artigo:
"Inspirado no marxismo, Oliveira procura explicar as transformações políticas a partir das relações de classe. O que caracteriza a história recente do Brasil é o fato de que os sindicalistas tornaram-se capitalistas sem capital: deixaram de ser trabalhadores sem terem se convertido em empresários. Eles não são burgueses porque não têm a propriedade das empresas, mas controlam os recursos públicos que o capital precisa para sobreviver."

É por essas e outras que eu acho que essa crise é completamente fútil.

Wednesday, August 24, 2005

A fantasia continua

"O PT passou a vida vendendo sonhos. Entregou o mais nefando pesadelo em apenas dois anos e meio de governo.

É um caso de estudo para a ciência política universal. Já escrevi neste espaço uma e outra vez que o PT fez a mais radical e rápida guinada para a direita de que se tem notícia na história partidária do planeta."


Clóvis Rossi para a Folha de hoje.

Tuesday, August 23, 2005

Cegueira ideológica

Algumas pessoas não entenderam bem este post sobre as 10 lições do Emir Sader. Acharam que eu não percebi que ele fazia uma mea-culpa. Eu entendi sim. O ponto a se considerar não é que esse pessoal está finalmente admitindo a corrupção do PT. Seria impossível não admitir. O negócio é notar como esse pessoal acreditava, de verdade, que a esquerda era pura e incorruptível!

Mais um bom exemplo sobre esse assunto aparece nesse texto da Folha (aonde mais?) de hoje, escrito por Marisa Bittar e Amarilio Ferreira Jr., doutores em história social pela USP:

"Hoje, estamos ante outra crise gravíssima envolvendo a esquerda. Porém, crise de natureza distinta. O núcleo dirigente do PT, por meio da triangulação que atacava os cofres públicos objetivando a continuidade do seu projeto de poder, introduziu uma prática estranha à esquerda, corroendo-a por dentro.
Esse erro histórico será muito mais pesado de carregar do que o de 1935 e não atinge apenas o PT mas também o patrimônio mais caro de toda a esquerda: os seus princípios éticos, que, aliás, sempre a distinguiram de todas as demais forças políticas. A história registra que, no caso dos comunistas, por exemplo, ainda que criticados ideologicamente, sempre foram respeitados e até admirados pelas virtudes éticas e morais subjacentes a sua prática política.
A atual crise indica que, infelizmente, o PT deu pouca importância à história do Brasil e da esquerda, minando seus valores mais altos e dificultando a possibilidade histórica de construirmos uma sociedade fundada no bem comum. Agora, será mais difícil remar contra a maré ideológica conservadora para continuarmos acalentando as nossas utopias. "


Seria engraçado se não fosse trágico.

Sunday, August 21, 2005

What Cindy Sheehan Really Wants

"This is an argument, about a real war, that deserves moral seriousness on all sides. Flippancy and light-mindedness have no place. Cindy Sheehan's cheerleader Michael Moore has compared the "insurgents" in Iraq to the American minutemen and Founding Fathers. Do I taunt him for not volunteering to fight himself in such a noble cause? Of course I do not. That would be a low and sly blow. Do I say that he is spouting fascistic nonsense? Of course I do. Is Cindy Sheehan exempt from any verdict on her wacko opinions because of her bereavement? I would say that she is not. Has she been led into a false position by eager cynics who have sacrificed nothing and who would happily surrender unconditionally to the worst enemy that currently faces civilization? That's for her to clarify. While she ponders, she should forgo prayer, stay in California, and end her protest."

Christopher Hitchens, para a Slate.

Saturday, August 20, 2005

They are back baby!

Depois de longas férias, a mundialmente famosa loony translator machine voltou à ativa no UOL.

Manchete do NYT:
"Hey, What's That Sound?"

Chamada do artigo na página principal do UOL:


Título do artigo traduzido no UOL:
"Bush é pior que a Barbie em sua casa de sonhos"

Friday, August 19, 2005

The enemy within

Emir Sader, o sábio, explica as 10 lições que a crise do PT "ensinou". Todas são incríveis, mas a melhor de todas foi:

"5. A corrupção e a imoralidade são exclusivos da direita
As denúncias revelam, de forma eloqüente, que dirigentes do PT praticaram sistematicamente atos de corrupção, seja para comprar votos aliados, seja para benefícios próprios, materiais ou de influência pessoal e política. É certo que os votos comprados serviram para beneficiar projetos da direita, mas foram crimes cometidos por dirigentes do mais importante partido de esquerda do Brasil. A vigilância ética, portanto, tem de ser uma atitude permanente da esquerda, sobre tudo e ainda mais sobre si mesma."

Falando sério, esse sujeito é professor da USP, da Uerj, e coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj. Eu duvido que isso seja muito diferente do que ele ensina nessas faculdades, que supostamente estão entre as melhores que temos.

Nós pagamos o salário dele. Nós patrocinamos décadas de doutrinação de milhares de jovens com esse lixo.

Como não achar que temos o governo que merecemos?

Wednesday, August 17, 2005

Weapons of Mass Destruction

Orson Scott Card (ótimo como sempre) fala sobre as armas de destruição em massa, a origem e expansão do 'clube atômico', e porquê o Cazaquistão é tão ou mais perigoso que a Coréia do Norte.

Imperdível.

The Buck Stops Somewhere Else

É incrível como a cultura brasileira repugna a responsabilidade individual.

Hoje na Folha, o Clóvis Rossi elogia uma carta do governador do Acre, Jorge Viana (PT), sugerindo que o Lula chame além do Conselho da República, os ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco para ajudar na crise atual, já que eles "também enfrentaram crises de grandes proporções e podem contribuir com suas experiências".

Sacanagem, deixaram o Collor de fora. Ele aliás, deve ser o único a dar risada com esse rolo todo.

Uma consequência comum dessa tara pela coletivização é a fantasia da democracia representativa. O Smart já tinha dado um bom exemplo dessa mania, e o professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Fábio Konder Comparato, engrossa o coro.

Um por todos, e todos pela pizza.

Monday, August 15, 2005

Google e a liberdade empresarial

Parece que os militares americanos não gostaram muito de certas imagens do Google Earth.

O Smart comenta a notícia, e lembra que o Google já bloqueia as fotos aéreas da Casa Branca. Ele ainda critica o fato do Google bloquear websites de acordo com as determinações do governo chinês.

Sobre o primeiro ponto, eu acho essas imagens de satélite realmente interessantes. O Google é uma empresa de entertainment, e a idéia de disponibilizar essas imagens deve render muitas visitas de curiosos.

O ponto principal aqui é que essas fotos são somente uma diversão. Qual é o uso prático de uma foto de satélite da Casa Branca? Se o governo americano está certo ou errado em proibir as imagens eu não sei, mas acreditar que eles tenham mais informações do que um sujeito comum para tomar essa decisão não me soa como conformismo.

Já sobre o caso da China, novamente acho que as prioridades estão sendo invertidas. O Google (e muitas outras empresas que estão entrando no mercado chinês) tem basicamente duas opções: Aceitam as imposições do governo chinês ou abandonam o mercado.

Do ponto de vista das empresas, as duas opções são ruins. Se abandonam o mercado, perdem a possibilidade de lucro e principalmente perdem a first mover advantage de um mercado com um bilhão de potenciais consumidores. Se aceitam as imposições, limitam seu modelo de negócio (possivelmente impactando lucros) e podem criar uma imagem negativa de certos grupos de usuários locais e da mídia internacional.

Porém, do ponto de vista do usuário comum as opções são claramente opostas. Ter uma versão censurada do blogger, por exemplo, é imensamente melhor do que não ter blogger nenhum. E mais, o acesso limitado a uma tecnologia cria muito mais força (e consequentemente maior pressão no governo) para que a censura acabe. Além disso, cria mais oportunidades para que work arounds sejam criados.

Já ouvi gente criando um paralelo entre esses casos com o das empresas que cooperaram com os alemães na segunda guerra mundial. Obviamente, a similaridade das duas situações é nula. Primeiro, o Google não está facilitando o governo chinês. Se o Google se recusar à obedecer e abandonar o mercado, o governo terá atingido o mesmíssimo objetivo.

Nem sempre as regras de um mercado se limitam ao universo econômico, e mesmo quando o fazem, podem significar limitações comparativas. Quando o Wal-Mart veio ao Brasil, por exemplo, teve que se adaptar a realidade de pagar juros altíssimos em comparação à outros países. Consequentemente, os preços cobrados no Brasil são muito mais altos. Poderia se dizer que isso é uma censura econômica, já que muitos brasileiros vão se ver proibídos de comprar os produtos que seus equivalentes americanos compram com facilidade. Quem é o culpado por essa situação? O Wal-Mart ou o governo brasileiro? Seria beneficial ao consumidor brasileiro se o Wal-Mart saísse do mercado porquê não consegue seguir o seu slogan de "low prices, everyday"?

"Dançar conforme a música" não é um luxo, e sim uma necessidade para qualquer empresa. Ser socialmente responsável não significa burlar as regras do jogo e sim obedecer as mesmas da melhor maneira possível.

Friday, August 12, 2005

Lula

Me perguntam porque falo tão pouco sobre esses escândalos do governo Lula. A resposta é simples: Essa crise (e por tabela esse governo) é completamente fútil.

Além disso, não tenho nenhuma birra particular com o sujeito. Aliás, sou totalmente contra esse joguinho de cult of personality de políticos, seja para o bem ou para o mal. Ouvi o discurso dele ontem, e meu único sentimento foi pena.

Não que eu ache que ele é inocente. Pelo que tudo indica, ele estava bem ciente da situação, e a dúvida me parece ser somente sobre o que ele fez pessoalmente ou o que mandou/permitiu outros fazerem.

O negócio é que o Lula, e de certa maneira o PT, são somente consequências de problemas muito maiores. Se ele for impeached ou não, não fará a menor diferença. E é muito fácil comprovar isso. Pense em qualquer opção, partido ou candidato, que terá um governo muito diferente do atual. Simplesmente não existe.

Não sei o suficiente para dizer quando e porquê essa situação começou, mas acho que atualmente temos três problemas principais: A constituição, uma total falta de opções ideológicas (gerada por uma cultura apolitica) e nosso sistema educacional. Enquanto não tivermos mudanças consideráveis nessas áreas, nada irá mudar.

O Brasil é um fusca dirigido por elefantes. Troca-se os elefantes, pintam o fusca de uma cor diferente e esperam que a nova combinação funcione. Pior, o povo ainda fica assustado quando os pneus estouram.

Aliados e aliados num mundo globalizado

O comentário do André Kenji sobre o post do atentado terrorista no Egito foi que "O Egito recebe um bilhão de dólares dos EUA em ajuda externa por ano e sempre foi um aliado importante dos EUA na região."

Ah, o mundo seria um lugar bem menos complicado se o envio de dinheiro, fosse por ajuda externa ou através do comércio, significasse que um governo é aliado do outro. Para falar a verdade, esse mundo do dinheiro seria um mar de aliados para os EUA.

A Coréia do Norte, por exemplo, seria uma ótima aliada. Os EUA doaram mais de 1 bilhão de dólares nos últimos 10 anos entre comida e combustível. Considerando que 70% do povo coreano depende dessa ajuda externa para não morrer de fome, os coreanos seriam incrivelmente burros se não fossem pró-EUA. E no fim das contas, eles até teriam um dinheirinho guardado, já que as nukes não vem de graça.

Outro bom aliado americano seria a Venezuela. Atualmente 58.7% das exportações e 33.2% das importações vem dos EUA. Inexplicavelmente, o Chavez faz juras de amor ao Irã e idolatra o Fidel. Não deve gostar muito de dinheiro esse cabeçudo.

E é claro, não podemos esquecer do Brasil. Atualmente exportamos 21.2% dos nossos produtos e importamos 22.4% dos EUA.

No mundo do dinheiro, esse pessoal aqui com certeza não existiria.

What a beautiful dream.

Thursday, August 11, 2005

Serendipity

Engraçado como um pensamento leva a outro.

Quando lí essa história de que o Lula pagou uma dívida de R$ 29 mil in cash, e que o tal presidente do Sebrae não tinha recibo nenhum, pensei que é uma questão de tempo até acharem uma conta do PT na Suíça. Se bobear, devem até ter usado o banqueiro do Maluf.

Isso me lembrou um outro assunto esdrúxulo, uma nova obsessão que eu descobri: a dos indianos pela Suíça. É tiro e queda, todo indiano adora falar que tem um primo estudando em Genebra, ou que vai passar as férias em Zurich. Até agora não identifiquei muito bem porque eles escolheram justamente a Suíça, mas acho tem algo a ver com a imagem de neutralidade. A maioria dos indianos que eu conheço é bem apolítica, o que pode explicar aquela zona burocrática que eles criaram depois da independência dos ingleses. (Esso pensamento me levou a frase do Platão que eu coloquei na coluna do lado).

E ainda falando na bendita Suíça, lembrei do Bill Maher. A nova temporada do show na HBO começa semana que vem, e a 'punch line' da nova routine dele é que os EUA são tão malvados e que influenciam tanto outros países (de maneira negativa, obviamente) que ele queria ter nascido na Suíça, o país mais neutro do mundo. Imagino que ele que ele teria certas dificuldades com as piadas sobre sexo, drogas e religião por lá, but hey, não dá para esperar lógica de comediantes (ainda mais de esquerda).

O que me leva à conexão final do dia: essa semana terminei minha última aula (aquela do professor indiano, que não foge à regra e visita a Suíça duas vezes por ano) e finalmente completei meu MBA. Foi uma das melhores decisões da minha vida, e valeu o esforço. Mas duvido que vou entrar numa sala de aula nos próximos anos.

Quem sabe agora vou ter tempo de ler mais sobre as mutretas do Lula, assistir Bill Maher com tranquilidade, e quem sabe até visitar a Suíça.

Wednesday, August 10, 2005

New design

Resolvi mudar completamente a template. Estou tendo que arrumar alguns posts antigos, mas devagar chego lá. Se alguem achar algum bug é só avisar.

Friday, August 05, 2005

60 anos de Hiroshima

Mark Twain dizia que "To arrive at a just estimate of a renowned man's character one must judge it by the standards of his time, not ours."

É impossivel julgar, principalmente por parâmetros atuais, se a decisão do Truman foi a melhor possível. Será que o Hirohito realmente deixaria a guerra continuar até uma invasão de Tokio? Teríamos quantos mortos de cada lado? Pior ainda, será que ele poderia evitar essa invasão sem o trauma causado pelas bombas?

Pode-se palpitar, mas nada mais que isso. Tentar traçar paralelos atuais é bobagem, porque a cultura japonesa da época quase que não existe mais. É facil assumir culpados quando vemos os japoneses atuais pregando a paz, mas é preciso entender que esses 60 anos fizeram uma diferença brutal.

O fato indiscutível é que o Japão já tinha perdido a guerra há muito tempo, e mesmo depois da destruição de Hiroshima, não admitiam a derrota. Somente depois de Nagasaki, e mesmo assim sem apoio de muitas partes do exército, o Japão se rendeu, no dia 15 de agosto de 1945.

***

Coincidência ou não, ontem a noite passou na TV o Fog of War, e suas 11 lições de vida. O filme merece um post separado, mas falando especificamente das bombas nucleares, McNamara cita sua regra 5: Proportionality should be a guideline in war.

Esta é provavelmente a lição mais absurda do filme. Esperar uma proporcionalidade intencional de forças é como esperar que o seu inimigo se renda por respeito e não por medo. E no geral, conflitos entre nações de forças equivalentes resultaram nas guerras mais sangrentas da história.

Ironicamente, outras partes do filme contradizem essa regra 5: Regra 9 diz "In order to do good, you may have to engage in evil", e principalmente a regra 11, "You can't change human nature".

Essas duas últimas aliás, são especialmente importantes (e mal compreendidas) atualmente.

Tuesday, August 02, 2005

“Fuel Cell Family”

Estou fazendo um trabalho sobre a Honda, e sem querer descobri que já existe uma família na California usando um carro 100% movido à fuel cells.

Alguns postos especiais já foram construídos, e de acordo com o plano do Schwarzenegger, em 2010 o estado terá uma "Hydrogen Highway" disponível. Além desse carro, outros 13 já rodam experimentalmente pelo mundo, 6 desses nos EUA (estados da California, New York e Nevada). O Honda FCX 2005 é o único carro que usa fuel cells certificado para uso doméstico.

Quem disse que a alta do petroleo não é boa?

Sunday, July 31, 2005

Os radicais britânicos

Esse artigo do NYT sobre a origem dos radicais islâmicos no Reino Unido (traduzido aqui para assinantes do UOL) é bem interessante.

A lógica é a seguinte: Imigrantes do Sul da Ásia foram para Inglaterra durante o século passado em grande número. Eram na maioria pobres, e com baixa educação. Trabalharam nas indústrias, e conforme a economia inglesa foi mudando, foram dirigir taxis, montar suas lojas de conveniência, etc.

Essa primeira geração de imigrantes segue uma corrente islâmica de influência sufi, chamada Brelvi. São moderados, e gratos à Inglaterra por os ter recebido e dado oportunidade de trabalho e de liberdade religiosa.

Os filhos desses imigrantes formam a primeira geração educada na Inglaterra. São jovems que cresceram em bairros de classe média/média baixa, e que tiveram que lidar com oportunidades e problemas que seus pais não tiveram (drogas, gangues, sexualidade, ajuda do governo, etc).

Mas ao invés de considerar as causas desses problemas como sendo econômicas, esses jovens comecaram a achar que o faltava era espiritualidade. E quem é que veio salvar os jovens islâmicos das tentações da vida ocidental? O Super-islã! Não a versão civilizada dos seus pais, mas uma alternativa altamente rígida e ortodoxa, a escola Deoband (a mesma seguida pelo Talibã). Eventualmente esses jovens também desistiram da deoband, dizendo que sua abordagem para atrair mais seguidores era estreita demais, seu foco apolítico demais. Era preciso achar um Super-Islã mais poderoso.

A nova solução encontrada foi o salafismo, uma variação que se originou na Península Árabe no século 19 e ajudou a inspirar grupos como a Irmandade Muçulmana e a Al Qaeda. O salafismo exige pureza e rejeição de qualquer Islã exceto aquele dos primórdios, o que pode levar a profunda intolerância mesmo por outros muçulmanos como os xiitas.

Esses "novos convertidos" não somente viraram contra o seu país, mas também contra seus pais. Acham que eles foram subservientes e que sua versão do Islã é uma aberração. Do outro lado, os mais velhos acham que os jovens ficaram mal acustumados. Alguns vivem da ajuda do governo assim que viram adultos.

Enfim, essa é a idéia apresentada pelo artigo, e que na minha opinião, faz sentido. Lógico que a partir daí, pode-se chegar a inúmeras conclusões. A repórter meio que dá a entender que a culpa de tudo isso é da Inglaterra. O que não é novidade, já que muita gente acha que qualquer imigração é invariávelmente prejudicial, e sempre culpa das nações ricas que acabam recebendo esses mesmos imigrantes. E mais, acham que esses países deveriam criar enormes estruturas burocráticas para que os imigrantes se adaptassem 'culturalmente'.

Eu acho que essa é somente uma das muitas respostas fáceis, mas erradas. Primeiro de tudo, se problemas como esses imigrantes fossem tão enraizados na cultura islâmica, teriamos milhões de terroristas na Inglaterra, e não dezenas. Acho que choques culturais entre imigrantes é algo completamente normal, e nem sempre negativo. Essa fantasia explorada pelos radicais islâmicos pode até ter uma origem histórica, mas isso é só um disfarce de grandiosidade.

Oras, qualquer católico que veja seus amigos perdidos nas drogas pode dizer também que o problema é espiritual e não econômico. Essa noção de que o Islã tem um efeito mágico e radicalizador que outras religiões (ou culturas) não tem é um absurdo. E é um absurdo maior ainda achar que a única solução para uma eventual 'epidemia' desse extremismo é uma sensibilidade maior com qualquer islâmico.

Na verdade, vejo dois problemas distintos: o terrorismo patrocinado por estados, que precisa ser combatido no nível global (Talibã, Alqaeda, etc), e o terrorismo local, muitas vezes patrocinado pelos agente globais, mas em muitas outras levado a diante por simples malucos.

Esse último tem que ser combatido como crime, e como tal, corre perigo de cair na armadilha do relativismo exagerado. Querer achar explicações sociológicas para alguém que explode um ônibus com turistas para merecer suas 200 virgens no céu é um exercício de futilidade.

Thursday, July 28, 2005

CAFTA

O CAFTA (Central American Free Trade Agreement) foi aprovado ontem pelo congresso americano pela menor margem de votos possível: 217-215. Mês passado, o Senado tinha aprovado a medida também por uma diferença apertada: 54-45.

Dos 217 representantes que votaram sim, 202 são Republicanos e 15 Democratas. Dos 215 que votaram não, 187 são Democratas e 27 Republicanos (mais um independente). Vale lembrar que na votação do NAFTA, mais de 100 Democratas foram à favor, o que mostra como a rivalidade política domina os debates atuais em Washington.

Aumentaram o coro contra o tratado a insane left, os protecionistas e os sindicatos. Aliás, acho que os sindicatos dos países desenvolvidos são os maiores inimigos externos do terceiro mundo, ganhando de longe do lobby dos fazendeiros.

Tudo isso depois de um período aonde vários tratados como esse foram assinados (NAFTA, Austrália, Chile, Cingapura e outros) e a economia americana cresceu forte (entre 1993 e 2003 crescimento de 38% e quase 18 milhões de empregos criados).

Fica fácil entender porque as negociacões na WTO são tão difíceis. Mas, pelo menos agora existe uma chance.

Wednesday, July 27, 2005

Sudão: O elo perdido

Durante os anos Clinton, o Sudão era considerado um estado terrorista. Relatórios da CIA falavam sobre armas químicas e biológicas. Falavam também que o governo de Hassan al-Turabi teria contratado especialistas iraquianos para ajudar na construção dessas armas. Tudo isso culminou com o ataque de Al-Shifa, em 20 de Agosto de 1998.

Agora, as conexões do Sudão com a Alqaeda são indiscutíveis. Muitos acham que Hassan al-Turabi foi o mastermind por trás do surgimento do terrorismo atual, trabalhando com Bin Laden, Saddam e muitos outros. Ele até ganhou o carinhoso apelido de "O Papa do terrorismo" (ler aqui e aqui).

Tudo isso leva à seguinte pergunta: Porquê o governo Bush mudou de idéia sobre o Sudão?

Teria sido somente mais um erro que a CIA tenta encobrir? Quem sabe algo relacionado com a famosa viagem de Joe Wilson ao Níger? Pode ser.

Outra alternativa seria que o governo americano quer desviar a atenção do público de um problema mais do que complicado. Afinal, entre os massacres de Darfur e todo o backlash da crise das WMDs iraquianas, o governo Bush provavelmente quer ficar bem longe do Sudão.

Pelo menos por enquanto.

Tuesday, July 26, 2005

Gestão pela incitação!

Querem saber como o liberalismo e a individualidade prejudicam o ambiente de trabalho do brasileiro?

Leonardo Mello e Silva, professor de sociologia do trabalho do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo explica direitinho: (grifos meus)

...
"A primeira, mais evidente, tem a ver com a adversidade do mercado de trabalho: quanto mais frágeis as condições de contratação, mais difícil fica para o empregado fazer com que seus direitos sejam respeitados. Melhor preservar o emprego realmente existente do que "cutucar a onça com vara curta".

Como o mundo do trabalho tem sido fortemente golpeado pelas políticas neoliberais de ataque aos sindicatos, é lícito projetar que demandas como a do assédio moral ficarão circunscritas a poucos casos e que o medo e a insegurança dos assalariados deverão recalcar a situação real, levando a uma sub-representação de ocorrências. É por isso que o sofrimento no trabalho tem uma explicação objetiva.

A segunda tendência retira sua força, paradoxalmente, da maior abertura proporcionada pelos novos métodos de gestão, que carregam um forte componente de individualização.

É cada vez maior o número de empregados -chamados, muito a propósito, de "colaboradores"- interpelados por seus superiores. Isso eleva em muito a carga de responsabilização e até mesmo de culpa. Se a meta não foi obtida ou a performance esperada não foi alcançada, não é mais o coletivo que assume a falta, mas o trabalhador: ele é quem não foi capaz de conseguir. Moralmente, isso tem um efeito tremendo, pois ninguém vai querer recuar diante de um desafio nem assumir a incapacidade de enfrentá-lo. É o que eu chamo de "gestão pela incitação".

Ainda que tal estratégia seja uma forma marota encontrada pelas empresas para extrair maior produtividade de seus subordinados, as organizações não assumem esse fato, pois o efeito é deixar cada funcionário com uma espécie de pulga atrás da orelha, desconfiado de si mesmo: "Será mesmo que não posso conseguir?".

A regulamentação do assédio moral no trabalho é um passo muito importante para a democratização das relações entre patrões e empregados, mas a lei, por si só, não é suficiente para produzir os efeitos pretendidos pelos legisladores. São as relações sociais de poder e subordinação que vão orientar o sentido que esses importantes marcos regulatórios vão ter na realidade."


Essa foi impagável.

Monday, July 25, 2005

Mensagem clara

O Egito não participou da "Coalition of the willing". Não participou nem mesmo da guerra no Afeganistão.

A justificativa para esse ataque que matou dezenas de pessoas (diferente do ataque de 97, a maioria dos mortos são egípcios) foi que "o Egito é pró-Ocidente".

Esse pessoal que acha que a guerra do Iraque é a mãe do terrorismo mundial devia pelo menos tentar conhecer a história da Alqaeda. E não estou falando somente sobre o tão comemorado financiamento americano dos mujahideen, mas sim dos objetivos da mesma.

É preciso entender que a bronca de Bin Laden and the boys não é com as falsas acusações das WMDs, ou com as disputas internas de Sunitas e Xiitas. Muito menos com o fato de que civis iraquianos são collateral damage do processo (até porque eles continuam matando civis iraquianos propositalmente).

Também se enganam aqueles que pensam que o objetivo é a retirada de tropas ocidentais das "terras sagradas". As tropas americanas já sairam da Arabia Saudita há anos, e nada mudou.

A Alqaeda tem como único objetivo a destruição do Ocidente e a criação de um império islâmico mundial. Qualquer governo que não coopere com a causa, é um inimigo. Pode ser engraçado como esse tipo de declaração lembra o Bush, mas a semelhança está só na superfície. Os EUA não vão bombardear a França, ou qualquer outro país que não ajude na luta contra esse pessoal. Pode-se até criticar a falta de tato, mas a retórica americana nada mais é do que um pedido de ajuda. Já a Alqaeda não é muito chegada em double entendre. Ela vai explodir o que puder e quem quer que fique na sua frente.

Pensem bem: Se o Egito, aonde pessoas são presas por "insulting heavenly religions", é considerado pró-ocidente, todos outros países minimamente civilizados deveriam entender que são alvos.

Infelizmente, certas pessoas só vão entender isso quando começarem a ver o seu quintal pegar fogo. Literalmente.

Sunday, July 24, 2005

Desgraça típica

Será esquecido rapidamente pela sábia opinião pública brazuca que o brasileiro morto em Londres pulou a catraca sem pagar e que não atendeu às ordens da polícia numa cidade que teve 2 atentados nas últimas duas semanas. Só será lembrada a tremenda falta de sorte do pobre coitado, a incompetência da polícia londrina, e o fato de que foram 5 tiros. C-i-n-c-o!

Anotem ai: Ainda vão fazer a conexão de que a morte dele foi culpa da guerra do Iraque. (Blair ou Bush, pick your choice).

E se bobear, também vão falar que eu e os outros gatos pingados que lembramos dessas coisas estamos defendendo o erro da policia, ou que condenamos o coitado do brasileiro à morte.

E a típica desgraça brasileira: uma união de irresponsabilidade com uma completa falta de consideração por tudo que te cerca.

Friday, July 22, 2005

Só a psicologia salva

A polícia londrina geralmente anda desarmada. Ontem, um suspeito terrorista foi morto pela mesma com cinco tiros. Todos à queima roupa.

***

A paternidade deveria ser pré-requisito para qualquer político, seja para o legislativo, executivo ou judiciário. Uma alternativa para os que não pudessem/quisessem ter filhos seria lecionar por 18 anos numa escola pública, passando por todas classes, do maternal à universidade.

Claro que não bastaria ser pai(mãe) ou professor. O público teria que ter acesso aos resultados, e julgaria a eficiência de cada um pelos filhos/alunos de cada um.

Na campanha eleitoral, o desempenho de cada família/classe seria um dos temas principais. "Vejam como eu lidei com a primeira crise escolar do Joãozinho. Notem como o meu plano de controle de mesadas e estudos no verão foram muito mais efetivos do que os castigos lenientes e falsas ameaças do meu adversário."

Seria o fim da loony left e crazy right as we know it.

***

Num mundo globalizado, o terrorismo pode se tornar muito parecido com uma guerra civil. Os 4 homens-bomba de londres eram londrinos.

No seu livro All the Laws but One : Civil Liberties in Wartime, o juiz da Suprema Corte americana William H. Rehnquist fala sobre como certos direitos, incluindo habeas corpus e liberdade de imprensa, foram restringidos durante a guerra civil americana, e de diferentes maneiras e graus, durante a primeira e segunda guerras.

É facil citar Ben Franklin ("They who would give up an essential liberty for temporary security, deserve neither liberty or security"), mas o fato é que essa situação já aconteceu na história de todas democracias modernas. Fingir que isso é algo novo ou inconcebível só piora o problema.

O que parece ser o real desafio é entender o quanto pode-se trocar, como e quando.

***

Já perceberam como as mesmas pessoas que confundem satisfação com nacionalismo parecem sempre querer camuflar ódio como insatisfação?

O que me incomoda, lá no fundo dos meus ossos, é phoniness.

Aussies are no sissies

Via Filisteu

PRIME MIN. HOWARD: Could I start by saying the prime minister and I were having a discussion when we heard about it. My first reaction was to get some more information. And I really don't want to add to what the prime minister has said. It's a matter for the police and a matter for the British authorities to talk in detail about what has happened here.

Can I just say very directly, Paul, on the issue of the policies of my government and indeed the policies of the British and American governments on Iraq, that the first point of reference is that once a country allows its foreign policy to be determined by terrorism, it's given the game away, to use the vernacular. And no Australian government that I lead will ever have policies determined by terrorism or terrorist threats, and no self-respecting government of any political stripe in Australia would allow that to happen.

Can I remind you that the murder of 88 Australians in Bali took place before the operation in Iraq.

And I remind you that the 11th of September occurred before the operation in Iraq.

Can I also remind you that the very first occasion that bin Laden specifically referred to Australia was in the context of Australia's involvement in liberating the people of East Timor. Are people by implication suggesting we shouldn't have done that?


When a group claimed responsibility on the website for the attacks on the 7th of July, they talked about British policy not just in Iraq, but in Afghanistan. Are people suggesting we shouldn't be in Afghanistan?

When Sergio de Mello was murdered in Iraq -- a brave man, a distinguished international diplomat, a person immensely respected for his work in the United Nations -- when al Qaeda gloated about that, they referred specifically to the role that de Mello had carried out in East Timor because he was the United Nations administrator in East Timor.

Now I don't know the mind of the terrorists. By definition, you can't put yourself in the mind of a successful suicide bomber. I can only look at objective facts, and the objective facts are as I've cited. The objective evidence is that Australia was a terrorist target long before the operation in Iraq. And indeed, all the evidence, as distinct from the suppositions, suggests to me that this is about hatred of a way of life, this is about the perverted use of principles of the great world religion that, at its root, preaches peace and cooperation. And I think we lose sight of the challenge we have if we allow ourselves to see these attacks in the context of particular circumstances rather than the abuse through a perverted ideology of people and their murder.

PRIME MIN. BLAIR: And I agree 100 percent with that. (Laughter.)

Wednesday, July 20, 2005

China, China, China

Ah, China. Cada dia uma bagunça nova.

Ontem li sobre a revolta dos fazendeiros. Posso estar enganado, mas já já vão começar a distribuir borrachada nesse pessoal.

E olha que eles tem motivos de sobra para estarem bravos. Mas na People's Republic, comunista ou não, o buraco costuma ser bem mais embaixo.

Já o pessoal com grana continua firme na briga pela Unocal. O que tem deixado certos políticos americanos de cabelo em pé. O que não deixa de ser um tanto ingênuo.

Ah, e também tem o rolo da moeda. E nesse caso, vale a pena ler o Friedman: The Tiananmen-Texas Bargain.

Eita lugarzinho complicado.

Kanitz

Descobri o site do Stephen Kanitz através do Nemerson.

O site parece muito bom, e por coincidência o Smart escreveu hoje um ótimo post comentando uma proposta do Kanitz de implementar uma democracia direta no Brasil. Depois do post do Smart, qualquer comentário meu sobre esse assunto será supérfluo.

Mas um outro artigo dele que já tinha me chamado a atenção foi este, escrito em 2002, sobre o FMI.

Eu sempre esperei pelo dia em que o Brasil não precisasse mais do FMI, para que toda aquela fantasia de que "o pais não dá certo porque o FMI nos manipula" fosse por água abaixo. Pelo jeito eu não era o único.

Tanto estavamos certos que atualmente ninguém fala mais no malvado FMI. Lógico que esse tipo de satisfação é efêmera. Hoje em dia os fantasmas são outros: investidores estrangeiros, PT(?!?), Bush...

O que me leva a outro ótimo artigo dele: Qual é o Problema?

Talvez o problema desse pessoal seja esse. Precisam aprender a formular as perguntas certas antes de sair por ai disparando respostas.

Tuesday, July 19, 2005

Links, posts, etc

Dois blogs que eu não conhecia que linkaram para cá: Charles Pilger e Caos Urbanus. Ah, tem também a Gaiola da LOka.

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Ele deve ter passado uma pré-temporada em Quaresmeiras Roxas, ou quem sabe comprou uma nova cartola. Só sei que o Soares Silva anda on fire, baby.

Já o LLL entrou numa fase trash que não é brincadeira. Henry Miller is so overated...

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Eu não ia falar nada, mas... Quem sabe alguém aqui me ajuda a entender este post. Eu não sei qual EUA esse cara vive, mas não pode ser o mesmo que eu. "O norte-americano é um ser que caminha olhando para um horizonte vazio."??? Holy cannoli...

Cabe aqui uma observação sobre como as pessoas escolhem o lugar aonde moram. Acho totalmente compreensível que alguém ache o seu país natal uma porcaria e continue morando por lá, por simples necessidade. Também entendo os que imigram puramente por dinheiro, ficam um tempinho e vão embora. Agora, como é que um sujeito educado, que provavelmente tem a opção de morar em outros países, faz a escolha consciente de morar por tanto tempo em um lugar tão mal educado, tão insensivel, tão sem classe, enfim, tão ruinzinho?

Numa dessas a pessoa corre o risco de ter gente não olhando no olho e ainda achar que o problema é com os outros...

Sunday, July 17, 2005

China

Outro dia, perdido no sono de uma classe um tanto repetitiva, comecei a contar a nacionalidade dos alunos. São 3 chineses, 3 do oriente médio, 1 maláisio, 1 russo (o falante da classe), 1 irlandês, 1 francesa, uma que eu não identifiquei mas parece ser latina, um brasileiro (eu), e 10 americanos.

Chegou uma hora em que o professor (indiano) perguntou exemplos de produtos marcantes de cada país, meio que procurando de uma maneira politicamente correta mostrar como cada um é especial de uma maneira diferente. Um falou sobre os vinhos franceses, outro sobre os relógios suíços, café colombiano, quando de repente o russo gritou "comunismo chinês".

O professor, meio chocado, disse "Não, o comunismo chinês é uma circunstância política, não um produto".

O russo, visivelmente irritado, retrucou "Eu discordo. Qualquer povo que aceita viver num regime ridículo como o comunismo o faz por opção. Eu digo isso porque eu sei como o meu povo fez essa mesma escolha, e sei que quando se cansaram, a coisa toda desmoronou. Os chineses continuam aceitando o produto vendido pelo governo, apesar desses recentes 'upgrades'. Se isso não te diz algo sobre um povo, não sei o que dirá."

Abaixei minha mão rapidinho. Depois dessa, Roberto Jefferson virou brincadeira de criança...

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O futuro comunista da China já foi condenado há tempos. Todo esse falatório sobre o "modelo híbrido chinês" é coisa de saudosistas do politburo. A tendência é que a China se consolide no velho fascismo, com um governo autocrático, pró-business, e militarista.

Outra grande diferença do cenário atual para o da guerra fria é a escala da integração entre EUA e China. As ligações econômicas entre ambos são complexas, e a tendência é que esses interesses tornem a perspectiva de uma guerra menor.

Os maiores problemas devem vir de disputas locais, como Taiwan e o Japão.

Mas pelo menos por enquanto, acho que o perigo é pequeno.

Thursday, July 14, 2005

Já vai tarde

Parece que o judiciário americano resolveu jogar duro com os criminosos de colarinho branco. Depois de mandar os Rigas para o xilindró, agora foi a vez do maldito Bernnie.

Eu trabalhei 2 anos e meio na Worldcom. Graças as cagadas do dito cujo, perdi meu emprego na pior hora possível (minha esposa estava grávida de 9 meses).

O caso da Worldcom foi tão sério que as consequencias afetam o dia a dia de outras empresas até hoje. No meu atual emprego, perdemos horas e horas aderindo a lei Sarbanes-Oxley, criada para evitar esse tipo de desastre.

Espero que esses dois ladrões tenham o mesmo destino.

Tuesday, July 12, 2005

Just another day

Se eu fosse filósofo (o que atualmente parece ser um tanto impopular), escreveria sobre o bom senso.

Quando digo bom senso, penso em equilíbrio, no que deveria ser óbvio. Essa atração aos extremos que vejo em cada esquina sempre me surpreende... O que não deixa de ser uma falta de bom senso. Afinal, a única coisa em comum entre relativistas, subjetivistas, objetivistas e todos os outros "istas" é a rendição à volúpia do exagero.

Acho que quem chegou mais perto de definir o espírito da coisa foi Ortega y Gasset. But I am not sure.

Considerando tudo isso, me contento com as minhas observações dos absurdos diários. A BBC, por exemplo, não chama terroristas de terroristas. O escritório deles não deve ser em Londres, ou talvez eles tenham mudado de idéia nos últimos dias. Who knows.

Já o SSoB escreveu sobre o "Império americano". É sempre interessante ver como as pessoas usam certas palavras para fins tão distintos. Os leitores do Smart me alertam que os EUA são um "império não-territorial" (algo como uma escola de samba?), e sobre como as bases militares pelo mundo são um horror (só precisam explicar isso para o pessoal que vive nesses lugares), e até me explicaram que a origem do império foi a tomada das terras dos índios. Faltou um comentário sobre como a democracia não é para todos... Fica para a próxima.

Enquanto isso no Iraque, os terroristas (sim, eu uso o termo) continuam massacrando quem vier pela frente. Obviamente, esse pessoal só mata crianças porque os EUA provocaram. Se não fosse pelo Iraque, esse pessoal estaria criando ovelhas no Iêmen, ou rezando pacificamente na Jordânia. Quem mandou os EUA se meterem? Não vai me dizer que voce acredita nessa história de que o Iraque era um país terrorista, não é mesmo?

Ah, essa mania de tentar achar bom senso nas coisas não faz o menor sentido.

Monday, July 11, 2005

Vamos falar de algo realmente importante

Nada como ganhar deles.


Gustavo Nery faz a dança da galinha enquanto Marquito vai buscar a pelota no fundo do gol

Friday, July 08, 2005

Poderia ser verdade...


Mas não é.

Meu post preferido sobre este conundrum foi o A mentalidade servil, do Passa o sal (um dos meus novos favoritos).

O Fernando destacou o discurso do Ken Loonystone, Prefeito de Londres. Eu fico um pouco mais otimista quando vejo partes da esquerda acordando para a insanidade desses radicais islâmicos.

Mas ainda falta muito chão. O Friedman, para variar, matou na mosca : "When jihadist-style bombings happen in Riyadh, that is a Muslim-Muslim problem. That is a police problem for Saudi Arabia. But when Al-Qaeda-like bombings come to the London Underground, that becomes a civilizational problem." Ele ainda tem esperança de que os muçulmanos consigam controlar o problema de dentro, mas eu sinceramente duvido.

Uma hora ou outra vamos ter que encarar essa guerra do jeito que ela se apresenta. Vamos ter que parar com essa loucura de ficar dizendo que o Bush foi um demônio por ter atacado um país terrorista X e não um Y, que ele só queria petróleo, ou que ele queria vingar o papaizinho dele. Vamos ter que parar de achar que radicais islâmicos são culpa exclusiva do Ocidente e que o problema tem que ser resolvido burocraticamente por aqui, e não na fonte (e muitas vezes utilizando violência).

Poucos concordaram sobre o que eu falei sobre o Iraque, e hoje com a cabeça mais fria eu digo o seguinte: o Iraque é a segunda grande batalha dessa guerra. Pode ter sido mal escolhida, por ter sido mal executada, mas é o que é. A primeira grande batalha, 9/11, foi perdida depois de anos de pequenas derrotas (Cole, embaixadas na Africa, etc) e reações covardes.

É provavelmente a última chance de acabarmos com essa guerra num periodo relativamente curto e com um número relativamente baixo de vítimas. Uma guerra no Irã ou Arábia Saudita será um Iraque multiplicado por 100.

A hora tem que ser agora.

UPDATE

Vale muito a pena ler este post do 'O Insurgente' sobre a política e a economia do terrorismo.

Thursday, July 07, 2005

Londres

Sabe o que eu realmente queria que acontecesse?

Que hoje no fim do dia, todos os líderes do G8 anunciassem que estão mandando 20 mil tropas de cada país para o Iraque. Sim, 160 mil tropas chegando em Bagdá nos próximos meses. Um mar de italianos, canadenses, chineses e franceses saindo do vespeiro.

Ah, lá vem você com suas idéias reacionárias e violentas! Violência leva a mais violência! A resposta não é essa!

You know what? Podem chamar do que quiser. E eu até concordo que mandar mais tropas não ia resolver coisa nenhuma a curto prazo. Também concordo que no fundo o problema é econômico e cultural, que os países ricos tem que se mexer mais, etc, etc, etc.

Mas o negócio é o seguinte: Esse pessoal quer briga. A pior coisa que qualquer um pode fazer é mostrar medo. Eles não estão atacando a Europa por necessidade, e sim porque acham que lá está o elo mais fraco. A retirada espanhola foi talvez o evento mais prejudicial dos últimos tempos. É psicologia 101, coisa que qualquer criança aprende nos primeiros anos de escola.

Esses radicais que matam civis inocentes não vão ser convencidos a mudar. Essa geração toda de 'militantes' já está perdida e precisa ser combatida e destruída.

A não ser que estejamos dispostos a morrer antes.

Wednesday, July 06, 2005

Life, Liberty and the Pursuit of Happiness

Andrew Sullivan, para a série "this I believe" da NPR:

"I believe in the pursuit of happiness. Not its attainment, nor its final definition, but its pursuit. I believe in the journey, not the arrival; in conversation, not monologues; in multiple questions rather than any single answer. I believe in the struggle to remake ourselves and challenge each other in the spirit of eternal forgiveness, in the awareness that none of us knows for sure what happiness truly is, but each of us knows the imperative to keep searching. I believe in the possibility of surprising joy, of serenity through pain, of homecoming through exile.

And I believe in a country that enshrines each of these three things, a country that promises nothing but the promise of being more fully human, and never guarantees its success. In that constant failure to arrive -- implied at the very beginning -- lies the possibility of a permanently fresh start, an old newness, a way of revitalizing ourselves and our civilization in ways few foresaw and one day many will forget. But the point is now. And the place is America."

Tuesday, July 05, 2005

O amigo da África

Kristof, para o NYT hoje:

- Bush já aumentou os gastos com ajuda à África em 2/3 comparado com Clinton.
- Ele foi decisivo para o fim da guerra entre Norte x Sul no Sudão.
- Contribuiu para a criação de entidades como o Addis Ababa Fistula Hospital, aonde missionários ajudam mulheres com problemas obstétricos.
- Criou o Millennium Challenge Account, que apesar de um começo lento, já ajudou países que reformaram seus sistemas positivamente, como Madagascar.

Lógico que no fim ele pede para que os republicanos deixem de ser mão-de-vaca, but hey, se ele não falasse isso eu desconfiaria que o Rush Limbaugh tinha hacked a página do NYT...

Saturday, July 02, 2005

Pobre Brasil

Esse é o líder do partido mais poderoso do Brasil.

Essa é a nossa elite, nosso crème de la crème...

Titia Rand já dizia que "I don't like people who speak or think in terms of gaining anybody's confidence. If one's actions are honest, one does not need the predated confidance of others, only their rational perception. The person who craves a moral blank check of that kind, has dishonest intentions, whether he admits it to himself or not".

Mas ela partia do princípio de que existiriam pessoas racionais para decidir em quem confiar.

Às vezes eu me esqueço que o Brasil tem a liderança que merece.

Follow the Leprechaun

Nas duas últimas semanas, o Friedman escreveu artigos sobre a situação econômica da Europa. Semana passada ele falou sobre o famoso "milagre da Irlanda", e ontem sobre o dilema político entre o sucesso dos países que seguem um modelo "less protected but more innovative, high-employment" (Irlanda, Inglaterra e Leste Europeu) comparado com a crise dos que seguem o modelo "shorter-workweek-six-weeks'-vacation-never-fire-anyone-but-high-unemployment" (França, Alemanha, Bélgica).

Além de falar as coisas de sempre, ele cita uns dados interessantes sobre a Irlanda:
- Ela recebeu mais investimento americano em 2003 do que a China.
- 9 das 10 maiores companhias farmacêuticas tem fábricas por lá, assim como 16 das 20 maiores companhias de aparelhos médicos e 7 das 10 maiores empresas de software.
- O ministério da educação criou um programa para dobrar o número de Ph.D.'s em ciências e engenharia até 2010.
- A Dell é a maior exportadora 'irlandesa'.
- A Intel tem 4 fábricas, e emprega 4.700 pessoas.

O Friedman também cita entre os fatores que levaram ao sucesso irlandês o alto subsídio à educação: de graça até o 2.o grau, e com preços baixos nas universidades.

É interessante ver como esse sistema irlandês parece conseguir unir o melhor dos dois mundos: economia liberal (impostos baixos, pouca legislação trabalhista, alto investimento externo) e rede social extensa (educação e seguro saúde de graça).

Mas não podemos esquecer que a Irlanda tem somente 4 milhões de habitantes. Não sei se para um país com centenas de milhões de pessoas esse sistema seria viável.